Never Alone escrita por B Mar, B Mar


Capítulo 2
Cap 2




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Cap 2

Katniss PDV:

Rory me guiou para a área infantil e assinei os papéis finais da matricula de Rue.

- Responsável?

- Haymitch Abernathy Everdeeen.

- Mãe?

Cocei a cabeça.

- Não tem.

Ela havia partido antes de completar a adoção.

- E você é...

- Irmã mais velha. Katniss Everdeen. 21 anos.

- Assine aqui.

Obedeci e ela guardou os papéis.

- Certo. Pode ir.

Confirmei com a cabeça e saí em direção à sala onde os responsáveis ficariam e sorri ao avistar Gale.

- Gale. – Chamei e ele levantou a cabeça do livro em braile.

- Katniss.

Guiei a cadeira para seu lado e ele sorriu, esticando a mão para me encontrar.

Segurei e Gale se virou na minha direção.

- O que está lendo?

- Harry Potter. – Pôs um marcador. – Está aqui por Rue?

- Papai está trabalhando. Posy também está aqui?

- Extremamente ansiosa. Estão lá dentro.

- Nós vamos entrar?

- Estão se conhecendo. Vão nos chamar depois.

Confirmei e ele pareceu lembrar de algo.

- Vamos à padaria depois daqui? Eu tenho uma notícia.

 - Ok.

Alguns minutos se passaram e eles nos chamaram. Os pais entraram e Gale seguiu na frente, entrando com o auxílio de Posy. Rue seguiu à minha frente completamente feliz em apresentar sua “irmã mais velha que canta como um anjo”, mas parou quando chegamos à porta. A cadeira não podia passar.

- Catnip. – Ouvi Gale e levantei a cabeça.

- Precisa de ajuda?

- Não. – fui rápida. – Eu posso... Posso ficar e ver do lado de fora.

O sorriso de Rue sumiu e a professora pareceu constrangida. Acessibilidade não era algo muito comum por aqui.

- Crianças, porque não pegamos nossas cadeiras e vamos para a sala de espera? Assim a irmã mais velha da Rue pode ficar conosco.

Algumas mães torceram a boca e tranquei a mandíbula.

- Afinal...  – Ela continuou. – Todos têm o direito de acompanhar seus filhos e irmãos, não importa a dificuldade.

Minutos depois, estávamos todos reunidos na sala de espere, que tinha uma porta grande o bastante para mim.

As crianças eram adoráveis. Algumas me perguntavam por que eu simplesmente não levantava e saia andando, a própria Rue explicou o motivo. Um monstro malvado que havia batido no meu carro e levado embora a alma de minhas pernas.

Seja lá o que isso fosse. A alma de minhas pernas, eu quero dizer.

Senti o celular ouvi um som e encarei minha bolsa, pegando meu celular.

 “Cinna Crest.” Li no visor.

Eu havia trabalhado com Cinna, mas havia um tempo que não nos falávamos.

- Eu tenho de atender. – Avisei Rue. – Já volto.

Ela confirmou e segui para o banheiro – o único lugar com portas grandes além da sala de espera.

Os espelhos eram baixos, assim como a pia, então aproveitei para pentear o cabelo novamente.

- alô? – Atendi.

- Katniss Everdeen. Achei que nunca atenderia.

- Só um minutinho.

Pus o aparelho no colo e voltei ao que fazia.

- Pronto.

- Como estão as coisas?

- Bem. – Sorri. – Estou no primeiro dia de aula de Rue.

- Rue... Eu me lembro dela, parece um anjo.

Sorri enquanto buscava o batom dentro da bolsa.

- O que acha de voltar para a capital?

Parei e encarei o telefone

- O que?

- O que você ouviu. Um amigo meu está com um novo projeto e me contou.

- E como é esse projeto?

- Aulas de música, teatro e dança com a maior parte dos alunos Especiais.

- E com especiais você diz...

- Especiais. – Usou o tom de voz de alguém dando de ombros. – Limitadas...

- Deficientes.  – Corrigi.

- É. – Concluiu. – E nós queremos tudo nos conformes. Professores influenciam alunos, então...

- Professores deficientes incentivariam alunos deficientes. – Deduzi e uma das mães, que havia acabado de entrar no banheiro, me olhou de canto.

- Isso mesmo. O que acha?

- Eu não sei... – Confessei.

- Katniss, essas crianças cresceram ouvindo suas músicas, vendo você desfilar imponente. Para muitas delas você está num pedestal.

Suspirei e evitei olhar a mulher ao meu lado.

- Olha, eu realmente...

- Qual é a dúvida?

- As meninas. – Confessei. – Quer dizer, papai praticamente não para em casa. Quem vai tomar conta das duas?

- Katniss, na idade de Prim você já morava sozinha. E ela pode ajudar seu pai com Rue.

- E ele já sabe?

- Katniss, eu sou Cinna Crest. – Lembrou e a mulher ao meu lado arregalou os olhos, parando completamente de fingir fazer algo. – Acha mesmo que eu estou despreparado. Conversei com ele na semana passada e você está liberada. Mordi o lábio inferior.

- Por favor... Portia está sentindo sua falta. Seu closet está esperando... Vestidos exclusivos, maquiagens caras, um piano de cauda só pra você sem nenhuma ameaça de criança para mexer nele... Seu estúdio particular de volta.

- Droga, Cinna, pare de apelar para minha vaidade. – Resmunguei e ele riu.

- Conheço esse tom de voz... Você vem, não é?

- Vou. – Ri. – Satisfeito?

- Muito. – Pareceu sorrir do outro lado. – Vejo você hoje à tarde.

- Hoje? – Arregalei os olhos.

- O que? Estamos com pressa. Sente saudades de andar de helicóptero?

- Você não está falando sério. Eu não vou entrar naquela coisa monstruosa novamente.

- Kat... – Arrastou a voz.

- Certo. Quanto tempo eu vou ter de ficar lá dentro?

- 2 horas. É leve e rápido.

- Ótimo. – Confirmei. – Mas e...

- Prim e Rue? Já conversei com as duas.

- O que você é, um monstro?

Cinna gargalhou, o que me fez revirar os olhos.

- Até mais tarde. Não esqueça nada ao arrumar suas malas.

Revirei os olhos e me encarei no espelho, guardando as coisas na bolsa antes de sair.

Guiei a cadeira de volta para a sala de espera e Rue sorriu.

- Ele te convenceu?

- Você, sua pequena calculista, sabia de tudo. – Conclui.

- Isso aí, Rue. – Gale bateu em sua mão. – conseguimos.

- Você...

 -Também fui chamado. – Meu amigo sorriu e bufei.

- Seus manipuladores.

Ele gargalhou e minha irmã o guiou para meu lado, fazendo-o passar os braços por meus ombros.

- Nós vamos para a Capital, Catnip.

Continua...


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