Never Alone escrita por B Mar, B Mar


Capítulo 1
Cap 1 - Katniss Everdeen.




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Cap 1 - Katniss Everdeen

Katniss PDV:

- Prim, você viu meus tênis?

- Qual?

- O novo.

- Prateleira do meio.

Olá, eu sou Katniss Everdeen. Parece uma maneira boba de me apresentar, mas para mim é bom.

- Encontrou? – Prim pôs a cabeça para dentro de meu quarto e confirmei. – Me empresta um sapato?

- À vontade, patinha.

Esta é Primrose – Ou apenas Prim – Everdeen, minha irmã do meio.  17 anos. Eu tenho 22. Na verdade, 21, mas faço 22 em alguns dias.

- Katniss... – Levantei a cabeça enquanto Rue vinha em minha direção.

Rue tinha 8 anos. Meus pais haviam lhe adotado quando ainda tinha 4 anos, no mesmo ano do acidente.

Ah, claro, o acidente. Eu ia chegar lá. Foi há mais ou menos 4 anos, eu tinha 18 e estava num carro com Madge e Gale – meu melhores amigos. Era tarde e estávamos voltando pra casa quando o carro de um bêbado entrou na pista errada e bateu com o nosso. Tive uma lesão na lombar, o que me fez perder o controle das pernas.

Gale estava dirigindo, ele ficou em coma por 6 meses até descobrir que estava cego. A área responsável por isso no cérebro dele foi quase completamente comprometida. Madge foi a única que não teve danos tardios. Quebrou alguns ossos e teve de fazer cirurgia, mas estava tudo bem agora. O outro motorista morreu no impacto.

Alguns meses depois do acidente, minha mãe foi embora. Eu não a culpava, era difícil quando a situação exige mais que você. A diferença é que ela foi a única a fugir. Ao contrário dela, papai nos apoiou e ajudou por todo o tempo. Ele era médico/diretor dos hospitais dos distritos 11 e 12. Foi no d11 que Rue nasceu.

- Katniss, você vai me levar pra escola hoje? – A mesma indagou.

- Claro. – Confirmei enquanto trançava seu cabelo escuro.

Ela era negra, o que fez algumas pessoas repreender a adoção. Toda nossa família tinha pele pálida e olhos claros. Seria fácil ver qualquer diferença. Mesmo assim não pestanejamos e trouxemos aquela garotinha feliz. Eu havia vindo pra casa apenas para aquilo.

Dos 16 aos 18 eu vivi na Capital, era muito conhecida por lá graças à música, e estava quase no fim do meu 3º Álbum profissional quando parei, na época do acidente. Minha desculpa era a de ajudar papai, mas a verdade era que eu tinha pavor em imaginar o que as pessoas fariam ou pensariam ao ver minha situação.

- Vá pegar  sua mochila. – Mandei e Rue saiu, então encarei Prim, que acabara de sair do closet.

- Vai com a gente?

- Não. Um amigo vai vir me buscar.

- Quem?

- Um amigo. – Deu de ombros.

- Sei bem que amigos são esses. Não chegue tarde para o almoço. Sei que hoje a escola fechará à tarde.

Ela revirou os olhos e saímos, fechando a porta do quarto.

A casa era adaptada, assim como meu carro. Eu havia ganhado aos 20 anos e – desde então – sempre levava Rue e Prim à escola. A partir de hoje as duas estariam na mesma escola, o que me facilitava o caminho.

Subi habilidosamente no banco do motorista e pus a cadeira o espaço reservado ao meu lado, ponto o cinto de segurança e trancando a porta.

- Rue. – Chamei e ela entrou, fechando a porta e pondo o cinto de segurança. Havíamos deixado a cadeira de elevação no ano anterior, o que a fazia imensamente feliz.

- Pronta.

- Então vamos, rouxinol.

(...)

Estacionei na única vaga para deficientes da escola e saí após, Rue, que veio atrás de mim. O primeiro dia exigia um responsável para as crianças mais novas e, como eu era maior de idade, podia responder por Rue e Prim na falta de Haymitch.

Eu me lembrava bem do lugar, o ensino do distrito 12 era completamente público. Todos do distrito tinham o dever de matricular seus filhos graças a uma lei da Capital, o que era muito bom.

- Te encontro lá. – Prometi e ela se foi.

 Desviei do desnivelamento na entrada e parei ao me deparar com um batente.

– Droga. – Mordi o lábio inferior. Procurei outra entrada. Nenhuma rampa, nenhum elevador. Só escadas e mais escadas.

Suspirei e fui um pouco para trás, mas uma mão na cadeira me impediu. Rory.

- Katniss, o que faz aqui?

- Rue.

- Hum... Gale veio para Posy. Mamãe está trabalhando.

- Será que... – Cocei a cabeça.

- Te ajudar? Claro.

Ele olhou o batente e torceu a boca.

- Isso é um pouco alto e desnecessário. A entrada para os alunos mais velhos fica mais fácil para você, de lá você pode ir para a área das crianças.

Sorri e ele empurrou a cadeira pelo caminho vazio. A maior parte da escola era plana, apenas os últimos anos ficavam no andar superior.

Seguimos enquanto ele contava sobre as expectativas que tinha para seu penúltimo ano. Talvez o último se ele conseguisse uma carta para a faculdade de Direito.

Rory era um rapaz esforçado Quando não estava na escola, trabalhava como jardineiro nas casas mais nobres do distrito. Eu tinha um jardim só por causa dele.

- Suas rosas vão florescer em alguns dias. – Ele lembrou.

Ri e lhe olhei.

 - Você adora o meu jardim.

 - Bom, você me deixou fazê-lo como eu queria. É praticamente meu. Você nem precisa me pagar por isso.

- Mas eu quero. – Lembrei.  – Você trabalha maravilhosamente bem, Rory. Não seria justo.

Ele sorriu e passamos pelo pátio. O lugar estava barulhento como sempre. Eu ainda me lembrava da minha época de escola. Metade na capital e metade no distrito. Eram sincronizados.

Dos 12 aos 18 eu trabalhei como modelo com um estilista famoso, um dos grandes motivos de eu ser reconhecida em qualquer lugar que vá. Claro que o cabelo escuro e a cadeira ajudavam a disfarçar, mas ainda havia pessoas que se lembravam de mim.

- Katniss. – Ouvi e olhei para trás. – Você é a Katniss?

Não falei?

- Olá. – Sorri.

A garota se abaixou à minha frente e sorriu surpresa.

- Oh meu Deus, você é Katniss Everdeen.

- Eu sou Katniss Everdeen. – Ri.

- Minha nossa, eu estou ao lado de Katniss Everdeen. Tira uma foto. – Estendeu o celular para Rory, que gargalhou.

Sorri e ele bateu a foto, então a garota veio com alguns cadernos. 5. Não, espera. 6.

Franzi as sobrancelhas e ela sorriu novamente.

- Eu me chamo Ashby Yule.

Rory segurou o riso num engasgo e sorri.

- Dedicatórias diferentes, por favor.

Dei de ombros.

- Tem uma caneta?

Ela pegou a caneta de um garoto de fones de ouvido e ele lhe encarou como se fosse louca.

- Er... Você pode escrever né?

- Porque não poderia?

- Nada. – Foi rápida;

Usei as dedicatórias comuns com seu nome e assinei, devolvendo a caneta ao rapaz.

- Desculpe.

Ele fez um “Legal” com a mão direita e sorri em resposta.

- Bom, eu tenho que ir agora.

- Só mais uma coisa. Você é parente de Prim Everdeen como todos dizem?

Ri.

- Somos irmãs.

Continua...


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