P.O.V Tristan

Estava tudo embaçado, eu via apenas uma luz meio fosca e minha cabeça doía, foi quando consegui juntar forças e sentar, 10 minutos? fala sério, isso tinha durado muito mais que 10 minutos parecia que eu estava deitado ali por muito tempo, mas tinha alguma coisa errada, eu senti um vazio e rapidamente me esforcei para colocar as mãos onde minhas asas deveriam estar e fiquei ainda mais assustado quando notei que elas não estavam ali:

–Mas o que? -Algo tinha dado muito errado, estiquei minhas mãos e vi que elas estavam sujas de terra, foi aí que parei para observar o lugar em que estava, haviam longas arvores, cobrindo a luz do sol, eu não via nada, apenas arvores e muito, mais muito verde. Eu estava confuso, mais confuso do que imaginaria que iria ficar, cobri meu rosto com minhas mãos e tentei colocar os pensamentos em ordem.

–Eu sou um anjo, e eu tenho uma missão aqui na terra, eu não sou um humano, eu... -Foi quando ouvi uma movimentação próxima, eram passos humanos.

–Tristan? -Era uma menina, uma menina muito bonita, primeiramente ela ficou confusa, mas depois que reconheceu quem eu era sorriu, e seu sorriso era meigo, ele tinha... alguma coisa muito forte, que eu não conseguia desvendar -O que você faz aqui Tristan?

–Eu... eu... não me lembro, minha cabeça dói e... -Eu realmente não me lembrava, e sabia que estava fazendo errado, eu não podia falar com humanos, mas aquilo tudo não estava certo, desde a minha vinda a terra, e mesmo que fosse contra as regras, eu precisava de ajuda, se ela me reconhecia, reconhecia o humano que eu supostamente era, podia me ajudar.

–Oh Tristan você deve ter bebido de novo... -Quando falou isso percebi um sinal de decepção em sua voz -Vamos, levante, vá para casa, eu aviso o professor que você teve problemas e não pôde ir a escola.

–Tudo bem, só que eu... Não me lembro, onde eu moro?

Ela me encarou por um momento assustada e senti que ela estava tentando ver se eu falava a verdade.

–Você... Não se lembra?

–Sinto muito por te atrapalhar, eu não queria, eu só... preciso de um pouco de ajuda -Eu estava levantando e olhava sério para ela -Não sei o que aconteceu, eu acordei aqui e... Não me lembro muito das coisas.

–Ah meu Deus, Tristan o que você andou bebendo? Vamos eu te levo até sua casa, e entro no segundo período de aula.

Cruzamos a floresta e saímos em uma cidade, haviam várias lojas uma ao lado da outra, cabeleireiro, mercado, confeitaria... Eu lia as placas e tentava me acostumar ou recordar o lugar... Mas não tinha sinais de lembranças.

O caminho todo foi silencioso, eu apenas a acompanhava andando ao seu lado, mas eu precisa de informações, então cortei o silêncio com uma pergunta:

–Como você se chama?

–Me chamo Ivih -Ela olhou em meus olhos, tentando mais uma vez ver se eu mentia e soltou um leve sorriso.

–Você também mora por aqui? -Eu perguntei

–Sim, eu moro do outro lado da floresta -Disse olhando para baixo

–Você acha que estou mentindo, digo quando faço essas perguntas, porque você se assusta?

–Você não... lembra? -Ela me olhou confusa e eu respondi com um olhar ainda mais confuso -Tudo bem Tristan, não precisamos voltar a esse assunto, já passou...

–Que assunto? Eu ficaria feliz se você me falasse, Ivih eu não me recordo de nada, eu... -Foi quando percebi que paramos em frente a uma casa de dois andares, com um longo portão vermelho

–Esta entregue, espero que você melhore Tristan -Ela sorriu timidamente, virou as costas de leve e saiu andando em uma direção contrária.

Eu não entendi, porque eu estava no corpo de um humano? Minha missão era proteger alguém, mas em momento algum me disseram que seria assim, suspirei e encarei o longo portão vermelho em minha frente, então ele abriu me assustando e me tirando de meus pensamentos.

De la saiu um homem que parecia estar na faixa de uns 40 anos, ele vestia um terno e parecia apressado, quando me viu, sua face enrijeceu:

–Tristan onde você passou a noite? Sua mãe esta preocupada, eu disse que isso não poderia acontecer de novo, não disse? E você prometeu! -Ele falava num tom de voz muito alto e parecia bastante abatido.

–Me desculpe senhor eu... -Eu não sabia como explicar, eu não podia sair por aí falando que não se lembrava, eu precisava me lembrar, mas as falas não saiam...

–Entre e tome um banho, você esta precisando -Ele entrou num carro prateado que estava estacionado um pouco a frente e acelerou, deixando o portão vermelho aberto em sinal que era para que eu entrasse.

A casa era ainda mais bonita por dentro, havia uma longa escadaria e assim que eu entrei uma senhora um pouco mais velha veio me receber, ela usava um longo vestido azul escuro, com um avental branco por cima e tinha uma áurea branca, é isso, ela tinha uma áurea branca, os seres da terra que possuíam a áurea branca tinham um coração tão bom que eram considerados quase anjos, eu sentia que meus poderes e minhas lembranças de anjo ainda estavam presentes, mas eu precisava se informações aqui da terra.

–Tristan vou preparar um banho para você, o café da amanhã esta na mesa e... -Eu senti que a senhora podia me responder:

–A senhora pode me responder algumas perguntas?

–Claro... -Ela me olhou confusa.

–Quem é a senhora? -Olhei no fundo de seus olhos e como uma espécie de hipnose ela soltou a resposta rapidamente.

–Sou sua criada, trabalho aqui desde que você nasceu -Me surpreendi quando ela respondeu sem questionar o porque da pergunta, e notei que meus poderes de anjo ainda estavam presentes, eu podia ter as respostas que precisava.

–E quem sou eu?

–Você se chama Tristan tem 15 anos e é filho dos Leights o casal mais rico da cidade -Ela me respondia séria, sem tirar os olhos dos meus.

–E qual o meu problema? -Era a resposta que eu mais precisava

–Você tem um vicio, você bebe, bebe muito e quando bebe, ninguém te segura -Estremeci quando ela disse isso, como eu poderia guardar a vida de alguém se estava no corpo de uma pessoa com ainda mais problemas?

–E quem é Ivih? O que eu fiz para ela?

–Ivih é a filha dos Filds, seu pai é mecânico e eles vem enfrentando problemas financeiros desde que você... -Ela parou de falar mas continuou me olhando nos olhos, ainda estava sob meus poderes, mas havia algo travando essa informação.

–Você não me respondeu, o que eu fiz para ela?

–Me desculpe Tristan, mas você pediu para que eu não voltasse a falar sobre isso -Eu ouvi um barulho vindo da sala e desviei meus olhos dos olhos da senhora, para que ela voltasse a seu estado normal.

–Onde eu estava? Ah sim, vou preparar um banho para você! -Ela subiu as escadas rapidamente e a porta atras de mim se abriu, era uma mulher loira e alta, com uma face séria, quando me viu suspirou:

–Tristan, vá tomar um banho, e tome seus remédios por favor, não quero você em mais encrencas hoje! Eu me concentrei em suas falas e pude ler sua mente, ela estava preocupada, ela era minha mãe.

–Tudo bem, já estou indo -Subi as escadas e procurei por lembranças em minha mente, ou melhor, na mente do Tristan, agora que eu tinha as informações necessárias, era fácil, bastava procurar por informações em sua mente e tudo seria resolvido.

Entrei em um quarto que parecia familiar, as paredes eram azuis e havia uma janela de madeira marfim com cortinas impedindo que luz do sol tomasse conta do lugar, deitei em uma cama que estava encostada na parede do quarto e tentei pensar um pouco.

Tristan era um adolescente alcoólatra, de pais ricos, tinha tudo o que queria, mas lhe faltava algo, porque ninguém procura um vicio atoa, procura porque há falta de algo, mas de que?

Ivih é uma menina doce, e eu... Ou melhor dizendo Tristan, fez algo para sua família, algo que a magoou muito, eu só preciso descobrir o que...

Mas ainda há outro problema, quem eu devo proteger?