O Ruivo De Fogo E As Sete Gigantes. escrita por Val-sensei


Capítulo 1
O nascimento e as preocupações.




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Em um reino muito, mais muito distante, chamado Laynes, havia um rei que sonhava em achar a sua rainha para ajudá-lo a governar aquele lugar carregado de uma magia encantadora. Ali havia árvores, pássaros, cachoeiras, alguns rios e também uma pequena vila próxima ao castelo.

Um dia, o rei foi até essa pequena vila em busca de um amor verdadeiro. No seu passeio ele conheceu uma linda jovem de cabelos vermelhos como o fogo, de um ar doce, sereno e então ele se apaixonou por ela. Depois de uns anos se casou com ela, mas depois de casados nada da sua esposa ter um filho, ou uma filha.

O rei e a rainha já tinham feito de tudo para que a bela dama de cabelos de fogo engravidasse, no entanto nada acontecia.

A bela dama olhou pela janela e viu um fogo muito longe queimando algo que não dava para identificar da janela. Então ela pediu um filho de cabelos ruivos como aquele fogo e os olhos verdes como as folhas das árvores, pois ela achou muito bonito, aquele contraste que aparecia na janela de seu quarto, enquanto ela olhava.

A rainha sempre dava as suas escapadinhas com os soldados, ou até mesmo com homens da alta sociedade.

Um belo dia o rei deu uma festa e a rainha conheceu um homem muito bem apresentado, de olhos claros como o céu, cabelos loiros como o sol, vestido em um manto feito em fios de seda dos mais caros, como um conde. Ela dançou com ele e o rei nem percebeu quando sua bela dama saiu de fininho.

Ela passou um tempo com esse homem curtindo o prazer da vida. No entanto, a rainha não sabia que sua vida iria mudar da água para o vinho depois de ter passado a noite com esse belo homem.

Depois de mais ou menos uns dois meses a rainha descobriu estar grávida. Com medo de contar ao seu esposo o que havia ocorrido, decidiu fugir do castelo grávida sem que ninguém soubesse.

Naquela noite, o rei descobriu que a sua bela rainha havia fugido. Para saber os motivos de sua fuga mandou investigar e quase na mesma hora teve tudo o que queria diante de si.

Lendo os documentos que lhe apresentaram, o rei descobriu que ela o havia traído várias e várias vezes e que havia engravidado do dito cujo e que fugiu por medo dele a mandar para a forca.

Ficou muito aborrecido com todo o ocorrido, por saber que sua esposa não engravidara dele e por ter sido traído e abandonado.

Enraivecido, o rei mandou retirar o titulo de rainha a Lavínia, também mandou ir à busca dela para escoltá-la de regresso ao castelo, mas não a encontrou em lugar nenhum. Muito nervoso, deixou a sala do trono e foi para o seus aposentos.

*****

A ex-rainha acabou a sua longa viagem de foragida numa vila bem distante do reino, faminta, suja, perdida e cansada. Ela queria um emprego para poder sustentar-se a si própria e à sua filha ou filho. Passou diante da porta de uma pensão, viu um anúncio e entrou à procura da proprietária.

Ela aceitou o cargo de camareira e depois de uns meses a trabalhar, ela se lembrou do homem que ela conhecera na festa, que nunca mais tivera notícias dele.

O tempo ia se passando e a ex-rainha descobriu que havia perdido o seu titulo de rainha e que o rei se tinha cansado de procurá-la para levá-la para a forca. Nessa pousada, ela conheceu um hóspede, se apaixonou por ele e ele por ela. Ele sabendo da sua gestação avançada, quase tendo o bebê resolveu assumir o menino. Casou-se com a moça e eles foram morar em uma fazenda um pouco distante da vila.

Lavínia deixou a sua vida de piriguete de lado após saber da sua gestação e após conhecer um homem tão bonito, bem apresentado, dedicado e que iria ser o pai do seu filho. Estava imensamente feliz, pois o homem apesar de não ser ricaço, tinha posses a ponto de a ajudar.

Lavínia deu à luz um filho, igual ao que tinha pedido naquela janela, com os cabelos vermelhos como fogo e os olhos verdes como as folhas das árvores, o mais belo bebê aos olhos dela.

****

Os anos se passaram rapidamente, a ex-rainha vivia bem com o seu atual marido q se chamava Safiro e seu filho que já estava com dezoito anos.

Thomas era um rapaz de cabelos ruivos como os da mãe, tinha os olhos cor de uma pura e verde esmeralda, sua pele branca como a neve, seus lábios vermelhos como sangue, sua personalidade forte, independente e determinado. Mas desde pequeno que era uma peste – destruía carrinhos, desmontava rádios, televisões ou qualquer coisa que se colocasse à frente.

Thomas sabia que Safiro era o seu padrasto, que batia muito nele e que o punha muito de castigo quando ele aprontava, fazia ameaças e tentava discipliná-lo, mas nunca o tinha conseguido por completo. 

Thomas havia estudado em uma escola de magia para aprender coisas boas, mas sua personalidade o levou a aprender as magias negras juntamente com as boas. Ele era um rapaz prendado, mas um pouco irresponsável, indelinquente e inconsequente.

  Seu padrasto Safiro, um homem alto, de cabelos negros e olhos negros como a noite, era um pouco sombrio, tinha uma beleza invejável, fazendo com que a maioria das mulheres o quisesse atacar, mas ele só tinha olhos para a sua esposa Lavinia, a ex-rainha fugitiva que o encontrou na antiga pousada há alguns anos.

****

  Um belo dia, Thomas passava na porta de um quarto secreto e viu o seu padrasto olhando em um espelho que tinha a moldura negra e o vidro num tom azul escuro, a porta estava entreaberta e Thomas ficou escondido bem quietinho olhando.

  - Espelho, espelho meu; existe alguém mais bonito do que eu? – perguntou Safiro passando as mãos em seu cabelo negro e sedoso.

  - Não, o senhor é o mais lindo de todo o reino, nem o rei é mais lindo que o senhor.

  Safiro sorriu satisfeito e saiu do quarto sem perceber que Thomas estava o espiando.

  Thomas entrou no quarto e viu o espelho, algumas teias de aranha entrelaçadas na madeira do teto, uma bola de cristal em forma de caveira, alguns tubos de ensaio espalhados sobre a mesa e um caldeirão velho e enferrujado.

  - Então foi para isso que o “papai” – fez aspas com o dedo, – me fez estudar magia... Muito interessante… – Falava consigo mesmo quando viu um rosto meio desfocado aparecer no espelho.

  - Vaidoso como sempre. – O rapaz passou a mão na moldura e ficou maravilhado com a peça. – Melhor eu sair daqui antes que me descubram. – Saiu do quarto secreto disfarçadamente e após dar uns passos pelo corredor deu de caras com a sua mãe.

  - O que o senhor estava aprontando? – perguntou ela com os punhos na cintura e uma cara de poucos amigos.

  - Nada, mamãe! – Ele sorriu meio sem jeito.

  - Thomas, você não me engana. – Ela estava com o semblante fechado. – O que estava aprontando agora?

  - Eu só estava lendo um pouco sobre magia, amanhã eu tenho um teste para ver se eu viro um mago como o papai quer. – Ele tentava convencer a mãe.

  - Então, boa sorte na prova querido. – Ela o abraçou e deu um beijo na testa dele.

  - Obrigado, mamãe – agradeceu ele. – Eu vou dar uma volta na vila – ele disse e saiu de fininho.

  Lavínia ficou olhando o vago e pensando no que seu filho estaria aprontando.

  Thomas andava pelas ruas da vila pensando no belo espelho, estava querendo o mesmo para ele, mas tinha que pensar em um modo de roubá-lo de seu padrasto sem que ele soubesse, ou seria apanhado em flagrante. Thomas esfregou as mãos e sorriu cinicamente a ele mesmo quando encontrou um amigo.

  - Que sorriso é esse, Thomas? – perguntou o outro rapaz que já o conhecia bem.

  - Descobri alguns segredinhos do meu pai, digo padrasto – ele começou a caminhar ao lado do amigo.

  - E pela sua cara você vai arrancar o coração dele fora. – Samuel, o amigo, o olhou penetrantemente.

  - Ainda não tive essa chance, até porque minha mãe sempre está por perto e outra, não tenho prática o suficiente para essa magia de dominação.

  - Verdade... – O amigo fez cara de tédio. – Se um dia arrancar o coração dele, traz para eu ver.

  - Pode deixar Samuel, pode deixar. – O garoto sonhava com esse dia.

- Ficou sabendo?

- Do quê? – perguntou Thomas andando por uma rua um pouco mais deserta.

- O rei conseguiu ter uma filha.

- É mesmo? – perguntou Thomas desinteressado.

- Ouvi dizer que ela tem dezessete anos e é muito bonita.

- Ela que se lasque! – Thomas nem queria saber.

- O rei vai dar um baile para comemorar o aniversário da filha e para apresentá-la à sociedade.

- Aquele imbecil vive dando festas! – Thomas revirou os olhos. – Podia dedicar-se mais ao povo que ele governa.

- Você fala isso por que tem vontade de ir – riu divertido o Samuel.

- Cale essa boca, antes que eu treine a magia de arrancar corações em você – falou com certo desprezo.

- Calma, foi só uma brincadeira – Samuel encolheu-se um pouco e viu que tinha irritado o amigo.

Os dois foram treinar a sua magia em uma floresta mais afastada.

****

Algumas horas mais tarde, Safiro chegou a casa e encontrou a sua esposa fazendo a janta sozinha e diz se aproximando dela:

- Já cheguei, Lavínia. – E deu um beijo no rosto dela.

- Boa noite, Safiro. Que bom que chegou.

- Onde está o Thomas? – perguntou não vendo o garoto por ali.

- Saiu e ainda não voltou. – Lavínia mexia a concha na panela afogando o arroz.

- Aquele moleque...

Safiro estava com desdém na voz e Lavínia, calada, o viu sair.       

Safiro entrou no seu esconderijo e vaidoso como era e sempre fora, olhou para o espelho à sua frente e disse:

- Espelho, espelho meu... Existe alguém mais belo do que eu? – Passou as mãos no cabelo, sorriu alegremente esperando pela resposta.

- Sim, há alguém mais belo que você! – a voz forte e imperiosa saiu do espelho.

- Diga-me quem é? – perguntou incomodado.

O espelho embaçou-se, deixando a imagem de um rosto negro como uma sombra para começar a formar um rosto branco, com olhos cor de esmeralda, cabelos ruivos como fogo e com uma beleza inata.

- Thomas! – Safiro reconheceu o enteado. – Você vai me pagar por isso, Thomas! – Ele ficou muito enfezado e caminhou até à mesa dele. Começou a quebrar os tubos de ensaio. – Maldito, ele vai me pagar por ser mais belo que eu. – E continuava a quebrar tigelas e copos de tanta raiva, a inveja tomando conta de si.

Lavínia ouviu e correu até lá para ver o que estava acontecendo, pois ouviu vários objetos se quebrando. Correu o mais rápido que podia, chegou ao quarto, viu a porta entreaberta e entrou:

- Querido, você está bem? – perguntou ela olhando o homem que estava de costas para ela.

Safiro virou-se para ela com os olhos vermelhos, o rosto pior que um pimentão, dava para ver claramente a sua raiva em suas expressões.

- A culpa foi toda sua! – apontou para ela com o dedo indicador e aproximou-se dela em passos lentos.

- Culpa de quê? – A mulher de cabelos ruivos começou a tremer, deu um passo atrás e não entendia o que estava acontecendo, pois seu marido já havia ficado nervoso algumas vezes, mas daquela forma era a primeira.

Ela não o reconhecia, não sabia por que ele mudara de um momento para o outro. Assustada o viu dar mais uns passos.

- De dar à luz aquela praga!! – Ele deu mais alguns passos, agora um pouco mais apressados, sua raiva e inveja o dominavam.

Lavínia não entendia o porquê daquela mudança repentina, daquela raiva toda.

- Eu não estou entendendo, Safiro! – Ela deu mais um passo atrás, mas ele a segurou pelo braço com força.

- Você deu à luz aquele bastardo, agora ele está tomando o meu lugar. Por isso, você vai morrer! – O ódio, a inveja, o rancor tomavam conta de Safiro.

Lavínia estava trêmula de medo, não conseguia se soltar do homem, nunca o havia visto naquele estado.

- Safiro, solte-me! – ela pediu assustada, chorosa e esperando uma reação do companheiro de tantos anos. Mas ele não a soltou, o seu amor tinha sido cegado pela inveja e o homem tinha se transformado completamente.

- Você vai me pagar e aquele bastardo também! – Ele enfiou a mão pelo tórax da mulher, mais especificamente para o lado esquerdo, sua mão afundou dentro do organismo. Depois ele puxou a mão trazendo consigo o coração de Lavínia. Abriu a mão e o coração pulsava ali. Algumas gotas de sangue saíam da mão dele, enquanto o coração batia sobre a palma da mão de Safiro.

- Mãe... – O rapaz viu as panelas queimando no fogo assim que chegou a casa. Procurando pela mãe começou a chamá-la em voz alta: – Mãe...

Ele chamou mais uma vez e foi caminhando lentamente quando chegou ao quarto que seu padrasto usava, viu o coração pulsar na mão do homem e a mulher caída no chão.

- Que bom que chegou, bastardinho! – disse ele olhando com desprezo para o rapaz. – O próximo será você! – Apontou com o dedo indicador, enquanto fechava a outra mão com o coração de Lavínia e o espremeu lentamente, transformando-o numa papa viscosa, bem na frente do jovem. Virou a mão em forma de punho e foi fazendo a papa cair bem devagarinho.

- NÃOOOOOOOOOOOO! – Thomas gritou tão alto que os pássaros até fugiram das árvores do lado de fora da casa, algumas lágrimas escorreram dos olhos do rapaz, o pavor tomou conta dele. – O que você fez? – perguntou olhando o corpo imóvel de sua mãe no chão e a papa do coração dela espalhado como se fosse apenas uma sujidade nojenta.

- Agora é a sua vez! – aproximou-se lentamente do jovem.

Thomas olhava com raiva para o seu padrasto, não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas não iria deixar barato. Mesmo não tendo experiência em magia, iria lutar, iria pegar o espelho e sumir dali, mesmo que não conseguisse derrotar o seu padrasto.

- Isso é o que vamos ver! – Seus olhos verdes como as folhas brilhavam em raiva, as lágrimas escorriam pelo seu rosto branco.

Safiro fez um sorriso cínico, carregado de inveja, ódio e crueldade;

- Então tente! – Ele lançou uma magia nele.

 Thomas se defendeu usando o fogo que saiu de seus dedos, truque que aprendeu na escola de magia.

- Acha que com isso você me vence, está muito enganado – debochou Safiro.

Pensou em algumas palavras e lançou uma magia contra Thomas. Ele tentou se defender, mas foi lançado longe batendo na parede sentindo a dor do impacto.

- Maldição, ainda não tenho experiência o suficiente para vencê-lo! – Thomas se levantou com dificuldade, o sangue escorria da sua boca, o braço arranhado, ele fazia caretas de dor, sabia que não tinha chance contra o padrasto, sabia que não podia ficar ali ou seria morto como sua mãe fora, sabia que seu coração poderia ser arrancado do mesmo modo e esmagado como se fosse nada.

- Desista, Thomas e assuma que eu sou o mais belo – chiou aproximando-se lentamente.

Thomas olhou o espelho, mentalizou algumas palavras e logo o espelho estava em uma de suas mãos.

- Desculpe “papai”. Mas eu não desistirei e muito menos me renderei! – Ele ainda sentia muita dor, mas tentou disfarçar.

- SEU BASTARDO! – Safiro imaginou algumas palavras e lançou outra magia, enquanto Thomas mentalizou qualquer lugar para sumir dali, mas antes de sumir foi atingido em cheio pela magia e desapareceu logo em seguida com o espelho.

Safiro sorriu de canto satisfeito, tinha voltado a ser o mais belo, mas quando olhou a parede, o espelho não estava mais lá. Ficou ainda mais nervoso, com raiva, viu sua bola de cristal em forma de caveira em cima da mesa intacta, pegou nesta e saiu de sua casa, pois iria achar aquele espelho custasse o que custasse.

****

Thomas usou a última magia que havia lhe restado, foi tão grande o desgaste que ele foi atingido antes de sumir da sua ex-casa com uma espécie de teletransporte que ele havia aprendido na escola de magia.

A magia o transportou dali o levando para uma floresta de árvores altas, tão altas que quase chegavam ao céu, suas copas verdes e viçosas o deixavam parecendo um inseto no meio da grama orvalhada.

Desacordado, ferido, ensanguentado, ele apareceu ali perdido próximo a uma estrada. Nessa floresta esperaria a morte, ou talvez não...





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