O Monstro escrita por Messer
Notas iniciais do capítulo
Não vou mais enrolar: está complicado. Além do mais, estou pensando em um trabalho original, então somente uma vez ou outra vou poder postar. Boa leitura.
O silêncio estava reinando sobre a caótica Nova Iorque. Não se podia escutar nada, nem o barulho de alguma sirene ou qualquer música. Numa cidade barulhenta, o impossível aconteceu.
O que chocava a todos era que não havia ninguém nas ruas.
Logo que John anunciou a todos que as pessoas haviam sumido, eles saíram correndo do Instituto, invadindo casas, apartamentos ou lojas. Mas, pelo o que viram, não havia ninguém. Nem uma única pessoa.
-Nada. Nenhum sinal de vida além de nós – Percy disse, se aproximando de John.
O garoto mal captou as palavras de seu Parabatai. Ele estava encarando uma das longas ruas do Brooklyn, e não podia-se ver onde ela acabava. Ao seu além, os prédios de Manhattan se destacavam, altos e silenciosos. Ao longo da rua, alguns semáforos estavam acesos, mudando suas cores para carros ligados, porém, parados. Papéis estavam jogados pela rua, sendo levados vagarosamente pelo vento, o que só deixava a cidade com impressão de abandonada.
A atmosfera pesou por um momento. O filho de Apolo já sabia o que isso significava, mas seus braços ainda assim se arrepiaram.
-Nunca pensei que veria Nova Iorque deserta – Mary falou baixo, logo atrás dele. John sentiu que Percy deu um pulo ao seu lado.
-Achou alguém? - Perguntou.
Para sua surpresa, a resposta foi afirmativa.
-Três na Times Square, mas nenhum tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Semideuses menores. E já reportei o Acampamento do que está acontecendo. Eles vão chegar daqui uma meia hora.
John se virou um pouco e a olhou. Seu cabelo claro estava bagunçado, amarrando apressadamente. A palidez era mórbida, com as olheiras cinzas ressaltando-a, os olhos tempestuosos e a expressão estava séria. Naquele momento, pensou em quantas vezes a garota já havia passado por isso. Era uma boa estratégia tê-la como aliada em batalhas.
Mas John preferia que aquilo não acontecesse. Afinal de contas, iria morrer.
Mary chegou perto e afagou seu cabelo com delicadeza. Não se sabia o que passava por sua mente, ela parecia perdida em pensamentos. Mas John nada disse. O garoto de cabelos escuros somente a encarou, tentando fazer com que a garota entendesse sua mensagem. Porém, se ela entendeu, não deixou aparecer. Depois de alguns segundos, recolheu a mão e se virou, aparentemente indo conversar com Annie.
-Há... Quanto tempo...? - Ele ouviu Percy dizer. Quando se virou, viu que seu Parabatai estava com uma expressão estranha. Parecia querer rir, mas tentava, sem sucesso, reprimir a emoção.
-O quê? - John sabia do que ele estava falando, mas decidiu jogar com o amigo. Não era todo dia que se conseguia brincar com ele daquele jeito.
-Ah, você sabe! Você e ela! Quanto tempo?
-Isso é da sua conta? - John retrucou, com um sorriso se formando. Ao contrário de Percy, deixou-o aparecer. Podia ver que ele estava começando e ficar irritado, mas o fato de serem Parabatais e melhores amigos não ajudava. Percy mais parecia um bobo do que irritado.
-Você é insuportável – murmurou, balançando a cabeça e voltando o rosto para o resto do grupo. Ao contrário dos dois, eles não estavam com um pingo de humor.
Annie e Mary pareciam imersas em uma conversa séria; Nick, mesmo com sua altura pequena, estava arrombando portas. O resto do grupo estava espalhado, a maioria se preparando com runas e conferindo suas armas.
-Ei! - Uma voz ecoou no silêncio mortal do Brooklyn. - Alguém aí viu o Grissom?
John olhou em volta automaticamente, procurando o tutor. Mas não teve sucesso. Aliás, todos que tentavam pareciam não conseguir.
-Ele não está em nenhuma casa? - Percy disse alto.
Os mais próximos das casas entraram, chamaram mas não obtiveram nenhuma informação de Grissom. Isso estava começando a preocupar John. O tutor jamais sumiria sem nenhum motivo.
O garoto logo ia dizer algo, mas se esqueceu quando escutou Mary. No silêncio que estavam, qualquer tom de voz mais alto era audível. A garota parecia estar engasgada, e segurava o ombro de Annie com força enquanto a outra mão estava em seu esterno. Segurando o colar. John correu até ela e tentou acalmá-la.
A filha de Hades arfava. Ela parecia ter se recuperado do ataque, mas sua expressão era do mais puro terror. Quando olhou para John, seus olhos exibiam medo. Nada a mais que isso. Somente o fato de ela estar tão apavorada já preocupava o garoto. Ele nunca havia visto a namorada tão assustada.
-O Grissom... Ele, ele... - ela tentou dizer, mas simplesmente não conseguia. Mesmo assim, John já sabia a mensagem que queria dar.
Então, Annie deu um grito agudo, que feriu o ouvido de John por ele estar tão perto. Mas o pior era que transmitia a mesma mensagem que Mary. Pavor. Medo.
Se virando para a mesma direção que Annie olhava, entendeu o por quê de todos estarem em choque. John já presenciara algumas mortes, mas o que estava vendo foi uma enorme pancada.
Grissom, seu antigo tutor estava caído no meio da rua, com o corpo todo coberto de sangue. Flechas, partes do corpo de demônios e até mesmo uma lança despontavam grotescamente de seu corpo. O rosto do tutor estava sem expressão, com os olhos abertos. Seu cabelo grisalho, sujo de sangue. Tudo o que John lembrava do tutor fora extinguido naquele momento. O garoto sentiu o sangue correr rápido pelas suas veias, impulsionado pela raiva que sentiu das malditas criaturas que ele caçava. Ele andou para perto do seu tutor, e se ajoelhou ao lado de seu corpo, agora sem vida. Então, fechou os olhos claros, e, como uma permissão para a guerra, disse:
-Ave atque vale, Gil Grissom.
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O título é a tradução de ave atque vale. Uma expressão usada na morte de caçadores de sombras.