A Rainha Branca escrita por luanafrotah_


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei não demorar muito com esse primeiro capítulo, mas provavelmente os outros podem demorar um pouco mais, considerando que eu ainda tenho muita coisa pra passar pro computador (sim, tá tudo escrito à mão ainda)
Mas juro que vou tentar não demorar taaaaaaaaaanto ;]

Então aproveitem esse primeiro capítulo o/



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            Mara acordara muito cedo naquela manhã, ou, melhor falando, nem mesmo havia dormido, para o desespero de sua mãe. A vida noturna da garota preocupava muito a mulher, que não se sentia nem um pouco lisonjeada de ter uma filha guerreira, lutar contra coisas invisíveis e imateriais (ao menos para ela) não seria, e nem é, considerado algo muito... “Normal”.

         Mas, Mara não é uma pessoa normal. Desde pequena podia vê-los, e falar com eles, e, até uns dois anos atrás, até que era divertido. Só que, veio o resto do outro mundo: os anjos, criaturas lindas, que emanavam luz e paz por onde quer que passem e iluminavam tudo e todos que influenciavam e protegiam. Infelizmente, como todo yin tem um yang, junto com anjos, vêm os demônios. E eles vieram abomináveis, de todas as formas e tamanhos, deixando rastros enormes de enxofre... E agora, isso é o que ela faz, arrasta os demônios de volta para o inferno, e isso não é nada divertido.

         Procurá-los não é tão difícil assim; encontrá-los, também não; matá-los, nem tão fácil; Equilibrar a vida de exterminadora e médium com uma vida escolar, em pleno último ano do segundo grau, isso sim, é difícil. Muito difícil. Mas nossa amiga sempre dá um jeito. E é justamente por isso que ela, freqüentemente, vai à escola sem dormir. Depois de uma noite difícil como a última que tivera tudo o que mais queria era um bom dia de sono, mas sabia que não poderia. Então, foi comer algo antes de sair novamente.

         E, na cozinha, sua mãe a esperava, com uma expressão não muito amigável no rosto.

         -Não dormiu novamente?

         -Ah sim – respondeu a garota – dormi, sim. Dormi divinamente, como uma pedra, e sonhei com muitos anjinhos pulando nuvenzinhas e matando demoniozinhos fofinhos que sugavam as almas dos mortais. A senhora por acaso ouviu algum barulho no meu quarto? – Apoiou-se sobre as duas mãos na mesa e lançou um sorriso irônico à mãe.

         -Por que você tem que ser assim? – perguntou a mulher, séria, desviando a atenção para a TV.

         -Por que você sempre sabe a resposta. – pegou uma maçã e deu uma mordida – algo interessante na TV?

         -Nada de mais...

         -Mas é claro!! – Falou a Mara irritada, e, sob protestos da mãe, pegou o controle – eu nunca vou ver algo interessante em um programa de fofocas... Qual o propósito disso passar a essa hora da manhã? – indagou mudando de canal - Agora sim, eu posso ver se tem algo interessante aqui.

         A mulher levantou e voltou aos seus afazeres, prendeu novamente os cabelos muito claros e foi tirar a louça do café enquanto pensava consigo mesma o que um noticiário teria de tão mais legal que o “programa de fofocas”. Mara aumentou a TV. Ela se virou e viu uma repórter de cabelos crespos em frente a um prédio um tanto alto.

         O acidente ocorreu ontem à tarde, por volta das dezessete horas e vinte e cinco minutos. Segundo as testemunhas, amigas da vítima, todas estavam reunidas no topo deste prédio, como faziam toda semana, e estavam brincando, daqueles jogos que se usam para se comunicar com os espíritos. Depois de algum tempo conversando, elas decidiram... Chamá-los.

E foi aí que tudo aconteceu. Enquanto usavam um copo como este, ele se quebrou e devido ao vento, os pedaços se espalharam atingindo a vítima na região dos olhos. As amigas tentaram ajudar, mas ela estava tão desesperada com a dor que não se deixou socorrer e, enquanto tentava encontrar algo em que se apoiar, tropeçou no parapeito e despencou, exatamente nesse ponto. Especialistas afirmam que o motivo para o copo ter despedaçado foi...”.

-Que babaquice... – Falou Mara com desprezo – e ainda tentam descobrir por que quebrou. Não está na cara? Essas garotas brincaram com o fogo, e agora se queimaram e não sabem por quê. Se eu não tivesse a certeza de que elas nunca mais cometerão um erro como esses eu...

         -Mara... – Falou a mãe constrangida – quantas vezes eu vou ter que repetir pra...

         -Não falar disso perto de você... Eu sei, eu sei... Desculpe. Vamos continuar assistindo agora.

         A repórter, agora entrevistava uma das garotas, que estava em total desespero

         ... Estavam mesmo tentando chamá-los? Os mortos?”.

         ‘Não, os mortos não, os espíritos, ou melhor, os demônios.’

         ‘Vocês estavam chamando eles e... Como ocorreu, exatamente, tudo? Nossos dados não estão de todo corretos.’

         ‘Foi ela... Ela matou a Bruna! Nós a chamamos, ela está solta!’ Falava a garota quase gritando.

         ‘Ela quem?’ Perguntava a repórter curiosa

         ‘A Rainha Branca’

         ‘Aquela das lendas?’

         ‘Ela... Não é... Uma lenda!’

         ‘Bom... Encerramos por aqui.’ ”. Concluiu a repórter um pouco desconcertada com a resposta obtida e sob os gritos da garota para “terem cuidado, ou perderão a vida”.

         Mara levantou, jogou a maçã, de cuja havia comido muito pouco, quase nada, sobre a mesa e começou a andar, pensativa.

         -Espere! Você mal comeu da maçã. Tome pelo menos um café, vai acabar dormindo na aula novamente!

         -Eu como qualquer coisa no intervalo. – Retrucou a garota, pegando seu boné e voltando a mergulhar em pensamentos.

 

***

 

         A escola não cooperara muito com Mara. Como se já não bastasse toda a preocupação que ganhara logo cedo com aquelas garotas, agora também tem uma prova, e daquelas, para estudar. Porque não podia simplesmente desistir de tudo? Por que simplesmente não põe um demônio em seu lugar na prova do vestibular e depois manda tudo para os quintos dos infernos? Simples: A mãe não a perdoaria se desistisse de “tentar” ser alguém na vida e, se não for ela a acabar com os demônios lá, quem o faria? E... Fora tudo isso tem aquele novato, para o qual ela deve desculpas, mas, simplesmente é orgulhosa demais para fazê-lo. Bom, como sua consciência nunca a deixaria em paz se não tentasse se redimir, foi logo falar com o garoto.

         Encontrou o rapaz sentado em um ponto de ônibus, embaixo de uma árvore. Ele estava gravando algo no banco com um canivete. “Mas que ótimo!”, pensou ela. A única coisa que tinha em mente agora era que, se ele não fosse um rebelde sem causa, ela nunca precisaria fazer o que estava fazendo agora. Mas não foi esse o ocorrido. Então ela engoliu em seco, deu um longo suspiro e foi até ele. Percebeu que seria muito difícil se redimir com ele. Ele era realmente revoltado e, nossa, como tinha a mente suja...! Pensou ao ver o que ele estava riscando no banco. Mara deu outro suspiro e estava repensando tudo o que ia falar, mas, de repente tudo evaporou, e o que saiu foi:

         -Não se deve violar o patrimônio público. Isso é crime.

         -É seu, por acaso? – Perguntou ele sem se virar, enquanto continuava a gravar no banco uma imagem um tanto grosseira.

         -Bom... – falou a garota um pouco constrangida, não deveria ter falado aquilo – na verdade... Não, não é. Mas...

         -Então cala a boca e não enche o saco! – falou agressivo, mas sem se desconcentrar do que estava fazendo.

         Então Mara explodiu. Nunca deveria ter nem pensado em se redimir com aquele garoto, era algo totalmente inútil, pelo menos enquanto ele mesmo não considerasse a opção de se desculpar pelo que faz com si mesmo.

         -Escuta aqui - falou apontando o dedo indicador para ele – eu não estou com humor pra te aturar, então...

         Rapidamente, o garoto estava segurando firmemente o pulso dela, e a encarava com seus olhos cor de mel cheios de raiva – Se você não tá a fim, ótimo, some daqui, que eu não fiz nada pra você me perseguir assim!

         Então Mara virou o rosto e desviou o olhar para o chão.

–Desculpe...

         -Como? – perguntou o garoto perplexo, afrouxando a mão e soltando o pulso dela.

         -É isso – continuou Mara ainda olhando para o chão – eu só queria te pedir desculpas... Por... Ontem, e... Acho que pelo que acabou de acontecer, também.

         -Ninguém nunca me pediu desculpas – falou ele calmo e ainda perplexo – mas... Isso não significa que eu vá aceitar! – Disse, recompondo-se e voltando ao velho tom rebelde sem causa.

         Mara sentou ao lado dele, fechou os olhos, e contou, silenciosamente até dez. Quinze.

         -Escuta aqui guri: Eu estou pouco me lixando se você vai aceitar ou não! Acontece que ontem eu te persegui a noite toda e agora eu estou TENTANDO me redimir contigo!

         -Só por que, a partir de hoje, a gente tá na mesma sala? – Perguntou ironicamente.

         -Não! Porque ontem eu te confundi com um demônio! – o rapaz arregalou os olhos de repente e a encarou, incrédulo. Mara corou um pouco – Eu sei, ontem eu agi estranho com você, mas... Mesmo eu tendo conseguido cair na real a tempo, eu pensei em cortar seu pescoço, e... Ah... – desviou o olhar novamente – eu sei que você não deve estar entendendo nada do que eu falo e deve estar me achando meio doida agora, mas... E então...?

         -Você é doida?! Tudo bem que eu sou revoltado e um pouquinho marginal... Só que demônios são bem piores que eu...

         -Como você sabe?

         -Sabendo, ora! – Mara respondeu a isso com um olhar irônico – Eu posso ser ruim, mas não sou um demônio! E além do mais, eu garanto que você nem sentiu o enxofre.

         -Eu sei, mas – ela levantou – existem demônios que conseguem esconder perfeitamente o enxofre, além do que garotos revoltados com o resto do mundo, ou seja, do seu tipo são os mais prováveis de serem... – Parou de repente. Pensou alguns segundos e deu uma forte pancada no ombro dele e lhe deu as costas.

         -O que foi agora? – perguntou ele visivelmente alterado – o que foi que eu te fiz?

         -Me fez de idiota! Você está sim, entendendo tudo o que falo. – vociferou ela, virando novamente para encará-lo.

         -Claro que sim, falamos a mesma língua!

         -NÃO TEM GRAÇA!! – deu outra pancada no ombro dele – Sabe do que falo. Você também é capaz de ver!

         -O QUÊ!! Cê tá surtando? É claro que eu vejo, eu tenho dois olhos ó – dito isso ele apontou os próprios olhos com os indicadores, quase os empurrando para mais fundo das órbitas.

         -Vem comigo! – a garota segurou o braço dele firmemente e saiu correndo.

         -Ei!! Espera aí, onde cê tá me levando?

         Mara permaneceu calada, simplesmente corria. E estava sem paciência para esperar semáforos, arriscadamente, atravessava ruas movimentadas, e, claro, com ele em seu encalço. Até que finalmente parou.

         Ele nunca estivera lá, era uma parte do bairro um pouco deserta. Os moradores de lá ou não estavam em casa, ou se escondiam de algo, ou, em sua maioria, nem sequer existiam. As casas tinham uma aparência antiga, paredes manchadas, telhados baixos e portas e janelas arcaicas. Mara soltou o garoto e se dirigiu a uma das casas. Ela era verde, mas na verdade já estava quase branca, a porta de madeira estava sem tranca e abriu fácil.

         -Por que me trouxe aqui?

         Mara se virou para o garoto – Como se chama, mesmo? Ricardo, não é? Pois bem... Você já deve saber exatamente do que se trata. Entra!

         Ela havia falado a última palavra com uma autoridade tamanha, que Ricardo se viu obedecendo-a, mal acabara de falar. Mara o acompanhou com os olhos enquanto ele andava lentamente para o interior da casa. Depois o seguiu e fechou a porta.

         -Michael! – chamou alto – MICHAEL! Eu preciso falar com você, AGORA!!!

         De repente tudo se iluminou, um brilho ofuscante tomou conta do lugar. Depois de alguns segundos ele foi abrandando lentamente, muito lentamente, Mas a sensação de paz e felicidade que veio com ele permaneceu.

Finalmente, quando tudo acalmou, e a luz abaixou, é que se pôde ver. E lá estava um anjo. Altivo e divino, simplesmente como deveria ser um ente divino. Cabelos acinzentados, não tão grandes, a pele com um brilho prateado, e, na cintura, uma espada embainhada em uma bainha incrustada do mais puro ouro.

         -Sim? – perguntou ele – o que houve dessa vez?

         Mas Mara sequer dirigiu um único olhar ao anjo. Virou-se para Ricardo e perguntou:

         -Você pode vê-lo, não pode? – e apontava para Michael.

         -Eu o quê? Eu não estou vendo nada! E você é completamente maluca! – dito isto, um Ricardo furioso saiu, fechando a porta com um estrondo.

         Mara estava sem ações, Tudo o que estava conseguindo fazer era ficar lá imóvel, boquiaberta. Michael, suavemente, pôs a mão em seu ombro.

         -O que está acontecendo?

         -Ele pode ver! Eu sei que ele pode ver – Falou ela sem se virar para ele – ele é como eu...

         -Pessoas assim são raras. Mara, como sabe se está certa ou não?

         -Eu sei! – respondeu ela bruscamente – Foi por isso que ontem à noite eu o persegui. Eu havia confundindo com um demônio, mas agora eu sei que a energia que eu senti dele é porque ele também tem esse dom!

         -Mas ele não me viu, você comprovou. Ele saiu daqui pensando que você estava ficando maluca.

         -Ele sabe que demônios deixam enxofre por onde passam... Eu ouvi dele... – a voz de Mara foi morrendo e ela se deixou cair em um sofá velho, soluçando. Escondeu o rosto entre as mãos – eu só queria encontra alguém igual a mim. Você não sabe como é viver como vivo. É... Solitário... Eu nunca saio com amigos, eu nem tenho amigos e... E minha mãe odeia o que faço! Oh, Deus... Ia ser tão bom se eu encontrasse alguém... Se ao menos eu não soubesse que isso tudo vai ser pra sempre...

         Michael foi até ela, ajoelhou-se para ficarem da mesma altura, e lançou-lhe um olhar terno.

         -Não fique assim. A sua atitude é totalmente compreensível. A sua jornada é dura, longa e difícil... Mas você não pode se deixar derrotar por isso. Tem que ser forte. O senhor nos criou, e somente ele sabe o que vai ser de nossas vidas.

         Mara abraçou-se ao anjo, soluçando ainda mais alto.

         -Eu não quero ser forte! Não quero se tiver que ser sozinha!...

         Michael a abraçou também, pôs a mão sobre a cabeça dela, e a deixou chorar em seu ombro.

 

***

 

         Mara chegou em casa com os olhos vermelhos e inchados. Foi para o quarto sem falar com a mãe. Abriu o guarda roupa e pegou, escondida sob uma montanha de roupas mal dobradas, sua espada. Pousou-a sobre a cama. Seus dedos correram sobre a bainha prateada e descansaram no cabo.

         Ela então desembainhou a espada. A segurou com as duas mãos bem à frente do seu corpo. Fez um movimento rápido e viu a lâmina reluzir, em seguida deu algumas voltas no ar com a mesma. “É só isso que sei fazer, e é só isso que vou fazer. Daqui por diante”. A espada brilhava, em suas mãos, refletindo a luz do sol. Foi reembainhada.

         Alguma coisa na mente de Mara decidiu que, naquele dia, a caçada iria começar mais cedo que o normal. De um baú, do lado da cama, ela tirou um conjunto de roupas negras, e um par de botas de cano longo. E, sobre a cama, pegou seu boné.

 

***

 

         Mara escolhera um lugar um tanto estranho, pelo menos para caçar. Demônios prefeririam a escuridão de becos à praia, logicamente, e logo aquele trecho, que era tão deserto. Mas ela simplesmente foi para onde seus pés a levaram. De repente ela sentiu que não estava mais preocupada com os demônios, afinal, fazia tanto tempo que ela não ia a um lugar calmo assim.

         Começou a caminhar, sentia o vento em seu rosto, e ouvia o barulho das ondas como nunca ouvira antes. Sentiu vontade de tirar os sapatos para sentir a água do mar em seus pés, mas o que estava usando eram botas, e dava muito trabalho tirá-las, então desistiu da idéia. O sol estava quase se pondo e ela sentou na areia para apreciá-lo.

         Era estranho como ela nunca havia reparado em uma coisa simples assim. Nunca havia reparado em como eram bonitas as cores que o sol dava às dunas e às plantas enquanto desaparece no horizonte, ou em quão tranqüilizadoras as ondas vinham banhar as pontas dos nossos pés, e até no barulho que o vento fazia quando batia nos coqueiros, trazendo aquele cheirinho salgado de mar e areia.

         Foi aí que o vento lhe trouxe outro cheiro, e não era nada bom. E ia ficando cada vez mais forte. Ela levantou e sai correndo, em direção á origem do horrível odor de enxofre. E ia ficando mais intenso. Desembainhou a espada, a pedra vermelha no cabo brilhava um brilho pulsante muito forte. Um impacto forte a atirou para trás, a espada caiu de sua mão e estava fora do seu alcance.

         -Ora, ora, ora... O que temos aqui? Parece que tirei sorte grande hoje, pesquei um peixe muito bom.

         Um demônio ria de Mara, enquanto ia até ela. A garota sentia uma dor horrenda no nariz e sentia o sangue quente escorrendo por seu rosto... Bela hora para se quebrar o nariz!

         -Oh, o que foi? – perguntou o demônio ironicamente – está dodói, é? Quer uma ajudinha? Aqui... Está!

         Mara sentiu a “ajudinha” com uma dor dilacerante na boca do estômago, que fora o local onde uma certa criatura pisoteara com toda a força que tinha. Ela exprimiu um urro e se encolheu com as mãos sobre a barriga. Procurou a espada, estava muito longe, não conseguiria pegar a tempo. Mas não custava tentar. Virou-se, com as costas para cima e começou a se arrastar, o sangue eu escorria de seu rosto caindo na areia clara.

         -Ooops! Quem disse que você vai pegar isso? – deu uma risada – Parece que você fica meio indefesa sem aquela espada, não é? Por isso mesmo, vou providenciar para que fique bem longe dela. Você... – falou erguendo-a pelo pescoço – Você já mandou muitos de nós de volta para o inferno, nos impediu de fazer o que sabemos, e agora... Está na hora de pagar pelo que fez.

         Mara gemia e se debatia, mas as garras daquele demônio estavam bem firmes em seu pescoço. Desistiu de tentar, o ar estava lhe faltando e a visão estava embaçando... Mas o que ela não sabia era que estava tudo piorando, e ela seguia em direção ao mar e então, submergiu. Mas que ótimo, pensou ela, não vou mais morrer sufocada... Vou morrer afogada, isso é muito animador...

         A inconsciência vinha cumprimentá-la, estava se despedindo de sua vida, até que sentiu a mão em seu pescoço afrouxar, e soltar. Será que já a tinha dado por morta? De qualquer jeito ira morrer mesmo... Não conseguia se mover e também não havia ninguém que a tirasse de lá.

         Pelo menos era o que ela achava até sentir algo lhe puxando pelos pés. Sentiu também a terra firme sob si, enquanto era arrastada para algum lugar longe do mar, e, em seguida, uma mão que dava batidinhas de leve em seu rosto. Abriu os olhos lentamente, seus sentidos estavam voltando, então pode ver quem era, e ouvir também.

         -Você está bem? Caramba... Pensei que você tivesse morrido!

         -O que... – Mara começou a falar lentamente - o que está fazendo aqui... Ric... Ricardo?

         -Bom... – Falou ele um pouco sem jeito – Eu tenho que admitir agora... Eu vejo também. E... Acho que isso é seu – falou ele colocando o cabo da espada nas mãos fracas dela.

         Então ela começou a rir. Ria uma risada fraca, e ia ficando mais alta, até se transformar em uma gargalhada estridente, e morrer novamente. Mara respirava com dificuldade, seu peito subia e descia muito rápido

-Tudo bem... – disse ela – Depois eu te bato por ter mentido pra mim, agora, pelo amor de Deus, me leva pro hospital, meu nariz tá me matando.


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