- Como é que é!?

As quatro mulheres disseram em coro e pararam imediatamente o que faziam, ficando imóveis.

- Esquece. Vamos começar o jogo.

Emma falou batendo a bola e indo para sua posição.

- Nada disso, primeiro você vai explicar direito essa história.

Mary Margaret argumentou completamente surpresa com a revelação, assim como as outras três.

- Eu não sei explicar, só sei que sem ela eu sinto que falta alguma coisa. É como se eu não estivesse mais me sentindo completa.

Emma deu um leve sorriso ao se lembrar da morena.

- Espera, essa eu não entendi.

Mulan comentou realmente confusa.

- Talvez a vida não seja apenas sair e ficar transando por aí.

Se as quatro já estavam impressionadas, esse comentário as fez ficarem totalmente chocadas. Emma estava mesmo dizendo aquilo?

- Quem é você e o que fez com a verdadeira Emma?

Ashley perguntou rindo.

- Não, é sério.

- E o que você pretende fazer em relação a isso?

Aurora questionou com curiosidade.

- Quando ela voltar eu vou dizer que quero ficar com ela, sem casamento, apenas ficar junto.

- Eu apoio!

Mary Margaret se pronunciou sorrindo para Emma, que retribuiu.

- Mas agora, vamos começar logo esse jogo?

A loira sugeriu e as amigas balançaram a cabeça positivamente, indo se posicionar para poderem dar início à partida.

Durante as próximas duas semanas que se passaram, Emma e Regina seguiram apenas trocando mensagens, já que ligar foi ficando mais difícil, devido ao fuso-horário e aos compromissos de cada uma. Com o decorrer dos dias, Emma ficava cada vez mais ansiosa, preparando o jeito certo de contar para Regina todos os seus sentimentos.

Era manhã e Emma estava em casa, analisando alguns projetos em seu escritório, quando sua secretária-eletrônica avisou que ela tinha uma nova mensagem. A loira apertou o botão e a mensagem começou:

“Oi Emma! Voltei! Estou morrendo de saudade e louca pra te ver! Não interessa o que você vai fazer hoje à noite, cancela. Nós vamos jantar! Me encontra, às 20:00, no novo restaurante chique, perto daquele restaurante grego que a gente odeia, que antes era o italiano que a gente adorava. Eu estou cheia de novidades! Beijos.”

Emma sorriu desde o começo até o final da mensagem. A loira não podia estar mais feliz. Seria hoje que finalmente mataria sua saudade de Regina e revelaria tudo para ela.

Emma passou a tarde inteira tentando escolher a roupa certa e depois de experimentar várias, acabou optando por um vestido rosa sem mangas e saltos pretos. Soltou seus lindos cachos e fez uma maquiagem leve. Olhou para o relógio e viu que já era 19:55, ela então saiu rapidamente do seu apartamento, mas antes de ir para o restaurante, parou e compro algumas rosas vermelhas.

Quando chegou, ela logo avistou Regina e foi andando apressadamente em sua direção. A morena, assim que a viu, se levantou da mesa onde estava, mas uma coisa perturbou Emma, já que Regina, antes de ir ao seu encontro, sussurrou algo na orelha de uma garota bonita, que possuía mechas vermelhas no cabelo. Por causa dessa distração, no meio do percurso a loira trombou em um garçom, que acabou caindo e a levando junto.

- Nossa, me desculpa.

Emma falou com afobação, sendo ajudada por outros garçons a se levantar.

- Me desculpa também. Aqui estão suas flores.

O rapaz estendeu o que havia sobrado das flores para Emma, que deu um meio sorriso.

- Pode ficar com elas.

- Ok.

O garçom saiu de perto dela e Regina, preocupadíssima, se aproximou.

- Emma, você está bem?

- Estou sim.

- Então me dá um abraço aqui!

A morena praticamente pulou no colo da amiga, lhe dando um abraço apertado e demorado, que a loira tratou de retribuir. “Como é boa essa sensação!” Emma pensou.

- Você está linda!

Regina exclamou terminando o abraço e olhando Emma da cabeça aos pés.

- Obrigada! Você também!

As duas sorriram.

- Eu estava com tanta saudade de você.

- Eu também Gina.

Elas se abraçaram novamente.

- Vem cá.

A morena falou pegando a mão da amiga.

- Eu quero te apresentar uma pessoa.

- Tudo bem.

Assim que se aproximaram da mesa, a garota de mechas vermelhas se levantou.

- Então você é a famosa Emma!?

- Famosa eu não sei, mas sou eu sim.

A mulher e Regina riram, enquanto a loira apenas sorriu nervosamente, com medo de que a morena estivesse namorando.

- Emma, essa é a Ruby.

- Prazer.

- Prazer.

As duas apertaram as mãos e se sentaram, sendo acompanhadas por Regina, que se sentou ao lado de Ruby.

- Vamos fazer os pedidos?

Regina sugeriu.

- Claro.

Emma e Ruby responderam ao mesmo tempo.

Regina chamou o garçom e fez os pedidos. O rapaz anotou tudo e se retirou rapidamente.

- Emma, a história de como eu conheci a Ruby é muito engraçada.

- Então me conte.

- Eu estava em meio a uma tempestade, com vacas impedindo a minha passagem.

As três riram.

- Acho que foi até o dia em que você me ligou e a ligação estava cortada, porque em alguns lugares da Escócia não tem sinal nenhum.

- Eu me lembro disso.

Emma comentou aflita, não gostando nada do rumo daquela conversa.

- Então, depois de eu não ter conseguido falar com você e nem sair do lugar, eu vi uma mulher linda, toda molhada e montada em um cavalo branco, que veio até mim e me salvou.

- Você era uma donzela em perigo, era o meu dever.

- Foi a minha princesa encantada.

As duas sorriram e Regina deu um beijo em Ruby. Foi aí que a ficha de Emma realmente caiu. Durante a história ela estava se recusando a acreditar, mas quando viu Regina beijando a garota, raciocinou que sua ideia de revelar tudo que sentia estava acabada, já que a morena se encontrava em um novo relacionamento.

- Depois, ela me levou até uma pousada maravilhosa e me convidou para o pior jantar da minha vida.

- Foi horrível mesmo, até para os padrões escoceses.

Regina e Ruby riram diante da lembrança.

- Após isso, nós passamos essas duas últimas semanas nos conhecendo melhor e saindo muito para passear. Museus, parques, cinemas foi tudo tão...

- Perfeito.

Ruby completou a frase de Regina, que a beijou novamente.

Emma suspirou e evitou olhar aquilo, que lhe dava uma mistura de ciúme, raiva e enjoo.

- Então, quando chegou a hora da Regina partir, eu vi que não podia deixá-la ir. Foi aí que eu me ajoelhei e...

- Me pediu em casamento! E eu aceitei!

Regina falou mais que animada, estendendo sua mão para Emma e mostrando o lindo anel que tinha no dedo. Aquilo definitivamente destruiu o coração da loira, que já estava abalada com a notícia do relacionamento e isso só foi piorando com o decorrer das coisas que Regina dizia. Namoro até que dava para você terminar e tudo bem, mas um casamento era bem mais complicado.

- Nós pretendemos casar logo, na Escócia, na casa de verão dos pais da Ruby.

- Uma cerimônia mais íntima, afinal, não podemos esperar que muitas pessoas viagem para Escócia daqui quinze dias.

- Quinze dias?

Emma engasgou com a água que tomava.

- Aham. É loucura né!?

Regina abriu um enorme sorriso.

- Você já foi à Escócia, Emma?

Ruby perguntou curiosa.

- Não, ainda não tive a oportunidade.

A loira deu um meio sorriso.

- Tenho certeza que você vai adorar!

A morena de mechas vermelhas falou confiante.

- Emma, olha só, se você fosse se casar, eu adoraria ser sua madrinha e já que sou eu que vou me casar agora, gostaria de saber: Você quer ser a minha madrinha?

A loira riu sarcasticamente.

 - Madrinha?

Emma se levantou da cadeira transtornada e trombou com um garçom novamente, que era o mesmo que ela havia trombado mais cedo.

- Emma!

Regina indagou assustada, se levantando do seu lugar.

Quando viu quem o tinha derrubado, o garçom foi tomado pela raiva.

- Ah, qual é loirinha!?

- Desculpa.

Emma disse se levantando e tentando o ajudar, mas ele se recusou.

- É alguma coisa comigo? Eu te compro outras flores se você quiser.

- É que eu estou distraída hoje, desculpa mesmo.

Ele assentiu com a cabeça e saiu de perto.

- Você está bem?

Regina perguntou se aproximando de Emma.

- Estou, estou.

- Tem caído muito do salto, hein Swan!? O que está acontecendo?

A morena sussurrou e começou a rir.

- Engraçadinha!

Emma deu um soco de leve no ombro da amiga e riu junto com ela.

- Vai, senta aí!

Regina apontou a cadeira e foi em direção a sua.

Pouco tempo depois, os pedidos delas chegaram. O jantar passou rapidamente e foi tranquilo, apesar de Emma ter evitado olhar toda vez que Regina e Ruby se beijavam ou trocavam carinhos. Aquilo estava lhe dando nos nervos, mas ela soube se controlar muito bem. No final da noite, após Ruby e Regina terem insistindo muito, Emma deixou a morena de mechas vermelhas pagar a conta.

- Você promete pensar com carinho?

Regina perguntou enquanto ela, Ruby e Emma deixavam o restaurante.

- Prometo. Amanhã eu te dou a resposta.

- Obrigada Emma.

A morena deu um beijo na bochecha da amiga.

- Foi um prazer conhecer você Emma.

- Igualmente Ruby.

Emma deu o seu sorriso mais forçado e apertou a mão da garota.

- Tchau.

O casal disse ao mesmo tempo, entrelaçando suas mãos.

- Tchau.

Regina e Ruby foram em direção ao carro de Regina, enquanto Emma apenas as observava de longe, sentindo como se uma parte sua estivesse sendo levada por uma estranha. Depois que elas foram embora, a loira caminhou até o seu carro e foi direto para o seu apartamento, onde finalmente pôde ter o seu momento de raiva, quebrando uma torradeira. Emma então resolveu tomar um banho gelado, porque ela definitivamente precisava “esfriar” a cabeça. Ficou um bom tempo no chuveiro e mesmo com a água gelada, conseguiu botar seus pensamentos em ordem e depois cair exausta em sua cama.

No dia seguinte, Emma chamou Mary Margaret para tomar um café no Starbucks. Mary também já era sua amiga de muito tempo, então a loira aproveitaria para desabar com ela, já que a pessoa com quem normalmente fazia isso era a dona de seus pensamentos e causadora da sua tristeza.

- Eu não acredito! Regina vai se casar!?

Mary Margaret perguntou surpresa, enquanto retirava o seu café no balcão.

- Vai e é quinze dias.

Emma respondeu aflita, pegando seu café e saindo do Starbucks, sendo acompanhada pela amiga.

- O que você respondeu quando ela te convidou para ser madrinha?

- Eu disse que iria pensar.

- Quando você ficou de dar a resposta?

- Hoje. Nós combinamos de ir almoçar em um restaurante.

- Ela gosta mesmo da garota?

- Você precisava ver ontem, estava toda melosinha.

- Eu tive uma ideia!

Mary Margaret falou animada.

- O jeito vai ser você aceitar o convite.

- O quê?

- Pensa só, essa vai ser a sua desculpa para estar perto da Regina a todo o momento. Ajudando ela e sabendo de tudo que vai acontecer. Aí, você usaria esse tempo para mostrar para Regina que isso é uma tremenda loucura, que ela nem conhece essa garota direito.

- Acho que eu não vou conseguir fazer isso não.

- Emma.

Mary Margaret segurou o braço dela, fazendo-a parar de andar.

- Eu não sei quais são suas outras opções.

- Eu também não.

- Olha, acredita em mim, vai ser muito mais fácil você impedir esse casamento se estiver participando dele. Você quer mesmo tirar a Regina dessa garota?

- Quero.

- Então você vai ter que fazer tudo que for preciso.

- Tudo bem.

- Não desista.

- Nunca!

As duas sorriam e continuaram a caminhar.