Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 27
Surpresos e Encrencados


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, e desculpem pela pequena demora, ainda estou com problemas..

Soundtrack ao verem o sinalzinho *:
https://www.youtube.com/watch?v=o_gNrBE39Mc



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Apesar de entender claramente que estavam vulneráveis, tanto ela quanto Cato, Clove só se preocupava com uma coisa: encontrar Harry. Nem ao menos sentia a dor de seus machucados mais, entretanto, eles ardiam e demonstravam precisar de cuidados. Talvez, em toda a sua vida, nunca havia chegado àquela conclusão, mas precisava do irmão mais que tudo. Tinha perdido seus pais, provavelmente estavam mortos, e tudo o que lhe restava era Harry. O seu irmão protetor. O irmão chato que sempre a irritava e a deixava de cabelos em pé, mas que, sem a presença dele, tudo à sua volta parecia ainda mais sombrio.

Cato era outro que torcia a todo instante para encontrar seu irmão. Estava novamente sem notícias de Draco, e ele tinha que confessar que aquela sensação era torturante. Já havia se perdido da mãe, deixado-a desprotegida, sozinha, indefesa. Pensar que perdera Draco também era uma ideia que Cato não gostava de aceitar.

– Olha! - Cato alertou Clove, enquanto a garota entrava em sua frente no laboratório. Observaram um homem preso à correntes, e imediatamente, o reconheceram como um dos policiais que os trouxe para a ilha; e para Cato, o policial que havia matado Cho. A morte da amiga seria algo que ele nunca esqueceria. Cho havia morrido por sua culpa.

– É um dos policiais. - Clove se aproximou do homem, cautelosamente, se agachando frente a ele. A morena franziu a testa, não parecia receber de volta o olhar que lançava a Lewis.

– Por que ele tá preso aqui? - Cato estranhou, enquanto olhava para os lados rapidamente, se certificando de que estavam sozinhos. Os corredores à sua frente, sombrios, poderiam ser sinais de alarme e perigo.

– Ele parece.. - Clove começou, suas sobrancelhas estavam contraídas. O rosto da garota estava bem próximo ao de Lewis, e o olhar dele, completamente vago e disperso. - Hipnotizado. - Ela entreabriu a boca ao falar, olhou Cato por cima do ombro rapidamente. O loiro tinha uma expressão de surpresa. - Foi o Scorpius. - Clove se levantou do chão depois de olhar Lewis novamente. Aquela era uma das certas que ela tinha naquele momento, em meio àquele turbilhão de problemas e perigos.

– Você acha? - Cato ainda parecia receoso. Viu Clove entrar em sua frente, os cabelos da garota cobriam a jaqueta rasgada em suas costas. Ela correu o olhar pela entrada dos corredores, permaneceu com a testa franzida. Estava tudo muito estranho ali.

– Eu tenho certeza. - Clove garantiu, ainda de costas para Cato. O loiro deu alguns passos até ficar ao lado do corpo dela. - Tá ouvindo isso? - A morena percebeu o loiro arquear as sobrancelhas e ficar atento aos sons que ecoavam pelo corredor. Sons baixos, mas perceptíveis aos dois mutantes.

– Vozes. - O garoto se certificou. - Vem de um dos corredores.

– Talvez vem de mais de um. - Ela argumentou, ainda estava concentrada tentando decifrar de onde vinham aquelas vozes. - Vamos nos separar e procurar.

– Ficou maluca? - Rebateu o loiro, quando viu Clove o olhá-lo. - Não vamos nos separar, garota. Temos que ficar juntos, assim nossas chances ficam maiores.

– Não pense que eu adore a sua presença. - Retrucou a morena, rodando os olhos e desfazendo a troca de olhares.

– Claro que você adora. - Cato provocou, enquanto Clove o ignorava e seguia seu instinto, entrando em um dos corredores escuros.

– Cala a boca.

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– Ouviu o tiro? - Hermione se alarmou, instantes depois do som agudo cortar as portas de metais das celas do corredor. Trocou um olhar cúmplice de suspense com Rony, sem se mover do lugar, as armas ainda estavam apontadas em direção a Bellatrix, que parecia extremamente calma.

– Acho que seus amiguinhos estão com problemas, não é? - A doutora sorriu falando. - Talvez algum dos meus mutantes se livrou de suas celas e atacaram eles. - Bellatrix supôs, em uma de suas melhores hipóteses. Hermione respirou pesadamente. - Ou talvez, seus próprios amiguinhos soltaram algum dos mutantes, e se deram muito mal por isso. - Ela soltou uma risada, mexendo em seus cabelos mais despenteados do que nunca. - Gina veio com vocês? - Bellatrix relembrou-se da mutante, seus olhos brilharam. - Adoraria revê-la. E Rose? Também veio? Ou vocês ainda não se encontraram?

– Me diz uma coisa, doutora.. - Rony deu alguns passos à frente, mirando a arma com apenas uma das mãos rumo à cabeça de Bellatrix. A cientista enfrentou o olhar o ruivo, não se moveu do lugar. - Como você pode ser tão maluca?

– Ah, meu querido. - Bellatrix novamente sorriu. - Eu apenas sei usar o melhor da minha imaginação. Quem um dia diria que existiriam pessoas com asas? Ou com a capacidade de se teletransportar para qualquer lugar do mundo? - Ela falava em retórica, correndo os olhos de Rony até Hermione. A morena ainda estava em prontidão para atirar. - É fantástico, não é? - Bellatrix sorriu ainda mais. - Ah, eu ainda não disse. Devo avisar vocês de algumas coisas.

– Algumas coisinhas? - Hermione rangiu os dentes. Que tipo de coisa Bellatrix poderia avisá-los, se não fosse algo ruim?

– Você já deve saber que seus poderes de teletransporte não funcionam aqui. - Bellatrix encarou Rony, ainda com um sorriso nos lábios. - É, eu fui muito cautelosa em relação à isso. Fiz questão de bloquear qualquer tipo de fuga da ilha que os mutantes pudessem tentar.

– Você tá dizendo que não tem como sair dessa ilha? - Hermione rebateu, imediatamente ficou nervosa.

– Não se eu não quiser. - Continuou a doutora, explicando tranquilamente. Rony soltou sua respiração presa, olhava Bellatrix fixamente. Não, ela não estava falando sério. Seria mais um problema que precisariam resolver, e o tempo naquele lugar não estava favorável para nenhum deles. - Ah, avise a Clove Potter que os poderes dela não funcionam com as quimeras. Sim, os mutantes-leões, as panteras.. Infelizmente a nossa garota da mente poderosa não é capaz de controlá-los. Assim como o Scorpius. Nossa, ele tem uma capacidade fantástica! - A mulher demonstrou encanto em sua voz. - Eu mesmo me surpreendi quando o garoto nasceu. Seus olhos brilhando, capazes de hipnotizar qualquer um. Menos as quimeras, claro. E os contaminados também, posso dizer.

– Escuta aqui, doutora. - Rony levou o dedo ao gatilho e percebeu Bellatrix dar dois passos para trás, recuando, e levando a mão até a maçaneta da porta de uma das celas, de onde havia saído há poucos minutos. - A gente vai sair dessa ilha, e você vai pagar pelo o que fez.

– Sinto muito, Ronald. - Bellatrix sorriu, balançando a cabeça negativamente. - Mas isso não vai acontecer. - Ela avisou, girando subitamente a maçaneta da porta, que estava destrancada, e empurrando o metal. Consequentemente, a aparição de um adolescente de cabelos despenteados e olhos vermelhos alarmou Rony e Hermione. Os dois trocaram olhares. - Pegue a garota, mas o ruivo você pode deixar livre. - Ordenou para o mutante vampiro, que assentiu, abrindo um sorriso malicioso, mostrando suas presas afiadas. Rony voltou para o lado de Hermione rapidamente, teria que protegê-la.

– Acho bom você não se aproximar dela. - Rony trincou os dentes ao falar, demonstrando fúria. Apontou a arma em direção ao vampiro, que se aproximava deles, lentamente. - Não encosta nela.

– Sabe que se atirar, ele não vai morrer, não é, Ronald? - Bellatrix demonstrou displicência contra a ameaça do mutante. - E se atirar em mim, nunca vão ter o que querem.

– Sai de perto dela! - Vociferou o ruivo, entrando na frente de Hermione e avançando contra o vampiro, empurrando o corpo do mutante para trás com toda a força que possuía naquele momento. Hermione percebeu a arma do ruivo cair ao chão, e, prontamente, correu até a pistola, pegando-a, e, estrategicamente, apontando as duas armas em sua mão diretamente na cabeça de Bellatrix. Estavam frente a frente agora.

– Mande ele parar, agora. - Ordenou a morena, enfrentando o olhar de Bellatrix. - Não importa se não vamos ter as respostas que precisamos, caso eu te mate. Somos mutantes, e a gente vai dar um jeito. - Argumentou a garota, inabalável. - Agora manda o vampiro parar de atacá-lo agora, ou eu mato você.

– Victor! - Bellatrix gritou o nome do vampiro, depois de segundos encarando furiosamente os olhos de Hermione. Não sabia que a mutante estava tão evoluída daquela maneira. - Solte o Ronald. - Mandou a mulher, olhando por cima do ombro de Hermione, vendo o vampiro agarrando as costas de Rony, deixando o ruivo sem defesa. Hermione não desviou o olhar de Bellatrix, sabia que em um segundo de distração, tudo poderia estar perdido. - Agora! - Vociferou, e, imediatamente, o mutante soltou o corpo de Rony, que se afastou e passou a mão sobre a boca, estava totalmente surpreso com a atitude de Hermione.

– Rony, você tá bem? - A morena se concentrou em ouvir a voz do mutante. Esperava ouvir por um sim, mas não esperava ser atacada e perder o controle das armas em suas mãos. Sentiu seu corpo ser agarrado e pôde ouvir as presas do vampiro se afiando em sua boca, o desespero tomou conta de Hermione completamente.

– Deixa ela em paz! - Mandou Rony, exasperado, que ao menos teve tempo de perceber com clareza o ataque e defender a garota. Agora, ela estava indefesa, e ele, com seu ponto fraco ferido. - Eu vou te matar, doutora. - O ruivo cuspiu as palavras, enquanto via Bellatrix brincar com uma das madeixas de cabelo de Hermione. A morena respirava descompassadamente, nem ao menos conseguia mover o corpo, estava presa ao corpo do vampiro.

– Fica tranquilo, querido. - Bellatrix fingiu tranquilizá-lo, sarcasticamente. Olhava Hermione nos olhos, percebia os olhos castanhos dela faiscarem ódio. - Não vamos machucá-la. Só vou ter uma conversinha com ela. De mulher, pra mulher. - A cientista cerrou os dentes, sua voz saiu fina e irritante, seu rosto estava extremamente próximo ao de Hermione, a fim de aterrorizá-la. - Krum, leve-a para a cela, agora! - Ordenou a mulher, se afastando de Hermione e soltando o cabelo da garota. O mutante vampiro obedeceu-a, arrastando o corpo de Hermione até a cela onde estava, o corpo da mutante se debatendo, tentando se soltar. Rony não soube o que fazer.

– Se ele machucá-la.. - Rony cerrou os punhos, no momento em que a porta da cela se fechou com um baque forte, e Bellatrix o olhou, sorrindo. - Eu mato vocês dois.

– Eu se fosse você não tentaria derrubar essa porta. - Bellatrix alertou-o, caminhando até a porta de metal da cela e levando a mão até a maçaneta. - Vai por mim, faria muito barulho. Suponho que outros mutantes não iriam gostar dessa algazarra toda.

– Solta ela agora! - Rugiu o ruivo, o ódio invadindo seu corpo ao ouvir gritos de Hermione dentro da cela. - AGORA! - Gritou e avançou contra Bellatrix, mas a médica correu até o canto do corredor e levou a mão até um interruptor vermelho.

– Tá vendo esse botão aqui? - A voz de maldade de Bellatrix fez Rony paralisar no caminho. - Se você se aproximar e tentar qualquer coisa, todos morrem. Isso aqui tudo vai para os ares e a namoradinha também.

– Você também morreria. - O ruivo rebateu, prontamente.

– Você se acha muito esperto por ser um mutante, certo Weasley? - Bellatrix sorriu, maliciosa. - Só não se esqueça de que eu sou a criadora dos mutantes. - Despejou as palavras prontamente. - Agora vai atrás dos seus amigos e avisem eles que ninguém vai sair aqui da ilha. E eu vou ter uma conversinha com um por um. Começando com a nossa anjinha.

A mulher gargalhou, e Rony teve a certeza de que haviam encontrado mais perigos e mais problemas do que planejavam. Estavam ferrados.

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* - Acho que não tem ninguém aqui. - A voz baixa de Cato atraiu atenção de Clove, que observava atentamente os mutantes dentro de suas celas com portas de vidro. Era surreal a maneira como eles estavam presos lá dentro e não pediam por ajuda.

– Ninguém além dessas pessoas, você quer dizer. - Rebateu a morena, caminhando pelo corredor escuro. Era tão escuro que chegava a ser difícil visualizar qualquer coisa por lá. A sorte, era aquela sinistra luz vermelha que iluminava vagamente o corredor. - Só podem estar presos, não tem outra explicação.

– Clove, viemos atrás dos nossos amigos. - Argumentou Cato, olhando para trás e se certificando de que estavam sozinhos. - É eles que temos que procurar.

– Falando assim, até parece que você é o tipo de cara que se junto à mocinhas loiras inocentes que encontrou pela ilha. - A morena foi sarcástica, continuou andando na frente do garoto.

– Quer parar com esse ciúme? - Cato retrucou, mesmo se divertindo internamente. Sabia que era ciúmes. - Ela me encontrou, não fui eu.

– Ciúmes? - Clove riu pelo nariz, e se virou, ficando frente a frente com Cato. - Seu ego anda muito elevado, não acha não?

– Você entende muito de egos, não é morena? - Cato provocou-a, sorrindo maldoso.

– É.. - A morena deu dois passos à frente, quebrando a pouca distância que havia entre eles. Os rostos ficaram pertos o suficiente. - Então, só um toque, senhor rapidinho.. - Clove segurou o queixo de Cato com as mãos, os olhos do garoto se fixaram nos dela. - Quem pode aumentar o ego aqui, sou eu. - A morena cuspiu as palavras, soltando o queixo do garroto, arranhando com as unhas a pele branca dele. Cato sorriu quando viu-a se virar, bagunçou seus cabelos com uma das mãos. Clove era um tipo de problema tentador.

– Então você vai negar que sente ciúmes da Lilá? - Continuou o loiro, tentando irritá-la.

– Cala a boca. - Mandou a morena, suas sobrancelhas se contraindo e seus passos pelo corredor, cessando.

– O que foi? - O loiro se alarmou.

– Tá ouvindo isso? - Clove indagou, quando percebeu Cato aparecer ao seu lado. O silêncio entre eles fez um som baixo de choro ser audível.

– Será que alguém ta machucado? - Cato trocou olhares cúmplices de suspense com a morena, que tinha a boca entreaberta.

– Procura daquele lado que eu procuro desse. - A garota apontou para o outro lado do corredor com as mãos, e Cato assentiu, logo procurando pelos vidros das portas das celas alguém que estivesse chorando.

Clove seguiu seu caminho. De alguma forma, sentiu que aquele choro que ouvira fosse de tristeza. Não era como se alguém estivesse machucado, mas sim, como se alguém estivesse sendo submetido a viver sem liberdade preso àquele lugar. E, dessa forma, Clove podia sentir calafrios pelo corpo.

A morena vasculhou com o olhar pelas celas, mas tudo o que via eram mutantes sem expressão presos lá dentro. Alguns, andavam pela cela. Outros, estavam jogados pelo chão. Mas nenhum deles parecia chorar. Até que, Clove ouviu de novo aquele som. E aquele som de choro baixinho parecia aumentar.

Ela não acreditou no que encontrou quando chegou ao fim do corredor e ouviu a voz de Cato dizer "não tem nada aqui". Paralisou com as mãos sobre o vidro da porta, encarando o olhar molhado da garotinha presa dentro da cela. Clove estava em choque. A menina parecia ter cinco anos de idade, tinha os cabelos grandes, lisos e loiros, e os olhos azuis como um oceano. E estava presa ali, como todos os outros.

– Cato! - A voz de incredulidade de Clove atraiu rapidamente o mutante até o seu lado. Cato soltou uma respiração pesada quando visualizou a garotinha os encarando dentro da cela.

– Uma criança. - O loiro estava tão perplexo quanto Clove, mas não percebeu qualquer olhar da morena até ele. Clove estava fixa na garotinha dentro da cela.

– Você está bem? - A voz de Clove soou abafada ao bater contra o vidro da porta, mas a garotinha pareceu entender. Negou com a cabeça, apesar de, fisicamente, não ter machucados, apenas um corte na bochecha esquerda. - Você tem um nome?

– Safira. - Falou a menininha, depois de alguns segundos de silêncio. Sua voz era tão doce quanto sua aparência, mas parecia estar completamente assustada.

– Safira. - Clove assentiu, sorrindo de leve. Cato encarava a mutante ao seu lado, atentamente. - Não precisa ter medo da gente, vamos te tirar daqui.

– Como vamos abrir a porta, Clove? - O loiro indagou, recebendo finalmente, os olhos verdes da garota enfrentando os seus. Clove contraiu os ombros e se afastou da porta de vidro, permitindo Cato se aproximar e tentar, de alguma maneira, empurrar o vidro e libertar a garotinha dali. O loiro fez força, mas a porta não tinha maçaneta, e seus dedos escorregavam contra o vidro, que nem ao menos balançava. Com certeza era blindado. - Não tem como. - Ele avisou Clove, olhando a garota, que parecia totalmente pensativa.

– Se afasta. - Pediu ela, sem olhá-la, ainda concentrada.

– O que você vai fazer? - Cato indagou, atendendo-a, e se afastando da porta.

Clove se aproximou do vidro novamente, respirando fundo enquanto tocava as laterais de sua cabeça com os dedos, concentrando-se ainda mais. Sentiu uma dor cortante em sua mente, como se algo estivesse fincando-a internamente. Mordeu os lábios, controlando a dor, e manteve-se concentrada, o máximo que pôde. Cato conseguiu ouviu um barulho de vidro rangindo, e, arregalando os olhos, descrente, acompanhou a porta da cela se deslizar para os lados, deixando um espaço livre para a pequena Safira sair de lá. O loiro, olhando Clove de relance, ainda percebendo a garota concentrada e com uma expressão controlada de dor, chamou Safira com as mãos, e a garotinha correu para fora da cela, agarrando os braços de Cato.

O loiro subiu Safira em seu colo e recebeu um súbito e surpreso abraço dela. Percebeu, enquanto abraçava a criança, Clove baixar suas mãos e desconcentrar sua mente, soltando um gemido de dor e alívio em instantes, enquanto a porta de bidro da cela se fechava automaticamente, em um baque.

Porra, como Clove conseguiu fazer aquilo?

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Gina não sabia como se sentir estando de novo naquele laboratório. Ela sabia que a cada passo que dava naquele lugar, por aquele corredor, mais sombrio seu mundo interior ficava, e mais perigo ela corria. Havia se arriscado sim em procurar por Bellatrix sozinha, mas estava na hora de crescer. Não podia mais correr para atrás de seu pai sempre que se sentia em perigo. Não tinha mais seu pai para lhe defender. Nem sua mãe. Era uma mutante. E tinha que encarar todas as consequências.

Não encontrava sinal de Bellatrix por aquele corredor. Apesar de ser escuro, as luzes vermelhas dos sensores do laboratório ajudavam Gina a ter uma visão melhor do lugar. E, a não ser que Bellatrix estivesse dentro de uma das celas com portas de metais, ela não estaria ali.

Precisava voltar e encontrar os amigos. O barulho de tiro que ouviu a fez se alarmar completamente, alguém estava em perigo, alguém estava precisando de ajudando. Por um momento, enquanto se encostava sobre uma das portas de metais trancadas a sete chaves, Harry Potter invadiu o pensamento da garota. Ela respirou fundo, enquanto tentava não pensar que poderia ser ele a estar em perigo. Surpreendentemente, Gina não queria que nada de ruim acontecesse com ele. Surrealmente, Harry havia mexido com todos os sentidos da garota. E Gina sabia reconhecer bem os sentimentos que tinha. Por isso, torcia para que ele estivesse bem.

Sabia que não devia ter parado ali no corredor para pensar em alguém, ou em qualquer coisa. Se fosse pra pensar, que pensasse rápido, e em movimento. Não podia se dar ao luxo de adquirir tempo para planejar algo naqueles dias. Não tinham tempo.

Ela não tinha tempo.

E esses pensamentos só corriam descompassadamente por sua mente, quando a garota sentiu a porta onde estava com as costas repousadas se abrirem com um puxão forte, e o corpo dela se desequilibrar, mas logo sendo livrado do chão duro, e agarrado por alguém que lhe parecia familiar. O cheiro, a pele quente, e as presas afiadas. Estava encrencada de novo, e dessa vez, estava sozinha.

– Eu disse que te encontraria de novo, não disse, amorzinho? - A voz do vampiro cortou a pele de Gina, os pelos da ruiva se arrepiaram em desespero. A arma em sua mão, estava bem longe de seu corpo, em algum canto do laboratório que ela não conseguiu visualizar. Ótimo, estava extremamente ferrada.

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Os olhares cúmplices que trocavam eram sempre acompanhados de sorrisos. Envergonhados, sinceros, serenos. Uma troca de demonstrações de que aquele momento, havia sido bom. Havia sido em forma de desejo recíproco. Os lábios se tocando era desejo recíproco de Luna e de Draco.

– Eu achei que você fosse morrer.. - Confessou ela, olhando o garoto a sua frente. Estavam a mais de um minuto em silêncio, apenas sorrindo pela boca, ou pelos olhos.

– Eu ia. - Draco argumentou, quando a viu ficar séria. - Mas você me ajudou. E eu ainda não sei como te agradecer.

– Já agradeceu. - Ela disse, sincera, e sem jeito. Percebeu, mesmo sem olhá-lo, por vergonha, que ele sorria novamente. - Draco, temos que ir atrás dos olhos. - Luna relembrou-o, voltando a olhá-lo. O garoto também ficou sério, respirando fundo e olhando em volta.

– A gente devia matar ele. - Avisou o loiro, olhando o corpo de Andrew caído ao chão, ainda desmaiado.

– Eu sei. - Falou Luna, sentindo sua pele se arrepiar. A ideia de matar alguém ainda a assustava muito. - Mas, talvez.. - Luna olhou o garoto que agora estava ao seu lado. Trocou olhares intensos com ele. - A gente não precise. Não agora.

– Ele tentou abusar de você. - Draco trincou os dentes ao falar, ainda sentia o sangue pulsar em suas veias ao lembrar da cena do policial tocando a mutante. - Ele tentou me matar.

– Eu também sei disso. - Luna continuou pacífica, apesar de, internamente, concordar com Draco. Matando o policial, a chance dos mutantes de sobreviverem àquilo tudo, aumentava. - Mas não somos como ele. Somos humanos.

– Somos mutantes. - Draco contrapôs, olhando-a, mesmo sem intenção de magoá-la com aquele pensamento. Mas Luna precisava encarar a realidade.

– Ainda somos humanos. - Rebateu Luna, olhando o garoto nos olhos. Viu Draco respirar fundo e bagunçar os cabelos em seguida. Um tempo depois, ele balançou positivamente a cabeça, assentindo.

– Tudo bem. - Draco concordou. Sabia que ela era a alma mais pacífica do grupo, e de alguma forma, Draco não queria que aquela parte da garota morresse. Ou pelo menos, não naquele momento. - Mas vamos levar a arma dele. Assim, é vantagem pra gente. Vamos nessa.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro, o capítulo ainda não foi betado pela Laix diva!

Gente, o último capítulo teve muitos poucos reviews, fiquei um pouco triste.. então por favor, comentem.
E no próximo capítulo vou colocar outro banner das outras garotas para vocês. Gostaram desse?
XX, Jen