Filha da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 23
Capítulo 23 - Enquanto Não Chega o Grande Dia


Notas iniciais do capítulo

Demetri não me dava possibilidades de fugir daquele beijo – não que eu tentasse – o mundo parou naquele instante.
Quando consegui recuperar a consciência, continuamos o caminho para o estacionamento. Vendo que meu carro não estava lá, ele subiu na moto e me passou o capacete. Eu o coloquei e me ajeitei em sua garupa. Escorreguei minhas mãos para dentro da camiseta preta que ele usava por baixo da jaqueta de couro e acariciei sua pele. Demetri suspirou e repuxou o corpo de leve.
— Amor! Assim vamos cair da moto.
— Achei que vampiros não perdessem o equilíbrio – eu o provoquei.
— Talvez vampiros que não a conheçam como eu.



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Nos dias que se seguiram, as coisas foram tão perfeitas que em certos momentos eu me perguntei se merecia tanto.

            Gavriel e Amellie começaram a dar pequenos passos por nossa casa, o que enchia ela de vida e luz. Demetri e eu estávamos cada dia, mais próximos. Mais cúmplices e mais amantes. O nascimento das crianças aproximou lobos e frios, fazendo com que formássemos verdadeiramente uma família.

            No primeiro dia de trabalho de Demetri, eu queria vê-lo. Troquei Amellie e Gavriel e os levei para a casa de Jacob. Ele estava na garagem.

-                   O que acha de ser a babá por hoje?

Eu lhe disse, enquanto tirava as crianças da cadeirinha.

Jacob levantou-se a veio até mim, abraçando nós três de uma vez só.

-                   Algum motivo especial?

-                   Quero ir a Seatle, ver Demetri.

-                   E eu posso fazer o que quiser com eles?

-                   Desde que os devolva inteiros, pode!

-          Ótimo! Vá namorar o seu sanguessuga.

            Eu sorri e me aproximei para dar um beijinho em Jacob. Ele me segurou.

-                   Eu sinto sua falta.

-                   Também sinto, Jake.

Deixei minha cabeça pender em seu peito nu. Eu sentia mesmo muita falta de estar mais com ele. Sentia falta do tempo em que morávamos só nos dois. Sentia falta do cheiro de café pela casa.

-                   Volte a morar comigo.

Jacob sorriu e beijou minha testa.

-                   Não acho que o sanguessuga vai aprovar.

-                   Jake, eu vou. Eu quero que volte. E, além disso, tenho certeza de que Demetri não se importa. Ele gosta de você. E seu quarto está lá, vazio.

-                   Vou pensar.

Eu me soltei dos braços de Jacob e ele continuou segurando minha mão.

-                   Posso lhe pedir uma coisa, Satine?

-                   É claro!

-                   Antes de você se casar, quero dizer, casar de fato. Eu quero um dia só para nós dois, como nos velhos tempos. Sem Demetri e sem crianças. Só eu e você.

-                   Tive uma idéia. Vamos para a Itália na sexta á noite, então, aproveitando que Billy vai pescar na quinta, eu venho e fico com você até a hora de embarcar. Demetri pode dar um jeito com as crianças e Esme pode ajuda-lo. O que acha?

Ele puxou meu braço e me abraçou novamente.

-                   Acho perfeito.

Eu entrei no carro e pedi a ele que levasse as crianças para Rosalie no fim da tarde.

            Voltei para casa e me arrumei para ver Demetri. Penteei os cabelos e os deixei cair sobre os ombros. Vesti um jeans claro e uma blusinha frente única de seda rosada. Um salto alto, cor de pele nos pés e minha bolsa Gucci nova. Óculos escuros e uma jaqueta de couro marfim. Terminei a maquiagem e coloquei brincos e minha pulseira de ouro branco e diamantes. Na mão direita, minha linda aliança, esperando que passasse para a mão esquerda no fim de semana. Entrei no Nissan e dirigi até a casa do meu pai. Rosalie estava na sala, vendo um programa de moda na tv.

-                   Irmãzinha. Preciso de sua ajuda.

-                   O que eu ganho em troca?

-                   Meu amor incondicional!

-                   Achei que eu já tivesse isso!

-                   Rose!

Rosalie sorriu e deligou a tv, virando os olhos cor de âmbar para mim.

-                   Fala.

-                   Preciso que me leve a Seatle.

-                   E porque você vai com seu carro? Algum problema com ele?

-                   Não. Na verdade eu quero voltar de moto, com Demetri, e não pretendo correr até Seatle com meus sapatos Chanel novinhos!

-                   Ok, este é um bom motivo. Mas vamos na minha BMW.

-                   Perfeito.

Rosalie dirigiu tão rápido que chegamos cedo em Seatle. Acabamos parando no shopping e comprando algumas coisinhas básicas de mulher. Minha irmã me deixou em frente á escola, uma hora antes do fim das aulas.

Eu entrei e fui até a secretaria. Uma senhora baixinha e um pouco acima do peso me atendeu.

-                   Boa tarde! Eu sou a noiva do professor Demetri Volturi. Gostaria de vê-lo, se for possível.

A senhora me encarou por alguns minutos, antes de falar qualquer coisa.

-                   O professor Demetri disse que a senhorita era bonita, mas não pensei que fosse tanto!

Eu sorri.

-                   Obrigada. A senhora é muito gentil.

-                   Venha vou mostrar onde ele está.

Andamos pelos jardins da escola e eu o encontrei em um imenso pavilhão, cercado por alguns alunos. Demetri estava de costas para mim, e não percebeu minha aproximação.

Uma garota se levantou e andou até ele com um decote que era possível ver o umbigo através dele. Ela se debruçou na mesa em que Demetri estava apoiado e eu senti meu sangue subir. Será que algum dia as mulheres iriam para de se jogar em cima do meu homem?

Respirei fundo e coloquei meu sorriso gentil nos lábios, embora os olhos ainda estivessem ferozes. Caminhei até ele e coloquei minha mão em seu ombro. A mão da aliança é claro.

-                   Amor?

Demetri se virou para mim e sorriu de canto, lendo meus pensamentos. Ele se levantou e beijou minha testa. Demetri era a serenidade em pessoa, enquanto eu e a garota trocávamos fartas com os olhos.

-                   Amanda. Está é minha noiva, a Dra Satine Cullen.

-                   Amor. Está é Amanda, uma aluna do curso.

Depois de uma apresentação como esta qualquer coisa que tivesse passado pela cabecinha de Amanda, foi destruída por Demetri. Eu tentei me controlar e disfarçar, mas um sorrisinho vingativo escapou dos meus lábios.

Demetri continuou a apresentação assim que Amanda voltou ao seu lugar. Ele colocou a mão sobre meu ombro e parou na frente da turma.

-                   Turma. Está é Satine, minha noiva. Tenho certeza de que todos compreendem que preciso encerrar a aula mais cedo, afinal não é sempre que um homem recebe a visita de uma mulher como esta.

Todos sorriram e Demetri guardou suas coisa e saiu comigo. Já no caminho para o estacionamento, ele começou a rir.

-                   Não me diga que veio me vigiar? Acho que já estamos um pouco velhos para isso.

-                   É claro que eu não vim espionar, eu só queria vê-lo.

Eu falei com meu rostinho angelical, embora não fizesse muito efeito sobre Demetri, resultado de quando se conhece alguém a mais de cem anos.

-                   E?

Demetri perguntou.

-                   Espionar.

-                   E eu passei no teste?

-                   Com louvor!

-                   E não mereço uma recompensa?

-                   Todas.

-                   Então a primeira, eu quero agora.

Demetri parou, puxando meu corpo para si e deslizando as mãos por minhas costas nuas. Correntes elétricas percorreram o caminho de seus dedos e quando sua boca encontrou a minha, desejosa e faminta, eu quase perdi a respiração. Demetri não me dava possibilidades de fugir daquele beijo – não que eu tentasse – o mundo parou naquele instante.

Quando consegui recuperar a consciência, continuamos o caminho para o estacionamento. Vendo que meu carro não estava lá, ele subiu na moto e me passou o capacete. Eu o coloquei e me ajeitei em sua garupa. Escorreguei minhas mãos para dentro da camiseta preta que ele usava por baixo da jaqueta de couro e acariciei sua pele. Demetri suspirou e repuxou o corpo de leve.

-                   Amor! Assim vamos cair da moto.

-                   Achei que vampiros não perdessem o equilíbrio – eu o provoquei.

-                   Talvez vampiros que não a conheçam como eu.

Deixei as mãos paradas e Demetri ligou a Ducati. Eu só percebi que não estávamos indo para casa, quando ele estacionou em frente ao hotel que ficamos em Seatle, em sua primeira visita a Forks.

-                   Por que estamos aqui?

Demetri encostou a boca em meu ouvido, e sussurrou levemente, de uma maneira que arrepiou absolutamente todos os pelinhos da minha pele.

-                   Da última vez em que estivemos aqui, você me provocou, me seduziu e ficou com medo.

Eu sorri diante do comentário.

-                   Vou matar meu desejo de você agora, naquele mesmo quarto, naquela mesma cama.

Subimos para a suíte e eu sentia meu estômago agitado. Demetri tirou a camiseta e pediu a mesma garrafa de vinho da outra vez.

Quando o entregador trouxe o vinho e duas taças, ele o abriu e serviu, passando uma das taças as minhas mãos.

-                   Á uma noite maravilhosa, agora que minha amada não sente mais medo.

Eu virei a taça na boca em um gole generoso. Parei em sua frente e abri o botão de sua calça, olhando diretamente em seus olhos. Demetri tirou a taça de minha mão e a colocou sobre a mesinha. Suas mãos juntaram meus cabelos pela nuca e ele segurou minha cabeça, tornando impossível separar sua boca da minha. Ainda me segurando ele soltou o laço da blusinha e ela caiu no cão. Sua pele fria contra a minha quente, como fogo e gelo se consumindo. Em alguns segundos, nada mais de roupas ou vinho. Apenas corpo, cama, desejo, paixão, pele e beijos, muito e muitos beijos.

Muito tempo e muitos beijos depois, eu deitei sobre ele, e encostei minha cabeça sobre seu peito.

-                   Acho que não teremos mais tempo para estas coisas antes do casamento.

Demetri beijou minha testa e sorriu maliciosamente.

-                   E é por isso que estou aproveitando hoje.

Meio segundo depois, tudo começou novamente.

Confesso que foi bem difícil levantar daquela cama, e a maior razão era simplesmente porque eu não queria. Se eu não tivesse duas boquinhas famintas me esperando em casa, certamente ficaria ali para sempre.

Nós nos levantamos e nos vestimos novamente, depois de um longo e delicioso banho. O caminho de volta foi tranqüilo. Paramos primeiro na casa dos Cullen, onde estavam Gavriel e Amellie.

Meu filho estava brincando no jardim com Emmet e quando me viu, virou de lado e engatinhou como um pequeno foguetinho – ele ainda engatinhava mais depressa do que andava e isso o deixava meio preguiçoso quanto a caminhadas. Eu o peguei do chão e ele se aninhou em meus braços procurando espaço para mamar.

Eu me sentei no banco do jardim que eu e Esme havíamos feito na primavera passada. Demetri entrou e algum tempo depois, voltou com uma manta – que jogou sobre Gavriel. Amellie estava em seus braços, parecendo um amontoado de panos. A noite estava fria e Esme havia insistido que não ficássemos muito tempo do lado de fora com as crianças. Demetri sentou-se ao meu lado, e acariciou o cabelinho escuro de Gavriel.

-                   Eu pedi a Jacob que voltasse a morar conosco – eu disse, esperando uma reação boa.

-                   E ele aceitou?

-                   Você se importa? Quero dizer, tem algum problema para você?

Demetri sorriu deliciosamente.

-                   De maneira alguma. Além disso, é sempre bom ter uma babá em casa!

-                   Demetri!

-                   Ok, falando sério. Você sabe que eu gosto do garoto, e eu sei o quanto ele é importante para você. Eu posso fazer um esforço e agüentar o cheiro de cachorro em casa.

Eu encaixei minha cabeça em seu peito, enquanto trocávamos os bebês de colo, para que eu pudesse amamentar Amellie.

-                   Eu combinei com ele que passaríamos a quinta-feira, juntos.

-                   Então isso significa que eu ganhei dois presentes na quinta?

-                   Exatamente!

Demetri baixou a cabeça e beijou minha testa.

-                   Acho que você deve mesmo passar um tempo com o lobo, ele deve sentir sua falta, como você sente a dele.

-                   Como sabe que eu sinto falta dele?

-                   Satine, meu amor. Você fala do garoto o dia todo!

E era mesmo verdade, então, eu sorri.

Naquela noite, quando voltamos para nossa cabana, as crianças demoraram mais do que gostaríamos para dormir. Quando isto aconteceu, eu já estava no limite do sono e praticamente desmaiei na cama.

Acordei com Alice me chacoalhando na manhã seguinte.

-                   Ei, isto não é jeito de acordar uma mãe!

-                   Você não é minha mãe, você é minha irmã. E isto é perfeitamente aceitável quando se trata de acordar uma irmã!

Abri meus olhos e percebi que não teria mesmo nenhuma maneira de livrar-me de Alice e curtir meu cobertor de cachemire. Eu me levantei ainda muito sonolenta e me arrastei até o banheiro, onde dei um jeito no rosto e no cabelo e vesti um roupão de seda, sobre a camisola.

            Antes que Alice começasse a tagarelar feito uma louca – o que com certeza era efeito da festa que teríamos no sábado – eu a interrompi.

-                   Não Alice, primeiro, eu preciso de uma gigantesca xícara de café muito, mais muito forte mesmo.

Alice fez um beicinho, mas ficou quieta. Desci as escadas parecendo uma morta-viva e Alice parecendo minha sombra.

Apesar do cansaço, a cena na sala me fez sorrir. Demetri estava sentado no sofá, sem camisa e com o cabelo cuidadosamente desalinhado, como ele costumava usar – eu definitivamente era louca por aquele homem – Amelli e Gavriel estavam com as cabecinhas em seu colo, um de cada lado, segurando suas mamadeiras e ainda de pijaminhas.

Eu me aproximei e ajoelhei em frente a ele, encaixando meu corpo entre suas pernas.

-                   Eu não vejo a hora de me casar com você – eu sussurrei em seu ouvido, enquanto beijava seu pescoço.

-                   Ótimo, porque eu não vejo a hora da lua-de-mel chegar.

Alice nos interrompeu.

-                   Ah pelo amor de Deus! Vocês não se cansam disso nunca? Tem crianças nesta sala!

Demetri a procovou.

-                   E se a cunhadinha leva-los para passear, em breve teremos mais!

-                   Há, há. Muito engraçado.

Alice foi até a cozinha e ligou a máquina de café expresso, preparando uma xícara para mim.

-                   Anda, toma logo este veneno que nós precisamos sair.

Eu me joguei na poltrona de couro marron e coloquei os pés na mesa de centro.

-                   E isto significa que vou poder ver alguma coisa do meu casamento?

-                   Isto significa que eu preciso de ajuda com o enxoval.

-                   Alice eu já tenho tudo que preciso aqui.

-                   Tenho certeza que seu noivo vai aprovar algumas comprinhas na Victoria Secret’s.

Demetri sorriu e acenou com a cabeça, concordando com Alice.

-                   E quanto ao meu vestido de noiva? Sabe, eu deveria poder escolhe-lo!

-                   Eu já lhe disse, nem eu sei. Aro fez questão de providenciar o vestido, em nome dos velhos tempos.

A coisa toda do vestido eu falei só para irritar Alice, eu já sabia que Aro iria dá-lo de presente a mim, como sempre fizera com meus vestidos de festas. Eu estava tranqüila porque Aro tinha um imenso bom gosto e sabia exatamente como me agradar.

            Terminei o meu café e subi para me trocar, enquanto Alice arrumava as crianças. Demetri entrou no closet e fechou a porta com a chave.

            Eu estava no chuveiro. Ele segurou minha mão e me tirou do Box, me prendendo entre a parede e seu corpo.

-                   Amor, eu estou toda molhada, vou molhar você.

-                   Acha que eu me importo?

-                   Deveria, você ama esta calça.

Ele levou as mãos á minha cintura e deslizou pela minha pele, colando a boca na minha.

-                   Errado! Eu amo você. A calça, bem, digamos que ela é legal.

Obviamente o banho demorou um pouco mais do que o planejado e eu não me importei nem um pouco com isso. Se eu iria ter um cansativo dia de compras, porque não me divertir um pouquinho?

Quando eu consegui me vestir e permanecer desta maneira, Alice estava impaciente no jardim, com meus filhos arrumados e penteados.

-                   Porque está aqui fora?

-                   Desculpe, mas como eu já disse, vocês dois não são exatamente silenciosos.

-                   Alice!

-                   Ei, eu sou uma vampira, não tenho culpa se escuto bem!

Eu balancei minha cabeça e abri a porta do Land Rover LRX, para que Alice me ajudasse a acomodar as crianças no banco traseiro.

O dia de compras, apesar de cansativo, foi agradável. E eu sem dúvida, dei uma apimentada em meu enxoval de lingeries. Alice comprou para mim um espartilho de renda francesa, branco, para o dia do casamento. Ele era maravilhosamente sensual e luxuoso e custou uma pequena fortuna, já que era realmente francês.

Voltamos para a casa dos Cullen com o porta-malas lotado de pacotes e sacolas.

Como Demetri tinha coisas para resolver em Seatle a respeito de seus “documentos italianos” eu resolvi dormir na casa do meu pai. Rosalie pegou os bebês junto com Emmet e eu sabia que não precisaria mais me preocupar com eles – essa é uma das vantagens de ter babás que não precisam dormir!

Edward estava com Renesme na sala, ajudando-a a fazer um castelo de cartas, enquanto Bella tentava desesperadamente colocar um laço de fita em seus cabelinhos cacheados.

-                   Porque não pede ajuda para a sua tia, ela é muito boa com castelos! Disse Edward, olhando em minha direção.

Renesme virou os olhinhos castanhos – que se pareciam incrivelmente com os meus – e falou.

-                   Pode me ajudar titia? Papai não tem muita paciência.

Eu sorri e me sentei no tapete, ao lado dela. Várias horas se passaram e então ela não agüentou mais, escorregou de lado e fechou os olhinhos.

-                   Bem, acho que minha missão terminou! Eu disse para Bella e Edward que estavam abraçados no sofá.

-                   Acho que ainda não – meu irmão respondeu.

Eu olhei para ele, sem entender muito bem. Ele se levantou e me pegou pela mão.

-                   Eu preciso caçar e não tenho companhia. Bella quer ficar com Renesme.

Ele me olhou com aqueles lindos e quentes olhos de ouro derretido. E eu, é claro, não pude resistir.

Nós saímos pela noite e andamos pela campina até encontrar nossas presas preferidas, dois leões da montanha. Quando terminamos de nos alimentar, Edward pegou minha mão e subimos em nosso abeto preferido.

-                   Então é isto. Minha irmãzinha vai mesmo se casar!

-                   Bem, na atual situação, é casar ou ser mãe solteira!

Edward riu da minha piada e aconchegou minha cabeça em seu casaco.

-                   Eu espero que as coisas nunca mudem entre nós.

-                   Não vão mudar.

Ele ficou ali, acariciando meu cabelo, enquanto eu respirava seu perfume no casaco. A noite foi curta demais, eu queria mais tempo com ele, mais tempo com o meu irmão. O sol nasceu no horizonte e nós retornamos, rindo e fazendo piadinhas.

Esme havia preparado cockies de chocolate para mim, eu senti o cheiro a quilômetros de distância e apertei o passo.

-                   Mamãe, você não precisava!

Ela me abraçou e beijou meu rosto com carinho. Eu me sentei na bancada da pia e comecei a devorar a bandeja, Esme encostou ao meu lado.

-                   É claro que precisava, são seus últimos dias de solteira e eu quero mimar a minha filhinha!

-                   Mas eu quero continuar a ser sua filhinha – eu falei fingindo um beicinho.

-                   Você sempre será!

Meu pai entrou na cozinha e me envolveu em seus braços. Ele parecia um Deus grego e quanto mais eu o conhecia, mais lindo e perfeito ele parecia para mim.

-                   Pai, você está lindo!

Meu pai sorriu e acho que se pudesse, ele teria corado.

-                   São seus olhos, querida.

-                   Exatamente, são meus incríveis olhos de vampira, então, significa que você está mesmo lindo.

Esme concordou e o abraçou. Ele a beijou delicadamente os lábios e se despediu de mim. Meu pai era o tipo de pessoa com quem você não precisa conversar muito. Seus olhos sempre me disseram tudo que eu precisava saber e eu sempre sentia que ele estaria lá, não importa o que acontecesse. Ele entrou no Mercedes preto e foi para o hospital – lugar para o qual, eu não via a hora de ir também.

Por hora, eu continuei com minha bandeja de cockies – pensando bem, por hora não, por minutos, porque assim que Emmet desceu com Gavriel e teve a idéia de oferecer um ao garoto, nós descobrimos que ele era louco por biscoitos, e minha bandeja se foi.

Demetri parou a moto no gramado e entrou. Segurando-me nos braços em um longo e provocante beijo.

-                   Preciso ir à casa de Jacob – eu sussurrei em seu ouvido.

-                   Te vejo na Itália.

Eu só o veria na Itália porque Demetri, Alice e todos os outros iriam viajar mais cedo, para ajudar nos preparativos finais. Eu e Edward iríamos mais tarde e provavelmente chegaríamos algumas horas antes do casamento.

Despedi-me de minha família e chamei Alice no canto.

-                   Prometa que vai cuidar do meu marido! Prometa que não vai deixa-lo sozinho e principalmente, prometa que não vai deixar nenhuma desclassificada se aproximar dele!

-                    Pode deixar! Eu serei a sombra dele.

-                   Obrigada irmãzinha!

-                   Não tem de quê! Faz parte de ser a dama de honra.

Alice e eu nos despedimos e eu senti um friozinho no estômago. Dentro de quarenta e oito horas, eu estaria casada. Casado com o amor da minha vida, eu mal podia acreditar.

Eu peguei a chave da moto, e deixei o carro com Demetri, já ele ficaria com as crianças.

Subi na Ducati e pilotei até a casa de Jacob. Quando estacionei a moto e desci, os olhinhos de Jacob brilharam.

-                   Esta moto é demais!

Eu atirei as chaves no ar e Jacob pegou.

-                   O que acha de começarmos a aventura com um passeio nela?

-                   Não precisa falar duas vezes.

Jacob subiu na moto e eu passei meus braços em sua cintura, encaixando-me nele e na moto – o garoto parecia criança, na manhã de natal.

            Ele pilotou a moto até La Push e nós descemos na praia. Estava frio, mas não ventava muito, o que tornava o dia agradável para duas criaturas como nós.

            Eu me sentei no tronco de uma velha árvore e Jacob sentou-se comigo, envolvendo minha cintura em seu braço.

-                   Então é isso, aqui acaba a dupla dinâmica.

-                   Ei, que pessimismo! A dupla dinâmica nunca acabará.

-                   Não sei não, é assim quando se casa.

-                   Como sabe, você nunca se casou?

Jacob me olhou revirando os olhos, como se fosse obvio o que ele tinha acabado de dizer.

Eu virei de frente para ele e o beijei delicadamente na bochecha, falando bem próximo de seu ouvido.

-                   Escuta uma coisa garoto! Você não vai se livrar de mim entendeu? Ninguém no mundo, nuca, vai me afastar de você.

Eu me aproximei e toquei minha boca na dele, num selinho delicado.

-                   Pronto agora você pode dizer que me beijou!

Jacob sorriu e me segurou junto ao seu corpo. Eu deixei meu rosto cair em seu peito, sentindo o calor de sua pele por baixo da camiseta.

-                   Eu vou voltar a morar com você – Jacob sussurrou no meu ouvido.

-                   Jake! Isso é maravilhoso.

-                   Se você tem certeza que o sanguessuga não se importa.

-                   Ele não se importa Jacob Black e por falar em importar, ele se chama Demetri.

-                   Ei, você sabe o quanto eu gosto de apelidos carinhosos!

-                    Há, há. Muito engraçado Jake, muito engraçado.

No dia que se seguiu, Jacob e eu fizemos todo o tipo de coisa idiota que existe para se fazer em Forks. Isso incluía pular de penhascos, empinar a moto, rolar na grama e se sujar muito, mas muito mesmo.

Voltamos rindo deliciosamente e Billy quase não nos reconheceu de tanto barro e folhas que tínhamos na roupa e cabelo.

-                   Eu deveria pegar um esguicho e lavar os dois no gramado! Vocês estão imundos!

-                   Talvez seja porque somos lobos!

Jacob provocou sorrindo. Nós entramos, eu encontrei uma pequena mala sobre o sofá. Antes que eu pudesse perguntar Billy respondeu.

-                   Seu marido e a baixinha trouxeram para você, coisas que você pode precisar até amanhã.

E tinha mesmo tudo que eu pudesse precisar. Roupas, toalha, cosméticos e documentos, além de dinheiro e celular.

Tomei um banho quente e vesti uma calça de flanela e uma blusa de alças, branca. Sentei-me no sofá, passeando pelos canais de televisão, enquanto Billy terminava o jantar. Jacob sentou-se comigo e eu enrosquei as pernas em sua cintura.

-                   Promete que nada vai mudar?

-                   Prometo.

Ele me abraçou e nós dois nos enrolamos um no outro, no pequeno sofá da sala.

Depois de jantarmos, Jake e eu ainda ficamos juntos, ainda no sofá, até adormecer. Acho que em algum momento da noite, ficou desconfortável para ele, porque eu acordei sozinha.

Billy estava na cozinha e me serviu uma xícara de café. Eu aceitei e conversamos um pouco. Ele me contou sobre a pescaria e sobre como o peixe dele tinha sido o maior. Eu gostava daquelas conversas, elas me lembravam o quanto eu era humana, e o quanto eu gostava disso.

Depois do café, eu me troquei e me despedi de Billy, antes de sair entrei no quarto de Jacob, onde ele estava esparramado na cama.

Eu me sentei ao lado, mas ele não acordou. Passei a mão em seu cabelo bagunçado e me lembrei de Gavriel, ele era absurdamente parecido com Jacob, apesar de mais branquinho e dos olhos mais claros. Beijei o rosto de Jacob e murmurei – “eu te amo” e “deseje-me sorte” – em seu ouvido. Saí em seguida e fui até a casa do meu pai.

Edward me esperava na sala. De calça caqui e camisa azul marinho, com um casaco de tweed por cima – perfeitamente lindo, como sempre. Ele se levantou e beijou minha mão.

-                   Você está linda!

-                   Obrigado. Alice e Demetri escolheram. Aliás, você também está lindo.

-                   Obrigada. Eu mesmo escolhi – Edward disse, fazendo piada.

Alguns minutos depois, Bella apareceu na sala, com Renesme no colo. Eu a abracei e Renesme passou para os meus braços.

-                   Desculpe por não ir, é só que...

Eu a interrompi.

-                   Não se preocupe, Bella. Eu entendo perfeitamente e compreendo. Obrigada por permitir que Edward esteja lá.

-                   Bem, alguém tem que representar a família!

Nós duas sorrimos e eu a abracei novamente. Ela estendeu os braços para Renesme que não queria me soltar.

-                   Filha. Dê tchau para a titia, e deseje sorte. Ela vai se casar amanhã.

Renesme me deu um beijo molhado na bochecha e sorriu, os olhinhos iluminados.

-                   Tchau titia, não demore. Eu vou sentir saudades.

Eu a beijei antes de passa-la para os braços do pai, que queria se despedir também. Senti uma lágrima quente escorrer dos meus olhos e Bella me abraçou novamente.

-                   Tudo vai dar certo – ela me disse baixinho.

Nós chamamos um Táxi, para que Bella não precisasse dirigir até o aeroporto com Renesme. A viagem demorou mais do que o de costume, já que o motorista era humano.

Quando entramos no avião, em nossas poltronas de primeira classe, Edward encostou minha cabeça em seu ombro.

-                   Tudo vai dar certo, nós estaremos lá com você.

-                   É por isso que eu estou tão feliz.

Ele afagou meus cabelos e beijou minha testa. Eu deixei uma lágrima escorrer novamente.

-                   Queria que Jake estivesse lá, também.

Edward não comentou nada, nós dois sabíamos o que significava – um lobo em um castelo de vampiros, era mesmo impossível.

Quando descemos do avião e eu coloquei meu pé na Itália, uma agitação tomou conta do meu estômago. Era mesmo verdade, eu iria mesmo me casar com ele. Meu Demetri, meu amado Demetri.

Como se adivinhasse meus pensamentos, Edward passou a mão em minha cintura, conduzindo-me pelo aeroporto.

-                   Bem vinda ao grande dia!

Ele sussurrou em meu ouvido, com sua voz musical.


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