Fix You escrita por Lethy_Nayume


Capítulo 1
Cap 1 - woke up one days




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Seria errado querer uma vida diferente? Diferente dessa que eu vivo todos os dias, quando acordar não faz sentido algum, quando o sol deixa de ser amarelo e tudo o que vejo é escuridão? Não seria. E de certo modo, querer acabar com isso não é pecado, mas quando estava prestes a abraçar a morte, um anjo me resgatou.

 

" When you try yor best, but you don't succed

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso

When you get what you want, but not what you need,

Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa,

When you feel se tired, but you can't sleep

Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.

Stuck in reverse

Preso ao contrário...”

 

 ~~*~*~~*~~*~~

 

Quando acordei naquela estranha manhã de quinta-feira os sentimentos de decepção e rancor foram mais fortes como nunca. Não de algo ou alguém, mas de mim mesmo. O que eu tinha feito com minha vida? Nada! Absolutamente nada. Diante do espelho só consegui enxergar um cara que desperdiçou 30 anos da sua vida. Em que? Na droga de uma empresa de publicidade, grande prêmio! Herança dos Cohen! Destruí minha vida por dinheiro! Maldito dinheiro que não me deu nada, apenas me aprisionou num caminho sem volta. Há anos sustentava aquela farsa de felicidade, sempre alimentada por festas, bebidas e mulheres, mas não podia continuar daquela forma, aquela máscara já não se encaixava no meu corpo, na minha mente. Estava decidido a acabar com aquilo.

Me vesti rapidamente, eram oito horas da manhã, horários já não faziam sentido, dei um gole no café que se encontrava sobre mesa, gélido e frio, como as lembranças do dia anterior. Peguei a chave do carro no sofá da sala e saí. Me dirigi o mais rápido possivel para a Cohen Publicidade, onde é claro, os lobos estariam a minha espera.

- Bom dia Dr. Marcos, o senhor está atrassado para a reunião - fui recebido pela minha doce falsa secretária, que exebia o seu sorriso, louca para pular em meu pescoço - Eles estão esperando a quarenta minutos.

- Estão todos ai Simone?

- Sim senhor.

- Ótimo, melhor assim.

Andei pelo grande saguão em direção a sala de reuniões, antes mesmo de entrar notei os rostos enfurecidos pela parede de vidro, denunciando a raiva dos lobos.

- Me desculpem pelo atraso - falei andando em direção ao meu lugar.

- Outra noitada querido irmão? Vamos então começar a reunião.

- Não Jasmyne, mas foi bom você falar em reunião, pois tenho algumas novidades para o futuro da empresa, e a primeira delas é que estou deixando  o meu cargo de diretor.

- Ora Marcos! piadinhas a essa hora da manhã?! Bebeu muito ontem não?! - minha irmã falava ironicamente, mas era o que ela mais queria, os outros acionistas me olhavam surpresos.

- Não Jasmyne, eu não estou brincando. A partir de hoje a diretora geral é você, eu não trabalho mais um dia aqui, prepare os papéis e leve para eu assinar. Tudo isso é seu Jasmyne Cohen, satisfeita?

- Mas...

- Agora se me der licença, preciso ir embora.

Saí de lá triunfante, a anos não me sentia tão leve, pela primeira vez depois de tanto tempo pude me sentir feliz, fora do prédio, o mundo parecia outro, mas ainda não tinha acabado. Quando fui entrar no carro, decidi ir a pé de encontro ao meu destino. Já que era o meu último dia naquele mundo, decidi ver tudo de perto. Andei pelas ruas observando cada detalhe, como antes não tinha feito, andei pela praça central e vi as pessoas, as crianças correndo numa felicidade contagiante, e a minha amiga se aproximava lentamente com seus braços abertos a minha espera. Quando cheguei na ponte, dei uma olhada nela mais de perto, rodopiando me esperando lá em baixo no rio, estava sorrindo é claro. Eu e a morte já nos conhecíamos. E ela me visitou freqüentemente no passado, primeiro levando consigo os meus pais num acidente de carro, logo depois a Clara, dois meses antes do nosso casamento e por fim o meu irmão, o Luís, tão alegre... Talvez o único da família que merecesse respeito. Mas como disse, a minha amiga gostava de me fazer sofrer e talvez tentando corrigir os seus erros, veio me levar ao encontro deles. Nada mais importava então, quando estava para me jogar, uma mão agarrou a minha e quando me virei vi aqueles olhos castanhos sob a luz do sol, sim, era a primeira vez que eu vi um anjo.

- O que você pensa que está fazendo? - Me perguntou docemente com a voz meio abafada.

- Não vê que estou tentando acabar com a minha vida?

- Eu não vou deixar você fazer isso - indagou irritada - Aposto que tem um monte de gente que te ama e vai sentir sua falta.

- Pode ter certeza que não.

- Mas isso não significa que amanhã alguém não vai te amar.

E com aquela simples frase, aquela figurinha me conquistou, e com o seu sorriso eu não pude dizer não. Resolvi mudar a data do meu encontro com a morte. Se ninguém me amava, naquele momento eu passei a amar alguém.

- Você é um cara muito bobo, aposto que brigou com a namorada e já quer se matar.

- Não, na verdade isso não chega perto dos motivos que eu tinha para me jogar daquela ponte. – falei enquanto caminhávamos pela praça, ficava cada vez maios fascinado com o seu sorriso, enquanto pronunciava cada palavra.

- Bom, na verdade os motivos não importam, tente pensar que no mundo existem pessoas numa situação pior, nem por isso querem se matar.

- Não tinha pensado por esse lado, acho que pensamos diferente. Quando estamos desesperados não creditamos que possa existir situação pior.

- Esse é o problema, você é muito egoísta, está pensando somente nos seus problemas e enquanto isso, não resolvi os seus nem os de ninguém. O tempo que você gasta se lamentando, poderia ser usado para fazer uma criança feliz. Já pensou em visitar um orfanato?

- Não, nunca visitei um orfanato. É incrível o que você acabou de me dizer. Ninguém nunca foi tão sincero comigo. Como é o seu nome mesmo?

- Ah! Na verdade eu não te disse, me chamo Elisa e você?

- Marcos. Olha você...

- Marcos adorei te salvar hoje, mas é que eu estou um pouquinho atrasada pro trabalho, porque você não me procura depois?

- Onde?! No orfanato?!

- Não bobo, eu não trabalho lá. Me procura no Restaurante Nápoles, hoje a noite, sabe onde é não?

- Claro, então...

- Até logo Marcos e não tente se matar outra vez.

Foi assim que ela me deixou, sem mais palavras e demoras. Deixou-me falando sozinho, enquanto corria em direção as escadas do metrô. Um anjo, sim, ela me salvou. 


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