De fato, era um livro infantil. Porém... Como assim um livro infantil?! Aquela garota se emocionava com livros infantis? Mas hein?!

Yoko funga, enxugando lágrimas e mais lágrimas que se derramavam de seu rosto.

— M-mama... — Sussurra ela.

Sumire surpresa sem querer dá uma pancada na estante e alguns livros caem no chão fazendo certo barulho. Yoko agarra-se em seu livro e olha para os lados alerta. Enquanto isso, Sumire respira pesado, com o corpo colado na estante.

— Alguém? — Pergunta Yoko.

Ninguém responde e Yoko começa a analisar alguns corredores.

— Olá? — Diz ela chegando perto e mais perto da estante onde estava Sumire.

Sumire engole em seco.

— Ei, Yoko! — Chama uma garota sorrindo ironicamente ao lado de duas garotas.

— Hã?

— Por acaso perdeu alguma coisa? —Ela expõe um colar nas mãos, balançando-o.

Yoko verificou seu pescoço, algo lhe faltava.

— M-me devolva! P-por favor... Me devolva! — Ela pulava para cá e para lá, tentando pegar o item que trocava de mãos à medida que ela se aproximava.

As garotas riam de Yoko.

— M-me devolvam... — Os olhos da pequena começavam a lacrimejar enquanto ela pulava. — Por favor! Por favor!

— Ei, Rei... Ela está começando a chorar, não acha melhor devolver?

— Hum... Se você quer tanto isso... Vá buscar! — A ruiva joga o colar no chão, que acaba parando debaixo da perna de uma estante atrás dela.

Yoko corre em busca do colar e Rei estende o pé, fazendo a Kurumada cair violentamente por cima da estante, que começa a derrubar vários livros.

— Ei, o que está acontecendo aí?! — Grita a bibliotecária.

As garotas saem correndo. Yoko, com o colar nas mãos, responde:

— Não é nada... Não é nada.

— Ei, espera... Você é Yoko, né? — Disse a bibliotecária.

— Sim.

— A inspetora está louca procurando você no corredor! Seu pai está te esperando na secretaria, parece que ele tem algo importante para te dizer.

— Ah, é?

— É. Melhor você ir logo. Anda, anda! — Diz ela arrastando a Kurumada para fora dali.

— Secretaria... Será que devo segui-la? — Pergunta-se Sumire. 

— E você aí atrás da estante. Se não estiver aqui para ler, melhor sair.

— S-sim!

Atrás da porta da Secretaria...

— Duas semanas, Yoko. Está decidido. Só mais duas semanas. — Disse o homem.

Yoko aperta seu punho disfarçadamente.

— S-sim...

— Ei, garota. O que faz aqui? — Sussurrou alguém no ouvido de Sumire.

Sumire tomou um susto e quase caiu no chão, por sorte se segurou na coluna da parede.

— O que eu estou fazendo aqui?! — Gritou em tom de sussurro. — O que você está fazendo aqui?!

— É apenas o corredor da escola... Acho que um estudante como eu tem direito de estar aqui, não? — Ele ri.

— Você não deveria estar lá pelos lados do pátio?! É a hora do intervalo, ninguém fica por aqui!

— Você está falando como se o pátio fosse do outro lado do mundo. — Ele ri inclinando o corpo para ficar na mesmo altura de Sumire, sem tirar as mãos dos bolsos.

Sumire cora com aqueles olhos verdes acinzentados olhando para ela.

— D-de qualquer jeito...! — Ela deu as costas ao garoto e voltou sua atenção à Yoko. — Se não tem nada para fazer aqui, saia! Eu estou ocupada.

— Hãa?! — Diz ele surpreso. — Bom, se você vai espiar alguém, eu também vou. — Ele colocou o queixo no ombro de Sumire. — E então, quem está espionando?

— M-mas o que?!  S-saia daqui, seu...! — Sumire tenta empurrá-lo, porém ela mesma escorrega e cai no chão por causa da agitação em seus pés no chão liso e o mini salto de três centímetros do seu sapato escolar.

O menino riu.

 — A-ai, ai...! A minha ca—

— Waaah! Sumire-san! Você aquiii! — Falou Yoko chegando ali e sentando-se ao lado da menina de olhos azuis caída no chão.

— Humph! É claro que eu estou aqui, aqui é a escola e— Começou ela se levantando com a mão na cabeça dolorida.

— Espere! Não se mexa! — Exclamou a Kurumada de repente.

— H-hã? — Disse ela parando no exato momento.

Yoko remexeu em sua bolsa. O menino apenas observou curioso.

— Ah, aqui! — Falou retirando uma câmera fotográfica da bolsa.

— Hã?!

— Agora olhe bem para mim, não mude de posição e... Foto!

O forte flash da câmera fez com que Sumire virasse o rosto e fechasse os olhos na foto.

— Waaah! Sumire-san, kawaii! — Suspirou Yoko observando a foto.

— HÃA?! — Exclamou Sumire. — Mas o que você tem na sua—

 O menino soltou um riso.

— Ga...roto? — Falou Yoko.

— Olá. — Diz ele sorrindo.

Sumire e Yoko se levantam.

— Waaah! Você é tão incrível, Sumire-san! — Diz Yoko agarrada ao braço de Sumire.

— Hã? — Diz Sumire.

— Você fala com... Garotos! — Diz ela em tom de sussurro.

— Não, eu não...! Quer dizer... É claro que eu falo com garotos! Não que eles sejam aliens ou algo do tipo, assim como você pensa...

O garoto deu outro riso. 

— Aliens? Eu não disse que eles são aliens, mas... Bem que esse garoto poderia ser um! — Ela apontou para o menino que ria.

— Eu? — Perguntou apontando para si mesmo.

— S-sim! V-você a Sumire-san dariam um bom casal de aliens!

— C-casal de aliens?! — Perguntou Sumire surpresa.

— Sumire, Sumire, Sumiire... — Ele repete com uma cara pensativa. — AH! Essa garota aqui se chama Sumire, né? — Ele aponta para Sumire.

— É claro que eu sou a Sumire, seu babaca! Você não ouviu a Yoko repetir isso várias vezes? — Perguntou ela ríspida.

Ele riu.

— Acho que não, me desculpe. Eu estava... Ocupado perdido em sua beleza. — Falou pegando numa das longas mechas negras do cabelo de Sumire.

— Uóóóó! — Exclamou Yoko entusiasmada ao extremo.

— H-hã?! — Ela deu uma tapa na mão do garoto. — Q-quem você pensa que é p-para pegar no meu cabelo?!

— E eu preciso ser alguém para pegar no seu cabelo? — Riu.

— M-mas é claro! N-nunca mais faça isso e...! E...!

— E...? — Pergunta ele pegando outra mecha e se aproximando bruscamente da garota.

— E-e...! — Balbuciou Sumire totalmente corada.

— Waaaaaah! — Os olhos de Yoko brilhavam mais que o sol.

— E-eu...! — Balbuciou Sumire novamente e virou o rosto para o chão.

O garoto virou o rosto de Sumire de volta para ele. Yoko quase vomitou arco-íris.

— Woooooh! Eu não acredito que vocês vão se bei...!— Começa Yoko surpresa.

Sumire de repente sai correndo e pega Yoko pelo braço, saindo dali com a mão direita na boca da Kurumada, calando-a. O menino de olhos verdes apenas se divertia vendo a cena, atrás das duas meninas que subiam as escadas em direção às suas respectivas salas. 

- Sum... - dizia Yoko tentando tirar a mão dela de sua boca. - Tá doen...

Sumire soltou a sua mão da boca de Yoko. Os três —Sumire, Yoko e o garoto logo atrás. —Continuaram o caminho em silêncio, porém Yoko vivia olhando para Sumire com um olhar divertido como se estivesse pronta para falar algo que não devia.

Finalmente eles chegaram no 2-A. Sumire entrou e Yoko lançou uma piscadela acompanhada de um “jóia” patrocinado pelo seu polegar para o menino. Quando Sumire viu o ato de Yoko, puxou a mesma pelo pulso e as duas foram se sentar em suas carteiras.