Estamos nós quatro: Kriss que não conseguia parar de soluçar; Celeste que acenava e sorria tão friamente que não sei como seu rosto não congelava; a Rainha mantinha sua naturalidade e já eu... Bem, eu não conseguia parar de pensar no nosso beijo de despedida...

Recebemos autorização de irmos até o helicóptero que ele iria pegar dentro dos limites do palácio e depois de Maxon ter dado mais uma vez um abraço em cada uma de nós, caminhou até o seu voou, onde Eliza já estava sentada com um sorriso de vitória, conversando com o rei.

Maxon parou antes de entrar e acenou mais uma vez e seus olhos se encontraram com o meu... Ele deu um sorriso e dois tapas no ombro de Aspen que estava lá perto me indicando. Meu sorriso sumiu nesse momento.

Eu já sabia o que os dois estavam falando. Maxon me contou de primeira mão que havia deixado Aspen especialmente responsável por mim e que ele deveria ficar 24hrs de olho para ver se eu não precisava de nada... Ah minha reação?

Bem, eu insisti o maximo que eu pude para tentar convencê-lo que eu não precisava de ninguém me vigiando e se ele poderia anular essa ordem, mas é claro que foi tudo em vão, o que fazia com que Aspen tivesse todos os motivos do mundo para estar comigo sem levantar nenhuma suspeita.

Ah, que maravilha!

– Meninas, temos três dias para aproveitar... Nada de competição! – saudou a Rainha quando o helicóptero de Maxon partiu.

– Sim, enquanto Elize tem Maxon só para ela – reclamou Celeste. – Isso é tão injusto!

– Oh, não leve as coisas tão a esse ponto, minha querida! – pediu a Rainha com verdadeira empatia. – Maxon nunca faria uma escolha agora, ele é justo e tenho certeza que iria passar um tempo significativo com cada uma de vocês quando ele voltar...

– Mas ele pode se apaixonar por ela, enquanto estamos aqui – choramingou Kriss.

Eu fiquei com vontade de falar que foi exatamente isso que Kriss fez comigo... de repente senti que se fosse para Maxon não ficar comigo, a Kriss seria a ultima pessoa que eu gostaria que ele ficasse.

– Pode – concordou a rainha -, mas eu acredito que ele já tenha um amor especial por cada um de vocês que estão aqui.

– Aconteceu alguma coisa parecida com isso quando você estava em nosso lugar? – perguntei enquanto caminhávamos de volta ao palácio.

O rosto da rainha pareceu de repente enrubescer um pouco, mas não parecia vergonha e sim um pouco de intimidação.

– Bem, cada seleção é diferente da outra, mas só quem participa de uma seleção sabe – ela respondeu vaziamente não dando espaço para novas perguntas do tipo.

Eu fiquei imaginando como foi à seleção dela. O que ela teve que passar para chegar a ser a escolhida... Ela seria a pessoa perfeita para me dar dicas... Se eu pudesse ao menos saber mais o que tinha acontecido na época dela, já seria de grande ajuda.

Como tinha previsto, Aspen me procurou o mais rápido que pode. Eu estava jogando cartas com minhas criadas quando ele pediu para entrar:

– Senhorita America – disse ele.

– Olá soldado Leger – eu respondi jogando a minha ultima carta na mesa. – Venci! – comemorei.

– Não vale! – reclamou Mery que também só tinha uma carta na mão, mas pareceu se distrair com a entrada de Aspen.

– Aprenda a não se distrair, Mary! – respondi rindo da expressão dela. – Meninas podem descer... – pedi a elas. Eu já tinha contado o meu plano para elas de pedir ajuda a Aspen, mas ele não poderia saber disso... Ou melhor, não que elas pudessem saber que ele sabia.

Elas saíram rapidamente.

Aspen fez uma cara de desconfiado, mas não comentou o assunto.

– Então, vai me levar para fazer a ligação? – perguntei sem delongas.

– Vou! – ele respondeu da mesma forma.

– E qual é o plano?

– Você durante o almoço vai dizer que está com dor de cabeça e vai dizer que quer ir se deitar. Eu vou te pegar no caminho e te levar no local indicado. Você vai ter no máximo 15 minutos para fazer sua ligação, depois eu vou te levar a enfermaria. Se alguém perguntar você esteve na enfermaria.

– Ótimo plano! – concordei. – Obrigada!

Aspen analisou meu jeito seco e com um suspiro de risada se sentou a minha mesa.

– Alguém pode aparecer! – alertei.

– America, serio! O que está te incomodando tanto? – ele me perguntou.

Eu soltei o ar forte.

– Eu só não entendo como você conseguiu! – disparei. – Como você conseguiu que Maxon confiasse tanto em você? Como?!

– Eu só o melhor soldado aqui – ele disse jogando os ombros, não parecendo nem um pouco surpreso com isso.

– Ah, tudo bem – eu concordei. – Mas mesmo assim, isso não é tudo, não pode ser – eu contestei. – Tem alguma coisa por trás disso...

– America – ele me chamou. – Se você está com a consciência pesada, tudo bem, mas não fique jogando coisas onde não tem...

– Eu com conciencia pesada? – retruquei. – Não sou eu que estou indo atrás de você! OK! – falei raivosa. – Eu apesar de você dizer que não o está traindo, eu não sei como você acha que podemos ficar juntos... Eu participei de tudo isso. Como de repente nós vamos dizer para Maxon que vamos nos casar, caso eu desista de tudo?

– Não preciso! – ele disse mais uma vez tranquilamente. – Na verdade, assim que ele escolher a princesa eu poderei escolher qualquer uma de vocês – ele sorriu grandemente.

– O que? – indaguei ofendida. – Ele disse isso?

Aspen confirmou.

Isso estava mesmo muito estranho, mas agora estava vendo o por que Aspen parecia tão confiante, de repente não tinha limites para ele.

– Ele não pode fazer isso! - eu disse irritada. – Não funciona assim.. .

– É claro que ela tem que gostar de mim, mas acho que isso não seria o problema...

– Fala serio, Aspen! – disse chegando ao meu limite de irritação. – Você fala como se tivesse todas as garotas aos seus pés – Aspen jogou os ombros, e eu não podia negar que ele tinha mesmo.

– Mas no momento eu só estou interessando em um, que parece ser a única a não estar ligando para isso – ele me olhou presunçosamente.

– A Kriss não parece interessada em você – observei como se tivesse sendo vitoriosa por isso.

– Ah, e ela também – disse ela. – Mas eu não me importo, ela é tão sem sal que eu não entendo como Maxon pode se interessar por ela.

– Você não acha ela legal, boazinha, cheia de charminho?

– Não! – ele discordou. – Na verdade, se não for você a Celeste não me parece uma má opção – ele disse me provocando.

– Há, você quer a Celeste?

– Não, eu quero você! – ele disse antes de eu falar tudo o que eu queria. – Mas se não for você...

– Ah, claro, ela vai aguentar alguém que tem uma família na 6 – disse com toda a raiva que eu poderia juntar.

Aspen me olhou com um pouco de raiva no começo, mas depois relaxou mais uma vez.

– Minha família é uma três agora, e não duvido que minhas irmãs serão dois rapidinho – eu sinto a arrogância na voz dele, como se ele quisesse provar algo para mim. – Surpresa? – ele perguntou.

Na verdade eu estava sem chão. Estava surpresa, mas feliz, como se a muito tempo quisesse ouvir uma noticia tão boa assim... o que me fez vagar para o meu antigo mundo, para os meus antigos sonhos e desejos... Como se eu não soubesse mais quem eu estava me tornando.

– Eu estou feliz! – disse diminuindo a tensão. – Por sua família... Você sabe que eu sempre quis a sua felicidade, mas do que qualquer um... Mas é como de repente eu não estivesse entendendo tudo o que está acontecendo a minha volta... nem onde tudo vai chegar – confessei.

– Eu as vezes me sinto assim – ele me confessou também, e nós dois estávamos encontrando a ponte que nós ligava. – Mas eu sempre me apego nas coisas que sempre foram importantes na minha vida, mas coisas que eu tenho certeza que foram reais...

– E no que seria? – perguntei atrás de algo assim também.

– Eu me apego principalmente no amor que as pessoas que eu me importo. É por causa disso que eu estou fazendo tudo isso – ele falou como se tivesse mais coisas por trás de tudo o que eu estava vendo.