A Estrangeira escrita por Paola_B_B


Capítulo 3
Capítulo 2. Um furacão em minha vida


Notas iniciais do capítulo

Oláaa :D Como vocês estão? Eu estou super feliz em ver o retorno de vocês nos comentários! Espero que a história continue agradando.



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Capítulo 2. Um furacão em minha vida

POV Edward

Primeira aula de segunda-feira. Biologia avançada. Turma lotada. Professor enfadonho. E mesmo assim eu me sentia feliz. Não era por ser segunda-feira, muito menos por estar assistindo uma aula de biologia sendo que eu tenho três graduações em medicina e dificilmente o professor acrescentaria algo em meu conhecimento. Porém eu estava encantando com a criatura sentada ao meu lado.

Ela não parecia notar meu olhar fixo em sua direção, estava concentrada demais em prestar atenção na aula. Pelo menos era isso o que eu imaginava até perceber as palavras escritas em seu caderno.

Isabella anotava tudo aquilo que não compreendia no discurso interminável do professor. A grafia de algumas palavras estava completamente errada, mas era admirável o esforço da estrangeira.

- Agora eu quero que resolvam os exercícios da folha que entreguei para cada dupla no inicio da aula.

Eu estava ansioso para aquele momento já que não tivemos oportunidade de conversar no inicio da aula.

Isabella virou-se para mim e sorriu.

- Desculpe por aquilo que falei à sua namorada, mas não estou acostumada a abaixar minha cabeça quando alguém tenta me humilhar.

Suas palavras me deixaram surpreso e um tanto irritado. Então não consegui segurar a careta quando respondi de mal grado.

- Jéssica mereceu suas palavras e definitivamente ela não é, nunca foi e nunca será minha namorada. – eu quase podia tocar o nojo que saía entre meus lábios.

A novata riu divertida.

- Lembre-se de avisá-la sobre isso. Pois só faltava ela urinar em sua perna para determinar seu território.

- Jéssica parece não enxergar que eu a ignoro.

- Homens... Sempre iguais. – balançou a cabeça de um lado para o outro fazendo com que o seu perfume cítrico chegasse ao meu olfato.

- Mulheres... Sempre com o mesmo discurso de que somos todos iguais. – retruquei com o orgulho um tanto ferido.

- Então me prove que eu estou errada. Por um acaso você já deu um ultimato na garota para que ela se afastasse? Já disse com todas as letras que não estava afim? – ergueu uma de suas sobrancelhas de maneira perspicaz.

Busquei em minha memória e me envergonhei ao notar que Isabella tinha razão.

- Tem gente que não percebe os avisos sutis. É que nem um cachorro que está prestes a revirar o lixo. Se você só olhar para ele querendo que ele leia sua mente de nada vai adiantar, mas se você gritar e bater o pé ele sai com o rabo entre as pernas... Desculpe, não consigo fazer outra apologia que não seja com cachorros. Longe de mim chamar Jéssica de cadela.

Foi impossível segurar minha gargalhada. Ainda bem que a turma inteira falava alto e minha risada foi apenas mais uma entre as tantas que ecoavam. Isabella tinha uma expressão encantadora de menina levada.

- Vou seguir o seu conselho. – mandei-lhe uma piscadela e imediatamente as suas bochechas coraram.

Ela desviou o olhar e puxou a folha dos exercícios para fazermos. Ela ficou com dúvidas em algumas palavras e eu não me importei nem um pouco em ajudá-la.

- Meu vocabulário é muito bom, segundo Ângela, mas quando o assunto é matéria específica eu sou uma completa negação. – comentou quando terminei de lhe explicar o que era fenótipos.

Ela sabia o que era, porém não conhecia a palavra em inglês e isso dificultava sua vida.

- Com o tempo você aprenderá todas essas palavras desconhecidas. – sorri admirado. – Você é extremamente esforçada.

- Bem, ou eu sou esforçada ou sou comida pelos cachorros. – ela arregalou seus olhos. – Desculpe, coloquei Jéssica na conversa mais uma vez.

Gargalhei novamente.

- Você realmente não foi com a cara dela.

- Sinceramente? Nem um pouco. E isso é uma droga, porque eu prometi a minha mãe que não entraria em confusão.

- Você costumava entrar em muitas confusões?

- Na época de escola sim. Nunca levei desaforo para casa. E às vezes tomava dores dos outros. Não era muito inteligente da minha parte, mas eu simplesmente não conseguia ficar calada perante algumas coisas.

- Na época da escola? – perguntei sem entender.

- Eu já terminei o ensino médio, Edward. – sorriu.

Minha vontade era responder que eu também já tinha terminado, algumas dezenas de vezes, mas meu nome saindo de seus lábios me fez estremecer. Queria que ela falasse novamente, que repetisse várias e várias vezes, de preferência sussurrando em minha orelha.

- Edward? – ótimo! Agora ela me achava um imbecil.

Sorri bobamente tentando disfarçar minha fuga em pensamentos.

- Então porque está assistindo essas aulas chatíssimas?

- Sempre quis fazer um intercâmbio, conhecer outros países. Sou louca por viagens! Meu sonho é conhecer o mundo! – seus olhos brilhavam empolgados. – Então assim que eu terminei a escola consegui convencer minha mãe a me deixar vir para cá e melhorar minha fluência.

- Quanto tempo ficará em Forks?

- Meu visto expira em seis meses.

- Só?!

- Sim. Eu queria que fosse pelo menos um ano, mas seu país é extremamente burocrático para permitir a entrada de estrangeiros. Mesmo que seja um visto de estudante. – fez uma careta. – De qualquer forma, acho que seria um pouco abusivo com a hospitalidade dos Weber.

Seis meses era um tempo curto demais. Meu coração ficou apertado em meu peito e eu não conseguia compreender como era possível que uma garota que eu acabo de conhecer se torna em um simples olhar algo que eu prezo tanto. É irracional.

- Tenho certeza que Ângela e sua família não se importariam se você continuasse com eles. Ela já tem um grande carinho por você.

Isabella inclinou-se em minha direção como se fosse contar um segredo. Aproximei-me dela seguindo o seu ato. Estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração acariciando meu rosto.  Seus olhos estavam fixos nos meus e eu não tenho palavras para explicar o quão bonito eles são. Qualquer adjetivo me parece fraco para o tamanho de meu encantamento.

- Isso é porque ela ainda não conhece os meus defeitos. – sussurrou brincalhona e em seguida bateu com seu dedo na ponta de meu nariz.

Afastou-se sorrindo provavelmente da minha expressão afetada.

O sinal tocou antes que eu pudesse fazer um comentário e a novata levantou-se levando a folha de exercícios para o professor.

- Teve dificuldades Isabella? – perguntou amistoso.

- Somente com algumas palavras, mas Edward me ajudou.

- Fico feliz por isso. Só quero avisá-la que eu não a obrigarei a fazer as provas. Então estará dispensada sempre que a turma for testada.

- Ok. Obrigada.

A estrangeira voltou saltitante até nossa mesa e começou a juntar seu material.

- Há! Não vou precisar fazer provas! – comemorou se gabando.

Revirei os olhos rindo de sua empolgação. É incrível como ela é espontânea. Não tinha medo de mostrar o que era ou de deixar clara a sua opinião. Sua personalidade é simplesmente extasiante.

Isabella não se sentiu intimidade em me pedir ajuda para encontrar sua próxima sala então me ofereci a acompanhá-la.

Caminhando lado a lado pelo corredor abarrotado de adolescentes seguindo para as suas próximas aulas a estrangeira puxou assunto.

- Então Edward... Você tem irmãos? – notei sua careta com o canto dos olhos, ao que parece não era bem isso o que ela queria me perguntar.

- Apenas uma irmã mais nova, ela está com 6 anos. É uma pestinha encrenqueira. – não consegui evitar o sorriso.

Eu amava Alice independentemente dela ser minha irmã biológica ou não.

- E você?

- Não. Na verdade eu não sei ao certo.

- Como não sabe? – a questionei com diversão.

- Sou adotada. – deu de ombros. – Então não sei ao certo se minha mãe biológica ou meu pai biológico tiveram outros filhos além de mim.

Isabella poderia até disfarçar, entretanto eu consegui ver claramente a tristeza passando por seus lindos orbes chocolate e desaparecer como um passe de mágica.

- E seus pais como se sentem por sua filha única estar longe?

- Bem... O namorado de minha mãe não é alguém que eu possa chamar de papai. Logo eles vão se separar, ele não é lá essas coisas. – deu de ombros e então o sorriso espalhou-se por seus lábios. – Já mamãe surtou completamente.

A estrangeira riu com alguma lembrança.

- Ela deu um escândalo. Foi quase impossível convencê-la a me deixar viajar sozinha.

- E aqui está você. – parei de andar indicando a porta da sala de matemática.

- Eu falei para ela que chega o momento que depois que cresce o filho vira passarinho e quer voar.

- O que?

Ela gargalhou com vontade.

- Esquece é apenas uma música. – deu um tapa no ar. 

- Boa sorte na aula de matemática. – me despedi.

- Eu adoro matemática! – ela não parecia ser irônica.

Franzi o cenho, era difícil achar adolescentes que gostavam dos tão temidos números.

- Sério?

- É claro. A matemática é a única coisa que é igual em todo o mundo.

- Faz sentido. – concordei.

Isabella sorriu.

- Tchau Edward, nos vemos na hora do almoço.

- Tchau Bella. – suas bochechas ficaram completamente vermelhas enquanto ela sorria sem graça e me dava às costas para entrar em sua sala.

Xinguei-me mentalmente por apelidá-la. Nem todo mundo gostava de apelidos, por mais carinhosos que eles fossem. Acho que ela não se ofendeu. Se fosse o caso ela teria falado na hora.

Suspirei e corri para a minha próxima aula.

[...]

Pela primeira vez em toda a minha vida de vampiro eu não me senti incomodado com a repetição interminável dos assuntos da escola. Não liguei para as propriedades mecânicas dadas pelo professor de física. Não liguei para as ligações iônicas explicadas pelo professor de química. Não liguei para as políticas internacionais adotadas nos dias de hoje tão enfatizadas pelo professor de geografia. E não estava ligando para a voz da professora de literatura explicando a importância das obras de Shakespeare. Liguei menos ainda para os bilhetes incansáveis vindos de Jéssica que infelizmente era a minha dupla nesta aula.

Meus pensamentos estavam longe. Mais especificamente em uma das salas do colégio. Algo em Isabella me atraía. Talvez seja apenas curiosidade, entretanto eu nunca tive tanta curiosidade por qualquer outro novato ou outra novata. Nunca fiquei tão fascinado com uma pessoa antes. A estrangeira era como um furacão em minha vida. Varria minha mente e bagunçava meu coração.

Despertei de meus pensamentos quando o sinal tocou. Levantei juntando minhas coisas. Ignorei completamente Jéssica que não cansava de tagarelar.

- Qual é o problema Edward?! Porque está me ignorando?! – grunhiu irritada.

Mas quem estava mais irritado era eu. Virei meu corpo em sua direção e da maneira seca falei.

- O meu problema, neste momento, é a sua voz incomodando os meus pensamentos. – sua boca caiu e seus olhos arregalaram. – E estou te ignorando para ver se você percebe que eu não estou afim de conversar com você. Ah! E antes que eu me esqueça eu gostaria de pedir que para de tentar algo comigo. Eu não estou interessado.

Ela ainda me olhava chocada quando cansei de olhar para a sua cara e parti para o refeitório. Eu também estava chocado comigo mesmo. Nunca imaginei que um dia seria tão rude com alguém, principalmente com uma mulher. Dona Esme não ficaria nada orgulhosa de seu filhinho. Entretanto não posso negar que senti certo prazer em descarregar tudo aquilo que há tanto tempo venho guardando em meu peito.

Já fazia 2 anos que eu e minha família tínhamos chego a cidade e desde então Jéssica não desgrudava de mim. E mesmo que eu não tenha sido nenhum santo virgem nesse tempo eu sabia muito bem que se eu encostasse um dedo sequer na garota ela iria simplesmente fazer planos comigo como namoro, casamento, filhos... E por não nutrir nenhum tipo de sentimento amoroso em relação a ela me mantive inerte as suas investidas com a esperança que ela cansasse e me deixasse em paz.

Mas a estrangeira estava certa afinal. Tem gente que realmente não percebe os sutis sinais e precisamos ser um tanto mais enérgicos.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram do cap? Semana que vem tem mais!

Quem ainda não participa do grupo no Face não precisa se acanhar ;)
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