Capítulo VIII- Fique longe de mim. Mas faça isso ao contrário.

Dani estava sentada a mesa juntamente com Edmundo, Lúcia, Susana e Pedro. Uma mesa em frente à um trono enorme onde Aslam sentara. A mesa estava repleta de guloseimas. Os olhos de Danielle brilhavam, ela não comera assim nunca no orfanato. Estava feliz por comer tão bem assim , e também meio desconfortável, ela sentia o olhar de Aslam sobre si. Tentava disfarçar ao máximo seu desconforto.

Ed passa o frango por favor.

–Pedro esse é seu terceiro prato.- Ed respondia Pedro sorrindo lhe passando um pedaço de frango num prato.

–Estou em fase de crescimento . -Pedro respondeu e todos riram.

–Quando chegaram aqui ?- agora Aslam que falava interrompendo a conversa dos irmãos que se viraram para o mesmo.

–Ontem pela tarde.- Edmundo respondia dando uma garfada na sua torta de amora.

–E você ?- Aslam perguntava diretamente a Danielle.

–E-e-u não sei bem. Acho que também pela tarde.- respondia nervosa .

Edmundo, Lúcia e Susana ,exceto o Pedro que estava concentrado em seu prato, perceberam a tensão de Dani e interromperam a conversa.

–Aslam já tem muito tempo que chegou aqui ?- perguntava Lúcia- Ou estava em outro País?- continuou.

–Cheguei quando o ultimo carvalho caiu no chão. Quando a alvorada das flores ocorreu, quando o brilho da estação emanou-se no ar.- respondeu Aslam na sua metáfora.

–Eu não entendi coisa nenhuma.- cochichou Dani à Susana que estava ao seu lado.

–Ele chegou junto com a primavera. -Susana explicava. Em Nárnia naquela época do ano chegava a primavera. Aslam queria dizer que ele chegara a exatamente duas semanas ,quando o outono foi embora. Isso mesmo não se via Aslam todos os dias em Nárnia. Como uma vez disse o castor: Num dia poderão vê-lo, no outro não.

–Quando terminarem podem ir aos seus aposentos.- Aslam falou levantando-se.- Rei Edmundo venha comigo.

–Edmundo logo se levantou e o seguiu. O que despertou a curiosidade dos outro ,especialmente a de Pedro.

–O que será que Aslam só quer com o Ed? Será que ele quer nomear somente Edmundo como rei único de Nárnia?

–Não viaja Pedro. Aslam jamais faria isso.- Susana respondeu.

–Aliás somos todos filhos de Eva e Adão.- completou Lúcia bocejando logo em seguida. Desde que chegaram no reino já havia chegado a tarde. Levaram a manhã toda para chegarem lá.

–Eu acho que alguém está com sono.- disse Dani ao ver o bocejo de Lúcia.- Venha eu te coloco pra dormir.

–Já estou meio crescida pra isso Dani.- Lúcia falava sorrindo.

–Mas deixe que ela faça Lúcia. Para relembrar os velhos tempos.- dizia Susana indicando para Dani colocar Lúcia na cama. E assim as Duas saíram dali deixando Pedro e Susie à mesa.

As duas andavam pelas escadas que subiam até os dormitórios no quinto andar do castelo. Enquanto Lúcia contava a coisas que ela e seus irmãos já haviam feito ali Dani pensava em como matar a garota sigilosamente , ela não queria fazer isso, mas seu instinto pedia isso. Jadis pedia isso.

–Meu quarto é esse. indicava Lúcia abrindo a porta.

As duas entraram e... ALAKAZAM ! Dani avistou uma varanda . Alta o suficiente para dizer que a Lúcia caiu no momento em que ela havia ido ao outro quarto pegar outro cobertor. Dani estava muito nervosa suas mãos suavam, ela estava enjoada. Seu coração estava apertado só em pensar no que teria que fazer com Lúcia.

–Faça o mais rápido possível.- a voz voltara. Seu colar brilhava por debaixo do vestido que usava. Lúcia estava preparando sua cama e abrindo o guarda roupas em busca de uma roupa para dormir.

Até que Dani a chamou para ir até a varanda olhar o céu repleto de estrelas.

–Não é lindo Lúcia ?- perguntava Dani olhando para o céu.

–Sim é sim. Algo indescritível. respondia Lúcia também olhando para lá.

A essa altura Dani se deslocara para atrás de Lúcia pondo suas mãos sobre o ombros da mesma. Lúcia estava distraída com tamanha beleza. Dani sabia que chagara a hora, a voz à pressionava cada vez mais. Os seus olhos encheram de lágrimas, ela prendia o choro . Até que ela fechou os olhos e ...

Puxou Lúcia e à abraçou. Dani caiu no chão abraçando Lúcia contra o seu peito. Sua cabeça pousava sobre o ombro de Lúcia , que não estava entendendo patavinas.

Dani o que está acontecendo? Lúcia perguntava confusa segurando o rosto de Danielle , que chorava .

–Eu não posso fazer isso.- dizia Dani negando com a cabeça, ela falava sozinha.

–Você não pode fazer o que Dani ?- Lúcia perguntava novamente.

Nesse momento Susana apareceu na porta e entrou rapidamente ao ver o que acontecia.

–O que está acontecendo? perguntava Susie também confusa ajudando Dani a se levantar. E a colocou sentada numa das camas que havia no quarto.

–Lúcia o que aconteceu ?

–Eu não sei. Estávamos na varando olhando as estrelas e de repente a Dani começou a chorar e dizer que não podia fazer algo.

Susie olhava para Dani que já parara de chorar.

–Dani o que aconteceu ? O que você não pode fazer ?- perguntava Susie novamente com calma.

–Eu, eu não quero falar sobre isso agora.- Dani falava com a cabeça baixa soluçando. Eu preciso me deitar.

Susana a olhou e acenou positivamente com a cabeça. Susana era gentil como nomeada, e também compreensiva. Assim Dani levantou-se e saiu. E foi até o quarto da frente.

–Dani, você...- Pedro falava andando no corredor quando avistou Dani, mas ela entrou no quarto antes mesmo de Pedro terminar de falar.

–O que houve com ela ?- perguntou Pedro chegando ao quarto de Lúcia e Susana. A porta ainda estava aberta.

–Quer saber a verdade... Não sabemos.- Susie respondeu.- Onde está o Ed?- perguntou.

–Ele ainda está com o Aslam, sabe-se lá onde estejam. dizia Pedro dando um beijo de boa noite em lúcia que já se deitava na cama, e depois um abraço em Susie.- Boa noite.- disse por fim .

–Boa noite.- responderam em coro. Susie finalmente fechou a porta do quarto e foram se deitar.

Pedro quando entrou no quarto ao lado , que dividia com Edmundo , fez o mesmo. Logo se deitou e dormiu como um anjo. Estavam todos cansados pelo dia que tiveram.

Quando o corredor ficou silencioso e escuro Dani sabia que todos haviam ido se deitar. Ela pegou um castiçal que encontrara em seu quarto, abriu a porta e saiu silenciosamente pelos corredores até o jardim que havia lá fora.

Olhando de fora do castelo Dani viu que a sala em que Aslam e Edmundo estavam conversando ainda estava iluminado.

Danielle precisava refletir sobre o que ocorreu naquela noite. Ela conseguiu resistir à ordem de sua mãe, Jadis.

Ela andou por todo o Jardim até que chegou à uma fonte. Dani olhava seu reflexo esperando que Jadis aparecesse lá dentro. Esperou e nada. Quando se virou ...

–Surpresa !- Jadis falava com sarcasmo olhando Danielle.- Afinal o que aconteceu com você ?!- berrou.

Dani estava perplexa ao ver Jadis tão de perto assim, em tamanho real. Ela tentou toca-la mas não consegui como era de se esperar em tocar num fantasma.

–Oi.- respondeu com os olhos arregalados.

Jadis revirou o olhos com a tolice de Dani.

–Eu mandei você matar a peste da Pevensie, e tudo que você me diz ao falhar é um OI ?!

Jadis estava irada com Danielle.

–Eu não podia fazer aquilo.- Dani tentava se defender.

–Você não podia ?!- Jadis gritava tão alto que Dani ficou com medo de alguém a ouvir. Mas por incrível que pareça somente ela podia ouvir la.- Ah já sei...você vai me dizer que a Lúcia é uma garota indefesa, que não merecia isso, e que vocês se tornaram amigas e que penteiam o cabelo uma da outra.- Jadis ironizava fazendo gestos com suas mãos absurdamente pálidas.- Você é fraca igualmente à seu pai !

Com a ultima palavra dita por Jadis , Dani ficou curiosa. Por um momento ela ficou feliz ao saber que tinha um pai.

–Eu tenho um pai ?- perguntou com um sorriso enorme no rosto.

–Isso não vem ao caso agora! Jadis ficou mais nervosa do que já estava.

De repente ouviram passos aproximando-se . Jadis olhou fixamente para Dani e sumiu. A garota ficou observando atenciosamente o local onde vinham os passos.

O que faz aqui a essa hora da noite ?

–Não é da sua conta. Alias o que você faz aqui também ? perguntou Dani e Edmundo que havia tirado sua armadura e estava apenas com uma camisa branca de mangas compridas, e uma calça preta meio justa .Ainda usava sua bota preta. Dani o achou bonitinho.

–Não é da sua conta .- respondia Ed com um sorriso de troco no rosto. Dani corou.

–É algum tipo de guarda-costas?- perguntou Dani ironicamente.

–Não. Sou um rei. Achei que isso estava óbvio.- Edmundo provocara Dani de um jeito diferente. Ela estava nervosa, mas gostava disso. Principalmente do jeito que ela a olhava.

–Você é tão engraçado.- dizia Dani com a sua velha e boa ironia revirando os olhos.

Edmundo se aproximou, as veias dela começaram a queimar. Suas pernas paralisaram.

–Então seu desejo de me manter longe passou.- dizia Ed ao perceber que Dani não se afastou ao ver ele se aproximar. Ela não se moveu.

–Talvez.- ela respondeu o olhando fixamente. Isso o balançou. Edmundo estava queimando por dentro, seus hormônios pediam enfurecidamente por Danielle. Assim como ela também o queria.

Ed deu mais um passo em sua direção e ela continuou imóvel. E ele chegava mais perto, mais perto. Até um sentir a respiração do outro. Eles respiravam fundo. As mãos de Edmundo estavam nos cabelos loiros de Danielle , as mãos dela estavam sobre o peitoral de Edmundo, os dois se olhavam intensamente.

–Não prefere o Pedro ?- sussurrou Ed no seu ouvido.

–Fique longe de mim.- sussurrou Dani sorrindo.- Mas faça isso ao contrário.

E finalmente seu lábios se tocaram. Eles se beijavam lentamente. Dani podia sentir a diferença , enquanto o beijo de Pedro era faminto , o de Edmundo era suave, queimava sua boca de um jeito bom. Edmundo a puxava para si firmemente, ele passava as mão dentre os cabelos dela. Dani fazia o mesmo, suas mãos passavam sobre os cabelos negros de Ed, a cada toque ele dava nela, ela o retribuía.

Até que pararam de se beijar ofegantes. Olharam se por um minuto e sorriram de leve um pro outro.

–Boa noite.- disse Ed saindo do local. Quando ele se virou sorriu consigo mesmo.

–Boa noite. Dani cochichou para si mesma tocando sua boca com um leve sorriso. Assim ela também saiu dali indo ao seu quarto.

Finalmente os dois fizeram o que tinham vontade de fazer desde o primeiro momento me que se viram. Ali uma grande e arrebatador amor floresceu como a primavera.

Aslam ,da torre mais alta do castelo observara o que aconteceu. Assim também como Jadis que via tudo de cima, em meio as estrelas.

A história havia verdadeiramente começado.