Filhos escrita por Bellah102, CaahOShea
Notas iniciais do capítulo
Ainda tem alguém aí? Sinceramente, não sei porque ainda continuo escrevendo... Saudades das fãs de CdK...
Rebekka
-Não. Eu não estou indo vê-lo. Não, Lexi, não vou deixá-lo me possuir sobre a mesa. – Senti o olhar do taxista pelo retrovisor e fechei a janela entre nós para bloquear o som. – Estou indo buscar o meu carro, só isso. Será que dá para você relaxar agora? Provavelmente vou ter que pagar mais para o taxista depois de fazer o coitado aturar essa conversa.
Balancei a cabeça, apoiando as costas no banco.
-Está bem, está bem. Faça o que quiser. Mas se você se apaixonar de novo.
-Credo, até parece que eu sou uma maluca que se apaixona por qualquer um... Vai se ferrar, Lexi.
-Também amo você, Mikaelson. Não demore.
-Sou uma mulher adulta e demoro o tempo que eu quiser. Até mais tarde.
Desliguei o celular, guardando-o no bolso do casaco e chutando o banco do motorista que ainda me encarava pelo espelho retrovisor no centro.
-Ei, estou procurando pelo meu mecânico favorito.
Seth pareceu se assustar com a minha voz, levantando-se tão rápido de onde estava curvado sobre o carro que bateu a cabeça no capô, fazendo-o se soltar do suporte, cair com tudo e com um barulho, acionando o alarme. Ele olhou para mim, assustado como se eu fosse o próprio bicho papão
-Rebekka! O alarme!
Cobrindo a boca, comecei a rir.
-É, eu estou ouvindo. É irritante, dá para desligar?
Desajeitado, ele se enfiou dentro do carro, pressionando o botão da chave até que o carro se calasse. Então saiu e limpou a mão em um pano imundo antes de fechar a porta e se aproximar.
-Ei. Oi. E aí?
-A sua cabeça. Bateu com força?
Ele levou a mão à cabeça, como se tivesse acabado de lembrar que tinha uma.
-Ah é. Não. Não. Estou legal. É preciso mais do que isso. – Ele deu um soquinho na cabeça – Cabeça dura, é o que a minha irmã sempre diz. Caiu uma TV nela quando eu era pequeno. Nem um arranhão, é o que conta a lenda.
Voltei a rir, balançando a cabeça.
-Isso é ótimo, Sir Cabeça-de-elmo. E o meu carro, cadê?
Ele sorriu e se curvou, apontando para o fundo da garagem.
-Por aqui, milady.
Segui a direção que ele apontou com um pulinho. Sempre era ainda mais engraçado quando os homens faziam isso para mim porque eu havia vivido naquela época. E era exatamente assim que as coisas eram. Homens fracos se curvando sob o peso de grandes mulheres. É por isso que ela nunca se curvava de volta.
Algo estava estranho com o Pegeout. Ele estava...
-Está limpinho. É de praxe.
-Você lavou o meu carro? Eu não faço isso há uns 2 anos...
-Não lavava o seu carro há dois anos?
-Eu não uso muito.
-Sei... – Ele me olhou de lado por um segundo, mas então deu de ombros e voltou à sorrir – Bem, está novinho em folha, limpinho e pronto para rodar.
Assenti, agradecida.
-E quanto eu te devo?
Ele levantou as mãos, como se se rendesse.
-Você me paga um café, e vai estar ótimo.
-Um café? Você deve estar brincando.
Ele deu de ombros.
-Sou um cara simples, de necessidades simples.
Estreitei os olhos.
-Não vai dar problemas com o seu chefe?
Ele deu de ombros novamente afastando minha preocupação com um gesto da mão.
-Nah. Ele vai entender. Porque não é um café qualquer.
Ergui as sobrancelhas e cruzei os braços.
-Ah, é? E o que faz dele tão especial?
-Porque você vai tomar comigo.
Balancei a cabeça. Então Lexi estava certa, afinal.
-Seth, eu realmente não posso aceitar. Eu prefiro te pagar como qualquer outro cliente.
Ele murchou, como um balão furado.
-Você não gosta de mim?
Perguntou, como uma criança no parquinho do jardim-de-infância. Senti o coração apertar, reprimindo o impulso de passar o braço ao redor do seu ombro. Não era nada romântico. Decepcioná-lo era como decepcionar uma criança.
-Não é isso, é só que.. Eu acabei de sair de um relacionamento muito difícil. E eu realmente não quero um relacionamento tão cedo.
Uma faísca estranha surgiu em seus olhos escuros.
-Eu não estou pedindo relacionamento algum. Só um café inocente.
Soltei o ar, sentindo cócegas no estômago. E lá vamos nós de novo.
-Está bem, está bem. Posso comprar um par de botas com o dinheiro que vou economizar.
-Esse é o espírito.
Ele disse, jogando a chave do carro na minha direção.
Calley
R moveu-se dentro de mim, fazendo a pele se esticar à um nível excruciante. Pousei as mãos sobre a barriga, tentando empurrá-lo delicadamente à sua posição inicial.
-Eu sei, meu amor, está ficando apertado. Mas você não está pronto ainda. Espere só mais umas duas semanas, ok?
Como sempre, ele se acalmou ao som da minha voz, enrolando-se apertadinho, deixando a pele relaxar. Respirei fundo, agradecendo-o baixinho. Lá fora, um trovão estourou, logo depois que o raio brilhou sobre a floresta. Envolvi R com os braços, para que não ficasse com medo.
Levante-me para fechar a cortina com o cobertor sobre os ombros como uma longa capa. Toda aquela chuva estava me deixando nervosa e isso não era nada bom para o bebê inquieto que eu carregava. Parei perto ao vidro gelado, encarando a mancha cinzenta tentando secar-se sob as árvores. Um dos lobos gigantes estava sentado, com os ombros caídos, visivelmente enfastiado com aquela água toda. Uni as sobrancelhas, indo até a porta.
-Ei! EI! – Gritei para chamar sua atenção. O lobo olhou na minha direção, se aproximando. – Entra, essa chuva está muito fria!
Ele me olhou longamente e por fim se sacudiu da água na área coberta, subindo as escadas. Ele cutucou o cobertor com o focinho e, unindo as sobrancelhas, pousei sobre ele, sem imaginar porque ele pediria isso com todos aqueles pelos.
Eu e R quase caímos para trás quando o animal diminuiu e se levantou, virando um dos irmãos de alguns dias atrás de cabelos molhados e totalmente nua sob o cobertor.
-Obrigada. Eu não queria pedir, mas está congelando lá fora! Está caindo granizo e tudo o mais – Ela entrou, ajeitando o cobertor meio molhado sobre o corpo. Fechei a porta, encarando-a com curiosidade – Neve? Tudo bem. Consigo me manter quente. Mas pelos molhados são extremamente pesados! – Ela olhou para mim, sem expressão – Obrigada de novo. Eu já volto. Ô LOIRA!
Gritou, subindo a escada e desaparecendo no andar de cima. Sentei-me no sofá com cuidado, sentindo-me confusa. R me cutucou, sempre presente.
-Eu sei, por essa também não esperava.
Algum tempo depois Leah desceu as escadas, vestida e com uma toalha na cabeça. Eu estava esparramada no sofá de sempre, coberta com o cobertor que Rose havia trazido, resmungando sobre o mal cheio que a lobisomem havia trazido para dentro de casa. Eu apenas rira baixinho. Agora estava atrás de uma posição confortável para ler, mas R tornava isso impossível.
-Olá.
Ela disse, sentando na ponta do sofá.
-Oi.
Respondi, fechando o livro. Deixei-o de lado, sentando-me e puxando o cobertor mais para perto. Ela me encarou, parecendo genuinamente curiosa.
-Tem certeza que nunca esteve aqui antes? Tenho certeza que te conheço de algum lugar.
Dei de ombros, balançando a cabeça. Ela pareceu decepcionada.
-Ah, está bem então.
Olhei para ela, curiosa.
-Porque estava sozinha na chuva? Onde estão os outros?
Ela deu de ombros.
-Jake está mandando os filhos embora, para algum lugar longe, então estamos dando um tempo para ele. O inútil do meu irmão está atrás de um rabo de saia. E o resto deve estar dormindo, ou comendo, ou namorando. De qualquer forma, não importa.
Soltei o ar.
-É, acho que entendo o que quer dizer...
Ela me olhou de lado, curiosa também, menos hostil que na sua primeira visita.
-E como foi que você veio parar aqui? Com isso aí e tudo o mais.
Ela disse, acenando com a cabeça para R. Senti minhas mãos envolverem-no, desconfortáveis com o olhar dela.
-Isso aí é meu filho, por favor tenha mais respeito – Estremeci ao me lembrar de Scott, da mansão com barras nas janelas, dos corpos de mulheres nas outras salas escuras e dos híbridos cruéis. R se retorceu de medo. – Não quero falar nisso.
-Mas também não quer voltar para casa. Nem dar... Sei lá, notícias?
-Não, não quero. É por isso que ele me escolheu. Ninguém vai sentir minha falta.
Ela calou-se por um tempo, olhando para mim.
-Você realmente acredita nisso?
-Eu sei.
Disse, sentindo a garganta arder com a verdade dolorosa que eu desejava que fosse mentira.
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