A Escolha escrita por Nyx


Capítulo 4
Encontro




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 Eu estava passeando pela floresta novamente. Nunca mais tinha encontrado aquele insuportável de novo. Eu estava contando com isso. Tinha dado o maior trabalho pegar meu arco de volta. E aquele era meu arco favorito. Mas ele ia aprender uma lição.

Ouvi sons de machado. Outros lenhadores. Já tinha encontrado com alguns metros antes.

Para minha sorte, meus pais tinham dado uma trégua com essa história de casamento. Até parece que eu ia me curvar a esta bobagem toda! E além do mais, acho que sou muito nova ainda.

Não entra na minha cabeça esse negócio de alguém escolher com quem você vai passar toda sua vida.

Eu quero encontrar alguém certo. Alguém que me entenda e me aceite como eu sou. Alguém que eu vou querer dar meu primeiro beijo e... e... e...

Merida: Não pode ser! É ele!

Era aquele cínico de novo. Me escondi atrás de uma árvore.

Merida: Então ele é um lenhador...

Ele estava com um senhor, muito parecido com ele. Devia ser o pai dele. Ele estava sem camisa e suado, e meu coração disparou de tal maneira que fiquei assustada.

Ainda fiquei observando por um longo tempo. Eu não me cansava de olhar para ele.

Me bati no rosto.

Merida: Para com isso, sua boba.

Então eu tinha que dar o troco naquele metido.

Peguei meu arco e mirei no machado. Respirei fundo e quando ele levantou novamente o machado para um golpe, soltei. No alvo!

Merida: Isso! Eu sou mesmo ótima!

Eu não conseguia parar de rir. A cara que ele fez, não tem preço. O machado caiu no chão e ele ficou olhando em volta. Claro que não me escondi. Eu queria que ele me visse. Claro também, que eu tinha me certificado que o senhor que estava com ele, não estava perto. Vai que eu errasse... Muito difícil isso acontecer, mas foi melhor prevenir.

Então ele veio tão rápido como a flecha que eu tinha atirado nele. E me agarrou pelos braços e me sacudiu. Não me machucou, mas fiquei muito surpresa! Não esperava esta reação. No máximo uma discussão. E o mais estranho foi o que eu senti quando ele me segurou. Ele estava me tocando. Ninguém no reino todo nunca tinha me tocado.

Jack: Você enlouqueceu? Agora tenho certeza de que você é uma maluca.

Ele falava e eu não conseguia desviar dos olhos dele e nem falar nada.

Jack: Garota, você fez de propósito, não foi?

Merida: Eu... eu...

Jack: Eu nada. Onde você mora? Hein? Vou falar com seus pais. Eles não podem te deixar com este arco. Você vai matar alguém. Ou o problema é só comigo? Tá me perseguindo?

Merida: Seu presunçoso. Me larga. Agora!

Jack: Vou te largar se você sumir da minha frente.

Merida: Não precisa pedir duas vezes. Isso foi pra você aprender a não pegar as coisas dos outros. Deu o maior trabalho pegar meu arco de volta.

Jack: Você subiu na árvore?

Merida: Claro. Quem mais ia pegar?

Jack: Igual a um menino subindo em árvores.

Então ele riu. Ele estava caçoando de mim.  Ele soltou meus braços e de repente senti frio.

Merida: Quem você pensa que é para rir de mim? Você me deve respeito.

Jack: Respeito? Pra você? Quem você pensa que é para pedir respeito?

Pai: Jack! Pare já com isso!

Jack: Pai, esta garota é louca. Ela está tentando me matar.

Pai: Peça desculpa agora mesmo.

Jack: Não vou! Porque eu faria isso?

Pai: Jack, ela é a Princesa!

Achei que a cara que ele fez desta vez foi melhor do que a hora da flecha. E ele me olhou de novo. O pai dele se curvou pra mim.

Pai: Se curve Jack.

Então ele apontou o dedo na minha cara.

Jack: O fato de ser a princesa não muda o que eu penso a seu respeito e eu não vou me curvar pra você!

E ele virou as costas pra mim e saiu.

Pai: Por favor princesa, desculpe meu filho. Ele tem andado estranho por estes dias, mas é um bom rapaz.

Merida: Não tem problema. Pode se levantar. Não foi nada.

O pai dele ficou pedindo um monte de desculpas, mas eu já não ouvia mais nada. Então o nome dele era Jack. E era um lenhador e era um tanto temperamental. Me despedi do pai dele e voltei para o castelo. Tinha sido uma tarde muito perturbadora.

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Aquela louca! Agora entendo porque ela era assim destrambelhada. Achava que podia fazer o que quisesse com os outros. Mas comigo o buraco era mais embaixo.

Meu pai ficou falando sem parar na minha cabeça. Que eu tinha sido imprudente e blá, blá, blá. Extravasei minha raiva com o machado. A princesa. E daí? Ela podia ser a dona do mundo inteiro. Me curvar? Essa era boa!

Ela tinha feito de propósito! E eu tinha que rir e agradecer porque ela era a princesa! Por favor, me levem de volta para o futuro! E o pior ainda estava por vir, em casa.

Mãe: Ele fez o que?

Pai: Isso mesmo que você ouviu. Sacudiu a princesa e discutiu com ela. E ainda por cima, não se curvou.

Mãe: Jack!

Jack: Eu não sabia quem ela era. E mesmo depois de saber, não me arrependo. Ela é louca!

Mãe: Jack, se ela reclamar para o rei, vamos ser expulsos deste reino. Vamos perder tudo.

Opa!

Pai: Jack, isso é além de simpatia com alguém. Ela é a princesa e ponto. Ela pode tudo! Podemos perder nossa casa,

Eu não tinha pensado nisto. Realmente, pensando por este lado...

Mãe: Amanhã bem cedo você vai ao castelo e vai pedir desculpas.

Jack: O quê?

Pai: Isso mesmo que você ouviu. Você vai lá, vai se curvar e vai pedir desculpas.

Jack: Ah não. Isso não. Quando ela voltar por aqui, peço desculpas.

Mãe: Jack, amanhã. E vou fazer uns doces para ela também.

Jack: Pai...

Pai: Sua mãe está certa. Agora conserta a besteira que você fez. Onde já se viu não reconhecer a princesa...

Amanhã ia ser um dia daqueles. Mas o que eu podia fazer? Talvez ela fizesse fofoca para o rei e realmente expulsassem a gente do reino. Não podia deixar isso acontecer.

Mas ela conseguia me tirar do sério completamente. Era insuportavelmente inconsequente e linda! Linda? Não era essa palavra que eu queria usar. Era abusada. Abusada demais. Princesa subindo em árvores? Era até engraçado. Ela era diferente do meu conceito de princesa.

Sempre imaginei que princesas se vestissem com aqueles vestidos de gala e sempre se comportassem para dar exemplo. Mas essa princesa era o contrário. Ela usava vestido, mas não cheio de pompa. E seus cabelos ficavam soltos e dançavam com o vento. E ela atirava bem. Muito bem. E andava pela floresta sozinha. Que tipo de rei deixava sua filha andar sozinha pela floresta, correndo todo tipo de risco? Bem, eu não ia me preocupar com isso. Quando adormeci, sonhei com ela.


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