Quando a vi parada na sala da minha casa já sabia que não ia ser boa coisa. Ela estava com um jeito confiante demais. Bem, não ia ter jeito. Eu ia ter que falar com ela. Puxei-a para fora e minha mãe não entendeu nada.

Ela “me mandou” que a seguisse a algum lugar. Eu fui e calado. E pelo jeito dela, ia trovejar. Ela nem me deixou falar. Ela não ia me ouvir mesmo. Então deixei que ela colocasse tudo para fora.

E a primeira pergunta foi bombástica e eu soube naquele momento onde tudo ia parar.

Eu não podia mais negar que a amava. Eu já tinha dito uma vez. E já tinha admitido isso pra mim.

E ouvir da boca dela que eu era o centro do mundo dela e que me amava mais que tudo acabou comigo por completo. O que eu ia fazer? Minha resistência foi por água abaixo e não resisti e a abracei.

Jack: Que feitiço você lançou em mim?

E eu a beijei. E ela não se afastou. Foi o momento mais mágico que eu poderia ter vivido em toda minha existência. Eu nunca quis tanto fazer algo, como eu queria agora. Eu nunca quis tanto estar com alguém como agora. E eu simplesmente deixei de pensar. Só segui meu coração.

Jack: Eu amo você!

Merida: Eu também amo você!

E não havia mais nada para ser dito.

Nós saímos dali e decidimos não contar nada a ninguém por enquanto. Imaginem a festa que meu pai e minha mãe iam fazer? E os pais dela então, já que estavam desesperados por casá-la? Combinamos que no dia seguinte íamos nos encontrar naquele mesmo lugar.

O tempo foi passando e nos víamos todos os dias. Podia ser melhor? Claro que não! Eu não me cansava de olhar para ela. Às vezes ela trazia uma cesta e fazíamos piquenique. Ficávamos olhando as nuvens no céu de mãos dadas.

E ela me ensinou a usar o arco e flecha. Não podia ser mais perfeito.

Mas noite, sozinho na minha casa, eu só conseguia pensar no meu prazo. Ele está se esgotando. Os dias ficaram mais curtos.

Meus pais ficavam me perguntando o que eu fazia toda tarde depois do trabalho. Com o passar dos dias, meu pai parou. Acho que entendeu. Mas minha mãe! Essa conseguia ser insistente demais. Mas, eu não falava.

O que eu ia fazer quando o meu tempo terminasse? Eu não podia mais viver sem e a Merida! E o que ia acontecer com ela quando eu sumisse? Eu não ia poder mais voltar! Ela ia me odiar pra sempre! Eu ia me odiar pra sempre.

Todas as noites em que aparecia a Lua, eu pedia, pedia, pedia como nunca tinha pedido algo. Eu não queria deixa-la. Mas o Homem nunca falou comigo. Não me dava uma resposta. Eu sabia que ia ter que cumprir o meu destino. Mais doloroso pra mim do que me separar da minha família, ia ser me separar dela. Eu não ia suportar. Ia ser o meu fim.

E o tempo passou muito rápido. Agora eu só tia mais uma semana. Como eu ia falar pra ela?

Eu estava ficando louco! Não conseguia mais dormir. Quando faltavam 2 dias para o meu tempo se esgotar, eu comecei a transição. Meu corpo começou a mudar novamente. Eu estava ficando frio de novo. E algumas partes do meu cabelo estavam voltando a ficar brancos. Era o sinal de que meu tempo estava se esgotando

Neste dia vi quando ela entrou no meu quarto e se abaixou ao meu lado.

Merida: O que está acontecendo com você? Porque não mandou me avisar? Eu fiquei te esperando na floresta. Quando não apareceu, senti que algo tinha acontecido e vim aqui para saber. Você está doente? E o seu cabelo... Ele está...

Eu dei um sorriso para ela, mas ela não se convenceu.

Merida: O que você tem?

Jack: São minhas complicações voltando para me atormentar.

Merida: O que eu posso fazer por você?

Jack: Ninguém pode fazer nada por mim.

Merida: Eu posso fazer tudo por você. Posso conversar com meu pai e trazer os melhores médicos do mundo aqui.

Eu segurei as mãos dela.

Merida: Jack, você está muito frio.

Jack: Eu não estou doente.

Merida: Está sim. Não tente me enganar. O seu cabelo está perdendo a cor.

Jack: Eu não sei como começar a explicar para você.

Merida: Eu vou dar um jeito nisso. Não vou deixar você ficar doente. Vou falar com meu pai.

Ela segurou meu rosto e me deu um beijo e saiu correndo pela porta.

Jack: Merida!

Mas ela nem me ouviu. Ela era... “Ela”!

Minha mãe entrou no quarto e sentou-se  perto de mim.

Mãe: Então era com a princesa que você estava se encontrando afinal.

Eu só afirmei.

Mãe: Filho, estou muito preocupada com você. O que está acontecendo?

Todo mundo queria saber o que estava acontecendo. Mas o que eu ia falar? “Olha mãe, pai, Merida, amanhã eu vou embora porque eu sou Jack Frost, o inverno. E tenho que deixar vocês para sempre.”

Não tinha nada que eu pudesse fazer. Então minha mãe só me abraçou. E eu chorei. Chorei por um amanhã que eu nunca quis que chegasse. Chorei pela minha família e chorei por ela.

Na manhã seguinte, ao amanhecer ela entrou como o sol pela minha porta. Mas parou chocada e me olhou.

Merida: Jack?

Jack: Bom dia!

Eu me sentei na cama. Já não estava mais fraco como no dia anterior.

Merida: Os seus cabelos, estão completamente brancos.

Então era isso. A transição em Jack Frost estava quase completa. Então eu não tinha tanto tempo. Eu a abracei e ela tremeu nos meus braços. Eu devia estar muito frio, mas ela não me largou.

Jack: Merida, eu vou ter que partir.

Merida: O quê?

Jack: Sei que vai ser difícil pra mim e pra você, mas não sei como permanecer aqui.

Vi que ela estava prestes a chorar, mas eu não podia enganá-la.

Jack: Lembra-se de quando eu disse que ninguém podia gostar de mim e que eu não podia gostar de ninguém? Era por isso que eu não queria que se apaixonasse por mim. Eu não queria me apaixonar por você. Mas não tive controle no meu coração.  Você foi a melhor coisa que aconteceu em toda minha vida.

Merida: Jack, mas você vai me deixar?

Jack: Eu não queria ter de deixar você! Eu não tenho escolha. Eu desejei estar aqui. E eu estive. Só que agora tenho que voltar para cumprir meu acordo.

Merida: Jack, eu não entendo. Que acordo? Com quem?

Senti meus olhos arderem. Eles deviam ter mudado agora. Eu não tinha mais muito tempo.

Merida: Os seus olhos...

Jack: Merida, eu não tenho mais muito tempo. Quero que saiba que nunca vou esquecer você! Eu nunca vou amar ninguém mais.

Merida: Jack, não diga essas coisas pra mim. Está me assustando. Pensei que... que fossemos nos casar.

Aquilo acabou comigo de vez. Casar com ela seria a mais completa realização da minha vida. Eu poderia ser feliz e fazê-la feliz também.

Jack: Casar com você é o que eu mais queria. Nunca duvide disso.

Merida: Então porque está dizendo todas essas coisas? Quero que fique aqui comigo.

E então o portal se abriu atrás de mim. Ela se assustou. Achei que ela não pudesse ver tal coisa.

Merida: O que está acontecendo?

Jack: Chegou a minha hora. Eu vou ter que ir embora.

Então ela se agarrou a mim e eu nela.

Merida: Jack, por favor não! Não me deixe!

Jack: Eu não quero ir embora. Eu não quero deixa-la.

E eu fui sendo sugado para o portal. Nossos corpos foram se distanciando.

Merida: Jack!

Jack: Eu amo muito você!

Ela tentou me segurar pelas mãos, mas não tinha jeito. Fui sugado para dentro do portal. Quando abri os olhos estava no mesmo lugar de onde tinha saído um ano antes.

Jack: Nããããããããããoooooooo!!!!!!!!!!