Elys estava traçando riscos num imenso mapa mundi quando o cosmo de conhecidos irrompeu a casa de Libra.
Matheus estava servindo de apoio para Chaffin, ambos trajando as suas armaduras. Casty e Rosh vinham atrás, trazendo o que não foi destruído na batalha.
-Como eu temia. - murmurou a dourada ao ver que o pupilo de Casty estava sem forças e as braçadeiras da armadura de sua pupila estava em fragalhos. - Devas atacaram.
Elys ajudou a abrir espaço numa espriguiçadeira tomada por livros e pergaminhos para que Matheus deitasse o irmão de armas. Tão logo o cavaleiro de Carina foi deitado, a armadura formou-se em estado de repouso.
-Não houve ferimento. A inimiga parece que drenou ou copiou o cosmo de Chaffin. - explicou o cavaleiro de Escorpião. - Ainda sinto o cosmo dele, mas acho que ele estará fora de combate por alguns dias.
-Casty e seu noivo... Estão bem?
A amazona de Libra desviou a atenção de Chaffin para o casal, reparando nos danos na armadura. Sabia que tinha de repreender a pupila pelo descuido em danificar a armadura de prata, mas sabia que seria impossível pedir isso. Algumas servas pegaram as malas e arrumaram nos inúmeros quartos da casa de Libra.
-Casty, procure por Messura, ele deve estar na oficina junto com o pupilo dele. Repare com urgência essa armadura.
-Sim, mestra. - disse a amazona fazendo uma leve reverência. Com Chaffin adormecido pelo desgaste, sobrou a seu filho e Rosh ter de passar os novos fatos.

A biblioteca do Santuário tinha como guardiã a amazona de Sextante, Lita. Era a função designada a séculos a quem portasse tal armadura. O usuário podia usar seu cosmo para rastrear os livros e ultimamente os cavaleiros de ouro e o Grande Mestre a estava enchendo de serviço para procurar livros que falassem sobre a linhagem dos devas.
-Perdão mesmo, Grande Mestre, mas não existe de fato nenhum registro sobre o quartel general dos devas em nossos arquivos. - disse a amazona.
-Isso é péssimo. Se começarem a invadir o Santuário como estão tentando... Será nefasto!
Um livro surgiu flutuando e a amazona abriu numa página.
-Já fiz os registros dos devas identificados com o que pudemos recolher de informação. Um deva com ataque multiplos e ferozes conseguiu derrubar um cavaleiro de ouro, outro controla plantas... É capaz de conseguirem fazer um grande estrago.
-Por isso queremos atacar de frente e de vez.
A amazona intuia que o Grande Mestre escondia algo e o líder se virou e disse:
-Na busca da amazona de Taça, ela encontrou muitos cavaleiros desaparecidos e mortos. Se isso continuar, poderemos perder.
-Então... É por isso que Messura-sama e Vaskevicius estão trancados na oficina? Estão restaurando as armaduras! - concluiu a amazona.
-Obrigado pela ajuda, Lita. Se por acaso encontrar algo novo, venha me avisar na mesma hora.
Lita fez uma reverência com a saída do líder dos cavaleiros.

-Uau! Isso foi um estrago e tanto, hein!?
Casty estava com cara de irritação, enquanto deixava seus braços a mostra com sua armadura para o cavaleiro de Grou.
-Cala a boca...
-Então eu devia te deixar com essa armadura assim, toda quebrada.
Messura pigarreou ao entrar na sala trazendo mais 3 urnas.
-Essa urna aí debaixo... - murmurou a amazona. - É a de Escultor...
-A amazona de Escultor desertou. Não tivemos escolha. - começou a contar o cavaleiro de grou. - Enviamos o cavaleiro de Cães de Caça para por fim a ela. A armadura ficou muito danificada.
-Não dá para saber se ela ia se aliar aos devas ou não. Isso é péssimo. - suspirou o cavaleiro de Ouro de Áries.
Casty já tinha sabido de Luiz e isso era desanimador. Ela fez a armadura se soltar do corpo e ela formou-se na forma de descanso.
-Parece pior do que a luta com Hades.
-Se trata da era de Kali-Yuga. - disse Vaskevicius. - É o fim do mundo onde Kali reclama o mundo para si.
-Mais uma vaca que quer dominar o mundo... - resmungou a amazona.
-Não acho que seja isso. Os hindus acreditam em ciclos, como os maias acreditavam. Ela realmente quer destruir o mundo.

Elys então sentou-se no sofá, enquanto seu Filho se sentou numa poltrona e Rosh estava de pé.
-A deva que enfrentamos tinha o poder de manipular cosmo como eu disse. Ela se chamava Ragajana. - começou Matheus.
-Ragajana é a deusa hindu que usa amor e lúxuria para converter em poder. - disse a amazona de ouro, pensando consigo. - Provavelmente ela tinha uma aparência encantador, certo?
-Exato. Ela conseguiu beijar o Chaffin e quase me beijou. Eu estava paralisado por ela e se não fosse ele, eu estaria igual a ele ou morto. Ela começou a usar o golpe do Chaffin, mas estava muito mais forte do que sempre vi. Ela conseguiu me derrubar e... bem o Rosh conseguiu me proteger com aquela técnica de vento da Casty.
-Kaze no kekkai? Onde você aprendeu? - disse se voltando então para o italiano.
-Eu vi a Casty lutar, mas... não sei como fiz isso.
-Você deve ter um potencial para se tornar um cavaleiro!
Rosh sorriu meio tímido e então respondeu:
-Não quero, eu não tenho nenhum interesse em proteger Atena ou o planeta. - disse, coçando a nuca, se sentindo meio sem graça. - Só tenho uma única deusa e você sabem quem é.
Elys ficou meio surpresa com a resposta e suspirou fundo. Mas antes que pudesse se lamentar, Matheus entrou no meio.
-Pelo que entendi numa hora, Ragajana disse que Rosh estava se usando da influência dela. Talvez o amor que ele tenha pela Casty e usando o poder daquela deva, tenha criado um cosmo temporário de batalha. Ela ficou furiosa com ele e o atacou, foi quando Casty entrou na frente e quebrou sua armadura.
-Como vocês a derrotaram?
-Eles não derrotaram. - disse Rosh.
-Shiva apareceu e a resgatou do golpe da Casty. -completou o cavaleiro de Escorpião.
Elys ficou pálida e se levantou do sofá.
-Você disse que Shiva em pessoa surgiu na frente de vocês?
A amazona convocou sua armadura e subiu correndo em direção ao Salão do Grande Mestre.
-Matheus venha comigo agora!
-Certo, mamãe.

Rafael estava nos Cinco Picos Antigos de Rozan. De quando em quando, ele ia para lá, verificar os selos dos espectros. Mas tão logo se sentou no topo da cachoeira e sentiu uma presença.
-Sacha...
O cavaleiro de ouro de Virgem surgira da cachoeira e trajava sua armadura dourada.
-Cavaleiro de Dragão, diga-me, com que eficiência você reconheceria o cosmo do cavaleiro de Carina?
Rafael estranhou, piscando freneticamente até a informação ser absorvida.
-Bom, o Chaffin é pupilo da minha colega de treinos, convivemos juntos. Eu o reconheceria com facilidade.
-Prefeito. Então você irá comigo em uma missão. Vista sua armadura, e não saia de perto de mim. - disse Virgem, com um sorriso. - Fique dentro da minha barreira, khan...
Rafael assentiu, logo trajando sua armadura, e seguindo Sacha por dentro da cachoeira. Tudo ficou meio estranho, escuro e por fim, um túnel que aos poucos se iluminava. Quando o bronzeado percebeu, estava numa floresta e envolto pelo cosmo do cavaleiro dourado. Sacha havia invocado o khan, e, mesmo de olhos fechados, ele parecia encarar uma montanha.
-Fique atento naquela região, Dragão.
Logo sentiu cosmos se movimentando. Viu ao longe um vulto cruzando o céu, com três cosmos. Um parecia...
-Chaffin!
Rafael tentou sair, mas Sacha o impediu.
-Obrigado, Dragão. Você acaba de concluir positivamente o que eu tinha em mente.
-Precisamos salvá-lo! - disse o cavaleiro de bronze, ignorando a fala do dourado.
-Não há o que ser salvo. Quem cruzou o céu foram o deva de Shiva e a deva Ragajana.
-Deva?
-Sarah retornou sem te convocar porque sabia que estava fazendo a ronda no selo dos espectros, então você não soube. Kali se ergueu contra a deusa, estamos em guerra santa contra os Guerreiros Deva.
Rafael se acalmou, ouvindo com atenção.
-Estava no Salão do Grande Mestre quando presenciei um relatório de sua mestra e de Matheus. Dizendo que Chaffin teve o cosmo absorvido por uma deva chamada Ragajana. Então eu pensei muito e meditei. Eu já suspeitava da região, mas precisava confirmar e tinha a oportunidade certa agora.
-O que suspeitava?
-Naquela montanha fica a Torre do Equilíbrio, o covil dos devas...

O Dragão ficou confuso no começo, mas logo fez as ligações.

-Então o Santuário irá atacar com tudo?

-Exato. Perdemos companheiros para os devas e pela deserção. Não podemos esperar muito. Vamos retornar ao Santuário, temos uma guerra para preparar.