A noite está chuvosa em Nashville.

Nunca havia sentido uma chuva tão grossa e um vento tão gelado como hoje. A cidade em que habito (por enquanto) é um tanto quanto quente mas parece que as coisas nem sempre são tão artificiais nos Estados Unidos. Almoços em família, risadinhas em piqueniques...coisas que me deixam com ânsia de vomito, parece que me acostumei com a frieza e a escuridão...afinal, fui criada como uma aberração, um bicho que nunca poderia ser mais um sorrisinho bonito e isso sempre havia me derrubado, como se estivesse sido lançada por um arranha-céu. Mas agora eu sei o que sou e me orgulho por isso.

Sou uma mutante.

Formo um sorriso após lembrar disso. Só de pronunciar essa palavra eu me sinto mais desperta ao olhar o mundo ao redor de mim, afinal eu terei que salvar os mutantes. Xavier e Magneto me deixaram e se uniram, como antigamente. Charles consegue mudar as mentes das pessoas mas não a minha. Ele me criou como uma humana com a aparência mais artificial do mundo, mesmo o amando todos esses anos e recordando de nossos abraços de boa noite eu não consigo o perdoar.

A única pessoa que pode me entender e me ajudar a começar um novo mundo é Loki, a criança criada há ser rei e sendo obrigada a ser apenas mais um em sua terra, se tornando futuramente o arrogante e considerado “vilão” por uma guerrinha que aconteceu em Nova York. Pessoas fracas...isso é o que eles são.

— Estás a congelar, Mística. — disse Loki, sentando perto de mim. — Tenho certeza que não irá querer morrer pelo frio.

— Não irei morrer pelo tempo, meu querido. — respondi, tocando minha mão em seu queixo. — Afinal, sou imortal.

Loki esboça um sorriso um tanto arrogante. Seu estilo frio me encanta mas não me apaixono. Apenas sinto atração suficiente para agarrar- o no meio da sala.

— Você pode ser mutante mas imortal você não é. — afirma ele, pegando um copo perto da mesa ao seu lado e logo o enchendo de whisky.

Me levanto e faço o mesmo que o asgardiano. Bebo o líquido e logo sinto meu corpo esquentando. Me sinto uma vela em um blackout...há única energia em um só lugar.

— Quando ninguém nesse mundo pode te matar você pode se nomear como um imortal, querido.

Loki fica quieto. Talvez não estava afim de me retrucar ou não tem uma resposta certa ao falar de imortalidade. Ele mordisca os lábios enquanto olha para a paisagem lá fora que provoca barulho por causa da chuva que bate em nossa janela.

Ele parece fascinado com a chuva pois seu rosto se contrai, formando um sorriso murcho. Loki pensa em levantar mas é surpreendido por um raio que caí em direção a árvore em frente a casa, provocando um pequeno grito da parte dele. E obviamente eu dou risada.

— Não pensei que o "asgardiano mais perigoso de seu planeta" tivesse medo de uma chuvinha.

Loki range os dentes um no outro e logo chega para perto do mesmo sofá do que eu, com os punhos fechados.

Suas bochechas estão coradas, diferente do normal. Ele sempre está com uma expressão sombria pela casa mas agora está calmo, tentando não assustar ninguém.

Dês do primeiro dia que consegui Loki pelo portal da Terra para Asgard nós nunca nos olhamos como amigos ou parceiros do coração mas apenas que teríamos que destruir os humanos contra nós, essa sempre forá minha tática e a dele também. Seu rosto sempre pareceu tenso e nossas conversas nunca eram tão amigáveis, era tudo tão sombrio...o problema é que o mundo escuro nos abraçou e talvez seja por isso que somos assim.

— Você nunca amou alguém? — pergunto tão rápido que nem tive chance de pensar antes de falar.

Imaginei que Loki ficaria com seu verdadeiro rosto azul e teria um ataque mas ele apenas ficou quieto, olhando para mim.

— Nunca.

Sinto minha aceleração bater rapidamente, sem saber o motivo. Talvez seja inveja do coração dele nunca ter batido por outra pessoa além dele mesmo.

— Na verdade... — começou ele. — Eu sempre fui apaixonado por Lady Sif mas seus olhos iam sempre em direção há meu irmão então nunca tive change de me aproximar dela...

Loki se manteve calado depois disso. Logo, ele se levantou e foi ao quarto mas antes consegui puxar seu braço. Ele não havia entendido pois olhava profundamente aos meus olhos amarelos.

— Você tem alguma foto ou desenho da tal Lady Sif? — perguntei, curiosa.

Ele não fez perguntas, apenas se sentou na cadeira e pesquisou o nome da mulher em uma página de pesquisas no computador. Logo, apareceu fotos de uma mulher alta com cabelos negros como a noite e olhos claros como o dia, e em todas as fotos ela havia uma espada em suas mãos e uma armadura. Ela é realmente linda.

Olhei a cada detalhe de todo o seu corpo e logo me transformei na moça mas em vez de suas habituais vestes de combate eu usava um vestido branco, simples e curto o bastante para fazer qualquer homem babar por ela.

Loki olhou para trás e me viu, arregalando seus olhos. Ele se levanta, espantado mas antes de abrir a sua boca, eu falo:

— Eu quero-te, Loki.

Sem delongas, sinto a língua do asgardiano entrelaçar a minha com a maior rapidez que havia visto no mundo. Suas mãos percorrem por todo o meu corpo, tentando descobrir cada passagem e cada curva que há nele mas isso não é o bastante. Tento pensar em algo que uma guerreira falaria enquanto estivesse com o seu amor mas o que sai de minha boca é apenas...:

— Sempre foi você, Loki.

Após dizer aquilo, o homem se afastou de mim e se virou de costas. Ele sussurava algo e isso me deixava tensa. Queria tocar seus braços e pedir desculpa pela primeira (e última) vez. Não era a pessoa que tinha pena de todos mas de algum modo, Loki me afetava.

— Eu não queria que você sofresse.

O homem vira e me puxa, não com força mas com delicadeza. Não nos aproximamos tanto...talvez porque eu ainda esteja como Sif, mas não há sentido!

— Eu quero a Raven.

Parecia que Eric havia sugado a voz de Loki pois foram essa frase que ele disse para mim, há anos atrás. Logo, me transformei na garota de cabelos loiros e expressões normais, sem pele azul ou olhos amarelos. Ao fazer isso, esperava que ele não falasse a frase mas ele falou, igual a ele.

— Eu quero a verdadeira Raven.

Logo, me transformo em quem eu sou. A verdadeira Raven, como nasci e como não fui aceitada. Essa pele azul faz parte de mim, e também da minha tragédia. Já raiva, ódio, fúria por essa pele mas também tive orgulho, força e determinação ao saber que era diferente. E era isso que eu preciso, alguém que me entenda.

Alguém que me ame do jeito que eu sou.

Sinto o beijo ardente, o toque frio e o olhar severo mas ao mesmo delicado de Loki mas antes de irmos para as partes mais "insanas", eu toco seu rosto e digo:

— Eu quero o verdadeiro Loki.

Sinto sua pele ficando mais gelada ao deixar minhas mãos em seu rosto ( agora azul) porém não me importo.

Esqueço das horas, do que sou e do que já fiz ao próximo, apenas sinto o calor do momento para dizer que tenho alguém.