Casais Improváveis escrita por Valerie Grace, Lady Salvatore, Hiccup Mason, Bess, Sherlock Hastings


Capítulo 61
Calipso & Hermes


Notas iniciais do capítulo

Oiie >
Acho que esse capítulo ficou bom com Wings e Fire and Rain, da Birdy. Tentei fazer uma coisa fofa mas ficou meio dramática aushaus.
Fofoletes, contem pra mim o que acham das minhas ones, as suas opiniões são muito importantes e essenciais pro andamento dos próximos. Então pra poder atender aos seus pedidos, me ajudem hahaha.
Amo vocês seus lindeos



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Tema: Hermes e Calipso

Fandom: Percy Jackson e Os Olimpianos

Um bom dia

Calipso acordou na ilha de Ogígia sentindo-se subitamente revigorada. É óbvio, todos os dias encerravam-se da mesma maneira na ilha intocada pelo tempo, e mesmo que aquele fosse exatamente igual a todos os outros anteriores, ela sentia a luz do sol iluminando sua pele alva e aquela sensação era muito boa.

A ninfa caminhou até o mar da ilha. Colocou seus pés dentro da água e ficou agitando-os, feliz. Apoiou-se nos braços, inclinou sua cabeça para trás, os olhos fechados, e sentiu o vento bater-lhe nos cabelos. O penteado desleixado que havia feito se descabelou ainda mais e ela riu disso. Virou-se a favor do vento e, desta vez, prendeu as madeixas numa trança que aparentemente seria duradoura. A areia estava fofa e era prazeroso ficar apertando-a entre os dedos.

Calipso ficou observando, quieta, as ondas do mar se desfazerem quando chegavam à costa. Mesmo a onda mais forte perdia a força quando chegava à areia. Havia algum pensamento poético rondando a mente da ninfa, mas ela não conseguiu captá-lo. Desistiu de filosofar e voltou sua concentração para a constante atividade das ondas. Eram tão lindas. Eram tão extraordinárias, e simultaneamente tão banais.

Ogígia poderia ser o Paraíso. Todas as forças da natureza trabalhavam juntas em harmonia. O vento suave, o sol quente, o mar refrescante, a areia branca... Mas não havia ninguém para aproveitar junto a Calipso. Nenhum amigo. Seus criados invisíveis não estabeleciam nenhum tipo de contato com ela. Antes de ser mandada ao exílio, a ninfa era sociável, brincalhona, divertida, mexeriqueira e ingênua. Quando foi para Ogígia, sentiu a solidão calar fundo. A ilha poderia ser uma espécie de Elísio, mas ela trocaria o Elísio por uma companhia permanente. Ou quase. Alguém por quem valesse a pena esperar. Alguém que pudesse tirá-la de lá.

Calipso sentiu o vento e desejou que a brisa a trouxesse alguém. Desejou que as ondas trouxessem algo novo. Mas parou de desejar. Sempre que algum novo herói aparecia, ela se apaixonava por ele para logo depois ter seu coração quebrado por ele. Por que eles sempre têm de ir?

Instantaneamente um deus se materializou a seu lado. Era Hermes, deus dos viajantes, dos caminhantes, dos ladrões, dos incessantes, dos opostos a ela.

Calipso olhou para o deus. Ele estava de pé, encarando-a. Ela sabia que deuses podiam assumir a forma que quisessem e a aparência que lhes desejassem. Mas naquele dia Hermes estava especialmente bonito. O cabelo preto curto estava liso e perfeitamente alinhado verticalmente, mas nem chegando perto de encobrir seus olhos. O rosto oval continha olhos castanhos. Ele realmente parecia bonito. Mas talvez fosse só uma impressão para uma ninfa solitária com sede por um amigo.

Hermes sorriu.

– O que faz na areia?

– Fico aqui. É gostoso sentir a areia molhadinha debaixo dos pés.

O deus riu.

– Vim para me certificar de que não precisava de nada.

– Oh não, tudo está bem. A comida está deliciosa, muito obrigada.

– Eu não consigo te entender – Hermes a fitava intrigado.

– Perdão? – agora Calipso estava intrigada.

– Os deuses foram cruéis com você. Te exilaram nos confins do mundo só porque você apoiou seu pai na guerra. Eu digo, era o seu pai... – Hermes sentou-se na areia também, cansado.

– Eu sei. Tenho raiva às vezes. Pra mim não fazia diferença se ele era bom ou mau. Ele era o meu pai.

– Às vezes me pergunto se os campistas do Acampamento Meio-Sangue só apoiam os deuses porque são seus pais. Digo, todos cometemos injustiças. Eu inclusive – a ninfa percebeu que os olhos do deus estavam junto a seus pensamentos, a quilômetros e quilômetros de distância. Miravam as ondas contínuas e reviviam memórias contínuas.

– Que injustiça você cometeu? – Calipso perguntou, subitamente interessada.

– A mais recente foi contra Annabeth Chase, filha de Atena. Eu a culpei por... Você sabe... Não ter fugido com Luke quando ele foi atrás dela.

– Sinto muito – a ninfa de cabelo cor de mel olhou para Hermes. Ele ainda mirava as ondulações. Ela ficou consternada. Nunca sabia o que fazer para consolar alguém. Um pai que sofrera a morte de um filho, especialmente. Até em Ogígia a história fora contada. Luke Castellan traíra seu acampamento, os deuses e iniciara uma guerra, mas apesar de tudo ele ainda era o filho de Hermes. Ainda era só um jovem. E no final das contas se tornara um herói, o herói da profecia.

Calipso olhou para Hermes. Ele também parecia jovem.

A ninfa ficou nervosa e sentiu suas mãos suarem. Mas tomou coragem. Arrastou o bumbum na areia, consciente de que teria que limpar a túnica depois, e, chegando perto do deus, pegou na sua mão, como se tentasse consolá-lo.

Hermes deu uma risadinha ao perceber o gesto singelo da ninfa.

– Você é muito delicada, Calipso.

Calipso em seu interior sabia que não era assim tão delicada. O que séculos atrás cabia na concepção do deus de “delicada” deteriorara-se de uma maneira assustadora. O ódio que sentira dos deuses do Olimpo por terem-na sujeitado àquela prisão atemporal e intocada pelo passar do tempo destruíra sua indulgência e a condenara a alimentar um rancor inflexível pela laia olimpiana.

Porém, a ninfa costumava esconder seu rancor. O tempo que passara em Ogígia a fizera aceitar certas coisas, seu castigo era uma delas.

– Não sei se sou tão delicada assim.

– Se eu fosse obrigado a viver nessa ilha, provavelmente já teria armado um levante contra o Olimpo ou então morreria tentando. Mas você simplesmente aceitou tudo com resignação.

– Nem tanto assim. Todos os dias em que ia dormir ficava pensando e remoendo o pensamento de que não deveria estar aqui. Mas aos poucos fui aceitando.

– Aceitando essa punição?

– Aceitando meu destino.

– Os humanos acreditam que nós fazemos nossos próprios destinos.

– Talvez. Ou todos os destinos que criamos já estavam previstos de alguma forma. Podemos ser apenas criados das Parcas, tentando ao máximo exercer liberdade sobre nós mesmos e sobre nossas escolhas, mas no final das contas, o mundo é quem vai fazer algumas escolhas bem importantes pra você, e essas são as que você tem que aceitar como consequências das suas próprias.

– E você aceita as suas escolhas?

– Aceito – ela disse como um suspiro – é o que o tempo te ensina.

– E você acredita que há sempre uma escolha?

– Sim.

– Eu também. Acho que tenho que parar de culpar Annabeth Chase por não ter fugido com o Luke.

– Acho que sim.

– Mas sabe, ter perdido esse filho foi... Horrível.

– Eu sei do seu sofrimento. Mas Hermes, já faz quase um ano.

– Um ano numa eternidade é quase insignificante para um deus.

– Eu sei, mas cada segundo que a gente vive nunca mais vai voltar. Mesmo que ainda tenhamos milhões e milhões pela frente.

– Então nós temos que aproveitar cada segundo, pela sua concepção.

– Exatamente.

– Então... O que você quer fazer agora? Já que quer aproveitar cada segundo?

Calipso segurou a mão de Hermes e olhou em seus olhos.

– Eu quero estar com você.

Ele passou a mão em seus cabelos, colocando uma mecha atrás da orelha da ninfa, e a beijou, sentindo a pressão de seus lábios quentes. Calipso retribuiu o beijo, de olhos fechados e sentindo o calor que o deus emanava. O dia estava ótimo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Contem pra Bess :33



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