Tema: Jogos Vorazes

Ship: Katniss Everdeen e Haymitch Abernathy

Love Drunk

Ficar bêbada era um dos meus objetivos naquela noite. Sim, eu queria me esbaldar no álcool o máximo que pudesse, simplesmente para ter um momento de prazer onde eu possa me esquecer de tudo que acontece a minha volta. Toda essa pobreza, corrupção, injustiça, lutas, violência... Eu poderia esquecer tudo isso. Ser livre apenas por uma noite. Sabia que haveria consequências no dia seguinte, problemas para resolver, mas não quero pensar em nada agora, apenas nessas garrafas e em meu companheiro de copo que estranhamente não estava me dando seus habituais sermões.

Virei mais um copo de sabe-se lá que bebida era e então arranquei meu casaco de frio e o atirei contra a parede como se aquilo pudesse levar toda minha raiva embora. Tirei minhas botas e joguei em outro canto.

– Está tão bêbada que pretende ficar nua? – indagou Haymitch e eu o olhei. Ele estava bêbado, mas seus olhos estavam tristes, não era o Haymitch revoltado e irônico que estava acostumada. Ele estava diferente, algo o entristecera. – Depois pretende dançar em cima da mesa? – e então pisquei tomando consciência do que ele me dizia.

Como pude ficar com pena dele, mesmo que por alguns instantes? Ele não era digno de minha compaixão agora. Na verdade, a única pessoa que merecia minha compaixão era eu mesma. Por isso que eu estava bebendo, para poder ter essa capacidade de me perdoar.

– Isso te incomoda por acaso?! – questionei grosseira e apoiando os braços com força sobre a mesa enquanto o encarava.

Ele deu riso medonho, uma mistura sinistra de sarcasmo, hostilidade, tristeza e malicia. Nunca o tinha visto rir daquele jeito, nem mesmo quando falávamos sobre a Capital e o presidente Snow. Mas não fiquei com medo exatamente do riso dele, e sim do fato de não fazer a mínima ideia do que se passou pela sua cabeça naquele momento.

Haymitch não parou de rir. Fiquei fitando-o com censura, porém ele nem ao menos me olhou. Pressionei os lábios e cerrei os punhos. Ele estava zombando de mim?! Eu já estava farta de ele fazer isso!

E então eu tomei uma decisão que obviamente não tomaria consciente.

Empurrei a cadeira para longe e fiquei em pé enquanto ele ria igual um idiota. Arranquei o meu prendedor de cabelo, desfazendo minha trança, desabotoei minha blusa puxando os botões, fazendo-o finalmente olhar para mim.

– O que está fazendo?! – indagou me olhando espantando.

– Você gosta de rir de mim Haymitch? Gosta de me subestimar? Acha divertido me dar ordens?! – não fazia ideia do porque estava dizendo aquilo, mas parecia algo que não fazia o menor sentido no momento, eu apenas dizia.

– Está maluca queridinha. Fica bêbada muito rápido. – me deu um olhar de reprovação.

– Eu sempre sou a maluca! – gritei chutando a cadeira na qual estava sentada – Todo mundo acha que sou uma pirada indigna de alguma confiança! – fiz menção de subir na mesa e então Haymitch me segurou por trás e eu comecei e me debater – Me solta! Eu vou subir! – gritei dando tapas em seus braços na minha cintura. Ele me virou de frente para si e segurou meus pulsos com força.

– Já chega Katniss. – falou calmamente, quase não reconheci.

– Estou cansada Haymitch. Muito cansada. – senti meus olhos arderem.

– Eu também Katniss. Cansado de fingir. – ele fixou seus olhos em mim e eu apenas me deixei admirá-los.

– O que você finge Haymitch? – perguntei notando que estávamos muito mais próximos do que alguns segundos atrás. Mas isso não me incomodou e nem me assustou, o que era estranho. Talvez fosse a bebida.

Ele ficou calado apenas me observando. Aquilo não era o que eu queria. Não estava aqui para ele ficar me encarando como se tentasse ler meus pensamentos. E era uma sorte tal coisa não ser possível, pois inapropriadamente se passava ideias um pouco maliciosas sobre aquele momento em minha cabeça. Não iria me culpar por isso, nem tentar chamar minha consciência para me impedir. Eu não queria minha consciência agora, não precisava dela. Essa era minha noite livre, e eu irei apenas seguir meus instintos.

Aproximei meu rosto dele até sentir sua respiração em meus lábios. Ele não se afastou, mas parecia apreensivo.

– Uma vez, me deixe ser livre. – sussurrei e então ele fechou o espaço entre nós e selou nossos lábios.

Haymitch soltou meus pulsos e enlaçou minha cintura, puxando-me para cima da mesa. Agarrei sua blusa e enlacei minhas pernas em seu corpo. Eu queria senti-lo.

Empurramos tudo de cima da mesa, sem se importar se iria se quebrar ou não, apenas nos entregamos a aquele momento. Entreguei-me naquele momento. E assim, por uma noite, consegui ser livre. O que seria depois? Não faço ideia e não quero pensar nisso. Essa noite não.