Casais Improváveis escrita por Valerie Grace, Lady Salvatore, Hiccup Mason, Bess, Sherlock Hastings


Capítulo 40
Teddy & PJ


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! :D
Lembram de mim? Eu sou a nova coautora da fic, a Bess ^^'
Sei que desde o meu último cap, se passaram séculos (tá, três meses xD), e queria me desculpar pela demora, mas realmente a inspiração foi pra Casa do Chapéu.
Além das desculpas básicas, queria agradecer a todos os leitores e leitoras que comentaram no capítulo 36, vocês me fizeram ganhar o dia! *o*
Já ia me esquecendo xD Vocês têm o hábito de ouvir música enquanto leem? Eu tenho, e também faço isso quando escrevo. Então, esse capítulo foi uma combinação das músicas:
— All I Ask Of You (O Fantasma da Ópera)
— Cosmic Love (Florence and the Machine)
— Dog Days Are Over (Florence and the Machine)
— Falling Slowly (versão do Peter Hollens feat. Alex G)
Se puderem, escutem essas músicas enquanto leem :D
(Ah sim, esse capítulo foi outra sugestão de eras atrás, esqueci quem tinha pedido, desculpa, mas aqui está ^^')
Bjss e boa leitura *3*



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Tema: Teddy e PJ

Fandom: Boa Sorte, Charlie!

Caindo

PJ encontrava-se imóvel, com o olhar fixado na televisão, em um estado quase hipnótico. As imagens que eram exibidas na tela remetiam a um programa sobre o suposto “Mundo Real”, e aquele episódio tratava da vida de alguns peixeiros em diferentes cidades do mundo: Tokyo, no Japão, Amsterdã, na Holanda, e Melbourne, na Austrália. O primeiro peixeiro estava sempre sorridente, o segundo era um jovem hippie que havia largado tudo para morar em Amsterdã e “fumar um bagulho todo dia porque o barato é louco”, e o terceiro era um velho senhor carrancudo que arranjava briga na feira todos os dias. PJ se maravilhava com as diferentes histórias e trajetórias de pessoas que eram consideradas comuns mundo afora, prestando atenção em todo e qualquer detalhe a fim de sufocar o interminável ciclo de tédio que preenchia seu tempo livre.

Por fim, a TV emitiu um chiado e todas as imagens foram acometidas por um breve clarão negro, fazendo o som morrer e PJ virar-se rápida e indignadamente para a figura atrás de si, sua mãe, que estava altiva e imponente. Só então ele percebeu que ela tinha pegado o controle remoto e desligado o aparelho enquanto ele estava absorto nos dramas dos peixeiros. Rapidamente pensou em quão sorrateira sua mãe havia sido e protestou, mas ela ordenou impassível, que ele fosse buscar sua irmã Teddy na festa de um amigo dela. PJ bufou e pegou as chaves de seu carro, ligando furiosamente.

Sua mãe não compreendia que ele não queria ir especificamente àquela festa. Uma festa ridícula onde sua irmã estaria se agarrando com outro menino idiota ao som de uma música idiota com amigos idiotas. Nas profundezas de sua mente, ele sabia que aquilo podia ser identificado como ciúmes, mas tentou fazer com que suas frustrações se esvaíssem com o ruído relaxante do motor do carro sendo ligado.

Ele já sabia o endereço. Teddy havia colado um pequeno aviso com uma caligrafia caprichada na porta da geladeira com o endereço do evento. PJ, como estava muito comilão ultimamente, acabou lendo e relendo aquele aviso várias vezes ao longo daquela semana.

Deu a partida e começou a dirigir. Tentou se concentrar no volante, mas estranhamente seus pensamentos sempre acabavam fluindo e materializando a imagem de sua irmã; quando brigavam, quando se evitavam, quando agiam como desconhecidos um para o outro, quando ficavam de bem e saiam juntos e, acima de tudo, quando se juntavam para tomar conta de seus irmãos mais novos.

Às vezes PJ tinha a sensação de que Teddy era quase como uma figura maternal para seus irmãos mais novos e mesmo para ele. E ele sabia que se Teddy fosse a mãe, ele seria o pai. Era um pensamento um pouco desconfortável para ele. Amava muito seus pais e não queria que eles tivessem seus papeis reduzidos a nada, mas honestamente a sensação era sempre a mesma. Também sabia que aqueles sentimentos nutridos eram estranhos, tabus da sociedade e considerados “pecaminosos”.

Porém Teddy manifestava a imagem de mulher em sua vida. Ela era sua irmã e sua mãe, sua melhor amiga e alvo de desejos amorosos. Sempre fora assim. Sempre estivera no seio da vida, na fonte de juventude. Não era algo que ele pudesse evitar. Aquilo sempre estivera incrustrado em si, o pecado estava embutido fundo e não havia como retirá-lo. E francamente, ele não queria parar com aquilo. Era precioso demais para perder, era natural demais para cessar repentinamente; e toda vez que tentava arrancar aquele amor doentio de seu peito, seu coração era apunhalado por uma agonia amargurada que lhe sufocava e sugava seu ânimo.

Estava sempre naquele crepúsculo, naquelas sombras do coração. Era tão surreal; ele sentia que estava certo enquanto o mundo todo estava errado. Ele achava que amor nunca poderia ser pecado, porque amor era o elemento que tornava sua vida mais feliz; mas as pessoas consideravam uma espécie de crime. PJ não era tolo, sabia que se contasse a alguém sobre sua afeição especial correlativa a Teddy haveria sérias consequências, e ele não suportava esta situação. Queria gritar para o mundo, deixar de fazer as coisas escondidas, porém tudo era vergonhoso demais. Assim como sua paixão estava enterrada fundo, a consciência de certo e errado estava definida demais em sua cabeça.

Os trinta minutos passaram, e ele enfim encontrou uma casa cuja música ecoava em toda a rua. Era uma música comum: muito animada, palavras pouco significativas, auto tune, uma batida compassada e uma voz de cantora estridente. Estacionou o carro e viu o casarão da festa: era uma grande casa com palmeiras. Estava de portas abertas, cheia de gente entrando e saindo.

Assim que visualizou o ambiente, PJ pensou que suas definições de caos acabavam de ser atualizadas. Em todo o lugar havia gente. Gente se beijando, gente dançando, gente bebendo, gente vomitando, gente cometendo loucuras. O loiro se perguntou onde estaria sua irmã em meio àquele mundaréu, e logo achou a resposta. Teddy estava dançando com aquele sorriso mobilizando seus lábios radiantemente e o cabelo solto sacolejando freneticamente. PJ sorriu suavemente e sentiu o amor apertar em seu coração.

Foi até a sua irmã e disse a ela que já era hora de irem para casa. Ela o viu e sentiu que ainda era cedo, mas logo acatou o recado da mãe.

Assim, foram caminhando lado a lado até o carro, ela levemente embriagada e ele, apreensivo.

– E então, se divertiu? – ele perguntou, abrindo a porta do carro para ela (não que estivesse sob muito teor alcóolico, embora esse fosse um dos fatores).

Ela sorriu maliciosamente.

– Ô hein, muito.

Ele franziu a testa, enquanto afivelavam os cintos.

– Você bebeu muito?

– Não, só um pouco de tequila – Teddy respondeu indiferente.

– Copos ou goles? – ele franziu a testa de novo.

– Dois copos.

– Caramba – ele olhou surpreso para ela, deixando um silêncio incômodo pairar sob eles.

Seguiram em silêncio durante aproximadamente cinco minutos, sem nada para conversar, mas PJ fez um comentário um pouco infeliz.

– Há uns anos atrás eu nunca teria esperado que a minha irmãzinha fosse beber assim.

Teddy olhou indignada para ele e respondeu:

– Do jeito que você fala parece que eu sou uma bêbada!

– Não foi o que eu quis dizer.

– Pois escolha suas palavras com mais cuidado – ela bufou e revirou os olhos.

– Desculpe – PJ pediu humildemente, sendo ignorado pela irmã – Desculpe – repetiu.

– Só me leva pra casa.

– Você está um saco hoje, caramba.

– Ah, eu estou um saco hoje? Você me chama de bêbada e eu é que estou um saco hoje? Vê se olha pra si mesmo, né moleque! Não posso nem tentar me divertir, você estraga tudo!

– Eu não estrago tudo sua idiota, é você que faz isso. Eu podia estar sentado confortavelmente lá em frente à TV, mas não, eu tenho que buscar Madame Capricho na porcaria da festa dela.

– Olha a boca! Quer saber? EU VOU SOZINHA! – Teddy destravou sua porta e saiu do automóvel, caminhando furiosamente calçada afora. PJ estacionou o carro rapidamente e correu atrás da irmã, para tentar reparar a situação.

Ela percebeu que ele tinha começado a correr atrás dela, e eis que ela começa a correr em disparada, mais e mais, mundo adiante, cada passo um arrastão sôfrego, uma tentativa de se desvencilhar daquele que só lhe queria bem.

PJ corria num ritmo mais rápido do que o de Teddy; contudo, quando ele se aproximava da irmã, ela dava um jeito de jogar seu peso para frente, ele desacelerava e ela voltava a correr. Foi nesta sequência de fatos que tornou-se claro para PJ que ela não estava escapando dele apenas por conta da discussão do carro, tudo aquilo devia-se a um motivo superior: o desejo ardente de Teddy de escapar de PJ, por conta de tudo que ele representava. Ela estava se libertando, desprendia as amarras que a prendiam a ele, por isso também ficou claro para PJ que o sentimento que ele nutria por ela era recíproco.

Teddy estava indo embora. Ela não sentia raiva do irmão ou da família, ou de si mesma. Ela estava se libertando, correndo, correndo, correndo... Deixando todo o seu amor e seus vícios para trás para sobreviver. Aqueles conjuntos de dias e sofrimentos estavam acabados, e ela só podia desejar felicidade para PJ; porque a felicidade de deixar-se ir a atingiu como uma bala nas costas.

A loira pegou um táxi e foi até sua casa, já estava de dia. PJ chegava naquele exato momento. Ele foi para o quarto da irmã e a encontrou lá, arrumando suas malas, e então se fez um breve instante de confusão.

– Pra onde você vai? – PJ perguntou.

– Vou ser mochileira por aí. Provavelmente vou pra Finlândia ou algo assim.

– Mamãe vai pirar.

– Eu sei. E por favor, só entregue isto pra ela quando eu estiver longe, okay? – Teddy estendeu a ele um pequeno envelope com uma letra caprichada. PJ assentiu.

– É bom ir embora? Deixar as coisas irem?

– Sim! É maravilhoso! Você se desapega, não pensa no que vêm depois e... – ela sorriu maravilhada.

– Eu espero algum dia ter ousadia pra fazer isso – o menino disse, suspirando.

Teddy sorriu sem jeito.

– Boa sorte, irmão. De verdade. Precisa de um pouco de ousadia. Mas depois que você consegue, é tipo, muito bom!

Eles sorriram e ficaram se encarando, mudos. “Adeus”.

– Sabe – PJ começou a falar -, eu queria ter algo poético ou assim pra falar, mas sei lá, não tenho. Nós somos irmãos e eu penso em você de um jeito a mais – ela desviou o olhar, incomodada – ah, vamos lá, Teddy. Nós dois sabemos disso. E até pouco tempo atrás você sentia a mesma coisa por mim, por isso quer ir embora. Antes eu achava que era covardia, mas reconheço que é coragem. E você sempre vai ser mais corajosa que eu, e mais bonita, e mais inteligente, e mais intensa – ele riu – na festa, você neste vestido, eu confesso que meus pensamentos beiravam à obscenidade. Você é linda.

O que restava de apego no interior de Teddy a fez derramar lágrimas quase imperceptíveis.

– Eu te amo, PJ – a loira disse – de todas as maneiras possíveis.

PJ se satisfez e sorriu um sorriso sem dentes, apenas com as ondulações labiais. Teddy pegou sua mochila, colocou nas costas e começou a caminhar, enquanto seu irmão ainda fitava o vácuo antes ocupado por ela. Subitamente sentiu uma onda de eletricidade e a tão almejada coragem preencher seu corpo, e pensou na imagem de Teddy dançando na festa, pois naquela momento ela significava tudo, em Charlie, se divertindo com seus bonequinhos, em Gabe, assistindo à TV com a língua afiada, em Toby, que não parava de chorar, em sua mãe, sempre tão esforçada, em seu pai, sempre tão honesto, em Emmett, sempre lhe proporcionando assistência quando precisava, e finalmente em Teddy de novo, em todos os estágios de sua vida. E então PJ se sentiu preso numa concreta e interminável corrente, que lhe prendia a todos os seus entes queridos, e soube que era amado e que era um ser humano maravilhoso.

Ele podia ter nascido como uma bactéria ou uma pedra em qualquer outro planeta de qualquer galáxia nesta vasta amplidão do Universo, ou como a poeira da cauda de um cometa condenado a vagar até sua destruição, mas não, ele nasceu como um ser humano, e não apenas um ser humano, um ser humano que vive na melhor época da história dos seres humanos: ele podia conhecer pessoas maravilhosas, comer comida de todas as culturas, ir aonde quisesse e fazer feitos magníficos. Cada respiração e cada escolha o levaram até o lugar onde estava, portanto não poderia desperdiçar um momento tão precioso como aquele.

Permitiu que a coragem se concentrasse em seu interior e movesse suas pernas e seus braços. Era sua vez de correr e fazer o que queria. Saiu para o corredor, encontrou a irmã e puxou-a para o quarto. Ele sabia que era pecado, mas não queria parar, era necessário. Fechou a porta, a menina boquiaberta, e se inclinou para dar o melhor beijo de sua existência.


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Notas finais do capítulo

No final dessa eu até que fui boazinha, na versão original eles morrem xD
Bjss *3*