My Daddy Is Zeus escrita por Rookie


Capítulo 10
X – Saliva.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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– Capítulo Dez 

Saliva.

Decidi que seria melhor nós irmos para meu apartamento para tomar um banho e dormir um pouco antes de seguir viagem. Naruto não parava de reclamar o quanto estava com fome, e aquilo me irritava profundamente. Não o culpava. Sabia que era Afrodite. Ela tinha o poder de conseguir me irritar profundamente e deixar essa áurea comigo.

Sasuke não falou comigo todo o percurso do Starbucks até a minha casa. Nem depois disso também. Ele parecia estar preocupado com algo, mas pelo visto não queria compartilhar. O que fez uma sensação desconfortante passear pela minha mente. Agora que eu estava me dando conta de que não conhecia nada sobre Naruto ou Sasuke, tirando as banalidades como afiliação grega, sobrenome e idade – talvez até algumas manias –, mas era só isso. Nós não tivemos tempo de sentar e compartilhar coisas, não que eu gostasse de falar sobre minha vida, mas talvez, assim como eu, eles precisassem de alguém pra conversar às vezes.

Quando abri a porta do meu apartamento, dando passagem para os dois entrarem e respirei o ar adocicado do spray automático de fragrância percebi o quanto minha vida estava uma loucura. Parecia que fazia anos que não colocava meus pés naquela casa, mas só tinha passado uma semana. Eu tinha descoberto o que sempre quis, sabia quem eram meus pais, onde era o meu real lugar e porque de nunca me encaixar nas coisas normais de adolescentes. Agora, sentada no meu sofá branco com desenhos de estrelas e caveiras que eu mesma desenhava com caneta permanente quando estava entediada, não importava o grande mistério que por trás daquela missão ou a história terrível que Afrodite tinha falado, eu estava feliz.

– Uau! Esse apartamento é mesmo todo seu? – Naruto perguntou. Eu assenti. – Mamãe nunca me daria um desses.

– Você conhece a sua mãe? – Perguntei. Eu achava que nenhum semideus conhecia seus pais.

– Claro que eu conheço. Que pergunta boba. – Naruto disse jogando-se no outro sofá.

– Achei que não podíamos conhecer nossos pais. – Disse olhando para Sasuke que tinha se escorado na parede. Ele saberia explicar melhor que Naruto.

– Quem disse essa idiotice pra você? – Naruto riu. Mas depois voltou a ficar sério. – Desculpe, esqueci que você é novata. Não teve tempo para o reconhecimento de Karin, estava ocupada demais acertando um raio nela. – Ele voltou a rir.

– Não fiz por querer, foi um acidente. – Sussurrei.

– Só conhecemos nossos parentes mortais. Os imortais só vemos nas excursões que Quiron faz no Olimpo, mas eles não falam com a gente. – Sasuke respondeu.

– Por que eles não podem falar? São nossos pais!

– Foi seu pai quem impôs essa lei. Os deuses não podem falar com seus filhos semideuses e muito menos os ajudar. Zeus achava que eles fugiam de suas obrigações como Deus para viver como mortal comum.

– Que irônico. – Ri em deboche. E um trovão soou em cima de nós.

– Tem comida por aqui, Sakura? – A barriga do loiro roncou alto como se estivessem combinado.

– Deve ter alguma coisa na geladeira. Sinta-se em casa. – Dei de ombros. Eu não costumava comer em casa, mas sempre deixava uma porcaria instantânea para alguma emergência. Eu era péssima na cozinha! Normalmente minha vizinha Shion me trazia algum de seus pratos, e era assim que eu sobrevivia.

Naruto levantou-se e foi para a cozinha, deixando-me a sós com Sasuke. Diferente da sensação animada da vez em que ele me mostrou o meu chalé, agora eu sentia um aperto na boca do estomago como um leve formigamento de ansiedade. Eu não sabia como me portar na frente dele. Por que ele tinha me beijado? Eu parecia mais um garoto. Sasuke parecia ser o tipo de cara que curtia gostosonas lideres de torcida, não uma esquisita de cabelo rosa cheia das superstições. (não sei se já citei aqui que eu era viciada em amuletos que espantam o mal) Karin parecia fazer o tipo dele. Karin parecia ser a namorada dele. Então por que ele tinha me beijado?

Estiquei meu braço para pegar as canetas permanentes em cima da mesinha onde ficava o telefone e o papel com os números de cobranças que eu nunca deveria atender. Tinha só três cores; preto, prata e rosa. Eu sempre desenhava a mesma coisa no sofá em sequências diferentes e ângulos diferentes. Mas quando comecei a desenhar, involuntariamente, desenhei um raio. Mordi minha língua para não gritar um palavrão tão alto que até os pombos do Central Park se assustariam. Eu fazia aqueles desenhos há quase cinco anos seguido, o sofá era levado para todos os lugares em que eu me mudava, nunca poderia mudar a sequencia e nem acrescentar nenhum desenho novo. Era a regra que eu tinha estabelecido.

Sasuke tirou as canetas da minha mão quando notou meu olhar sanguinário para o sofá. Eu deveria estar mesmo parecendo uma maluca. Talvez fosse hora de pegar meus amuletos da sorte de novo. Ele os colocou de volta no mesmo lugar, sabia que nós precisávamos conversar. Não éramos nada um pro outro, mas não podíamos ignorar o beijo que tinha acontecido. Sasuke reconhecia isso.

Olhei para cima encontrando os olhos negros dele. Pareciam galáxias distantes como as que eu desenhava no meu sofá.

Como um menino desses me beijou?

Beijou.

Trocar saliva. Misturar o nosso DNA grego cheio de poderes.

Você sabe... Coisa normal entre adolescentes.

– No que você está pensando? – Perguntou.

– Saliva. – Respondi rápido. Ele riu. Foi à coisa mais bonita que eu poderia imaginar. Era rouco e com uma pitada de algo diferente que eu não sabia que era. Corei.

– Você é estranha.

– Já escutei isso muitas vezes. – Dei de ombros.

– Sobre o lance no carro... – Ele começou, mas eu não queria escutar o quanto arrependido ele estava. Então tratei logo de cortá-lo a tempo.

– Foi um erro! Eu sei, e não me importo. – Olhei para o outro lado da sala. – Alem do mais você tem namorada.

– Eu tenho uma namorada? – Disse fazendo-se de desentendido. Ele estava brincando comigo. Que patético.

– Sim. Ruiva. Olhos castanhos. Gostosa. Você sabe!

– Karin não é a minha namorada. Não vou negar que já ficamos, mas isso não é de importância agora.

Embora eu tivesse ficado um pouco irritada demais com o comentário dele, suspirei aliviada por saber da verdade – ou parte dela. – É claro que essa não será a parte em que ele declara o amor incontrolável dele por mim como nos filmes românticos, afinal nem nos conhecíamos direito. Só que algo dentro de mim se remexeu ao imaginá-lo dizendo coisas bonitas para mim. Eu nunca tinha me apaixonado antes, não sabia como era a sensação, só sabia que seria inexplicável quando acontecesse.

Sasuke sentou-se do meu lado, tocando com as pontas dos dedos a minha bochecha e então passou os dedos sobre meus lábios meio ressecados. Eu sempre tinha sido a garota atrasada. Quando as meninas começaram a usar sutiã, eu ainda não tinha seios para eles. Quando começaram a participar de pequenas confraternizações, eu ainda ficava trancada dentro do quarto brincado de boneca. Quando começaram a transarem feito cadelas no cio, eu ainda não sabia nem o que era beijar. Dessa vez não seria diferente. Quando Sasuke beijou-me pela segunda vez naquele dia, eu só consegui raciocinar uma coisa antes de cair em seu encanto; Um filho de alguma garota da minha idade tinha acabado de nascer, enquanto pela primeira vez, eu estava aprendendo o que era o amor.

(...)

Trocamos um pouco mais de saliva antes de Naruto vir da cozinha com quatro pratos de macarrão instantâneo. Aparentemente, dois era dele e os outros dois para mim e para Sasuke. Não reclamei. Nunca tive um bom apetite e se ele não tivesse feito provavelmente teria estragado no armário.

Comemos em silencio assistindo um programa de talentos ridículo na televisão. Naruto tinha engasgado duas vezes por rir com a boca cheia, e isso me fez ficar em alerta. Eu não queria que ele morresse logo na minha casa.

Vez ou outra ele fazia um comentário idiota, mas minha cabeça estava muito longe dali. Talvez em um mundo paralelo que eu ainda pudesse estar beijando Sasuke. Droga! Esse lance de beijo vicia.

Depois que os meninos encontraram aleatoriamente na tevê o filme 300 sobre a liberdade dos gregos antigos decidi que era hora deu dormir um pouco. Eu estava esgotada, embora não tivesse feito nada – exceto aniquilar a tia Edna. Sempre gostei de dormir a tarde inteira e agora eu estava virando noites.

Dormi imediatamente quando coloquei minha cabeça sobre meu travesseiro fofo.

Sonhei que estava na casa grande outra vez. Só que agora, eu estava dentro de uma sala pequena e abafada, cheia de fotos de adolescentes e frisbee grudados na parede. Sentado na cadeira estava Dionisio de frente para Quiron em sua cadeira de rodas. Pareciam estar discutindo alguma coisa, mas eu estava longe e não conseguia escutar.

Aproximei-me para poder escutar alguma coisa. Eu sabia que eles não podiam me ver.

– ...E isso poderia ser perigoso não acha? – Quiron perguntou.

– Bobagem. Ela pode superar essa infelicidade. – Dionísio respondeu meio amargurado.

– Deveria ter falado a verdade antes de mandá-la para longe.

– Isso faria ela se acovardar, centauro.

– Ela é uma líder nata. Sairia sem excitar.

– Você está insinuando que não a conheço suficiente?

– E conhece? – Quiron perguntou sorridente. Não, não conhece! Eu quis gritar, mas antes que Dionisio pudesse responder o sonho se dissipou.

Agora eu estava perto de um chafariz. Sentado sobre um trono parcialmente improvisado, um homem de cabelos loiros e olhos verdes brincava com uma faca revestida a couro preto, rodando-a na mão constantemente.

O sorriso exibicionista no rosto mostrava que algo tinha dado muito certo para ele. Bom, exceto sua orelha. No lado esquerdo de seu rosto uma faixa branca tinha sido enrolada, e sangue fresco sai de lá. Eu não tinha visto o que tinha feito aquilo, mas sabia que aquele homem não podia mais escutar do lado esquerdo.

– Vou destruir você Helena. Da mesma forma que me destruiu.

Ela gargalhou. Toda a beleza que possuía tinha sumido. Ele parecia obscuro agora, as trevas o tinham consumido.

– Não importa quantas vezes volte para este mundo. Eu farei com que retorne a morte!

Abri meus olhos. Eu estava completamente ensopada.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem né. u-u

Beijos