Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 67
Hunt 66 - Monsters




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Não tinham tempo para pensar e absorver tudo o que haviam visto. Os dois oponentes já estavam próximos. Foi um movimento instintivo e rápido das duas criaturas. Cless tentou arranhar Bran no rosto com um movimento arqueado bem aberto enquanto Alex tentou perfurar o tórax de Edge com suas mãos. Ele conseguiu se esquivar do golpe direcionado ao tórax girando o corpo para o lado rapidamente. Bran recuou, evitando o golpe como pôde. Cless gritou enquanto seu braço se movia e o sangue voou da ponta de suas mãos. Suas unhas haviam sido arrancadas à força. O grito era de dor, isso era perceptível. A voz de Emily soou pelo local, com certa animação.

– Ah, essa dor! É bem mais divertido quando eles podem expressar isso, não é mesmo? O grito de dor dele não é bonito?

Bran se comoveu naquele mesmo instante. A voz era a de Cless, ele reconhecia perfeitamente aquele timbre desde o último encontro. A distração causada pelo comentário não o fez perceber o que acontecia na ponta dos dedos de Cless. Da carne abaixo das unhas surgia um cristal afiado em cada dedo, formando uma garra que logo acertou de raspão o rosto de Bran, cortando parte de sua face e fazendo-o sangrar. O golpe machucara tanto por fora quanto por dentro. As memórias de infância ao lado daquele que agora o enfrentava nesse estado cortavam seu coração. Talvez não devesse ter aberto tanto seu coração com a aproximação de Edge e Nina, mas agora era tarde demais. As emoções que congelava em seu coração começavam a derreter e queimar seu coração com aquela visão. Ele recuou, cambaleando para trás. Voltou seu olhar ao antigo amigo e tentou evitar que qualquer outro sentimento escapasse.

Edge por sua vez sacara suas pistolas. Preparava-se para atirar quando foi surpreendido por um movimento estranho. Dos dedos de Alex surgiram fios que se prenderam ao pulso do caçador. Com um movimento, ele foi puxado para cima de seu oponente que já preparava mais um golpe com a mão livre.

Enquanto isso, Bran preparava-se para se defender com a Purgatorio. Ainda não tinha criado a coragem para enfrentar aquela criatura à sua frente. Tinha se tornado mais fraco emocionalmente graças à convivência com Edge e Nina e aquilo teria seu preço. Sem sua máscara emocional, ele estava vulnerável a essa tortura mental e precisaria recuperar rapidamente seu controle ou poderia morrer. O pensamento de morte passou por sua mente rapidamente e foi substituído pela vontade de acabar com Emily. A causadora dessa situação era ela e sua raiva apenas crescia a cada segundo. Para acertá-la, precisariam derrotar os dois. O dilema era cruel como a situação e o colocava em uma situação em que precisava decidir logo o que fazer. Os ataques de Cless continuaram acertando as garras contra a Purgatorio. As garras iam se quebrando aos poucos ao mesmo tempo em que novamente cresciam do buraco que se tornara a ponta dos dedos daquela criatura. Com cada renovação das garras o grito de dor recomeçava e era logo substituído por mais uma onda de ataques frenéticos.

Com cuidado Edge avançou contra Alex. Estava com uma das mãos presas e precisaria se soltar rápido, estava em uma situação perigosa. Não era capaz de recuar muito graças aos fios. De alguma forma, Edge sabia. Eram do mesmo material de suas adagas. Sephiroths. De alguma forma, aquelas cordas eram cristais maleáveis que Alex manejava saindo de suas mãos azuladas. O caçador logo notou que aquelas cordas eram criadas a partir do centro do hexágono em sua mão. Deduziu então algo bastante assombroso. Virou-se para Emily e começou a falar:

– Você! Como pôde-

E foi interrompido. A mulher logo completou sua frase.

– Como puder ter usado a garota? A devoção dela parecia tão grande que eu achei justo unir os dois, por que não? Agora ela está na pele dele, encrustada nesses hexágonos. Garanto que está mais feliz agora do que sem ele!

A risada da mulher fez Edge estremecer. Cada palavra daquela mulher soava como uma navalha em seu corpo. Se ele tivesse menos sorte poderia ser um dos experimentos dela e acabar como Alex. O sentimento que sentiu quando se descobriu um Knight retornou com força naquele momento num misto de pena e frustração. Ver o sofrimento de Cless e Alex diante daquela experiência ao qual foram submetidos só o deixava ainda pior. Precisava reagir e rápido contra o ataque de Alex. Silencioso, o antigo assassino preparava-se para mais um golpe.

Edge preparou a pistola com sua mão livre e disparou contra a corda. A bala explodiu no cristal sem causar dano algum. Como reação, Edge guardou a pistola rapidamente e sacou sua adaga. Tinha uma ideia que talvez pudesse ajudá-lo. Desferiu um golpe contra a corda que o mantinha preso a Alex e finalmente conseguiu se livrar daquele golpe. Aproveitou que estava livre e preparou-se para o combate. Com uma das mãos, uma pistola. Na outra, uma adaga. Dessa forma teria proteção contra as cordas e poderia atacar de longe tranquilamente. Era preciso tomar cuidado de qualquer forma. Recuar e planejar um ataque pareciam as atitudes corretas, mas não tinha tempo para parar o ataque frenético de Alex. Com suas mãos, procurava acertar Edge sem parar em golpes rápidos mas que seguiam um ângulo bem aberto, facilitando a evasão.

Bran por outro lado preparava-se para revidar. Tinha criado coragem. Seu amigo não estava mais lá. Embora o corpo sofresse, com certeza aquela criatura já havia deixado de ser aquele que lembrava em sua infância. Respirou fundo e avançou com a Purgatorio. Desferiu um golpe vertical de cima para baixo que foi evitado por muito pouco pela criatura que, colocando-se com os quatro membros no chão, esquivou-se correndo. Fugindo em uma trajetória que Bran não conseguia antecipar graças às curvas bruscas que fazia, a criatura criou distância e preparou suas garras, dessa vez, maiores. Bran preparou-se para avançar e atacou novamente. A velocidade de Cless o deixava em uma situação de desvantagem clara. Enquanto tentava atacar com a Purgatorio Cless já havia recuado e preparava um contra ataque. Bran então aguardou o movimento e defendeu-se com a parte de trás da Purgatorio, fincando-a no solo e girando o pulso para abri-la. Assim que ouviu o choque das garras de Cless com o metal rígido daquela espada, Bran sacou as espadas gêmeas e girou o corpo ao redor da enorme espada, ficando de frente com Cless e lançando uma rajada de cortes. O oponente foi pego de raspão por alguns cortes mas esquivou da maioria, recuando assim que possível. Finalmente tinha acertado Cless. Preparou-se para atacar novamente, avançando com as duas espadas cruzadas à sua frente.

Foi quando observou Cless gritar de forma diferente. Da palma de suas mãos surgiram duas lâminas. Lâminas de cristal, como as garras. Cobertas de sangue, aquelas duas protuberâncias cristalinas pareciam extremamente afiadas. O choque pela lembrança da espada atravessando a mão de seu amigo em seu último combate o deixou paralisado por um momento, momento esse que foi aproveitado por Cless para avançar e cortar Bran no braço. Era um corte profundo que sangrava bastante, mas Bran não se deixou sequer gemer de dor. Engoliu em seco e se preparou para revidar à altura.

Edge assistiu a tudo quieto. Tinha seus próprios problemas para lidar, mas aquela cena o chamou a atenção. Virou-se para observar o ferimento de Bran e logo voltou à sua luta, transtornado. Foi quando percebeu que não havia mais oponente à sua frente.

Não via nenhum sinal daquele que um dia foi seu oponente. Olhou em volta, assustado, procurando uma forma de encontrá-lo, sem sucesso. Passou os olhos por Emily que, ainda encostada, deliciava-se com a cena. Procurou por toda parte até encontrar um sinal de que a luta não havia acabado.

Uma adaga de cristal voando em sua direção que ele conseguiu se esquivar por pouco e o acertou no ombro.

– Droga…


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