[CANCELADO] Pokémon Universe escrita por Pedro Verri Barboza


Capítulo 16
Outro Pesadelo!




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Tudo que eu me lembro era de estar em uma clareira bem no meio de uma floresta sinistra e escura, com árvores sinuosas que pareciam se mover com vontade própria. Eu estava sozinho, assustado e muito nervoso.

E de repente, começou a chover. Então vieram os trovões e relâmpagos, e com eles, uma movimentação nada usual começou no meio das árvores. Eram barulhos horripilantes, como o de um osso se quebrando. A princípio o barulho era bem distante e alheio, mas ele foi se aproximando e ficando cada vez mais alto, eu já imagina que, seja lá o que fosse, ia pular do meio das árvores para me atacar a qualquer instante.

Passei a mão pelo cinto, onde eu carregava minhas pokébolas, mas elas não estavam ali. Um calafrio assombroso percorreu minha coluna e agora o barulho vinha de todas as direções, seja lá o que fosse, eram vários que me cercavam.

Um trovão estourou próximo dali e no clarão causado, eu vi o que me cercava. Eram árvores secas, compridas e altas, que no lugar de raízes tinham várias pernas de aranha e braços com mãos fantasmagóricas. No topo do caule, três chifres salientes ficavam logo acima de um único olho vermelho e brilhante.

O susto que eu levei ao ver aquelas aberrações foi tão grande, que quando eu vi, estava de volta à gruta onde David e eu havíamos encontrado abrigo no meio da chuva; foi apenas um pesadelo.

Passado o susto, vi que do outro lado da fogueira, David estava com um olhar assombrado. Quando fui estender a mão para chamar sua atenção, um toco de madeira flutuante pairou entre mim e ele.

Talvez fosse um efeito retardado do pesadelo, pois quando Phantump apareceu e começou a falar coisas incompreensíveis, como a maioria dos pokémons faz, eu deixei escapar um grito de agonia que ecoou por toda a caverna. Mas funcionou bem para tirar David do transe.

David: A-Apolo?

Apolo: Desculpa, eu... acabei de ter um pesadelo e esse toco de madeira voador me assustou.

David: Você teve um pesadelo também?

Apolo: Tive. Você sonhou com o quê?

David: Eu estava em uma clareira na floresta e essas árvores sinistras começaram a vir na minha direção...

Apolo: Igualzinho ao meu pesadelo!

David: Não pode ser coincidência...

Apolo: Não, eu acho que foi esse pokémon fantasma em quem não devíamos ter confiado!

Eu não havia percebido até então, mas desde que tinha me assustado quando tentei chamar por David, Phantump estava agitado e flutuava de um lado para o outro abanando suas mãozinhos frenéticamente. Ele gritava alguma coisa que era impossível entender, mas era possível sentir o medo em sua voz.

David: Você acha que ele fez isso para nos acordar?

Apolo: Não sei, mas ele parece que quer nos dizer alguma coisa.

David: Toda essa tecnologia da Pokédex hoje em dia, mas nenhuma que traduz pokemonês.

Phantump deve ter desistido de tentar fazer contato, porque simplesmente saiu correndo, ou melhor voando, da caverna em direção a floresta.

David: Vamos atrás dele!

Apolo: De novo?

David: Você ainda não confia nele? Ele nos trouxe para um abrigo no meio de um temporal.

Apolo: Eu..! Tá bom, vamos seguí-lo.

Apagamos rapidamente a fogueira que havíamos acendido e eu peguei meu casaco que secava ao lado dela. Se ele havia secado, mesmo que um pouco, estava prestes a se molhar de novo agora.

Entramos na floresta pelo mesmo caminho que Phantump. Tentavamos ser rápidos para poder alcança-lo, mas era impossível. Ainda chovia muito, mesmo entre as copas espessas das árvores, e todo o lugar havia virado um pântano.

Se perder em uma floresta fechada como aquela é muito fácil e alguns minutos depois, já não sabíamos mais por onde havíamos vindo, nem para onde deveriamos ir a seguir. Sei que andamos por quase uma hora até encontrar uma clareira no meio das árvores. Nossa primeira reação foi correr até lá para tentar encontrar algum ponto de referência, como uma montanha ou as luzes da cidade.

Foi em vão. Chovia tão forte que era impossível se ver qualquer coisa a distância, e na clareira a chuva era ainda mais espessa e forte do que dentro da floresta.

Apolo: E agora, David? Não deviamos ter saído ter saído da caverna...

David: Shh!

Apolo: Tá me mandando calar a boca?!

David: Não! você não tá escutando esse barulho?

Apolo: Barulho...

David tinha razão. Mesmo com a o barulho da chuva, do vento e da minha respiração pesada pelo cansaço, lá no meio da floresta era possível ouvir um barulho distinto. É difícil explicar com o quê o barulho se parecia, mas vou tentar descrever assim: alguém balançando um saco cheio de ossos e folhas secas.

Aos poucos, o barulho foi se aproximando, parecia que vinha de todos os lados da floresta e essa situação estava ficando preocupantemente familiar.

Então apareceram, no meio da floresta, vários pontos vermelhos se moviam de um lado para o outro. Consegui contar 8 deles, por algum motivo, eu estava rezando para que fosse uma aranha desengonçada gigante que estivesse ali, porque se fosse o que eu achava que era, seria muito pior.

David: Apolo, é igual no pesadelo...

Apolo: Não fala isso, David, a situação já está bastante ruim...

Os pontos vermelhos foram se aproximando lentamente, e lentamente deixando a floresta para entrar na clareira, eu pude ver a quem pertenciam. Desejaria que não pudesse, pois as criaturas que agora estavam diante de mim, eram iguaizinhas as do meu sonho, só que menores. Apesar de ainda serem assustadoras, já era um alivio.

David: E agora, Apolo? Eles estão se aproximando...

Apolo: Bom, agora nós lutamos...

David: Certo, não temos outra saída.

David tinha razão, estavamos cercados de todos os lados por árvores com vida própria. Chamamos nossos pokémons para fora da Pokébola, e naquela noite escura, o brilho emanescente das Pokébolas eram cegante, mas Pichu e Dratini estavam prontos para a luta. Ou quase, já que Pichu ainda estava com os ferimentos causados pelas farpas das ávores e pelo treinamento intensivo que passara durante a tarde, e Dratini ainda estava cansado depois da batalha com Meditite.

David: A-alguma ideia de contra que estamos lutando?

Apolo: Nenhuma.

David estava tentando parecer confiante, mas era possível sentir o pavor em sua voz. Não podia culpá-lo, a situação não era das melhores.

Dessa vez ele foi mais rápido que eu e sacou a Pokédex em segundos para checar o que eram aquelas coisas, se é que eram pokémons...

Pokédex: Trevenant é a forma evoluída de Phantump e é conhecido por prender na floresta qualquer um que invada seu território. Uma lenda urbana diz que os Phantump evoluem em Trevenant quando perdem a esperança e se tornam malígnos.

Apolo: Eu sabia, aquele Phantump estava nos enganando esse tempo todo!

David: Não é hora para isso, Apolo! Eles vão atacar!

Eu não havia percebido, mas David tinha razão mais uma vez. Aparentemente os Trevenants não gostaram da ideia de termos chamado nossos pokémons, pois agora eles estavam agressivos e avançavam para atacar. E nós avançavamos para contra-atacar.

David: Pichu, Volt Tackle!

Apolo: Dratini, Twister!

Era a primeira vez que eu via o novo golpe de David e Pichu em ação. A princípio, não parecia ser muito diferente de um Quick Attack, mas enquanto Pichu corria em direção ao alvo, uma luz amarelada apareceu ao seu redor e pode-se ouvir barulhos de faíscas; era óbvio que aquela luz era pura eletricidade. Pichu derrubou um Trevenant com sua investida poderosa, mas ele logo se reergueu.

Dratini por outro lado, derrubou três Trevenants com seu Twister, o tornado tornou-se mais forte por causa da chuva e do vento, mas eles já se punham de pé novamente. Para piorar a situação, além dos oito que haviam chego primeiro, agora haviam cerca de doze Trevenants nos cercando, e cada vez chegavam mais.

Os Trevenants atacavam usando investidas e golpes a distância, então foi uma questão de tempo até o Pichu ser vencido e depois nocauteado no chão, fazendo com que David tivesse que chamá-lo de volta para a pokébola. Dratini estava se dando bem atrasando os Trevenant com Twister, mas eles estavam em um número muito maior e logo Dratini também foi vencido.

David: Apolo, chame o Zangoose!

Apolo: Não adianta, são muitos!

David: O que a gente faz, então?

Antes que eu pudesse responder – tudo bem, porque eu ia responder “esperamos e morremos” mesmo – e antes que os Trevnants avançassem ainda mais em nossa direção, um Phatump começou a pairar entre nós e os Trevenans.

Apolo: Um Phantump..?

David: Será o mesmo de antes?

Apolo: Mas o que ele está fazendo aqui?

Phantump parecia estar conversando com os Trevenant, mas por outro lado, ele não parecia estar confiante. Pelo tom que usava, mais parecia que o Phantump estava... apavorado. Mesmo assm, ali estava ele, cara-a-cara com duas duzias de Trevenants.

Phantump gesticulava e fazia ruídos incompreensíveis na direção dos Trevenant e eu não compreendia uma só coisa do que ele dizia. Enfim, após um minuto ou dois – que custaram a passar – os Trevenants começaram a recuar de volta para floresta.

David: O que aconteceu aqui?

Apolo: Acho que nunca vamos saber...

Agora estávamos apenas David, Phantump e eu na clareira e a chuva havia dado uma trégua, já não chovia mais. Percebi que era a hora perfeita para procurar por pontos de referência. Mesmo com o céu ainda cheio de nuvens, deveria dar para ver as luzes da Cidade de Zeon dali.

Apolo: David, consegue ver a Cidade de Zeon agora?

David: Hm, não. Nem sinal dela.

Ele tinha razão, não havia nem sinal da Cidade de Zeon. Estava tudo na mais completa escuridão. Bom, pelo menos havia parado de chover.

Eu tinha quase me esquecido que Phantump ainda estava ali conosco, até que ele se virou em nossa direção, e eu percebi que ele tinha lágrimas nos olhos. Será que ele havia chorado enquanto confrontava os Trevenant? Ele mexeu seus bracinhos frenéticamente e depois entrou na floresta.

David: Seguimos?

Apolo: Seguimos.

A floresta ainda estava lamaçenta e acompanhar o Phantump foi difícil como sempre. Depois de andarmos por cerca de um quilômetro, eu acho, as árvores começaram a ficar mais escassas, e o chão menos macio. Quando dei por mim, estávamos nos arredores da Cidade de Zeon. Porém, a cidade toda estava mergulhada escuridão.

Apolo: O que aconteceu?

David: Acho que houve um apagão. Sabe, por causa da chuva.

Apolo: Ah, não importa. Estamos de votla na cidade, finalmente!

David: Graças ao Phantump...

Apolo: Pois é, você tinha razão. Eu estava enganado sobre ele.

Aquele Phantump não só tinha nos ajudado a encontrar abrigo na chuva, como também nos salvado de uma horda de Trevenants e nos trazido de volta para a cidade. Eu estive enganado sobre ele o tempo todo, e eu estava tão agradecido que pensei em capturá-lo para ser meu pokémon.

David: Eu vou capturá-lo!

David provavelmente tinha pensado a mesma coisa que eu, mas ele tinha sido mais rápido, e eu não contestei, Phantump estaria em boas mãos se estivesse com David. Ele pegou uma pokébola do cinto, ainda do tamanho de uma bola de golfe, e apertou o botão central, fazendo-a expandir ao tamanho de uma bola de tênis.

David: Então é isso.

Apolo: Vai nessa.

Ele jogou a pokébola na direção de Phantump, e quando ela tocou no pokémon, ele se transformou em luz e foi sugado para dentro da pokébola. A pokébola caiu no chão, chacoalhou algumas vezes e se acalmou. Phantump havia sido capturado por por David.

David: Consegui!

Apolo: Parabéns, amigo!

Era bom finalmente ter uma luzinha de felicidade naquela noite terrível e escura. E falando em escura, a Cidade de Zeon ainda estava em completa escuridão, mas precisávamos ir ao Centro Pokémon o quanto antes.

Apolo: David, temos que ir para o Centro Pokémon agora! Dratini e Pichu precisam de tratamento.

David: Ah, sim, temos!

E nós tentamos, mas era difícil se localizar na cidade com todas as luzes apagadas. Andamos e andamos por quase uma hora e finalmente encontramos o Centro Pokémon, na completa escuridão. Mas a porta automática da entrada se recusava a abrir pela falta de luz e era impossível dizer se havia alguém lá dentro.

Estavamos desamparados e perdidos no meio da enorme Cidade de Zeon, a noite e na mais completa escuridão, e ainda estavamos ensopados. Parecia que toda a esperança havia ido água abaixo, junto com a chuva

David: E agora, Apolo?

Apolo: Eu não sei, David.

David: Não podemos ficar aqui esperando. Tem que ter outro lugar onde possamos levar Pichu e Dratini!

E então eu me toquei, havia outro lugar onde podíamos levá-los! Não era muito longe dali e parecia um plano especialmente bom no momento.

Apolo: David, podemos ir ao Ginásio!

David: Ao Ginásio? Para quê? Será que estão aceitando desafios a essa hora.

Apolo: Não para isso! Tem uma Sala de Recuperação no Ginásio, não se lembra?

David: Ah, claro! Ótima ideia, Apolo.

Apolo: Então vamos!

O Ginásio ficava algumas quadras dali, então nós chegamos lá com bastante rapidez. Para nossa surpresa, o Ginásio era o único estabelecimento com alguma luz, iluminando aquela noite sombria.

Imediatamente nós entramos no Ginásio e assustamos Jason, que estava varrendo o chão da arena.

Jason: Caramba, gente, não me assustem assim!

Apolo: Jason, que bom que você está aqui!

David: Nós precisamos usara a Máquina de Recuperação. Nossos pokémons estão feridos e o Centro Pokémon está sem energia.

Jason: Ah, tudo bem..!

Jason nos conduziu para a Sala de Recuperação. David e eu colocamos nossas pokébolas com nossos pokémons na máquina – ela tinha lugar para apenas seis pokémons, então ambos os nossos couberam de uma vez – e Jason ligou a máquina, que começou a emitir um brilho aconchegante.

Jason: Ok, garotos, agora é só esperar.

David: Ah, que bom...

Apolo: Ei, Jason, me responde uma coisa?

Jason: Claro. O que é?

Apolo: Como vocês estão com energia aqui?

Jason: Pff, tá brincando né? Aqui é o Ginásio do tipo Elétrico, não podemos deixar a energia acabar. Então temos um gerador para mantêr o Ginásio com luz em incidentes como esse.

Apolo: Oh, claro. Faz sentido.

David: E, Jason, seu pai está?

Jason: Uh, não. Ele teve que sair para uma reunião da Liga Olimpo no fim da tarde, vai ficar fora por três dias.

David: E você quem está cuidando do Ginásio enquanto isso?

Jason: Sim, sou.

Nesse momento, a Máquina de Recuperação soltou um beep, indicando que nossos pokémons estavam recuperados e prontos para mais. Jason pegou nossas pokébolas da máquina e nos devolveu nossos pokémons.

Jason: Aí está, gente.

David: Jason, eu quero te desafiar para uma batalha pela insígnia.

Apolo: O quê?!

Jason: Uh, agora?

David: É, agora.

Apolo: David, por que você está fazendo isso?

David: É um peso que eu preciso tirar do meu ombro. Além disso, não vamos a lugar nenhum enquanto a energia não voltar.

Jason: Bom, se você realmente quer, eu não posso recusar.

David: Então tudo bem!

Jason: Vamos para a arena então!

Jason e David foram direto para a arena de batalha do ginásio e eu fiz o caminho que levava até a arquibancada para assistir. Esse talvez era um dia mais louco e longo que eu já tinha tido na minha vida. A Pokédex marcava que pouco passava da meia-noite e o próximo dia começava com uma batalha no ginásio!


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