Crônicas Do Olimpo - A Ladra De Raios escrita por Laís Bohrer


Capítulo 14
A Proposta do Deus da Guerra




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Era dia 7 de Junho, o que significava que tínhamos mais duas semanas até o prazo final do solstício de verão, e também significava que ficamos quatro dias em um trem para Denver depois de recebermos conselhos de um Poodle perdido, então acho que esta faltando muita coisa tipo um porco voador nos atacar? Fala sério! Eu estava ficando paranoica ainda depois do meu nado não sincronizado no rio Mississipi e aquilo me deu vários motivos para zoar com a cara do Jake, vamos fazer um flash back?

Assim que tínhamos entrado no trem e eu havia me recuperado do choque de cair de cento e noventa e dois metros de altura e sobrevivido eu comentei com Jake algo sobre ele admitir que eu ficava fofa quando estava prestes a morrer, então ele disse algo tipo:

Erre es Korakas, Megan. – disse ele.

O que não foi difícil identificar que ele havia me mandado ir para os corvos em grego antigo, dois dias depois tínhamos gastado todo o dinheiro que pegamos “emprestado” com a medusa (Hey não nós culpe! Não foi você quem ela tentou transformar em pedra, foi?) e nossa... Como isso soa estranho.

– Não deveríamos entrar em contato com Quiron? – sugeriu Silena.

– Não temos telefone, não podemos usar telefone, lembram? – lembrei.

Bom quem me disse isso foi Benjamin, algo sobre um semideus + telefone celular, era tipo ligar um letreiro com luzes luminosas: “SEMIDEUS SUICIDA AQUI!” enfim...

– Acho que é hoje que o olimpo vai cair. – disse Jake.

– Por quê? – perguntei.

– Porque você lembrou-se de alguma coisa importante. –disse ele e eu revirei os olhos. – Mas, podemos usar M.I.

– Mensagem Instantânea? – perguntei.

– Mensagem de Iris. – corrigiu Hansel.

– Precisamos achar um lava-jato. – disse Jake se levantando.

Olhei para ele como quem diz “WTF?”

– Observe e aprenda, ou no seu caso, só observe. – disse ele.

– Vá se ferrar, garoto. – falei, mas ele apenas riu.

Eu não sabia o que Jake estava pretendendo nos arrastando para cá e lá no centro da cidade, como sempre, eu me sentia observada, como se um buraco fosse abrir e me engolir para as profundezas do tártaro, claro, é exagero, mas sei lá... Tecnicamente eu perdi a batalha com a Quimera, eu estava me sentindo... Sabem aquela palavra com “F” e termina com “A”? Aquela que a Silena não me deixa usar. (Ela disse que é indecente) Enfim, eu estava me sentindo aquilo, mas então eu tomei conta de que eu apenas fugi ao em vez de lutar, isso me deixou desconfortável por uns instantes, até que finalmente achamos um lava-jato vazio.

Atentos aos carros de policia, fomos para um boxe isolado e bem afastado da rua, como simples semideuses querendo passar despercebidos tanto para monstros quanto para mortais por que um deles destruiu um monumento nacional e dois deles fugiram de um orfanato e um deles é metade bode e outro é só um resmungão mal humorado... Que não é importante.

Hansel pegou a mangueira de um compressor qualquer.

– Setenta e cinco centavos... Só me restaram duas moedas de vinte e cinco Silena? – resmungou.

– Não olhe para mim. – disse a ruiva.

Jake mexeu no bolso da jaqueta mágica e passou uma moeda para Hansel .

– Excelente! – disse o hibrido.

– O que estamos fazendo, exatamente? – perguntei finalmente.

– A deusa do arco-íris, Iris, transmite mensagens aos deuses e se agente souber como pedir e ela não estiver muito ocupada... – explicou Jake.

– Fará o mesmo com meio-sangues. – completou Silena.

– Então estamos convocando uma deusa com um compressor? – perguntei.

– Se souber um jeito melhor de fazer um arco-íris... – murmurou Hansel.

Assistimos enquanto a luminosidade da tarde se misturava na névoa e se decompôs em cores.

– Alguém tem um Dracma? – perguntou o meu amigo menino-bode.

Remexi no meu bolso e encontrei um Dracma com o rosto de Zeus, joguei para Jake que ergueu a moeda acima da cabeça.

– Iris, Oh deusa do arco-íris, aceite nossa oferenda. – disse ele jogando a moeda na tela de cores, assim que a moeda encostou-se ao arco-íris ele desapareceu.

– Colina Meio-sangue. – solicitou o filho de ares.

Então eu vi o estreito de Long Island a distancia, eu estava de frente para o campo de morangos, e ali encostada na cerca estava uma figura humana (meio deus) enfim, eu reconheci os cabelos loiros de algum lugar.

– Benjamin! – chamei e o filho de Atena se virou para nos.

Ele abriu um sorriso de orelha a orelha e veio até “nos”.

– Megan! Jake! E Silena? Vocês estão bem? – perguntou ele. – Onde esta Hansel?

– Eu estou bem aqui! – gritou Hansel virando o esguicho de um lado e entrou no campo de visão. – Como estão as coisas por ai?

– Isso não é importante, acreditam que Annie queria apostar comigo para ver qual de vocês ia morrer? Ela apostou que fosse você Megan. – contou ele.

– É... Eu estou chegando lá. – falei. – Mas vocês sabe que não precisava me contar isso, não sabe?

– É... – ele riu. – Bom, estamos lidando com alguns problemas aqui com os campistas, Kim ainda esta em depressão por causa do... Vocês sabem.

– Peter... – murmurei.

– Onde esta Quiron? Como assim Problemas? – perguntou Jake ignorando o comentário de Benjamin.

– Quiron teve que separar umas brigas, mas não era nenhuma novidade o impasse de Poseidon e Zeus, há anos esperávamos por isso, pelo menos era o que Apolo disse da última vez, os filhos de Apolo estão paranoicos e os filhos de Ares estão aponto de joga-los pelo tornozelo no Seis centésimo andar do Empire State daqui. – falou ele. – Mas pelo o que sabemos, Afrodite, Ares e Apolo estão do lado de Poseidon e Atena esta apoiando Zeus, esta tudo como na guerra de Troia, os deuses estão escolhendo lados.

– Isso é Terrível! – exclamou Silena que permanecera quieta até agora.

– Não é? Eu estou do lado dessas daí! – Jake apontou para mim.

– Cara, o que você tem contra mim? – perguntei já ficando irritada com o comportamento infantil de Jake.

– Ei! Vocês! – Hansel chamou nossa atenção.

– Mas... Qual é a situação por ai? – perguntou o Filho de Atena.

– Nada bom, resumindo primeiro uma coisa de quatro cabeças tentou nos matar, depois explodimos um ônibus com uma morcega demoníaca dentro, depois quase fomos “empredaçados”, eu disse “Oi” para um poodle que deu um dinheiro para gente pegar um trem para Denver, depois destruímos um monumento nacional, eu quase morri de cento de noventa e dois metros de altura em queda, e... Agora estamos aqui. – falei um pouco rápido demais.

– Eu queria poder estar ai, mas escute, há 47% de chance de que Foi Hades quem pegou o raio-mestre. – disse ele.

– Por que acha isso? – perguntou Silena.

– Eu tenho outro suspeito, eu estava supervisionando uma excursão no olimpo no Solstício de inverno, nos o vimos lá, mas eu ainda tenho uma pulga atrás da orelha. – disse Benjamin. – Mas Hades tem o elmo das trevas, mas isso é impossível! Deuses não podem roubar o símbolo do poder de outros deuses, ah não ser que ele tenha um cúmplice.

– É... Eu pensei nisso. – disse Jake.

– Pensou nada... – murmurei, mas ele fingiu não ouvir.

– Mas, então... – seja o que fosse que Benjamin iria falar, não podia mais, a água cessou e a sua imagem sumiu no ar.

Percebi como sentia falta do acampamento, então Silena suspirou e Hansel colocou o compressor de volta no lugar, então fomos procurar algo para jantar.

Depois de três minutos estávamos sentados, eu ao lado de Silena e de frente para Jake e Hansel do lado do filho de Ares, vozes e vozes falavam ao mesmo tempo, pessoas com seus X-burguês e refrigerantes, eu estava com fome, mas dessa vez nem tanta como antes, quer dizer... Eu estava mais com sono, meus olhos lutavam para não fechar, o que era estranho, então eu pisquei e não estava mais ali.

Era mais uma visão, e eu sabia disso porque eu vi aquela mesma menina de olhos verdes, ela parecia mais jovem, uns sete anos talvez, mas ela não estava sozinha, reconheci um garoto da mesma idade que ela com um adaga, eles lutavam, gritei para pararem, mas então a garota apenas riu quando a ponta da adaga do garoto lhe deu uma estocada.

– Um dia eu vou ter uma espada de verdade. – disse o garoto.

– Eu tenho, mas meu irmão nem deixa chegar perto dela... Ele diz que tenho que esperar a hora certa. – disse a menina.

O Menino olhou para os próprios pés.

– Ei! Vamos de novo? Dessa vez eu não te darei mole. – disse a menina dando um soco de leve no ombro dele.

– Como se você tivesse me dado mole. – disse ele.

– Como vai saber? Mas dessa vez não! – disse a menina preparando a adaga.

Então eles recomeçaram a lutar de novo...

– Ah, Não... – ouvi Jake gemer então eu abri os olhos, todos olhavam para um único ponto.

Um Ponto onde estava uma Moto Harley, um senhor que deixaria qualquer lutador da UFC sair correndo chamando a mamãe, a camisa vermelha apenas ressaltava os músculos, e vestia uma jaqueta de couro no estilo motoqueiro, ele fez um gesto com a mão e todos voltaram a fazer o que faziam antes, então uma voz nos acordou do transe.

– O que? – era uma mulher, universitária praticamente, com os dois olhos negros puxados e os cabelos negros lisos presos em um coque.

– Queremos... Pedir o jantar. – disse Silena.

– Tem dinheiro para pagar? Crianças. – perguntou a mulher.

– Eles estão comigo. – era o homem da Harley.

– Estamos? – perguntei e senti alguém me chutar por baixo da mesa... Maldito Jake.

O Homem sentou do meu lado, me senti desconfortável de repente então ele se virou para Jake.

– Pai. – disse Jake.

– É por minha conta. – disse o homem que ele chamou de Pai.

O Homem ergueu a mão para a mulher, havia uma dúzia de Dracmas, a mulher arregalou os olhos pequenos.

– Não pode pagar com isso, senhor. – disse ela .

– Acho que posso – disse ele remexendo no cinto, apenas o suficiente para deixar a mostra uma faca que carregava.

– Não pode ameaçar... – começou ela... Gente, que chata!

– Traga o jantar. – disse ele estalando o dedo, alguma coisa aconteceu, eu não sei, era como se ele tivesse hipnotizado ela.

– Sim, senhor. – então se virou e se foi.

Eu ainda me sentia desconfortável, como se quisesse arranjar briga com alguém, então percebi o jeito que Jake estava encolhido, eu nunca havia o visto daquele modo.

– Quem é você? – quebrei o silêncio.

– Megan, não... – começou Hansel.

– Você não sabe nada, garota? – perguntou o homem.

– Pai... – começou Jake.

– E você... – ele apontou para Jake. - Continua o mesmo fracote de sempre? Sabia que aquela benção não daria em nada.

Não sei o que aconteceu, eu esperava que Jake reagisse de alguma forma, mandasse aquele homem para o tártaro, depois... Espera...

– Você... É Ares, deus da guerra. – falei.

– Ótimo, você sabe quem sou, e eu sei quem você é. – disse ele.

Eu não estava gostando nada disso.

– É filha do barba de alga. – disse ele.

Tive a maior vontade de dizer “Não que isso, sou filha da cabeça de coruja”, mas então ele abaixou os óculos escuros que cobriam seu olhar, então eu não vi Iris, eu vi chamas, não como os olhos de Héstia que me fazia lembrar do lar que nunca tive, mas sim, aqueles me faziam lembrar, sangue, guerra e essas coisas... Coisas que eu acho que nem preciso comentar.

– Soube que estava por aqui e vim fazer uma visitinha. – disse o deus da guerra. – E pedir um favor.

– Por que eu faria um favor para você? – perguntei, eu não sei por que, eu queria dar um soco naquele cara que era mil vezes maior que eu... Suicídio?

– Megan, não acho que é boa ideia... – começou Jake.

– Pelo menos tem bom senso, garoto. – disse Ares para o filho.

– Não pode falar assim com ele. – soltei.

Então Silena e Hansel me olharam de um jeito esquisito do tipo que-bicho-te-mordeu, fiquei confusa, mas não ignorei o deus da guerra.

– E quem é você para achar que pode falar assim comigo? Sabe quem eu sou por acaso, pivete? – perguntou ele.

Fiquei quieta dessa vez, sem desviar o olhar.

– Ou você só age quando tem um riozinho por perto? Para o que? Seu papai te ajudar? – perguntou ele.

Agora foi longe demais, antes de eu soltar umas verdades na cara do deus, senti alguma coisa na minha mão, era a mão de Jake, seus olhos pediam “Por favor, Se controle” afastei a mão.

– O que isso te interessa? – perguntei meio grosseira.

Ares riu.

– Apenas lembre que posso te transformar em pó quando bem quiser Priminha. – disse ele.

Nesse momento a garçonete asiática voltou com uma bandeja com cheeseburguers, batatas fritas, anéis de cebola empanados e milk-shakes de chocolate e todas essas coisas.

– Pai, por favor... – começou Jake.

– “Por favor”. – Ares imitou-o. – Quando estiver em batalha, enquanto você pedir esse seu patético “Por favor”, o inimigo vai estar com uma lança na sua garganta, moleque, mas voltando ao assunto... Eu esqueci o meu escudo no parque aquático abandonado aqui na cidade e quero que vá busca-lo para mim.

– Por que não levanta o rabo daí e vai lá buscar você mesmo? – perguntei.

– Você brinca com o que não é brinquedo, garota. – disse ele.

– Já temos uma missão. – falei.

– Eu já sei sobre essa missão imprestável, pivete. Zeus enviou seus melhores para procurar aquilo: Apolo, Atena, Ártemis e, naturalmente, eu. Mas se nem eu consegui farejar aquele raio maldito, você acha mesmo que tem chance? Um deus esta te dando a oportunidade de te deixar a prova, vai fugir de novo, Megan? – eu queria dar um murro na cara do sujeito.

– Estamos bem. – falei.

– Eu posso até ajuda-lo com sua viagenzinha e quem sabe dar até umas informações, sobre seu passado. – disse ele.

– Meu... Passado? – perguntei.

– Isso despertou você, não é pivete? Sim eu sei muito mais do que deveria, então não me desaponte, estarei aqui quando voltar. – disse ele, então algo aconteceu, não sei explicar o que, mas quando pisquei os olhos, Ares não estava mais lá.

– Isso realmente, não é bom. – disse Hansel.

– Vamos indo, pessoal. – falei.

– Temos que fazer isso. – falou Jake.

– O que foi Jake? Esta com medo? – perguntei.

– Você deveria estar sua idiota, ele não estava brincando quando disse que ia te transformar em pó. – disse ele.

– Mas... Por que ele precisa de nós? – perguntou Silena. – Quer dizer, ele é o deus da guerra, o que poderia fazer o deus da guerra fugir daquele jeito?

– Bom... Eu tenho escolha? – perguntei.

– Não. – responderam eles três ao mesmo tempo.

Suspirei irritada.

– Então... Vamos descobrir.


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