46º Edição Dos Jogos Vorazes - Interativa escrita por Suzi


Capítulo 23
The Night Before The Arena


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeey
Eh, todo mundo querendo me matar auhauhauhauhahuauh'
Mas eu voltei ta, eu voltei, voltei, voltei lalalala ♫
ta, parei auahauh'
Capítulo que vem já é a arena, aaai meu Deus, estou nervosa auhahuahua'
Gente, agora sério, tenho que dizer um negócio para vocês /=
Eu vou me formar esse ano, e a minha escola não tem colegial, então eu vou ter que mudar /=
Pooor isso, eu vou ter que prestar prova para conseguir entrar em um bom colégio, e por eu ser de escola particular, eu perco dez por cento de chance, e, enfim auhauhauha'
Vou ter que estudar MUITO.
Fora decidir os negócios da formatura, tenho que alugar vestido, decidir cabelo e blá blá kkkk
Por isso talvez eu tenha que diminuir (mais ainda) o tempo de postagem.
Mas estou longe de abandonar a fic, não se preocupem kkkk
Enfim, espero que entendam... /=
AAAh, e quinta-feira foi aniversário da Jenn, quem lembrou? *---*
Enfim, eu lembrei, mas como eu não postei o capítulo vamos cantar o parabéns atrasado mesmo...
Happy birthday to you,
Happy birthday to you,
Happy birthday dear Jenn,
Happy birthday to you ♫
Pronto (= auaauh'
E me desculpem pelas partes românticas, eu sou TERRÍVEL quando se trata de romance u.u auhahuau'
Good reading *-*



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—Então, está mesmo tudo combinado para amanhã, certo?— Clary perguntou aos seus aliados enquanto remexia os dedos nervosamente.

—Mas é óbvio que está, nós precisamos nos unir para matar esses merdas— Abraham disse como se fosse óbvio.

—Então tudo bem, até amanhã— Annie falou tentando disfarçar o nervosismo em sua voz, mas era quase impossível, já estava começando a se arrepender de ter se voluntariado.

Todos assentiram enquanto iam se retirando.

Hanna levantou levemente seu vestido para que ela não tropeçasse no mesmo, começou a andar com cuidado pois não era nenhuma expert em saltos altos, porém, quando foi dar o próximo passo...

—O que pensa que está fazendo?— rosnou quando Abraham agarrou seu braço e a levou para um canto qualquer —anda Abraham, me responda...

Antes que ela pudesse terminar Abraham puxou-a para um beijo, mas não um beijo calmo, era um beijo intenso, desesperado, selvagem de certo modo, os lábios dos dois se moviam de forma rápida e provocativa, suas línguas brincando em uma dança sensual, ao terminarem o beijo ambos estavam vermelhos e ofegantes.

—Mas que porra foi essa?— Hanna perguntou exaltada, tentando recuperar o fôlego.

—Eu precisava fazer isso, antes de amanhã— Abraham sussurrou ainda ofegante enquanto contornava os lábios da garota com o polegar.

—Você é extremamente escroto Abraham!— ela exclamou afastando-se —nunca mais ouse tocar em mim!

—Não finja que não gostou Hansen— sussurrou provocativamente no ouvido na garota —se eu pudesse, iria no seu quarto hoje, mas infelizmente as regras não nos permitem— dessa vez mordeu o lóbulo da orelha da garota enquanto apertava sua cintura.

—Jackson, acredite, eu posso ser mais perigosa do que imagina— falou tentando se esquivar do aperto do garoto, sem sucesso.

—Tudo bem Hanna, mas acredite— sussurrou subindo as mãos, mas sendo impedido de chegar no seu objetivo quando percebeu que já os chamavam para irem aos seus respectivos andares.

Hanna saiu em disparada, evitando qualquer tipo de contato visual com o garoto, porque ele tinha que ter aquele efeito sobre ela? Ninguém nunca havia beijado-a daquela forma, ninguém nunca fazia-a sentir aquele turbilhão de sensações, apenas ele, apenas Abraham Jackson, o garoto que era um de seus principais alvos.

Afastou esses pensamentos apenas quando chegou ao andar que lhe era designado, respirou fundo, e entrou no cômodo sem um pingo de ânimo.

(xxxxxx)

As unhas de Annie já eram praticamente inexistentes, milhares de perguntas rondavam sua cabeça.

“Por que você se voluntariou?”, “imagina se você morre na cornucópia?”, “e se os outros carreiristas estiverem te enganando?”

Ela já estava começando a se desesperar, olhava pela janela, não havia estrelas devido às milhares de luzes da Capital, podia ouvir o barulho de uma comemoração lá em baixo, tudo contribuía para uma má noite de sono.

—Você tem que dormir Annie— repetiu para si mesma pela trigésima vez naquela noite.

Ouviu algumas batidas na porta e logo estranhou, não, não era possível que já estava no momento de ir para a arena, não, céus, ela não estava preparada.

—Posso entrar?— Ramon perguntou com um sorriso torto.

Annie apenas assentiu enquanto dava espaço para o garoto passar.

Ele nada disse apenas ficou encarando o teto, a janela, o chão, enfim, Annie não estava entendendo o motivo do garoto ter aparecido ali e atrapalhar ainda mais o seu sono.

—O que veio fazer aqui?— perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

—Eu não sei, achei que pudéssemos, sabe, conversar.

—Não temos nada para conversar— falou secamente —a não ser que queira discutir alguma estratégia.

—Repita a frase— pediu unindo as sobrancelhas.

—A não ser que...

—Não, não essa, a outra— pediu em expectativa.

—Não temos nada para conversar— respondeu novamente seca.

Um sorriso bobo surgiu nos lábios de Ramon ao ouvi-la pronunciar essa frase.

—Qual o seu problema cara?— a garota perguntou soltando uma risada fraca.

—É exatamente o que Rachel me diz quando está irritada comigo— Ramon disse seriamente se recompondo.

A garota sussurrou algo como um “entendi” e só então Ramon parou para observá-la bem.

Os cabelos loiros que caíam lisos por seus ombros e costas eram exatamente iguais aos de Rachel, os olhos tinham uma tonalidade azul parecida, e ambas eram pequenas perto dele.

—Você me lembra ela— falou dando de ombros.

—Veio aqui para me dizer isso?— Annie perguntou sorrindo ironicamente.

—Não, na realidade não sei porque eu vim até aqui— falou franzindo o cenho —me desculpe por te atrapalhar Annie.

Dito isso ele saiu porta afora,  mais confuso do que quando havia entrado, e deixando uma Annie ainda mais confusa para trás.

(xxxxxx)

Zöe por seu lado encontrava-se ainda mais desesperada do que Annie, andava de um lado para o outro, o sono parecia ter a abandonado completamente essa noite.

Ela pensava no quanto havia sido estúpida, ela não conseguiu merda nenhuma de vingança, apenas ficaria lembrada como a garota trouxa que tentou desafiar a Capital, como ela pensava se vingar afinal? É impossível, ninguém pode contra a Capital, ela havia sido burra, exatamente, ela havia sido burra.

—Idiota!— exclamou socando a parede enquanto lágrimas corriam violentamente por seu rosto —estúpida!

E Tomás? Como ele ficaria nessa história toda? Iria perder as duas irmãs provavelmente, sim, as duas, pois ela provavelmente não sobreviveria, ela estaria em uma arena com mais 23 tributos tentando matá-la, e como se não bastasse ainda estava na lista negra dos carreiristas.

Bem, esse era o castigo, esse era o castigo por ser tão teimosa e não conseguir ouvir as pessoas.

(xxxxxx)

Miley respirou fundo algumas vezes antes de bater na porta do quarto de Tayler, ela precisava fazer isso, não sabia ao certo se ainda estaria viva amanhã nesse mesmo horário, era necessário esclarecer as coisas.

Finalmente tomou coragem e bateu na porta, que foi aberta rapidamente, revelando um Tayler completamente acordado, que provavelmente não havia pregado o olho até agora, assim como a garota.

—Vem— a garota simplesmente chamou Tayler, que mesmo confuso a seguiu.

Ela o levou até o terraço, nunca havia estado lá, mas seu estilista havia a mostrado onde era, Tayler se lembrava de Angeline ter dito algo parecido para ele, mas não pretendia ir até o lugar.

—Por que me trouxe até aqui?— perguntou confuso.

—Eu queria te perguntar algo— Miley disse já sentindo um nó formar-se em sua garganta.

O garoto fez sinal para que ela prosseguisse.

—Por que não me contou que tinha alguém?— perguntou, a voz falhando no meio da frase.

—O que?— perguntou ainda confuso.

—Por que não me disse que tinha alguma garota especial— Miley sussurrou, já podia sentir seus olhos pinicando, as lágrimas com toda a certeza chegariam a qualquer momento.

—Não achei que fosse importante...

—Não era importante?— Miley perguntou um pouco alto demais —eu te contei tudo, eu abri minha vida para você!

—Miley se acalme— pediu segurando os ombros da garota.

—Por que escondeu isso de mim?— perguntou, seu rosto já adquirindo uma expressão de choro.

—Me desculpe Miley— pediu sussurrando, estava realmente arrependido —é que eu não tenho certeza dos meus sentimentos por ela, eu não sei se a amo, ela era uma amiga e me beijou quando foi se despedir de mim, só isso, eu juro.

—É só isso mesmo?— perguntou engolindo as lágrimas.

O garoto assentiu, enquanto Miley tentava não demonstrar a angustia que sentia por saber que Tayler não sentia nada mais do que amizade por ela.

—Por que se importa tanto?— perguntou cruzando os braços.

“Por que eu te amo, seu idiota” Isso foi o que Miley pensou, mas é claro, não disse.

—Não sei, acho que meu pai sempre teve razão, eu sou infantil de mais— falou adquirindo uma expressão triste.

—Não, você não é infantil, você tem um jeito diferente— falou levando a mão direita para uma das bochechas da garota —é isso que te torna especial.

A garota estremeceu com o toque, sentiu os olhos lacrimejarem, ele não sentia o mesmo que ela, provavelmente estava apenas tentando confortá-la.

—Qual o problema?— perguntou preocupado quando viu que a garota chorava.

—Foi a coisa mais bonita que alguém já me disse— falou sorrindo —obrigada.

—Tem algo que queira me dizer antes de irmos dormir?— perguntou levando a mão que estava na bochecha da garota até a mão da mesma.

—É estranho uma pessoa se apaixonar pela outra em uma semana?— Miley perguntou torcendo para não ter soado ridícula.

Tayler compreendeu a indireta no mesmo momento em que a garota disse.

Ele deixou-se pela primeira vez analisá-la completamente, os cabelos castanho claro não estavam mais mal cortados como antes, graças à equipe de preparação da garota, ela era extremamente pequena, sua pele parecia uma porcelana, seus olhos eram de um tom cinzento que ele nunca havia visto em alguém do 3.

—E quem disse que você é normal Miley?— perguntou sorrindo docilmente enquanto se aproximava lentamente.

A garota congelou no lugar, nunca havia beijado um garoto antes, e Tayler já era praticamente um homem, aos dezessete anos Miley podia observar os resquícios da barba recém cortada, o rosto tinha um formato mais másculo, ele parecia tão velho para ela.

Seus pensamentos foram cortados quando sentiu os lábios dele tocando os seus levemente, um simples roçar, algo que fez um arrepio que ela nunca tinha sentido antes subir por sua espinha, logo o beijo intensificou-se levemente, Tayler logo percebeu que era o primeiro beijo da garota devido a sua timidez, portanto tratou de ter calma.

O beijo foi bem simples, um beijo calmo e terno, que terminou antes do que deveria, ao menos na visão de Miley.

Miley suspirou e olhou-o envergonhada, enquanto o mesmo apenas lançava-lhe um sorriso terno.

Tayler não podia se dar ao luxo de se apaixonar por alguém nos Jogos.

(xxxxxxx)

—Às vezes me pego pensando se é realmente seguro— Clary sussurrou mais para ela mesma do que para o garoto que estava na sua frente.

—Se o que é realmente seguro?— Thomas perguntou confuso.

—Se aliar a desconhecidos, eles podem nos trair facilmente— falou suspirando.

—Clary, procure apenas relaxar— o garoto disse com a expressão tranquila de sempre.

—Como você consegue?— ela perguntou em um choramingo.

—Feche os olhos.

—O que?

—Feche os olhos.

A garota mesmo um pouco a contragosto obedeceu.

—Ótimo, agora pense em algo que te faz feliz— Thomas pediu segurando a mão da garota.

Rapidamente imagens dela e sua irmã vieram em sua mente: as duas brincando quando eram menores, as duas escolhendo roupas iguais, as duas completando uma a frase da outra, as duas fingindo ser uma a outra para enganar as pessoas.

Perdeu a conta de quanto tempo ficou assim, só sabe que só despertou quando sentiu seus ombros serem sacudidos.

—Clary?— o garoto perguntou cuidadosamente.

Os olhos da garota logo encheram-se de lágrimas que não tardaram a serem derramadas.

—Por que? Por que você me acordou?— perguntou em meio a soluços.

—Desculpe, eu só achei que você já tinha pensado tempo demais— disse pela primeira vez ficando levemente nervoso —por que está chorando?

—Porque agora eu acordei e vi que era um sonho— disse escondendo o rosto entre os joelhos e chorando mais ainda.

Thomas não hesitou em abraçá-la, e Clary também não hesitou em retribuir o abraço.

Após algum tempo na mesma posição, Clary levantou a cabeça levemente para olhá-lo.

Os olhos verdes demonstravam preocupação, os cabelos negros caíam displicentes por sua testa, e seus lábios estavam entreabertos.

Clary agiu sem pensar, ela precisava de mais dele, precisava de mais contato, estava em abstinência de contato humano.

Rapidamente capturou os lábios do rapaz em um beijo, não foi um beijo calmo, mas também não foi um beijo desesperado, foi um beijo onde ela pode expressar tudo o que sentia, pode expressar tudo o que sentia pela primeira vez sem ter medo do futuro.

Naquela noite ambos esqueceram o que os esperavam no dia seguinte.

(xxxxxxx)

—Boa sorte Britney— a garota surpreendeu-se ao ouvir tais palavras serem pronunciadas pelo garoto que encontrava-se atrás dela.

—Obrigada— falou virando-se para encará-lo —para você também, vai precisar se continuar com seu plano ridículo.

—Britney por favor, assim você me faz rir— falou rindo ironicamente —eu com toda a certeza durarei muito mais do que você com o meu “plano ridículo”

—Veremos isso amanhã— a garota disse com um sorriso presunçoso.

—Quer apostar?— Matheus perguntou com um ar superior.

—O que poderíamos apostar? Um de nós vai ter morrido, idiota— Britney resmungou revirando os olhos.

—Beijos?— o garoto perguntou com um sorriso sacana.

—Nunca faria a menção de encostar minha boca na sua Kunst— ela falou retorcendo o nariz —eu realmente prefiro a morte.

—Ótimo Stevens— falou se aproximando —por que é exatamente isso que você terá amanhã— sussurrou levando uma das mãos até o quadril da garota, recebendo um tapa em resposta.

—Encoste mais um dedo em mim e você morre antes da arena— a garota vociferou apertando as mãos em punhos.

Dito isso a garota entrou no quarto batendo a porta com força, fazendo com que Matheus risse.

—Não se preocupe Britney, ainda nos divertiremos muito— falou sozinho rindo maliciosamente.

(xxxxxxx)

Juliano encontrava-se chorando compulsivamente em seu quarto.

Ele morreria, tinha plena certeza disso, mas ele não queria morrer, queria voltar para sua casa, sentia falta de seu pai, de sua mãe, e até mesmo falta da sua irmã.

Exatamente, Juliano sentia falta do ser que ele mais odiava, sua irmã, sentia falta dela mexer em sua perna defeituosa, sentia falta de sentir ciúmes dela, sentia falta de xingá-la, sentia falta de tudo.

Ele queria sua vida de volta, mas infelizmente ele nunca mais a teria, pois por mais que conseguisse sair vivo dessa carnificina criada pela Capital, os Jogos levariam o que ele tinha de mais precioso: sua inocência.

Trina por seu lado arquitetava um plano.

Iria lutar na cornucópia ou somente pegar um suprimento qualquer e sair correndo? Ou quem sabe fosse mais seguro nem ao menos pegar algo na cornucópia e sair correndo na direção oposta.

Não, isso com toda a certeza faria com que suas chances na arena fossem quase zero.

Às vezes ela pensava em desistir, em simplesmente entregar-se para alguém na cornucópia, morrer de uma vez para acabar com seu sofrimento, mas sempre que pensamentos como esse vinham em sua mente ela se lembrava de seu pai, ele precisava dela, e ela precisava dele, eles precisavam um do outro.

Pensar em seu pai sempre a fazia ganhar forças para continuar, pensar que ela voltaria para o distrito 6, morariam na vila dos vitoriosos, conseguiriam um bom tratamento para seu pai, seriam felizes novamente.

Trina lutaria até o fim para conseguir sua vida de volta, ou pelo menos quase isso.

(xxxxxx)

Sam encontrava-se apreensivo em seu quarto, além de ter perdido a pessoa mais próxima de ser sua aliada, ainda estava na lista negra dos carreiristas.

Pensou em ir até o quarto de Hanna e implorar-lhe para ser sua aliada, mas cogitando melhor a ideia, Hanna nunca aceitaria sua proposta, era muito mais oportuno para ela estar junto dos carreiristas, ela estaria muito mais protegida junto dos carreiristas.

Agora ele estava sozinho, sem aliados, com 23 tributos querendo o matar.

A cada hora que passava Sam pedia mais para não ter o mesmo destino de seu irmão.

(xxxxxxx)

—Bonnie, me escute— Viktor insistiu quando a garota tentou se trancar no quarto.

—Argh Viktor, o que você quer?— perguntou irritada enquanto cruzava os braços.

—Quero te pedir para não se aliar a esse garoto— sussurrou fazendo sinal para o quarto de John.

—Tudo bem Viktor, você já me disse isso um bilhão de vezes— resmungou revirando os olhos.

—E, não tente uma aliança com os carreiristas logo de cara, é que você sabe que...

—Mas que droga Viktor!— exclamou jogando os braços para o alto —Bonnie não faça isso, Bonnie não faça aquilo, eu já estou cansada, cansada!

—Eu sou seu mentor e é meu dever lhe aconselhar!— exclamou fechando as mãos em punho.

—Você e o papai me colocaram nisso tudo pra começo de conversa, e agora querem que eu sobreviva?— perguntou ironicamente —francamente Viktor, você não é nada do que eu pensei que fosse.

—Bonnie, você pode ganhar, eu ganhei, papai ganhou, por que você tem que ser diferente?— o garoto perguntou desesperado.

—Porque eu tenho apenas treze anos— sussurrou com os olhos marejados —boa noite Viktor— disse com a voz trêmula antes de bater a porta de seu quarto atrás de si.

John escutava toda a discussão do seu quarto.

John sentia pena de Bonnie, devia ser horrível ser traída de tal forma por alguém que você sempre amou, ele tinha certeza que seu pai adotivo nunca faria isso.

Por outro lado, John estava preocupado com ele mesmo, ele era um dos tributos mais jovens dessa edição, tinha medo de que os patrocinadores não dessem atenção para ele.

John podia ser jovem, mas tinha plena noção de que dádivas eram completamente importantes para sua sobrevivência nos Jogos.

Assim como também sabia que mesmo que ele ganhasse esses Jogos, nunca mais seria o mesmo.

Ele tinha medo, muito medo, não estava pronto para morrer, não estava pronto para seja lá o que for que o estará esperando naquela arena amanhã.

Revirou-se mais uma vez em sua cama tentando inutilmente dormir, o que foi em vão, ele estava muito preocupado para conseguir fazer qualquer coisa.

(xxxxxxx)

Millie e Harry seguiam em silêncio para o corredor onde se encontravam seus quartos.

—Bem, eu acho que é isso— Millie falou engolindo em seco —até amanhã Harry.

—Até— ele sussurrou corroendo-se por dentro, aquela era a hora, se ele não falasse o que sentia naquele momento poderia nunca mais ter a chance —Millie.

—Sim?— ela perguntou virando-se para encará-lo.

—Você nunca percebeu nada de diferente?— perguntou um pouco inseguro.

—Como assim nunca percebi algo diferente?— perguntou confusa.

—Nunca, sei lá, gostou de alguém?— o garoto perguntou esperançoso.

Millie sentiu um bolo formar-se em sua garganta, ela não podia simplesmente entregar seus sentimentos assim, ela tinha que ser forte.

—Com certeza não tanto quanto você ama a garota especial do nosso distrito— cuspiu as palavras, mesmo não sendo essa a sua intenção.

Harry ficou em choque, como assim Millie estava com ciúmes dele? Ficou tão em choque que nem ao menos percebeu que a garota entrou no quarto e bateu a porta atrás de si.

—Millie!— chamou batendo repetitivamente na porta do quarto da garota.

—Sim?— ela perguntou séria enquanto abria  porta.

—Posso entrar?— perguntou com um sorriso torto.

A garota nada disse, apenas deu espaço para ele passar enquanto ia em direção a sua cama.

—Harry, eu não quero ser chata, mas eu realmente preciso dor...

—Você não respondeu a minha pergunta— o garoto insistiu

—Vou repetir: com certeza não tanto quanto você ama a garota especial do nosso distrito— disse com ar entediado.

—Por Deus Millie, você é burra?— o garoto perguntou um pouco alto demais.

—Com quem pensa que está falan...

A garota foi impedida de terminar sua frase pelo garoto que criou coragem para beijá-la.

De início Millie tentou resistir, se debateu, tentou se soltar, mas depois acabou desistindo, afinal, não havia muita coisa que ela pudesse fazer.

Ficaram algum tempo daquele modo, até que Harry a soltou lentamente.

—Agora entende quem era a garota?— perguntou colando sua testa na dela.

Millie engoliu em seco, eles não podiam, um dos dois teria que morrer, quem sabe não os dois? Era algo estúpido demais estar apaixonado por alguém nos Jogos.

—Harry— sussurrou —não podemos, é errado.

—Quem disse que não podemos?— perguntou afastando-se minimamente.

—Um de nós vai morrer Harry— ela disse com os olhos marejados.

—Millie se você não sente o mesmo...

—Cale a sua boca— vociferou —eu sempre senti algo por você, apenas achei que nunca teria chance.

O garoto olhou-a indignado, não tinha o direito de culpá-la, afinal ele também nunca contou nada para ela por todos esses anos, mas isso não o impedia de ficar irritado.

—Deixe-me te fazer feliz— ele pediu inspirando o aroma que o cabelo da garota exalava.

—Só temos uma noite— ela lamentou tentando inutilmente se afastar.

—Então me deixe ficar com você só por uma noite— pediu sussurrando contra o pescoço da garota.

Millie fechou os olhos para poder apreciar melhor aquela sensação, céus, ela nunca havia sentido nada parecido, ou melhor, ela nunca havia feito nada parecido, ela tinha apenas dezesseis anos, grandes chances de morrer, seria oportuno o que estava prestes a acontecer?

—Eu tenho medo— confessou por fim —Harry, eu nunca fiz isso antes, e se eu te decepcionar?

—Você realmente acha que eu fiz algo do tipo antes?— o garoto perguntou olhando nos olhos dela.

Ela suspirou por fim, e se deixou levar, afinal, talvez ela nunca mais tivesse uma chance como aquela.

(xxxxxxx)

Jihad mexia os dedos freneticamente enquanto olhava para o teto, pela primeira vez em muito tempo estava pensando em algo próximo do real.

—Eu vou correr até a cornucópia, matar todos os carreiristas e ficar com todas as armas, então eu mato todos os tributos e ganho— falou enquanto sorria psicoticamente.

Ele deitou de costas em sua cama e começou a rir sozinho, pensava nas mortes doloridas que daria para os diversos tributos.

—Eles riram de mim, todos eles riram de mim— vociferou, ficando irritado de repente.

Levantou-se e começou a andar pelo quarto, ele tinha que ganhar esse jogo, não, ele tinha não, ele ia ganhar esse jogo.

Milla encontrava-se encarando o teto.

Anne era a única coisa que havia prevalecido em sua cabeça por todo esse tempo. O que ela faria sem Milla? Tudo bem que prometeram cuidar dela, mas mesmo assim, Milla era como se fosse sua irmã mais velha, ela não podia simplesmente abandoná-la.

Suspirou, tentando não se sentir culpada, afinal, ela salvou a vida de Anne, ela estaria a salvo, mesmo que Milla morresse.

Remexeu-se na cama mais uma vez tentando fazer com que o sono a atingisse, afinal, ela precisava estar bem descansada para amanhã, talvez ela nunca mais tivesse a chance de dormir em uma cama, seus próximos cochilos seriam em árvores, em rochas, no chão, ou em qualquer lugar que a arena lhe disponibilizasse.

Mordeu o lábio inferior e deixou que as lágrimas escorressem por seu rosto, não emitia nenhum som, apenas as derramava, iria sentir falta de Anne, iria sentir falta do orfanato, iria sentir falta de seu distrito, de todos os dias acordar com o barulho do galo cantando, mesmo que a irritasse, sentiria falta de observar os animais que se acumulavam no distrito 10, sentiria falta de respirar, de comer, de dormir, de sentir, sentiria falta de todas as coisas que não poderia mais fazer quando estivesse morta.

—Você não vai morrer Milla, você vai ganhar esse jogo— garantiu para si mesma, a voz falhando um pouco por causa do choro.

Enxugou as lágrimas e voltou ao seu posto inicial de tentar dormir, afinal, a partir de amanhã seu sossego iria acabar.

(xxxxxx)

—Então esse é o nosso plano?— Jenna pergunta ajoelhando-se no chão frio.

—Sim, acha que vai funcionar?— Hunter pergunta sentando-se em sua cama.

—É melhor do que enfrentarmos os carreiristas— a garota falou soltando uma risada fraca.

—E ganhamos mais chances de voltar para a casa— o garoto disse com um sorriso iluminando seu rosto.

—É, quem sabe você volta pra sua namorada— Jenna disse com desdém.

—N-namorada?— o garoto pergunta gaguejando.

—Sim, disse que tem uma garota especial, certo?— a garota perguntou aumentando um pouco o tom de voz.

—Eu menti— Hunter falou a primeira coisa que veio em sua mente.

—Mentiu?— perguntou debochada —conta outra.

—É sério.

—Por que mentiria?

—Para ganhar patrocinadores?

A garota pensou por um momento até que concordou.

—Faz sentido— disse dando de ombros.

—E você?

—O que tem eu?— perguntou levantando-se.

—Vai poder voltar para seu namorado— falou também se levantando.

—Ah, eu não tenho um namorado— falou dando um sorriso sem graça.

—Conta outra— disse imitando o tom de voz da garota, o que a fez fechar a cara.

—Raio de Sol é muito disputada para ter só um garoto— falou convencida, erguendo as sobrancelhas.

—Ah claro— o garoto disse rindo.

—Ela costuma beijar os caras também— falou alternando o tom de voz para algo mais sedutor.

Hunter engoliu em seco enquanto observava a garota se aproximar.

Os lábios dos dois encostaram-se brevemente, até que Jenna deu conta do que havia feito.

—Eu não costumo fazer isso— falou apertando os olhos e mordendo o lábio inferior.

—Mas você disse que...

—Me desculpe Hunter— falou envergonhada saindo apressadamente do quarto.

Não passaram-se nem 30 segundos para a garota voltar correndo e beijar Hunter novamente, mas dessa vez com paixão.

—Desculpe, eu precisava saber a sensação— falou um pouco ofegante logo após o término do beijo.

Hunter nada disse, apenas observou a garota entrar em seu quarto e bater a porta atrás de si.

Ele sorriu bobamente, ao menos teria uma lembrança boa.

(xxxxxxx)

Apesar de terem uma aliança, Lily e Nathan não discutiram estratégias como os outros, pelo contrário, cada um foi para o seu quarto, apenas desejaram boa sorte e se mantiveram sozinhos.

Lily pensava em Severo, Deus, como ela queria poder estar com ele nesse exato momento.

Ela sentia falta de tudo, de suas conversas, suas risadas, suas piadas, até do beijo que eles trocaram na despedida ela sentia falta.

Sentou-se em sua cama, juntou os joelhos ao tórax, apoiou sua cabeça nos mesmos e pôs-se a chorar, chorou de saudade, chorou de raiva, chorou de tristeza, enfim, chorou tudo o que tinha que chorar naquela noite.

Nathan por seu lado encontrava-se tentando dormir a todo custo, pensava que precisava descansar, já estava ficando irritado, olhava pra cima e bufava.

Andava de um lado para o outro, e nada, nada adiantava, ele já estava completamente frustrado.

Precisava descansar, ele não podia morrer, não ainda, não podia ser um dos primeiros, tinha que ser forte, se fosse para morrer teria uma morte digna.

Mas para isso, ele precisaria estar disposto, mas aquela droga de coisa chamada sono parecia não querer se juntar a ele.

Deu-se por vencido e decidiu se deitar novamente, afinal, mesmo que não dormisse, se ficasse deitado poderia descansar um pouco.

E afinal, talvez fosse a última vez que sentiria a maciez e o conforto de uma cama. 


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Notas finais do capítulo

Sooo...
Foi isso guys, espero que tenham gostado, o próximo é o Banho de Sangue (=
Vou escrever todo dia um pouquinho, aí assim eu termino mais rápido, ok?
Gostaram dos casais? Gostaram? Gostaram?
Porque foi legal escrever sobre eles, mesmo eu nãos endo muito boa nisso u.u auhauhauh'
So, bye bye, até o próximo ;)
Kisses *-*