Collin me deixou na porta do prédio e eu subi. Quando cheguei, o telefone fixo piscava em cima da estante da sala, dezenove mensagens de Polly na secretária eletrônica. Eu estava muito cansada para retornar para ela, não queria levar sermão da minha melhor e neurótica amiga.

Me dirigi cansada até o meu quarto. Abri a porta e logo caí na cama, eu não sabia porque me sentia tão cansada. Não havia feito nada o dia todo, e nem tina ficado tanto tempo na floresta com Collin.

Fechei meus olhos e tudo o que via, eram os olhos do garoto idiota que me levara pra sair. Por quê? Eu não sabia. Tudo o que eu sabia, era que eu não acreditava no que ele dizia. Se eu pudesse contar nos dedos pra quantas garotas o Collin já havia falado o mesmo que disse pra mim, eu precisaria de mais mãos do que estrelas para completar os dedos.

Eu não sabia porque ele tomava tanto tempo dos meus pensamentos, também não sabia como ele se lembrava do meu curto relacionamento com o Peter. Era estranho, mas Collin era profissional em conquistar garotas, eu não podia ser mais uma boba que caiu na conversa dele.

Meus pensamentos exorbitados foram interrompidos pela voz incrível da Janis cantando Down on me. Meu celular tocava.

–Polly, - atendi – estou tentando dormir.

–Finalmente atendeu a droga do telefone! Aonde você estava Tiffani? – ela me bombardeava com as palavras -Por que não me ligou de volta? Você não checa a secretária eletrônica? Seu telefone estava na caixa postal!

–Polly! Calma! Dá pra falar mais devagar? – interrompi a metralhadora que gritava do outro lado da linha – Eu dei uma saída. Só isso.

–E esqueceu de mim não é mesmo? – ela parecia chateada.

–Esqueci? Como assim? – eu não me lembrava de nenhum compromisso com ela.

–A noite de sexta, sempre saímos pra beber e conversar. Como você esqueceu? Fazemos isso à tanto tempo Tiff...

–Polly, - suspirei, eu fui muito egoísta em me esquecer da noite de sexta – me desculpe... por favor.

–Amanhã a gente conversa, você está querendo dormir.

Ela desligou o telefone. Brigar com Polly era péssimo, eu sempre me sentia mal quando nós brigávamos. Olhei no relógio e eram dez horas ainda. Resolvi ir até a casa da Polly para me desculpar com ela. Eu tinha cometido um erro inaceitável. Troquei a tradicional noite de sexta por um garoto que eu odeio.

**

Estacionei o fusca em frente a casa dos pais dela. Ela havia me ligado do fixo de lá, então deduzi que ela estava lá ainda.

Abri a porta e me direcionei para a porta da frente. Toquei a campainha e a senhora Breen atendeu. Ela me abraçou e eu perguntei por Polly.

–Está lá em cima querida. – ela sorriu para mim.

Eu subi as escadas de madeira e andei até a porta branca com um pôster do Foo Fighters que fechava o quarto da Polly. Bati na porta e nada, girei a maçaneta e vi que estava aberta.

–Oi. – falei.

Ela estava deitada na cama de bruços com os headphones tão altos que eu podia ouvir Hey Johnny Park do lugar em que eu estava. Percebi que chama-la não funcionaria então fui até ela e desconectei o fone do aparelho de som fazendo o som de FF se espalhar muito alto pelo quarto.

–EI! – ela se irritou e abaixou o volume.

–Oi, preciso pedir desculpas por hoje. – falei.

–Não esquenta. – ela sorriu um pouco triste ainda – Senta aí.

–Então, queria te convidar para ir até a praia comigo e meus irmãos amanhã a tarde. Vamos?

–Vamos, preciso mesmo ir para algum lugar. Pensar um pouco.

–Legal! Se você quiser arrumar suas coisas e ir pra minha casa hoje, a gente sai amanhã cedo.