Acabei cedendo, eu sei que prometi para Polly que não ia mas Collin me chantageou. Se fosse para ele parar de me perseguir, eu sairia com ele. Coloquei na minha cabeça que não podia me iludir, por mais que ele parecesse bom ou perfeito. Ele não era e eu sabia disso.

Eu coloquei um roupa simples, não valia a pena me arrumar muito para sair com o Collin. Vesti apenas uma calça preta, uma camiseta do nirvana e uma jaqueta cinza.

-Vamos logo. – falei e ele se levantou do sofá – Daqui uma hora, você me trás.

-Você está linda. – ele falou enquanto eu trancava a porta.

-Cala a boca. – falei.

Nós descemos o elevador e eu apertei o botão “p”. Os números na telinha acima da porta iam caindo e o silêncio era constrangedor.

**

No carro de Collin, eu não fazia ideia de onde estávamos, ou pra onde íamos. Meia hora já havia passado e ainda não tínhamos chegado.

-Collin, pra onde está me levando? – perguntei.

-Surpresa. Você vai gostar, prometo. – ele me olhava, me deixando desconfortável e envergonhada.

-Olha pra estrada, por favor. – pedi corada.

-Chegamos. – ele estacionou o carro.

O vidro estava embaçado, então eu não conseguia ver direito o que tinha lá fora. Parecia ser uma floresta, um lugar cercado de árvores. Ótimo, o garoto mais detestável de todos ia abusar de mim no meio do mato.

-Vem comigo. – ele abriu a porta e desceu.

-Collin, não sei se é seguro. – eu ainda estava dentro do carro.

Ele colocou a cabeça na janela e disse:
-Vem logo! Não confia em mim? – eu abri a boca para responder mas ele falou antes – Esquece, não precisa responder essa.

Eu abri a porta e desci, percebi que estávamos em uma floresta cercada por enormes árvores. O único lugar onde não tinha árvores, era um círculo, no qual nos encontrávamos bem no centro. O círculo estava fortemente iluminado pela lua. Eu tinha que admitir que era lindo.

-Lugar legal. – falei.

-Meu pai me trazia aqui pra acamparmos. Mas isso foi antes dele... – ele parou de falar e ficou olhando para os pés, decidi não perguntar o que houve com o pai dele.

-É bem bonito aqui. – mudei de assunto mas ele não falou nada – Sabe, - continuei, me sentando no chão – quando eu era pequena, achava que a lua me seguia.

-As vezes, - ele se sentou ao meu lado – a companhia da lua, é melhor que a de muita gente.

-Eu, sempre pensei assim. – falei.

Ele olhou para mim e sorriu. Não foi um sorriso com os que ele costumava me dar, foi um sorriso sincero. Droga, eu não podia estar achando que ele gostava de mim, ou que era legal.

-Quantas meninas já trouxe aqui? – perguntei e ele riu.

-Você é a primeira.

-E pra quantas já disse isso?

-Por que não me dá uma chance? Eu tento sair com você desde os últimos dois anos. Podia ser menos dura não acha?

-Não. Não acho não. – sorri ironicamente para ele.

Ficamos um tempo em silêncio apenas observando o céu. Ele não tentara me beijar nenhuma vez, o que era ótimo. Eu não acreditava quando ele dizia que eu era diferente das outras, claro. Talvez eu não o odiasse, apenas sentia pena dele. Pena por ele ser tão imbecil.

-Sei o  que pensa de mim. – ele pareceu ter lido meu pensamento.

-E o que eu penso?

-Que eu sou um idiota, conquistador barato e que só estou me aproveitando de você, como faço com as outras.

-É, penso isso sim. – falei.

-Eu não sou assim. Talvez eu seja assim, mas não com você, tem alguma coisa em você que é diferente de tudo.

Eu ri, ele não podia estar falando sério. O que ele esperava? Que eu caísse como as idiotas que ele levava para a cama? Eu não era assim. Não ia cair na dele.

-Collin, você é o idiota, conquistador barato mais clichê que existe sabia?

-Eu sei. – ele riu – Lembra quando estudávamos juntos na sexta série? – assenti –Você tinha um namoradinho, Peter Vanys aquele nerd né?

-É. Ele não era nerd, você que é um implicante.

-Nerd ou não,eu morria de inveja daquele cara. Você não sabe o quanto era difícil chegar lá na sala e ver ele te dando flores. Ele nem sabia que você era alérgica à rosas, te dava uma todo dia e você guardava na mochila da Polly antes de dar crise de espirro.

-Como sabe que sou alérgica à rosas?

-Como eu disse, você é diferente. – ele olhou nos meus olhos, nunca havia feito isso antes, pensei que ele fosse me beijar mas ele apenas disse – Vamos embora, você disse que só queria ficar aqui uma hora, já se passaram mais de meia hora, mais meia hora pra voltar e nós passamos seu limite de resistência à mim.