Capítulo 40


Curiosa em saber quem teria oferecido a ajuda, Sakura voltou para o lado exterior do castelo. Forçou a visão para tentar identificar alguém em meia a escuridão proporcionada pela noite, mesmo que algumas tochas iluminassem fracamente os arredores.

Ouviu um grunhido, seguido pelo barulho de passos que mais pareciam como alguém rastejando na grama. Olhou para os lados até encontrar um par de olhos amarelos, que brilhavam intensamente e a encarava de uma forma passiva. Não teve duvidas de quem seria.

_Feragus! – Disse Sakura sorrindo.

O pequeno dragão levantou voo pousando no ombro da rosada, que com o peso inclinou-se um pouco.

_Sinceramente não esperava por isso. – Disse Sasuke se aproximando juntamente com Itachi e Kakashi.

_Havia me esquecido do Feragus, que erro. – Disse Sakura, afagando o pequeno dragão.

_Então Kakashi como ele os ajudou? –Perguntou Itachi.

_Depois do ataque, fui averiguar se havia algum ferido entre os escombros do palácio, foi nessa hora que encontrei a senhora Mikoto sozinha e que pediu ajuda para encontrar a imperatriz, em seguida ouvimos uma explosão com o som que vinha da área do calabouço.Depois de desobstruir a entrada repleta de entulhos, entrei e encontrei o dragão, a imperatriz e o preso que estava desacordado. Presumo que o dragão tenha atacado o Obito e destruído a cela. Assim que seguíamos a rota de fuga fomos surpreendidos por um grupo que não durou nem um minuto, pois o dragão os carbonizou. – Explicou Kakashi detalhadamente.

_Isso é pouco pelo oque esta por vir. – Concluiu Itachi.

Voltaram para o interior do castelo, encontrando apenas Naruto no salão. O loiro estava de costas, mas prestava atenção na aproximação.


_É muito bom que estejam aqui. – Disse Naruto seriamente, causando certa estranheza em todos que estavam acostumados com seu jeito descontraído.

_Você esta bem? – Perguntou Sakura, aparentemente preocupada.

_Estou ótimo, Sasuke quero conversar com você por um instante. – Disse Naruto.

_Hm. – Disse o Uchiha, seguindo Naruto.


Sasuke já tinha ideia de que o amigo teria algum plano em mente, bastaria saber se era bom ou uma de suas asneiras. Mas como pode ver a seriedade em que se encontrava o Uzumaki, deduziu que seria algo no mínimo interessante.

Como era a sua casa, Naruto sabia quais locais eram os mais movimentados e logo parou em um dos vários corredores existentes no castelo.

_Não podemos deixar essa selvageria passar em branco. – Disse Naruto um pouco animado em expor sua ideia.

_Sei muito bem disso. – Disse Sasuke compartilhando da mesma opnião.

_Nós dois podíamos intervir. – Disse Naruto.

_No oque exatamente você pensou? – Perguntou Sasuke curioso com os planos que lhe seriam revelados.

_Obtemos informações e independentemente entramos em ação. Podemos espionar alguns suspeitos. – Declarou Naruto mostrando um pouco de animação.

_Com certeza já devem ter mandado alguém fazer isso. – Disse Sasuke após uma rápida conclusão.

_Uma ajuda a mais não faria mal, afinal não aguento ficar parado vendo oque esta acontecendo. – Disse Naruto, na verdade em um tom de desabafo.

_Entendo oque quer fazer, posso até aceitar, mas não sou a pessoa mais confiável para isso. – Disse Sasuke.

_Mas oque quer dizer? – Indagou Naruto, esquecendo de um fato importante sobre o amigo.

_Naruto, você sabe da condição a qual estou imposto. – Disse Sasuke sem ser muito direto, pois não gostava de entrar no tal assunto.

_Sei. – Lembrou o loiro, que novamente sentiu-se desanimado.

_Em meio a tudo isso, vão querer me usar como arma e é obvio que mandarão me exilar novamente. – Pronunciou- se Sasuke novamente, sabia que daquele dia por diante não seria ele que faria as escolhas sobre si mesmo.

_Não tinha pensado nisso. – Disse Naruto coçando a cabeça, em sua forma de nervosismo.

_Infelizmente não vou poder ajudar.

_Vou achar uma solução. Ou não me chamo Naruto!

Sasuke balançou a cabeça negativamente, tendo a certeza que o loiro iria aprontar.


... ... ... ... ...



Reunidos em frente á uma grande lareira. Não possuíam nenhuma condição de tomar decisões cruciais, pelos nervos a flor da pele e a raiva que os consumiam, os quatro imperadores apenas discutiam os fatos antes de decidirem alguma ação a ser tomada pelo caminho a frente.

_Creio que por enquanto esse seja o local mais seguro para estarmos durante esta tormenta. – Disse Minato sentado em uma poltrona.

_Pode ser, porém estamos encurralados. Um ataque a este castelo e temos a probabilidade de sermos aniquilados. – Disse Gaara parado ao lado da lareira.

_O pior é não saber com quem estamos lidando ou a quantidade de inimigos que teremos que derrotar. – Disse Hiashi em frente a uma grande janela.

_Errado. – Disse Madara de braços cruzados, parado ao lado da porta.

_Como? – Questionou Hiashi.

_O inimigo é o Ibiki, os homens pertencentes ao exército dele devem ser os que foram aprisionados na ilha anos atrás. – Concluiu Madara calmamente mesmo que seu humor não estivesse estável.

_Já suspeitávamos dele há muito tempo, só faltavam provas que na verdade ainda faltam. – Afirmou Minato.

_Errado novamente. – Disse o Uchiha.

_Do oque você esta sabendo Madara? – Perguntou Hiashi.

_Ibiki é um traidor, não sei os motivos que levou ele a ser quem é e também não me interesso por isso. Se quiserem saber mais perguntem ao verme ali, ele deve saber de boa parte do oque está havendo.. – Disse Madara direcionando seu olhar para Obito que estava avulso a conversa até aquele momento, ainda acorrentado e amordaçado.

_Se é assim. – Disse Minato se levantado da poltrona, andou ate onde Obito estava e desamarrou a mordaça. _Irá falar ou não?

_Tanto faz, oque querem saber? - Disse Obito com a voz fraca e olhando constantemente para o chão.

_Tudo oque você sabe sobre o Ibiki e a relação dele com os ataques. – Disse Hiashi.

_Quero um copo de agua primeiro. – Disse Obito.

_Primeiro você fala. – Disse Gaara.

_Ibiki é o responsável não só por esses ataques e também por algumas coisas do passado. Os integrantes do exército dele são os prisioneiros da ilha, como ele é do conselho foi fácil traze-los sem que fossem percebidos ou que alguém suspeitasse, isso foi realizado diversas vezes debaixo do nariz de vocês. – Disse Obito como se fosse a maior banalidade do mundo.

_Só isso? – Questionou Minato.

_Não, tem uma menina ruiva com ele.

_Quem é essa menina? – Perguntou Madara.

_É filha do Danzō.

Ficaram em silencio por um tempo, processando oque tinham acabado de ouvir.

_É um problema atrás do outro. Hoje não podemos tomar nenhuma decisão, oque seria muito precipitado, se pensarmos com calma amanhã será um bom dia para organizar isso tudo. – Disse Minato.

_Só um minuto, você sabia disso tudo não é? Afinal ele é seu irmão. – Disse Hiashi referindo-se a Madara.

_Tem certeza que quer comprar briga logo agora? – Disse Madara calmo.

_Não respondeu oque eu lhe perguntei. É estranho você que é o mais descontrolado estar tão calmo, quem pode nos afirmar que você não esteja do lado oposto. –Provocou Hiashi mais uma vez.

_Pense no oque quiser, afinal é um direito seu. Não vou perder meu tempo lhe dando explicações desnecessárias. – Mesmo com a aparência calma, os olhos do Uchiha tomaram o tom avermelhado.



... ... ... ...


Após ficar conversando com Itachi e Kakashi, Sakura foi guiada por um dos servos do castelo até o aposento que lhe fora cedido.
Ainda estava usando a armadura, que possuía um grande peso, sentia todos os músculos reclamarem pelo esforço realizado durante todo o dia.


_Este é o seu quarto senhorita. Tenha uma boa noite. –Disse o servo.

_Obrigada. – Disse a rosada, em seguida abriu a porta e adentrou o quarto.

Havia três camas, e em uma delas dormia uma menina que devia ter oito anos, observou os traços da garota que lembravam alguém que Sakura conhecia.

_Oi Sakura.

Ouviu a voz suave e tímida e se deparou com Hinata.

_Oi Hina! – Exclamou a rosada contente em ver a amiga.

_Você esta bem? – Disse Hinata a abraçando.

_Sim e você como está?

_Um pouco cansada. Essa garotinha é sua irmã?

_Sim, é a Hanabi.

_Oh! Ela se parece muito com você.

_Todos falam isso. – Disse Hinata sorrindo. _Bom a Kushina deixou algumas roupas para você.

_Ótimo, quero me livrar logo dessa armadura e tomar um banho.

_Tudo bem, daqui a pouco irão trazer o jantar.


Sakura rapidamente pegou as roupas encima da cama e foi para o banheiro, com um pouco de dificuldade conseguiu retirar a armadura, e tomou banho. Após vestir as roupas deixadas por Kushina, jantou com Hinata, conversaram pouco para não acordar Hanabi que ainda dormia profundamente.

_Hina , você viu a Ino, hoje?

_Vi sim, ela estava bem abalada, deve estar com a mãe ou com o marido agora.

_Tem razão, vou dormir um pouco.

_Eu também.

_Boa Noite Hina.

_Boa Noite.


O sono não tardou em chegar em Sakura, que logo adormeceu, mas seu sono não durou por muito tempo.

Ouvia uma voz distante, e um incomodo no ombro direito. Com certa dificuldade abriu os olhos.

_Sakura, não faça barulho.

_Sasuke, oque estava fazendo? – Sussurrou a rosada.

_Vim deixar isso com você. – Disse Sasuke lhe entregando o colar.

_Por quê? – Disse Sakura.

_Vou sair, mas presumo que não demorarei. – Disse o moreno como se fosse a coisa mais comum que estivesse fazendo.

_Eu não estou entendendo. – Disse Sakura preocupada.

_Não vou demorar, mas se algo acontecer você fica com ele.

_Não! – Disse Sakura em um tom mais alto.

_Fale mais baixo e mantenha minha saída em sigilo, confio em você. – Dizendo isso Sasuke, a beijou rapidamente.
 

Sakura não conseguiu dormir mais pelo restante da madrugada, angustiada com oque Sasuke esta tramando.


... ... ...



A risada de uma criança brincando entre varias e varias muda de flores, era ouvida. Divertia-se correndo entre elas.

_Onde esta você? – Perguntou a mãe brincando com a filha já havia visto a pequena garotinha ruiva, mas mesmo assim mantinha a brincadeira.

_Aqui! – Disse a garotinha ruiva de cabelos curtos, pulando sem parar dentre as flores. Com um sorriso banguela da sua primeira troca de dentes a mostra.

Correu e se jogou nos braços da mãe, recebendo um carinhoso abraço seguido pela risada da mais velha, olhou para uma arvore e viu algo que sempre a incomodou.

_Mamãe, porque você não abraça a Sakura?

_Você é nova demais para entender algumas coisas, Karin.

_Mas ela é minha irmã.

_Não é, você esta enganada querida. – Disse Salomé a olhando nos olhos.

_Porque ela mora com agente então? – Questionou Karin mais uma vez, não satisfeita com a resposta da mãe.

_Karin, não insista nesse assunto.

_Eu quero saber, ela é triste e a senhora não gosta dela, porque?

_Filha, algumas vezes nós cometemos erros. E não podemos voltar atrás, eu aceitei a Sakura na nossa casa quando ela era um bebê, e esse foi um dos meus erros porque depois você nasceu e toda a minha atenção foi para você Karin, eu senti algo que me confortou que é amar um filho. Cuidei e ainda cuido de vocês, na verdade só de você filha, porque quando vejo-a vejo também todos a coisas ruins que fiz e não sou capaz de ama-la muito menos de cuida-la. – Disse Salomé, tendo a consciência de que Karin não iria entender oque esta estava dizendo, a filha era muito jovem apenas sete anos. Mas como um desabafo disse oque sentia.

_Então a Sakura é mal? – Indagou Karin, confusa com oque tinha ouvido.

_Sim, e não tratamos bem oque nos faz mal, entendeu? – Disse Salomé encerrando o assunto.

_Sim Mamãe, eu entendi. – Feliz por ter agradado a mãe, Karin sorriu e a abraçou mais uma vez.

Via toda aquela cena que na verdade era uma lembrança, em meios a flores, estava em pé chorando, sua cabeça doía e finalmente havia entendido oque Salomé tinha lhe dito há anos atrás.

_Eu sou um monstro.

Em um piscar de olhos o ambiente mudou e agora se via em um lugar totalmente branco, como se fosse ao meio do nada. Na sua frente apareceu sua versão mais nova de sete anos, com a feição meiga e inocente.

_Você pode mudar Karin, basta realmente querer. – Disse a versão mais nova com a voz extremamente infantil.

_Não... Eu não posso! – Gritou Karin, com as mãos na cabeça.


Acordou de um dos sonhos que a atormentava todas as noites, sentou-se na cama, com uma expressão triste em seu rosto. Passou a mão pelos fios vermelhos, respirando profundamente tentando manter o resto da sanidade que ainda era viva em seu interior.

Ouviu um barulho do lado de fora do quarto, como se algo estive caído no chão, aquela não era a casa que estava morando com Ibiki, haviam saído para outra moradia dessa vez quase esquecida em uma montanha.

Levantou-se da cama, pegando o roupão em seguida, em passos lentos foi até a porta e a abriu.

Não havia ninguém, apenas uma janela aberta no corredor, para que não houvesse mais barulho, a fechou e voltou para quarto. Quando fechou a porta, Karin foi arremessada contra a parede.

Fechou os olhos por conta da dor que sentiu em uma das costelas, o ar parecia ter sido escasso de seus pulmões, uma forte mão apertava seu pescoço.

Abriu os olhos apavorados, vendo outro par de olhos dessa vez vermelhos como sangue, que a encaravam com fúria.

Aquela talvez poderia ser a sua morte.

Continua...