A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa noite:)



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Will insistiu para que conversássemos pela manhã. Santana não gostou nem um pouco disto, mas não discutiu. Tentei arrancar dela o que era aquele buraco, mas ela não estava com muita vontade de conversar. Apenas deitou-se comigo e dormiu, ou melhor, fingiu dormir. San só fazia aquilo quando realmente não queria conversar, então me abracei nela e peguei no sono. Não foi tão fácil dormir, principalmente porque Santana ficava resmungando coisas sem nexo para si, mas quando eu finalmente consegui eu sonhei com uma prisão.

Eu vi um garoto em uma túnica grega e sandálias agachado sozinho em uma massiva sala de pedra. O teto era aberto para o céu da noite, mas as paredes tinham mais de seis metros altura e eram de mármore polido, completamente suaves. Espalhados ao redor do quarto havia caixotes de madeira. Alguns estavam quebrados e espalhados, como se tivessem sido jogados lá. Havia ferramentas de bronze espalhadas — um compasso, uma serra e várias outras coisas que eu não consegui reconhecer.

O garoto se encostou ao canto, tremendo de frio, ou medo. Ele fora jogado na lama. Suas pernas, braços e rosto foram arranhados como se ele tivesse sido arrastado com as caixas. Então a porta dupla de madeira se abriu. Dois guardas vestidos com armaduras de bronze marcharam para dentro, segurando um velho entre eles. Eles jogaram o velho no chão, golpeando uma pilha.

- Pai! - o garoto correu para ele. As roupas do homem estavam em farrapos. Seu cabelo estava raiado de cinza, e sua barba era longa e enrolada. Seu nariz fora quebrado. Seus lábios estavam ensanguentados.

O garoto botou a cabeça do homem em seus braços. 

- O que eles fizeram com você?

Eu vou matar vocês! – Ele berrou para os guardas.

- Não haverá nenhuma morte hoje. – Uma voz disse.

Os guardas se moveram para o lado. Atrás deles estava um homem alto com túnica branca. Ele usava um pequeno círculo de ouro em sua cabeça. Sua barba era pontuda como a lâmina de uma lança. Seus olhos brilhavam cruéis. 

- Você ajudou o ateniense a matar meu Minotauro, Dédalo. Você virou minha própria filha contra mim.

- Você fez isso, Sua Majestade – sussurrou o homem, que eu supus que fosse Dédalo.

Um guarda deu um chute nas costelas do velho homem. Ele gritou em agonia.

- Pare! – O jovem gritou apavorado.

- Você ama tanto o seu labirinto, - disse o rei, - que eu decidi deixar você aqui. Esta será sua oficina. Faça-me novas maravilhas. Surpreenda-me. Todo labirinto precisa de um monstro. Você será o meu!

- Eu não tenho medo de você. – o velho gemeu.

O rei sorriu friamente. Ele botou os olhos no garoto.

- Mas um homem se preocupa com seu filho, hã? Desagrade-me, velho, e na próxima vez que meus guardas infligirem uma punição, será nele!

O rei saiu da sala com seus guardas, e as portas fecharam com uma batida, deixando o pai e o garoto sozinhos na escuridão.

- O que devemos fazer? - O garoto lamentou. - Pai, eles vão te matar!

O velho homem engoliu com dificuldade. Ele tentou sorrir, mas era uma visão horrenda com sua boca sangrando.

- Fique calmo, meu filho. - Ele olhou para as estrelas - E-eu vou achar um jeito.

Uma barra baixou na porta com um fatal BOOM, e eu acordei suando frio.

- Britt? – Santana chamou, acordando-se comigo. – O que foi? Você está bem?

Abri a boca, mas nenhuma palavra saiu. Meu corpo continuava tremendo, como se eu estivesse prestes a ter uma convulsão. Santana abraçou-me firmemente, esperando que a tremedeira parasse. Aos poucos, meu corpo foi se acalmando e eu voltei a me aconchegar em seu peito. Fechei os olhos e voltei a dormir, desta vez sem nenhum sonho.

Xxxxxxxxxxxx

Santana ainda estudava meu rosto cuidadosamente durante a manhã. Nós tomamos café e realizamos nossas atividades diárias juntas, mas ela continuava com uma expressão indecifrável no rosto. Eu preferi ignorar isto, pois já sabia o que se passava por sua cabeça. Ela queria sabe com o que eu havia sonhado, mas eu não estava muito à vontade para conversar.

Fomos treinar na arena logo após o café. Eu quase nunca treinava com Santana, pois tinha medo de machuca-la. Não que ela não fosse boa com a espada, na verdade ela era ótima. Mas o problema era que eu sou a pessoa mais desastrada do planeta, então às vezes eu acertava a pessoa que estava treinando comigo um pouquinho forte demais. E por mais que eu amasse Santana, eu ainda estava um pouco traumatizada da primeira vez que treinamos e ela praticamente tentou me matar com aquela espada.

Barrei as primeiras investidas de Santana e contra-ataquei com Contracorrente. Ela desviava os meus golpes com facilidade e investia mais forte do que geralmente fazia. A certa altura do campeonato, eu passei apenas a defender seus golpes.

- Ok, já chega. – Falei séria, golpeando sua espada com toda a força que consegui, fazendo-a voar para longe do alcance de Santana. – Se quiser descontar a sua raiva em alguém, temos os bonecos de treino. Você vai acabar nos machucando.

Guardei Contracorrente e virei-me para sair da arena, mas Santana segurou meu braço. Suspirei e voltei-me para ela, encarando as íris castanhas.

- Por que você sempre tenta me matar quando fica frustrada? – eu perguntei em um fio de voz.

- Desculpe. – Ela murmurou, aproximando-se receosa. – Eu… Britt, você sabe que eu não quero te machucar. Eu nunca faria isso.

- Eu sei. – respondi.

Ficamos por alguns segundos nos encarando sem realizar qualquer movimento. Santana olhava para mim com uma expressão cuidadosa, como se quisesse dizer alguma coisa. Mas não disse. Apenas deu mais um passo até mim e roçou o nariz no meu, selando nossos lábios em um beijo calmo logo em seguida. Isso me disse muito mais do que ela conseguiria expressar em palavras.

- Eu estou preocupada com você. – ela murmurou abraçando meu pescoço.

- Eu sei. – respondi em voz baixa. – Desculpe.

- Não é sua culpa, Britt-Britt. – Ela respondeu, guiando-me para o meio das árvores, onde nós sentamos abraçadas. – Mas eu realmente queria saber o que acordou você ontem à noite.

Suspirei e contei à Santana sobre o sonho que me assustara durante a noite. Ela ouvia atentamente enquanto acariciava meus cabelos, sem fazer nenhuma interrupção.

- Isso não é bom. – Ela murmurou para si.

- Como tem certeza? – Perguntei.

- Não tenho. – Ela respondeu. – É só um pressentimento.

Assenti e voltei a encostar a cabeça em seu peito. Não muito tempo depois, lembrei-me de uma coisa que ela não havia respondido.

- San? – Chamei.

- Hm? – Ela disse com a voz sonolenta. Agora me ocorreu que talvez ela não tenha dormido depois do meu pesadelo.

- O que era aquele túnel? – perguntei um pouco nervosa.

- Merda! – Ela xingou. – Esquecemos do Will! Vamos, Britt-Britt, ele deve estar esperando e…

- Santana!

- Ahn?

- O que era aquele túnel? – Tornei a perguntar.

Seus olhos ficaram sombrios de repente. Ela apertou os lábios e estendeu as mãos para mim, tirando-me do chão.

- É a entrada do Labirinto de Dédalo. – Ela disse por fim. – E nós achamos que é isto que Sebastian vem procurando por aqui.


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Notas finais do capítulo

Aprovado?



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