A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!



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Quando acordei, meu corpo inteiro doía. Parecia que eu estava em chamas, minha pele estava ferida e eu me sentia sem ar.

Tentei sentar. Meus músculos fizeram um esforço enorme, mas mesmo assim eu fora impedida por braços firmes, mas delicados.

- Fique parada, minha heroína. – uma voz feminina disse suavemente.

Então eu a vi. Pele bronzeada, olhos esverdeados e cabelos castanhos claros trançados em fios de ouro. Ela sorriu, um sorriso doce e meigo que me encantou de primeira. Eu tentei sorrir de volta, mas meu rosto doeu e acho que saiu mais parecido com uma careta. Ela pegou uma colher e colocou na minha boca. Ambrosia, reconheci de cara. Depois ela começou a cantar, uma espécie de magia que fez com que a dor sumisse. Eu quis agradecer, dizer algo a mais, mas não consegui.

- Quem? – Foi tudo o que saiu de meus lábios.

- Descanse, minha brava heroína. – ela sussurrou. – Meu nome é Calypso.

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Acordei me sentindo bem melhor. Estava em uma caverna, mas não uma daquelas cavernas feias e escuras que eu geralmente acabo entrando. O teto era cheio de cristais de gelo, e as paredes pareciam ter sido esculpidas devido à quantidade de detalhes nelas. Eu estava deitada em uma cama confortável, com travesseiros macios e um cobertor lilás cobrindo o meu corpo.

Levantei, ignorando a dor infernal na minha cabeça. Um pequeno espelho estava preso na parede à minha frente, e eu pude dar uma boa olhada no meu rosto. Não estava tão ruim. Quer dizer, parecia que eu havia ficado oito horas embaixo do sol escaldante e sem protetor solar, mas levando em conta que eu havia me queimado com lava, não estava ruim. Uma fina cicatriz atravessava a minha bochecha, e meus cabelos estavam uma bagunça.  Mas fora isso, não estava tão horrível.

Passei os dedos na testa, bem onde Santana havia me beijado antes de ir. Sorri com a lembrança, mas logo meu sorriso deu lugar a uma crise de pânico. San deveria estar preocupada! Eu tinha que ir embora deste lugar o mais rápido possível.

Cambaleei para fora da caverna com dificuldade, tentando acertar onde eu colocava meu pé. Lá fora era um paraíso. Uma lagoa cristalina brilhava ao contato com a luz, e um imenso jardim bem cuidado cercava o local. A menina com quem eu havia falado, Calypso, estava conversando com alguém na beira do lago. O homem foi embora e ela se virou para mim. Limpou o rosto, afastando algumas lágrimas e forçou um sorriso.

- Acordou, dorminhoca? – Ela perguntou, afastando o cabelo do meu rosto.

- Por quanto tempo dormi? – retruquei.

- Honestamente? – Ela respondeu. – Eu não sei, Brittany. Tempo é uma coisa difícil nesse lugar.

- C-c-como sabe o meu nome?

- Você fala dormindo.

Minhas bochechas queimaram, mas eu tinha quase certeza de que não era possível o meu rosto ficar ainda mais vermelho do que já estava, então deixei para lá. Santana. San me disse isso quando nos conhecemos. Ah, deuses! Eu sentia tanta falta dela!

- Quem é Santana?

- Minha… amiga. – respondi. – Espere. Como eu cheguei aqui?

- Você caiu do céu, Brittany. – Calypso disse, com um sorriso tímido no rosto. – Aterrissou bem ali, e desde então eu venho cuidando de você.

- Eu… obrigada, mas eu preciso ir embora. – falei. – Eu preciso achar Santana.

- Você precisa se curar, minha valente. – ela disse enquanto acariciava meu rosto. – Não será útil para ela enquanto estiver assim.

Ela estava certa. E por isso, concordei em ficar.

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Quando acordei, minha cabeça já havia parado de girar. Olhei-me no espelho e vi que meu rosto não estava mais tão vermelho, nem meus cabelos pareciam um ninho de rato. Eu estava… bonita?

Sinceramente, eu odiava a minha aparência. Meus cabelos eram difíceis de arrumar, minha pele era branca demais. Minhas roupas não são legais e eu me acho alta demais. A única coisa que eu gostava mesmo em mim eram os meus olhos.

Mas agora não. Tudo parecia diferente em mim. Meus olhos estavam mais azuis do que o normal, meus cabelos estavam arrumados e eu estava com roupas brancas e confortáveis. Estranhei, mas não reclamei. Apenas caminhei para a rua.

Já era noite. Calypso estava de joelhos no jardim, mexendo na terra. Eu parei e a observei por alguns segundos. Ela era simplesmente linda. Mas ainda assim, eu podia ver que ela carregava um semblante de tristeza no rosto, ou até culpa.

- Você acordou. – ela disse sorrindo. – Isso é ótimo. Venha me ajudar a plantar isto.

Ela apontou para uma planta cheia de terra na raiz. Eu a segurei e ela brilhou quase que instantaneamente.

- O que ela faz? – perguntei, fascinada com a beleza da flor.

- Faz? Nada. Ela dá luz, vive… tem que fazer algo a mais? – Calypso retrucou.

- Acho que não.

Ela fez um buraco no chão e começamos a ajeitar a planta na terra. Nossas mãos se tocaram por um segundo, e eu senti uma onda de calor passar por meus dedos.

- Minha mãe sempre quis um jardim. – Comentei.

- E por que vocês não tem um?

- Moramos em um apartamento em Manhattan. – eu disse. – Não há espaço.

- Apartamento?

Arqueei uma sobrancelha. Ela não sabia o que eram apartamentos?

- É, apartamento. É como se fossem um monte de casas, uma sobre a outra. – expliquei. – Só que sem jardins.

- Isso é triste. – ela murmurou. – eu sabia que o mundo havia mudado, mas não ao ponto de que pessoas não pudessem mais ter jardins.

- Há quanto tempo você não sai daqui?

- Eu já lhe disse, Brittany. Tempo é algo complicado aqui.

- E por que você não sai?

Ela engoliu em seco e eu me arrependi de ter aberto a boca. Aquilo parecia ter a feito tão… mal.

- Esta ilha, - ela disse. – Ogygia. Ela é o meu castigo.

- Mas o que você fez? – Perguntei.

- Eu? Nada. Mas receio que meu pai tenha feito muito. Seu nome é Atlas.

O nome mandou um arrepio pela minha espinha. Eu conhecera o titã Atlas no último inverno, e não foi um tempo feliz. Ele tentou matar quase todo mundo com quem eu me importava.

- Ainda assim, - falei hesitante, - não é justo punir você pelo o que seu pai fez. Eu conheci outra filha de Atlas. Seu nome era Harmony. Ela era uma das pessoas mais corajosas que já conheci.

Calypso me observou por um bom tempo. Seus olhos estavam tristes.

- O que foi? - perguntei.

- Você… você já está curada, minha valente? Você acha que estará pronta para partir em breve?

- O quê? - perguntei. - Eu não sei. - Movi minhas pernas. Elas ainda estavam duras. Eu já estava ficando tonta por ficar em pé por tanto tempo. - Você quer que eu vá?

- Eu... - Sua voz falhou. - Eu a verei de manhã. Durma bem.

Ela correu na direção da praia. Eu estava muito confusa para fazer algo além de olhar até vê-la desaparecer na escuridão.

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Era difícil dizer quanto tempo havia passado. Com Calypso, tudo passava tão… rápido? Não sei ao certo.

Eu queria ir embora, eu precisava ir. Santana poderia estar preocupada comigo, ou pior, precisando de mim. E eu ainda não havia ouvido de Quinn, ou Finn. Mas o problema é que cada vez que eu pensava em ir embora, Calypso ficava triste. E eu odiava deixar qualquer pessoa triste.

Ela nunca falava sobre ela. O pouco que eu sabia, é que aquela era a sua prisão, e que ela havia apoiado seu pai na primeira guerra. Sabia também que alguns deuses ainda vinham visita-la vez ou outra, mas isso era tudo.

Numa noite, estávamos jantando quando uma luz apareceu no horizonte. Um barco! E se aproximou cada vez mais, até que eu pude ver a figura repugnante, mas ao mesmo tempo reconfortante, que descia do mesmo.

- Senhor Hefesto! – Gritei.

Ele deu um meio sorriso para mim e Calypso. Deuses, como era bom ver alguém conhecido!

- Calypso, poderia me dar licença um minuto? – ele perguntou, e ela assentiu.

Hefesto sentou-se comigo à mesa. Um copo com coca diet foi servido, e ele bebericava o líquido lentamente.

- Desculpe-me, senhor, mas tem alguma notícia de Santana? – perguntei timidamente.

- O quê? – ele exclamou. – Ah, sim. A filha de Atena. Brilhante, ela é brilhante. Conseguiu me encontrar e contou-me toda a história. Ela está preocupada. Na verdade, todos acham que você está morta.

Engoli em seco. Merda, aquilo era pior do que eu pensava.

- Você criou uma bela explosão, Brittany Pierce. – O deus disse. – Acho que os Telquines não usarão minha forja tão cedo. Mas em compensação, eu também não usarei. Você agitou o vulcão, garota. Tífon está lá dentro. Vai ser difícil acalmá-lo.

Tífon… espere! Ele não era um Titã? Merda, merda, merda.

- Mas… quer dizer, eu não tenho o poder de libertá-lo, certo? Eu não sou tão forte. – Falei, arrancando uma sonora gargalhada de Hefesto.

- Você não é tão forte? – Ele disse, lutando para recobrar o ar. – Pirralha, você é a filha do deus dos terremotos. Você não sabe a força que tem.

Eu temia ouvir isso. Na verdade, sempre temi. Eu lembrei de como consegui salvar Santana do fogo do dragão, e isso me deixou mais tranquila. Mas ao mesmo tempo, era esse o poder que podia muito bem machuca-la.

- Mas a pergunta final, Brittany Pierce, é: você vem ou não vem?

- E quanto a Dédalo? – perguntei.

- Lhe direi o que sei. – Ele afirmou. – Se quiser vir, venha logo. Estarei esperando por você.

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Cheguei perto de Calypso, que estava no jardim. Discuti sozinha mentalmente por alguns segundos sobre o que lhe dizer. Nada parecia soar bem o suficiente. Mas não foi preciso dizer nada.

- Você está partindo. – ela murmurou.

- Estou.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu não conseguia encará-la. Ela havia sido tão boa para mim, e eu estava indo.

- Plante um jardim para sua mãe, Brittany. – Ela sussurrou, e em seguida me beijou.

Foi um beijo rápido, um breve roçar de lábios, mas aqueceu meu corpo instantaneamente. Ela abriu um sorriso triste e caminhou para longe, me deixando sozinha mais uma vez.

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Hefesto apontou para uma jangada à minha frente. Era grande, de fato. Tinha tipo uns três metros de largura e comprimento.

- Apenas a diga para onde quer ir. – ele falou. – E ela a levará. Nos vemos em breve.

Assenti. Ainda podia sentir os lábios de Calypso nos meus. A culpa viera logo em seguida. Eu amava Santana, de verdade. Mas eu havia ficado atraída por outra pessoa. Aquilo era horrível. Mas mesmo assim, ela quem me deixou. Isso também era ruim. Se bem que ela me beijou, então aquilo significou alguma coisa? Não sei ao certo.

- Acampamento meio-sangue. – murmurei para a jangada. – Leve-me para casa.


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Notas finais do capítulo

E ai?