A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Mais um para vocês:)
E ai, o que acharam do novo single da Naya? E sobre a Demi linda em NY?
NÃO, EU NÃO VOU PARAR DE ESCREVER FICS BRITTANA CASO A DEMI FIQUE COM A SAN.

Brittana>>>>>>>resto.



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Andamos por longos minutos em silêncio. Aquilo era constrangedor. Imagine terminar com a sua namorada e ter que passar o resto de uma missão sozinha com ela. É no mínimo estranho.

Caminhamos por um caminho um tanto quanto estreito e logo depois alcançamos uma porta de metal. San e eu nos entreolhamos por alguns segundos, e depois ela abriu.

O que havia lá dentro era tudo o que eu não esperava. Uma oficina gigantesca com engenhocas e peças de metal espalhadas. Uma pilha de folhas amassadas e lápis quebrados ao meio ou em um tamanho minúsculo ocupavam o canto da oficina. Havia também uma mesa de madeira com milhares de papéis espalhados sobre ela. Nas paredes, ferramentas de todos os tipos ocupavam as prateleiras, junto de alguns protótipos de alguma coisa que eu não tinha a menor ideia do que se tratava.

- Bem, o que temos aqui? – Uma voz grave ecoou na oficina.

Eu engoli todas as minhas palavras ao ver o homem parado na minha frente. Ele era repugnante. Sua cabeça era deformada, meio achatada e disforme. O ombro direito era mais alto que o esquerdo, e ele tinha uma perna mais curta que a outra. Sua barba por fazer tinha pequenas faíscas estalando em seu rosto, e ele usava um macacão sujo de graxa. No bolso, estava bordado Hefesto.

- Eu não as fiz, certo? – ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

- N-n-não senhor. – Respondi.

- Então o que fazem aqui?

Eu estava apavorada. A aparência dele me assustava, e eu estava prestes a dizer que já estávamos indo quando Santana tomou a palavra.

- Nós procuramos por Dédalo, senhor.

- Dédalo? – Ele vociferou. – Ousam a procurar aquele velho?

- Bem, sim. – San respondeu, mantendo a voz suave.

- Hunf. Perda de tempo, jovem meio-sangue. – ele disse.

- Nós pensamos que poderia nos ajudar.

Nós pensamos? Ok, se ela diz. Mas eu não precisava de um deus irritado comigo, não agora.

- Eu posso. – ele murmurou. – Mas tenho um preço.

- Estamos ouvindo. – Santana respondeu.

- Uma das minhas forjas favoritas, no Monte Santa Helena, está sendo usada por alguém. Não sei quem, e é isto que quero que descubram. – ele explicou. – Digam-me tudo que souberem e eu contarei o que precisam saber sobre Dédalo.

- E como chegaremos lá? – Perguntei.

Hefesto bateu palmas e uma aranha de metal apareceu. Santana se encolheu e agarrou a minha mão. San tem pavor de aranhas, até das mais pequenas.

- Minha criação as levará até lá. – ele disse. – Mas mantenham-se vivas. Humanos são muito mais frágeis do que autônomos.

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Nunca corri tão rápido em toda a minha vida. Aquele monstrinho tinha patas curtas, mas corria mais do que qualquer coisa que eu já tinha visto antes. Eu ainda tinha uma boa vantagem sobre Santana, porque as minhas pernas são bem mais compridas do que as dela, e acabei a deixando um pouco para trás.

Estávamos indo relativamente bem, até que chegamos a uma altura do túnel em que começou a esquentar. E esquentar muito mesmo.

Corremos mais alguns metros num túnel estreito até que a aranha se enrolou e virou uma bola de metal. Havíamos chegado à forja.

Não havia chão, só lava borbulhando. Milhares de peças metálicas estavam espalhadas por mesas e pelo chão. No centro, uma plataforma metálica gigante com todos os tipos de máquinas imagináveis ligavam outras pontes também de metal.

Santana colocou a aranha de metal no bolso e pegou seu boné.

- Eu vou dar uma olhada. – Ela disse, enquanto me empurrava para dentro de um carrinho. – Fique aqui.

- Mas…

Tarde demais. Ela já havia desaparecido. Eu cogitei ir atrás dela, mas isso colocaria as nossas vidas em risco. Não que eu gostasse da ideia da minha ex-namorada sozinha no meio de sabe-se lá o que, mas eu iria acabar piorando as coisas.

Mas eu não precisei sair dali para nos ferrar. Comecei a ouvir vozes se aproximando e em pouco tempo o carrinho em que eu estava começou a ser empurrado.

- Isso pesa uma tonelada! – Uma voz reclamou.

- E você queria o quê? – A outra retrucou. – É bronze celestial!

Ok, isso não era bom. Primeiro, essa coisa disse que eu estou gorda? E segundo, aonde eu estava indo? Isso não vai acabar bem. Entrei em pânico, e deixei Contracorrente destampada.

Eu fui sendo levada. O caminho tinha poucas curvas e ia sempre em linha reta. Até que parou.

- O que fazemos com isso? – A primeira voz perguntou.

- Deixem ai. – Uma terceira voz respondeu. – O filme já vai começar.

As vozes cessaram e eu consegui ouvir o filme.

Conforme um demônio marinho amadurece, o narrador disse, mudanças acontecem no corpo do monstro. Você deve perceber suas presas crescerem e um desejo repentino de devorar humanos. Essas mudanças são perfeitamente normais e acontecem a todos os jovens monstros.

Rosnados excitados encheram a sala. O professor — eu pensei que devia ser um professor — disse aos garotos para ficarem quietos, e o filme continuou. Eu não entendi a maior parte dele, e não ousei olhar. O filme continuou a falar sobre crescimento e problemas de acne causados pelo trabalho nas forjas, e higiene adequada das nadadeiras e enfim, acabou.

- Agora, filhotes, - o instrutor disse, - qual é o nome certo de nossa espécie?

- Demônios marinhos! - um deles latiu.

- Não. Mais alguém?

- Telquines! - outro monstro gritou.

- Isso mesmo! – O instrutor parabenizou. – E por que estamos aqui?

- Porque Zeus é mau! – Um deles latiu.

E então, crianças, - o instrutor continuou, - a quem nós servimos?

- Cronos! - eles gritaram.

- E quando vocês crescerem e forem grandes telquines, farão armas para o exército?

- Sim!

- Excelente. Agora, nós trouxemos alguns pedaços de metal para vocês praticarem. Vamos ver o quão engenhosos vocês são.

Houve movimentos agitados e vozes excitadas ao redor do carrinho. Eu me preparei para desencapar Contracorrente. A lona foi jogada para trás. Eu pulei, minha espada ganhou vida em minhas mãos, e eu me vi encarando um monte de... cachorros.

Bem, as caras eram de cachorro, pelo menos. Pretos, brancos, orelhas pontudas, focinhos… enfim. Mas o corpo, aquilo sim era estranho. Eram corpos de leões-marinhos.

- Semideusa!

- Vamos comê-la!

Apontei minha espada para o bando de cachorros ameaçadoramente. Eles recuaram ao ver o brilho do bronze celestial, o que abriu um caminho para mim. Saltei do carrinho e disparei em direção à entrada do monte.

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- San! – gritei – San!

Uma mão invisível cobriu a minha boca e me puxou para trás.

- Você vai acabar nos matando assim, Brittany. – ela sussurrou, tirando o boné e ajeitando os cabelos. – Onde você estava? Fiquei preocupada.

Contei um resumo de tudo o que eu ouvi para ela. Santana ficou me encarando com a testa franzida e mordendo os lábios.

- Telquines. – ela murmurou. – Eu devia saber.

Latidos e rosnados ecoaram no corredor. Eles estavam vindo, e iriam nos pegar. Eu precisava de algo, e rápido.

- Coloque seu boné. – Pedi.

- O quê?

- Coloque o seu boné e saia daqui. – Falei. – Você pode sair daqui ainda, San. Eu posso cuidar disso sozinha.

- Eu não vou te deixar, Brittany. – ela falou, elevando o tom da voz.

- Vai sim. – eu retruquei. – Você é inteligente, Santana. Você sabe que é a melhor opção que nós temos. Use a aranha, ela vai te levar de volta para Hefesto.

- Britt…

- Vai, Santana. Eu tenho um plano.

Por um segundo, eu achei que ela fosse me bater. Mas ela não o fez. Ela agarrou o meu rosto com as duas mãos e me beijou. Um beijo lento e carinhoso, a sua língua acariciando a minha gentilmente.

- Por favor, não morra, Cabeça de Alga. – ela sussurrou antes de beijar meu rosto e desaparecer.

- Não vou. – prometi ao invisível.

Eu sentia o meu cérebro derretendo, e poderia muito bem ter ficado ali o resto do dia, mas os latidos dos telquines me trouxeram de volta à realidade. Eu havia prometido que ficaria viva, então eu ao menos iria tentar.

Eu desejei ter um plano, desejei não ter mentido para ela. Desejei não ter brigado por causa dos ciúmes, desejei não ter me separado do grupo. Mas agora já era tarde. Eu estava rodeada por monstros caninos com corpo de peixe.

Eles rosnavam e apontavam suas armas para mim. Alguns tentaram atirar lava em mim, mas eu não queimei. Meu pai me protegia. Então, tive uma ideia.

Eu precisava do mar. Em algum lugar, havia água. E eu a chamei. Chamei com tanta força que meu estômago doeu, meus órgãos se comprimiram e minha visão ficou turva. A última coisa de que me lembro é do vulcão em erupção e eu indo com toda a força em direção à terra.


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Notas finais do capítulo

Aprovado?