A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Cap gigante para me redimir pela demora. Amanhã de madrugada eu viajo, então sem mais capítulos por um tempo. E sem comentários sobre o Cory, mas não é justo. Vamos manter ele vivo pelo menos aqui.



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Quando estávamos alcançando a casa, senti um cheiro de churrasco. Aquilo me deixou louca. Eu amo churrasco, e já que a única coisa que eu venho comido nos últimos dias são barrinhas de cereal ou, quando eu tenho um pouco de “sorte”, bolachinhas sem gosto, o cheiro só atiçou ainda mais os meus instintos e me fez correr mais rápido ainda.

Santana cambaleou ao tentar acompanhar o meu passo apressado, e eu diminui um pouco a velocidade. As pernas dela são bem mais curtas do que as minhas, o que me garante uma boa diferença de altura. Eu gosto disso. É bom quando ela enterra o rosto no meu pescoço, ou quando ela fica abraçada em mim.

- Britt, anda. – ela disse, me tirando dos meus devaneios. – Estamos quase lá.

- Ainda bem, estou com fome. – falei, voltando a apressar o passo.

Ela revirou os olhos e abriu um sorriso torto. Parei segundos antes de entrar e roubei um rápido beijo dela. Eu simplesmente amo fazer isso.

Quando abrimos a porta, encontramos Geryon em frente a uma churrasqueira assando um pedaço de carne. Ele estava com um avental gigante, escrito Beije o Chef em cada um de seus peitorais. Veja bem: enquanto Santana e eu estávamos correndo de volta a casa, depois de limpar o cocô, ela me explicou que ele era um monstro grego (dã), neto da Medusa. Ele tinha três corações, por isso três peitorais.

- Solte-os! – Berrei com o resto da força que me restara.

Geryon virou-se, surpreso ao nos ver. Santana tinha um dos braços apertando a minha cintura, enquanto mantinha o outro por perto da sua faca. Eu apertei Contracorrente no meu bolso, pronta para atacar a qualquer momento. Meus amigos estavam todos presos nas cadeiras, amarrados fortemente.

- Impressionante… - Geryon murmurou. – Sabia que ninguém limpava aqueles estábulos há séculos? Mas não importa, menina-peixe, conte-me como conseguiu.

Suspirei e comecei a contar toda a história para ele. Eurytion nos observava enquanto brincava com um facão na grande mesa de madeira.

- Interessante… mas você realmente podia ter me feito o favor de ter envenenado aquela Náiade nojenta. – ele resmungou.

- Hm, isso fica para outra hora. – Santana respondeu. – Agora os liberte.

- Não!

- O quê? – Perguntei incrédula. – Mas tínhamos um trato!

- Mas você não me fez jurar pelo rio Styx, então não é válido. – ele disse com um sorriso satisfeito no rosto.

- Mas qual é o seu interesse neles? – Santana perguntou enquanto se colocava na minha frente.

- Latina metida! – Ele reclamou. – Mas de qualquer forma vocês vão acabar descobrindo… eu vou vender vocês para o exército de Sebastian, é claro!

- O QUÊ? – Santana berrou, e eu tive que segurá-la.

- Isso mesmo, fedelha. Eles pagam melhor do que a limpeza no meu estábulo. Mas obrigado de qualquer jeito.

Ok. Aquilo já era de mais. Ninguém vai levar a minha namorada para aquele maluco. Saquei Contracorrente do meu bolso e Santana puxou a faca de bronze. Geryon apenas revirou os olhos.

- Eurytion! Acabe com elas. – Ele ordenou.

- Não. – O vaqueiro respondeu, ajeitando o chapéu na cabeça.

- Como?

- Não. – ele reafirmou. – Estou cansado de limpar a sua bagunça. Se quer mata-las, faça você mesmo.

O monstro grunhiu e tirou o avental. Santana e eu nos preparamos.

- Ok. Eu cuido de você depois. – ele resmungou, antes de se lançar sobre nós.

Santana e eu rolamos para o lado, desviando do garfo de churrasco. Geryon apontou duas facas em minha direção, mas eu desviei com Contracorrente. Segundos depois, cravei minha espada no peitoral do meio.

Geryon gritou de dor e caiu de joelhos, mas não se desintegrou. Pelo contrário, levantou com um sorriso cínico no rosto e completamente curado.

- Britt, ele tem três corações! – Santana gritou. – Temos que acertar os três.

- Ah, cale a boca pirralha! – Ele reclamou, pegando a churrasqueira móvel com a mão e virando as brasas em direção ao rosto de Santana. Algumas a atingiram e ela gritou de dor, o que me deixou ainda mais raivosa.

Investi mais algumas vezes contra ele, mas sem sucesso. Santana ainda estava caída no chão, cobrindo o rosto com as mãos, mas eu não conseguia chegar perto dela. Ele me barrava sempre que eu tentava.

Descobri que espadas seriam algo inútil. Corri para dentro da casa, seguida por Geryon. Quando alcancei a sala, dei uma rápida olhada nas decorações. Cabeças de veados, ursos, e um arco com uma aljava. Perfeito. Ou quase. Se tivéssemos alguém que soubesse atirar com flechas, seria mais do que perfeito. Mas a única opção que tínhamos era eu. Ou seja, estávamos ferrados.

- Onde quer a sua cabeça, Pierce? – O monstro berrou. – Ao lado do veado ou do urso?

Dito isso, ele atirou um espeto em minha direção. Rolei para o lado do arco e o agarrei, me escondendo atrás do sofá. Comecei a rezar por Ártemis e Apolo. Um tiro, só um.

Respirei fundo e atirei a flecha. Ela pegou no lado de seu peito direito, e eu apenas ouvi o barulho dela atravessando três coisas. O sorriso de Geryon desapareceu e, segundo depois, ele se desfez em cinzas.

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Corri de volta a cozinha e me ajoelhei ao lado de Santana. Ela cobria o rosto com ambas as mãos e estava completamente encolhida, em posição fetal. Toquei a base de sua espinha e ela se encolheu ainda mais, o que fez meu coração se apertar.

- San, deixe-me ver. – pedi com a voz mais suave que conseguia fazer, mas ela não se mexeu.

- D-dói, Britt. – ela choramingou.

- Eu sei meu amor, mas se você não me deixar ver eu não posso ajudar. – falei, acariciando suas costas.

Ela removeu lentamente as mãos do rosto. O lado direito de sua face estava queimado, com a carne à mostra. Engoli em seco e respirei fundo antes de ajuda-la a sentar. Ela mantinha o olho direito fechado, e lágrimas grossas escorriam por seu rosto. Eu esqueci-me dos meus amigos, esqueci-me de Eurytion, esqueci-me de tudo e todos. Agora éramos apenas eu e Santana. Eu e a minha namora que estava com uma queimadura horrenda no rosto, eu e a minha namorada que precisava de mim agora.

Ignorei minha dor nas costas e meu joelho ralado e peguei-a no colo. Ela abraçou meu pescoço e deixou que eu a carregasse para a pia da cozinha. Liguei a torneira e coloquei Santana sentada no balcão. Deixei a água correr por meus dedos e, com uma das mãos, toquei receosa o rosto de Santana. Ela se encolheu com o contato, mas não se afastou. Aos poucos, a queimadura começou a diminuir, até sumir por completo. A pele havia se reconstituído, e eu estava exausta. Eu havia acelerado um processo de cura de no mínimo meio ano, e o rosto dela havia voltado à perfeição de sempre.

Senti meus joelhos falharem e meu corpo pesar. Sempre fico assim depois de usar muito os meus poderes. Santana segurou meus braços, me impedindo de cair. Encostei minha testa na dela e beijei seu nariz.

- Melhor? – perguntei.

- Muito. Obrigada, Britt-Britt. – ela respondeu, puxando-me para um abraço apertado.

Colei nossos lábios em um selinho demorado. Mas, é claro, tínhamos que ser interrompidas.

- PORRA BRITTANY! – Quinn berrou. – EU ESTOU COM CAIMBRA NOS BRAÇOS.

Sorri contra os lábios de Santana e me afastei após mais um beijo. Ela desceu da bancada e nós caminhamos em direção aos nossos amigos. Eurytion nos observava por debaixo do chapéu, ainda brincando com o facão.

- Não vai me impedir? – Perguntei.

- Eu não. – ele respondeu, abrindo um sorriso torto. – Você me fez um favor. Eu aguento aquela mala a séculos, graças ao meu pai. Ele vai demorar um bom tempo para voltar.

- Seu… pai? – San perguntou.

- Ah, sim. Ares, o grandioso Ares. – Ele disse ironicamente. – Podem ir, não vou fazer nada. E se quiserem, podem passar a noite. Não é exatamente seguro voltar agora.

Assenti e puxei Santana em direção às cadeiras. Desamarramos os nossos amigos e, novamente, fui recebida por um abraço de urso, ou melhor, de bode.

- Briiiiiitt! – Finn baliu.

- Ei grandão. – Cumprimentei, dando um tapinha em suas costas. – Senti sua falta.

- Britt, eu achei que ele tinha matado você! – Ele choramingou, me apertando ainda mais. – Eu não posso p-p-perder a minha melhor amiga.

- Não vou morrer, Finn. Se acalme. – falei enquanto apertava suas costas. – Eu amo você, menino bode. Não poderia te deixar sozinho.

- Eu também amo você. – ele baliu em resposta, encharcando a minha camiseta com suas lágrimas de bode.

- Finn, abraço apertado de mais. – eu disse, e ele me soltou.

Caminhei em direção à churrasqueira e acendi o fogo novamente. Joguei alguns pedaços de carne, como uma oferenda para Ártemis e Apolo. O resto foi dividido entre todos nós.

Rachel estava abraçada no irmão. Kurt tentava se aproximar aos poucos, mas parecia só atiçar ainda mais a raiva que ele sentia sabe-se lá do que ou de quem. Mas aos poucos eles se resolveriam, eu acho.

Horas depois, San puxou-me para cima. Eurytion nos disse para escolher qualquer um dos quartos e passar a noite ali. Eu fiquei um pouco desconfiada dele no início, mas acho que ele falava sério quando disse que eu havia feito um favor para ele.

Deitei praticamente em cima de Santana na cama e enterrei meu rosto na curva de seu pescoço. Ela ficou brincando com os meus cabelos, sem dizer nada.

- No que você está pensando? – perguntei depois de um tempo.

- Em você. Em nós. – ela respondeu com um suspiro. – Em como eu quis esganar você por ter fugido do acampamento.

Abri um sorriso torto e beijei seu pescoço. Ela sorriu, satisfeita, e nos girou, invertendo as posições. Ela mantinha um sorriso torto no rosto enquanto se inclinava para me beijar.

Segurei seu rosto com força e a beijei. Ela sorriu e começou a brincar com a barra da minha camiseta. Tentei inverter as posições, mas ela me prendeu na cama com as pernas ao redor da minha cintura. Merda, ela era quente. A pele macia de suas coxas roçava contra a minha. Um sorriso malicioso dançava em seus lábios. Ela prendeu meus pulsos acima de minha cabeça e se inclinou, depositando um breve beijo em meus lábios. Depois disso, ela se afastou.

- A-a-aonde você vai? – gaguejei.

- Nós vamos fazer isso aqui? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha. – Na casa de um monstro? No meio de uma missão?

- E-eu…

- Britt, você quem disse que nós merecíamos mais do que isso. – ela falou com um sorriso torto. – Eu concordei com você. Além do mais, não vamos fazer nada enquanto a Quinn estiver por perto, ou a sua amiguinha mortal.

Nunca, nunca mesmo, em toda a minha vida, eu desejei que eu pudesse engolir as minhas palavras. A Quinn nunca nos deixava sozinhas. Só quando estávamos com a minha mãe, mas não existe a menor possibilidade de eu fazer qualquer coisa com a minha mãe por perto. Boa, Brittany. Genial. Agora seremos virgens para sempre. Oba.

Mas eu senti uma pontada de ciúmes na voz dela quando ela se referiu a Marley. Acho que não foi uma ideia tão boa trazê-la conosco.

- San… - Chamei.

- O que foi, Britt?

- Você está com ciúmes da Marley?

Mesmo estando escuro, mesmo que a pele dela não mostrasse, eu sabia que agora ela estava ficando vermelha. A ideia de que Santana estava com ciúmes de mim colocou um sorriso no meu rosto.

- E-eu não estou com ciúmes da sua amiguinha mortal. – ela mentiu.

- Eu conheço você, Santana Lopez. Não ouse mentir para mim. – Falei enquanto a puxava para mais perto.

- Eu não gosto do jeito que ela olha para você. – ela murmurou, enterrando o rosto no meu pescoço.

- San, eu amo você. – eu falei. – Exclusivamente e unicamente você. Pare de pensar na Marley, pense só em nós duas.

- Ela é melhor do que eu. Você pode querer ficar com ela.

- Eu não quero a Marley porque ela não é você. E ninguém é melhor do que você, Sanny.

Ela sorriu contra a minha pele pálida e beijou meus lábios. Logo em seguida pegamos no sono. O dia seguinte seria bem pesado.


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Notas finais do capítulo

Quero o Cory de volta:(



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