A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi:) Vocês podem comentar, eu não mordo.



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Esquerda foi, definitivamente, uma boa escolha. Percorremos longos metros sem monstros ou deuses frustrados, o que para mim era um ponto positivo. Mas eu já estava começando a ficar estressada. Queria ver a minha Santana o mais depressa possível, o que claramente não estava acontecendo. Acho que é pedir de mais para ter a minha namorada comigo, tipo, agora.

Seguimos no túnel mais alguns metros. O lado bom: sem desvios, paredes estreitas ou nada do tipo. O lado ruim: era sem saída.

- Joe, você consegue…? – perguntei, apontando para a parede.

- É para já! – ele respondeu animado.

Joe era a única pessoa/monstro animada com a viagem no labirinto. Sei lá, acho que ele ficou feliz de não ter encontrado nenhum outro monstro três vezes o tamanho dele, que nem na nossa última missão juntos. Ele socou a parede com força, mas apenas trouxe mais poeira abaixo. Tentou novamente e dessa vez conseguiu. Abriu uma espécie de porta para nós e nos deixou passar. Quando todos atravessamos, Joe colocou a pesada rocha de volta no lugar. Segundo ele, aquele lugar fedia a monstros, então era melhor prevenir do que remediar.

- Nós nos prendemos. – Marley disse, tirando-me de meus devaneios.

- O quê? – Perguntei, virando-me.

Estávamos em uma sala quadrada, com aproximadamente seis metros de comprimento, coberta com barras metálicas. Havíamos caído direto em uma cela.

Quinn tentou movê-las, mas sem sucesso.

- Mas que merda. – ela resmungou para si. - Joe, será…

- Esperem! – ele murmurou, fazendo Quinn arquear uma sobrancelha.

Pude ouvir um choro baixinho e alguém se lamentando em alguma língua diferente. Os olhos de Joe brilharam e ele saiu correndo.

- Ei, espere! – Chamei, mas ele não me deu atenção.

- Eu conheço este lugar. – Marley disse, após alguns segundos. – É Alcatraz.

- Tipo aquela ilha em São Francisco? – perguntei.

Ela assentiu. Não consegui acreditar que havíamos andado tanto em tão pouco tempo. Mas não podia pensar nisso agora. Corri atrás de Quinn e Joe, que já estavam mais à frente. Quinn agarrara a camiseta de meu irmão e fazia sinal para que ficássemos em silêncio. Foi então que eu a vi.

Era como uma espécie de centauro, com corpo de mulher da cintura para cima. Mas em vez da parte de baixo de um cavalo, tinha o corpo de um dragão — de pelo menos seis metros de comprimento, preto e escamoso com enormes garras e uma cauda farpada. Suas pernas pareciam que estavam emaranhadas em videiras, mas então percebi que eram cobras brotando, centenas de víboras se esforçando em volta, procurando constantemente algo para morder. O cabelo da mulher também era feito de serpentes, como o da Medusa. Mais estranho de tudo, em torno de sua cintura, onde a parte mulher encontrava a parte dragão, sua pele borbulhava e se transformava, ocasionalmente produzindo cabeças de animais — um lobo maligno, um urso, um leão, como se ela estivesse usando um cinto de criaturas mutantes. Tive a sensação que estava olhando para algo meio formado, um monstro tão antigo que existia desde o início dos tempos, antes das formas terem sido totalmente definidas.

Joe choramingou baixinho, mas calou-se. Marley parecia a ponto de surtar, então eu rapidamente coloquei a mão sobre sua boca.

- É ela. – ele murmurou.

Nos encolhemos e observamos a mulher-dragão. Ela falava alguma coisa que eu não entendia, então olhei para Joe que apenas assentiu. Logo, começou a traduzir o que a coisa dizia.

- Você vai trabalhar para o mestre ou vai sofrer. – ele disse na voz da mulher-dragão.

- Não servirei. – respondeu com uma voz profunda e sofrida.

- Você acha que sua primeira prisão foi cruel, Briares? – disse, com a voz falhando no nome. – Eu garanto que isso será mil vezes pior.

Dito isso, ela apenas saltou da janela e voou para longe. Joe não esperou um segundo convite para invadir a cela.

Corremos atrás dele e nos deparamos com um monstro que eu nunca havia visto antes. Ele era enorme, mas tinha os pés desproporcionais, com mais dedos em cada um do que deveria. O rosto sujo de lágrimas e terra estava escondido em meio a uma de suas várias mãos. Eram tantas que eu não conseguia contar. Elas faziam movimentos sincronizados, como se ele tivesse passado muito tempo praticando aquilo. Na verdade, pareciam estar brincando de Pedra-Papel-Tesoura.

- Briares! – Joe chamou alegre. – O grandioso Cem-Mãos!

Os soluços pararam. O monstro fitou Joe com os olhos cheios d’água e lançou-o um sorriso sem graça.

- Há tempos que não sou grandioso, pequeno ciclope. – ele murmurou, voltando a soluçar.

- O que exatamente é ele? – perguntei para Quinn.

- Ele é um dos Cem-Mãos, - disse ela. - Eles os chamavam assim por que… bem, eles tinham uma centena de mãos. Eles eram os irmãos mais velhos dos Ciclopes.

- Certo. Isso explica bastante coisa. – murmurei em resposta.

Voltei minha atenção para Joe, que já se aproximara do Cem-Mãos.

- M-m-mas você é um dos Cem-Mãos! – ele protestou. – Coloque a sua cara corajosa.

Imediatamente, o rosto do monstro mudou de feições. Os olhos eram idênticos aos de Joe, mas agora sua expressão era séria, com um sorriso torto no rosto e o nariz arrebitado. Mas pouco durou, segundos depois já estava de volta ao que era antes.

- Esqueça! Eu sou um desastre! – Ele choramingou. – Kampê voltou e em breve irá nos atirar de volta ao Tártaro!

Kampê era a carcereira de Cronos. Ela que jogava ciclopes e aparentemente Cem-Mãos no Tártaro.

- Não! Não tenha medo, Briares! – Joe tentou novamente. – Podemos ajudar você! E será que você pode autografar a minha camiseta?

- Você tem cem canetas? – O monstro fungou.

- Nós temos que ir, Joe. – Quinn disse. – Kampê vai voltar a qualquer momento.

- M-m-mas Briares… - Joe choramingou.

- Briares pode vir conosco. – falei.

O Cem-Mãos olhou-me com uma cara esperançosa, mas segundos depois voltou a mesma expressão.

- Eu não posso! Kampê me puniria! – Ele disse encolhendo-se.

Olhei de relance para o rosto de Joe e percebi que se não o levássemos, ele choraria por semanas.

- Ok, façamos o seguinte. – falei. – Um jogo de Pedra-Papel-Tesoura. Se eu ganhar, você vem conosco. Se eu perder, faça o que quiser.

- Você enlouque…

- Não, Quinn. – Cortei. – Deixe-nos jogar.

Ela se calou e assentiu. Bati na mão três vezes antes de jogar. Briares colocou metade das mãos com pedras, papel e tesoura.

 - Eu sempre gan… O que é isso? – ele perguntou, apontando para minha mão.

- Isso é uma arma. – falei. Era um pequeno truque que John havia me ensinado, e definitivamente fora útil. – A arma ganha de todos.

- Trapaceira! – ele exclamou, mas mesmo assim veio conosco.

Porém, não foi tão fácil quanto eu imaginava. Kampê nos esperava lá embaixo, com suas garras à mostra.

- Corram. – Falei.

Ninguém fez nenhuma objeção. Disparamos corredor à dentro, desviando das investidas de Kampê. Ela voava logo atrás de nós, com duas espadas afiadíssimas em mãos.

- Não deixem as espadas tocarem vocês! – Quinn exclamou. – Tem veneno.

- Nós morreríamos? – Marley perguntou.

- Bem… secaríamos até virarmos poeira, mas sim, morreríamos. – Quinn respondeu.

Joe havia acertado o rosto do monstro com uma rocha. Aquilo o atrasou tempo suficiente para que nós procurássemos a marca de Dédalo.

- Achei! – Marley gritou.

Empurramos Briares para dentro do labirinto e corremos logo atrás dele enquanto a porta se fechava. Joe havia ficado para trás, e certamente Kampê o pegaria. Não pensei duas vezes antes de atirar o meu relógio-escudo na cara do monstro. Aquilo o distraiu por tempo suficiente para que Joe entrasse e a porta se fechasse logo atrás dele.

- Salvos. – murmurei.

Ninguém disse nada. Apenas voltamos a andar no meio do labirinto, incertos sobre para onde seguir.


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Notas finais do capítulo

Aprovado? Só mais um pouquinho e eu devolvo Brittana para vocês



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