"É um péssimo cozinheiro aquele que não pode lamber os próprios dedos." William Shakespeare.

Helena sabia que precisava de um emprego urgentemente, ela não aguentava mais morar sobre o mesmo teto que sua mãe, Melissa Smith.

Melissa era uma das mulheres mais bonita que Helena já tinha visto na vida, mas havia feito às escolhas erradas quando jovem, sempre ambiciosa, largou um grande amor para tentar dar o golpe do baú em um cara rico e acabou ficando grávida. O homem logo que soube da gravidez abandonou Melissa gravida aos 18 anos, sem um lugar para morar e sem emprego. Desesperada ela pediu abrigo a Madame Miranda, a dona de um frequentado bordel. Depois do nascimento de Helena, Melissa passou a trabalhar no bordel, ela era a “galinha dos ovos de ouro” de Miranda, pois sua beleza atraia os mais ricos empresários de Malibu para o prostíbulo.

Mas quando a menina completou oito anos, a ambição de Melissa falou mais alto e ela tentou dar um golpe em Miranda, quando a dona do bordel descobriu colocou mãe e filha pra correr. Melissa então virou uma prostituta de luxo e passou a ter a vida que tanto sonhava, que para Helena era um pesadelo.

– Acompanhante de luxo não, casa de massagem também não, trapezista? Sei bem que tipo de trapézio eles querem que a gente se pendure. Que saco, será que não dá pra arrumar um emprego decente nos classificados do jornal? – nesse momento, Helena tacou a caneta que usava para circular os classificados no chão.

Há dias a jovem vinha procurando um bom emprego e não conseguia achar nada, ela já estava ficando desesperada, não aguentava mais ver a mãe sair todas as noites e só voltar no dia seguinte cheia de novas joias e roupas caras. Ela nunca admitiria aquilo para a mãe, mas ela chegava a sentir nojo a cada nova joia que Melissa ganhava.

– Para com essa idiotice de procurar emprego minha pequena princesa, já disse que o dinheiro que eu ganho da para nós duas vivermos muito bem. – Melissa não entendia o desespero da filha, pra ela a vida que elas tinham não podia ser melhor. Ela era grata a Madame Miranda por ter as expulsados do bordel, pois assim elas conseguiram melhorar de vida.

– Mamãe, eu já tenho 19 anos, eu preciso trabalhar pra ganhar meu próprio sustento. Afinal eu não posso me dar ao luxo de ser sustentada a vida toda por você, e pelos empresários trouxas que te bancam. – falou a menina de forma autoritária.

Melissa se limitou a sorrir, sabia que a filha não aprovava seu trabalho, às vezes nem ela mesma gostava. Mas sempre que pensava em largar a vida de “acompanhante” de luxo, era como se uma voz lhe puxasse de volta pra realidade e lhe mostrasse que em nenhum outro emprego ela conseguiria manter o seu padrão de vida.

– Tudo bem Helena, você ganhou. Eu te deixo trabalhar e se sustentar, mas com uma condição!

Helena olhou desconfiada para a mãe, afinal da ultima vez que Melissa tinha tido isso a loira parou em um jantar romântico com um herdeiro de uma rede de supermercados.

– Falando hipoteticamente, qual seria essa condição mamãe?

– É simples meu amor. Eu mesma arrumo um trabalho pra você. – Antes que a mãe pudesse falar mais alguma coisa, estrondosas gargalhadas encheram a sala. Helena sabia que a mãe não estava brincando, mas achou melhor rir e dar uma de burra, do que aceitar a louca ideia da mãe.

– Ai dona Melissa a senhora é um barato, agora é sério, qual seria a condição?

– Eu não estou brincando Helena Smith. – disse Melissa de forma seria.

– Eu não estou brincando Helena Smith. – sussurrou a menina imitando a mãe.

– O que disse?

– Eu falei alguma coisa? Tá ficando doida mamãe deve ser a idade avançada. Ou os milhares de produtos que você usa no cabelo estão começando a afetar a sua audição.

– CHEGA HELENA. – gritou Melissa. Helena ficou quieta, pois sabia que tinha irritado a mãe. – Às vezes você parece uma criança. Mas continuando, eu fiquei sabendo por um amigo que Tony Stark está precisando de uma nova assistente, e vai fazer uma entrevista amanhã às 8h, nas Indústrias Stark, você poderia tentar.

– Amigo, claro, sei bem que tipo de amigo é esse, aposto que... PERA AI, você disse Tony Stark? Tipo o Homem de Lata? Digo de ferro. – perguntou a menina de forma confusa. Ela se perguntava o que a mãe tinha na cabeça para querer que ela, Helena Smith, o ser humano mais desastrado, teimoso e orgulhoso que existia na face da Terra, fosse trabalhar com Tony Stark, um bad-boy, mulherengo e que se achava o dono do mundo.

– Sim meu amor, o Sr Stark está à procura de uma nova assistente. Já que a antiga, a senhorita Pepper Potts assumiu a presidência das Indústrias Stark. E devo dizer que ele é muito bonito e charmoso também, quem sabe você não desencalha? - O sonho de Melissa era que a filha arrumasse um cara rico e bonito para se casar, e ela via em Tony Stark o genro perfeito.

– Pelo amor de Nossa Senhora do Marido Perfeito, eu e Tony Stark? Sério mãe? Você não quer dar uma volta de bicicleta por Marte também não? Além do que pelo que eu saiba ele já namora a Sra Potts.

– Ok Helena, pelo menos faça a entrevista. Você não vai perder nada. Faça isso pelo emprego, eu soube que o salário é bem alto e que ele quer alguém que durma no trabalho. – Falou Melissa saindo da sala, ela sabia que ali, ela tinha ganhado a batalha. Era estranho para ela admitir, mas ela sabia que tudo que a filha mais queria era sair de casa, e aquela era a oportunidade perfeita.

– Trabalhar com Tony Stark, será? Ela disse que ele quer alguém que durma no serviço, e essa pode ser a minha chance. Bom, não custa nada tentar. – divagou a jovem. - OK MÃE, VOCÊ GANHOU, EU VOU AMANHÃ. – Melissa sorriu satisfeita na hora que ouviu a voz da filha.

– Seja o que Deus quiser então. – sussurrou a menina.

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Ela estava atrasada, alias muito atrasada. Helena corria pelos corredores da sede das Indústrias Stark, tentando chegar o mais rápido possível à sala de reunião. Ela até que tinha acordado no horário, porem com a insistência de sua mãe para arruma-la ela acabou se atrasando.

– Ufa cheguei, agora respira Heleninha, você consegue. – disse a menina de forma cansada quando parou em frente à porta da sala. Ela respirou fundo, arrumou os sedosos cabelos loiros e o decote do vestido.

(Roupa da Helena: http://www.dominiodamodablog.com.br/wp-content/uploads/2009/11/conjunto-de-saia-e-blusa-com-sand%C3%A1lia-traje-para-confraterniza%C3%A7%C3%A3o-de-empresa-sugest%C3%A3o-DM.jpg )

Ela bateu na porta e recebeu “Entre” como resposta. Helena entrou meio temerosa e logo viu que a sala estava vazia a não ser por uma bela mulher ruiva sentada em uma cadeira.

– Acho que a senhorita deve ser a candidata que não compareceu a entrevista. Senhorita Smith certo? – perguntou Pepper a garota que acabara de entrar na sala, e que ela julgava ser muito bonita.

– Talvez, a vaga já foi ocupada? Porque se já foi não sou eu. Aliás, é melhor eu dar meia volta e ir embora, porque seria muito constrangedor eu tentar explicar para a senhora o motivo do meu atraso, além do que eu nem sei por que eu vim para essa entrevista. Eu nunca ia conseguir esse cargo, afinal eu não tenho nenhum tipo de formação acadêmica e provavelmente outra pessoa muita mais inteligente e preparada ficou com a vaga. – Pepper olhava de maneira divertida para a menina, ela estava achando engraçado o modo como Helena tagarelava sem parar, depois de um dia cansativo de entrevista com mulheres vestidas de modo vulgar, que queriam a vaga apenas por querer ficar perto do Homem de Ferro e tentar ser a futura Senhora Stark, ver alguém vestida de maneira comportada e falando sem parar para respirar estava divertindo ela.

– Se acalme Senhorita Smith. – pediu uma Pepper de maneira risonha.

Helena odiava essa sua mania de falar demais quando estava nervosa, mas a possibilidade de ter perdido o emprego por culpa da mãe estava deixando a menina nervosa. Ela já estava começando a pensar que a mãe a atrasou de propósito só para ela não conseguir a vaga.

– Me desculpa Senhora...

– Potts, mas pode me chamar de Pepper.

– Ok, senhora Pepper. Desculpe-me, eu fiquei nervosa, eu precisava muito desse emprego, de verdade. – disse Helena de forma derrotada.

– Sem o “senhora”, por favor, assim eu me sinto muito velha. Mas porque você precisava tanto desse emprego? – Pepper havia gostado da jovem, ela conseguia ver que Helena era uma boa pessoa.

– Bom, eu ainda moro com a minha mãe, e eu queria muito ter meu próprio dinheiro, minha própria casa, sabe? Eu admito que quando ela disse que teria uma entrevista de emprego para ser a nova assistente do Sr Stark eu fiquei meio receosa. Afinal, aqui entre eu e você, a fama dele não é das melhores.

– Então você não é louca pelo Homem de Ferro? Não é uma fã dele? – perguntou a ruiva de maneira divertida e curiosa.

– Não mesmo, na verdade eu nunca fui muito com a cara dele. Ele se acha o dono do mundo voando com aquela armadura brega. De todos os Vingadores eu sempre fui mais com a cara do Hulk, ele parece ser gente boa. E o Gavião-Arqueiro também não é de se jogar fora. – Helena achava que a vaga já tinha sido ocupada por isso falava para a simpática mulher a sua frente o que pensava sobre o Sr Stark e Os Vingadores. Pepper segurou o riso quando a menina expôs sua opinião de forma tão natural, era a primeira vez que ela conhecia alguém que não gostava do Homem de Ferro. Ela tentou imaginar a cara de Tony se ouvisse a menina dizendo que preferia o Doutor Banner.

– Bom, para a sua ou minha sorte, a vaga ainda não foi ocupada. E eu acho que alguém que não goste do Sr Stark daria uma boa nova assistente, afinal seria uma preocupação a menos e fora que eu já estou cansada de entrevistar tantas mulheres vulgares. Além do que você me parece ser uma boa pessoa, além de ser muito sincera. Então se a Senhorita quiser, a vaga é sua.

Helena olhou esperançosa para a ruiva, ela não acreditava nas palavras de Pepper, ela estava conseguindo a sua carta de alforria. Sua liberdade, aquilo que ela vinha almejando há muitos meses. Ela não tinha entendido o que Pepper quis dizer com “preocupação a menos”, e mesmo que para ter sua liberdade ela tivesse que aturar o bad-boy Anthony Edward Stark, ela fez a única coisa que podia:

– Eu quero, eu quero muito. Quando eu posso começar?

– Se possível amanhã mesmo, faça as suas malas e se apresente às 9h amanhã, nesse endereço. – Ela entregou um papel para a loira com o endereço da casa de Tony.

– A senhora não vai se arrepender, eu prometo.