Candy escrita por Charlie


Capítulo 3
3. Shiver


Notas iniciais do capítulo

Hey :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/369261/chapter/3

 Rachel definitivamente não havia se acostumado com toda a calmaria de Bennington, tudo era silencioso demais e parado demais. Ela definitivamente não se lembrava o que era morar numa cidade pequena. Sem contar sua rotina, acordava, Jesse aparecia e eles ficavam conversando, enquanto Quinn ficava em seu canto lendo ou no computador, eram raras as vezes que Quinn ai conversar com eles. Fabray ia trabalhar e eles iam dar uma volta. Não que Rachel não estivesse gostando da calmaria e estar num lugar onde ela pode ter seu tempo de silencio, mas ela continuava a ser aquela garota agitada e irritante que sempre fora, e algo em sua cabeça queria, desesperadamente, ver Quinn sorrindo. Sempre que sabia algo novo de Quinn lhe encantava, por mais que sempre era Jesse que lhe contava.

  A morena fitava a chuva cair no quintal da casa, enquanto sentia o cheiro do café se espalhar pela cozinha. Jesse não poderia vir para a casa de Quinn, o garoto disse que precisava ir num almoço de família e passaria o dia lá. Claro que Rachel não impediria o garoto ir, mas, isso significava que ela teria que passar mais tempo com Quinn. O pensamento sobre Quinn fez a morena sorrir antes de beber seu café. Ouviu os passos pesados vindos da escada, mas continuou a fitar a chuva.

- Bom dia. – Rachel pode ouvir atrás de si a voz rouca de Quinn.

- Bom dia. – A morena respondeu sorrindo, se virando para Quinn.

- Se sentindo sozinha hoje? – Quinn pediu, enquanto se servia de café.

- Não... Um pouco de silencio na casa é bom. – Rachel riu pelo nariz. – Dormiu bem?

- Uhm, e a senhorita? – Quinn havia pegado a mania de chamar as garotas assim graças ao Finn.

- Ainda é estranho dormi num lugar tão silencio, mas logo eu me acostumo. – Rachel se sentou em frente a Quinn.

- Já se passaram três dias, você tem mais duas semanas e meia para se acostumar, não se preocupe. – Quinn sorriu levemente. – Eu não estou com animo algum de sair nessa chuva para abrir aquela doceria.

- Não abra, fique em casa e faça companhia a para a convidada. – Rachel riu.

- Gostaria muito de lhe fazer companhia, mas meu tio saiu com seu filho afeminado e nada me resta a não ser ir para meu trabalho.

- Eu posso ir junto? – Rachel pediu timidamente.  Quinn ergueu os olhos para Rachel e a morena desviou o olhar. Tinha arrepios estranhos quando seus olhos se encontravam.  Que por sinal, estavam muito verdes graças à chuva. 

- Pode... – Quinn deu de ombros. – Apenas se certifique que não vão lhe reconhecer, não quero seus fãs desmaiando no meu jardim. – As duas riram.

- Vou dar um jeito.

- Ah, se não for pedir muito, você pode me levar no seu carro.

- Tudo bem. – Rachel sorriu. As duas continuaram seu café da manhã em silencio.

 Quinn, como sempre, foi a primeira a se levantar da mesa. Rachel não pode deixar de sorrir ao perceber o quão estava bagunçado o cabelo da loira naquela manhã. Mas Quinn parecia mais desanimada que o normal – como se isso fosse possivel – Rachel teve que relutar consigo mesma para não pedir o motivo e Quinn ficar brava com ela, então continuou a se corroer de curiosidade. 

 Rachel terminou sua caneca de café e foi se arrumar. Por sorte, fora esperta o suficiente para não trazer nada que fosse muito chamativo. Assim que se arrumou e desceu, Quinn a esperava na garagem. Não trocaram uma palavra, apenas embarcaram no carro e foram para a doceria. Não é preciso dizer que Rachel se apaixonou pela fachada da doceria, claro que é preciso contar que Rachel usava (usa) suéteres de bichinhos e tudo que parece vintage é o paraíso para ela.

 Assim que entraram na loja, Rachel sorriu. Estava no paraíso de qualquer criança, sem contar que tudo naquele lugar lhe fazia lembrar-se de sua infância.

-Legal, não? – Quinn disse, enquanto vestia seu jaleco.

- Deveria ter vindo pra cá quando era criança.  – Rachel olhava para cada canto encantada.

- Tio Ethan faz questão de pegar apenas os doces que foram feitos artesanalmente. Ele e minha mãe planejaram tudo isso. – A loira se voltou para um computador que ficava debaixo do balcão. Alguns segundo depois, Rachel pode ouvir as melodia de Take On Me do A-ha. – E a playlist fora eu quem criou.

- Você trabalha no lugar mais legal do mundo. – Rachel disse se aproximando do balcão.

- A primeira semana é o que parece, mas depois disso tudo começar a ficar extremamente chato. – Rachel riu. – O que?

- Você não sabe o que é trabalhar em teatros... Eu me lembro das primeiras peças que eu fiz. Era uma pior que a outra, eu me lembro que uma vez eu tive que ficar uma peça inteira repetindo uma única palavra e o nos ensaios o diretor falava que eu não estava falando no tom certo.  – Quinn sorriu.

- Qual era a palavra?

- Destino. – Ela rolou os olhos. – Ai eu tinha que mexer os braços de um jeito estranho.

- Que trabalho horrível que você tem. – Quinn disse rindo.

- Nah, só estou seguindo meu sonho. – Rachel disse dando de ombros.

- Fugir também faz parte do plano? – Quinn pediu arqueando a sobrancelha.

- Você sempre tem que tocar no assunto.  – Rachel revirou os olhos. – Talvez a vida glamorosa das telonas não seja pra mim. Eu prefiro o ao vivo, tem mais adrenalina, é mais gratificante. 

- Não diga isso, arte é arte. Seja nos palcos ou nas telas.

- A questão é que no cinema você pode errar e isso vai ser editado. Teatro não, você errou e você tem que ser rápida o suficiente para reverter a situação.

- Não, a questão é que você criou remorsos pelo cinema.

- Talvez possa ser isso. – Elas riram.

 A sineta da porta tocou e Rachel viu a postura de Quinn ficar extremamente ereta e seus ombros tencionarem. Olhou sobre seu ombro e viu uma garota, mais ou menos da idade de Quinn, morena, com os cabelos pretos.  Voltou a olhar Quinn e viu as pupilas de Quinn dilatadas. Raiva.

- Oi Quinn.  – A garota tinha a postura das garotas que costumavam trancar Rachel no armário, quando ela estudava.

- Lopez. – Voz de Quinn era seca e fria.

- Vim comprar um presente para minha Britt-Britt... – Rachel conseguia ver cada reação do corpo de Quinn. Pode ver as mãos da loira segurarem com força o balcão.

- Bom...

- E onde comprar a não ser onde a ex dela trabalha. – A garota tinha um ar de desafio para cima de Quinn. Ela tinha certeza que essa tal Lopez era uma grande vadia. 

- Agradeço pela preferência. – Quinn deu um sorriso cínico.

- E além do mais, preciso agradecê-la pela noite passada. – Santana sorriu. – Você não faz ideia do que ela é capaz.

- Eu tenho a leve impressão de que eu sei, Lopez.

- Bem... Ela teve que te trocar para saber o que é um orgasmo. – Rachel já se pôs ao lado de Quinn.

- Você vai comprar alguma coisa ou vai continuar me falando sobre o quanto você e a sua namorada vivem numa vida medíocre baseada em sexo. – Rachel se fez presente na conversa.

- Me desculpe, mas ninguém falou com você. 

- Eu estou falando com você! Acha mesmo que isso vai afetar Quinn? Ela é muito mais que você e a sua namorada.

- Veja bem como você fala da minha namorada. – Santana avançou para Rachel. Mas Quinn fora mais rápida e segurou o braço de Santana.

- Você não vai fazer nada aqui. Você vai comprar o que quer comprar e vai sair daqui. – Santana fez uma careta ao sentir a mão de Quinn se fechar cada vez com mais força em seu braço.  A latina colocou a caixa de chocolates búlgaros no balcão, pagou e saiu.

 Quinn deslizou para o chão assim que ouviu o carro da latina dar a partida. Fechou os olhos com força e respirou fundo, por mais que pudesse sentir seus olhos arderem.  Rachel a observou, querendo fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas não sabia se a loira aceitaria o toque dela. Sentiu a leve vibração do soco que Quinn dera no chão, numa tentativa de aliviar a raiva e dor que sentia.

 Rachel deu um grande dane-se para o que a loira pudesse fazer, ela precisava de alguém ali ao seu lado e Rachel sentia uma espécie de “dever” em ajudar Quinn, até porque se não fosse ela, Rachel poderia estar nas capas dos jornais “Atriz enlouquece e tortura namorado até a morte”. A morena balançou a cabeça para afastar o pensamento e se sentou ao seu lado, ela continuava de olhos fechados. Rachel passou seu braço entorno os ombros de Quinn, e em resposta eles relaxaram.

- Hey... Não fica assim. – Quinn a olhou. – Eu sei, mas ela só fez aquilo pra te atingir.

- Ela conseguiu que queria.

- Não... Você é muito mais que isso. – Rachel disse, apertando um pouco mais os ombros de Quinn.

- Não.  Rachel, eu sei o que você ta tentando fazer, mas tudo o que eu consigo me sentir agora é um completo lixo. Eu era completamente incompetente com Brittany e eu sei disso. E como se já não bastasse sonhar com ela, tem vir a pessoa que confiava sua vida e começar a falar essas coisas.  – Rachel pensou em alguma coisa para falar, mas nada não parecia algum conselho estúpido. Então tudo o que fez foi abraçar Quinn, que aceitou o abraço em silencio.

 O dia seguiu normalmente depois de tudo o que acontecera. Claro que Quinn ficará mais quieta que o normal. Também teve que fazer uma força sobrenatural para poder fingir para Finn que estava bem, por mais burro que Finn pudesse aparentar, ele conseguia ler Quinn facilmente e acabou aceitando contra gosto que Quinn estava bem.

 Quando chegaram em casa, Quinn foi para seu quarto e Rachel ficou na sala. Não quis incomodar a loira. Apenas falou com a loira quando fora fazer seu jantar, mas Quinn rejeitara. Jesse também ligou um pouco antes de Rachel ir para a cama, claro que Rache teve que mentir para não preocupar o garoto. 

 Era relativamente cedo quando Rachel decidiu ir para seu quarto e a chuva não dava sinais de que iria parar tão cedo, na verdade, parecia piorar com o tempo e com isso vinha os relâmpagos e ventanias, e trovões, também conhecido como o inferno para Rachel. Não tinha nada neste mundo que não lhe desse tanto medo que isso. Claro que ela iria até o quarto de Quinn pedir para dormir com ela porque ela tinha medo de trovões. Até porque ela não estava bem e convenhamos, uma mulher de 23 anos correr para se socorrer nos braços de uma garota de 18 não era algo muito bom para sua imagem de mulher matura... Certo, ela estava indo até o quarto de Quinn se socorrer dos trovões. Ela não podia se envergonhar disso, era uma estratégia de sobrevivência e também poderia consolar Quinn em todos os efeitos... Mas principalmente, teriam onde se proteger se a chuva piorasse.

 Assim que chegou em frente a porta de Quinn, conseguiu ouvir David Bowie soar no quarto, ao menos não era algo tão depressivo, pelo menos quando Rachel ouvia Bowie conseguia se alegrar... Enfim, voltamos para o momento que a mulher vai se socorrer com a adolescente. Rachel hesitou antes de bater na porta do quarto da loira. Mas assim que bateu, pode ouvir a voz de Quinn lhe permitindo entrar no quarto.

- O que houve? – Quinn pediu sem tirar os olhos de seu livro.

- Eu vim ver como estava... – Ok, vamos combinar que assumir ter medo de tempestades não era algo muito maduro da parte de Rachel.

- Estou mais calma.

- E te pedir algo. – Quinn ergueu os olhos para a morena.

- O que?

- Se existe algum problema ou objeção de sua parte de eu dormi com você hoje porque.... Porque, eu tenho medo de... Trovões e raios e essas coisas. – Quinn relutou com a vontade de sorrir. Rachel parecia muito uma criança falando daquele jeito e o pijama ajudava com essa imagem.

- Tudo bem Rachel, pode dormir comigo hoje.  – Rachel sorriu aliviada.

- Muito obrigada. Sério, muito obrigada. – Rachel se sentou nos pés da cama.

- Você vai me pagar por tudo isso mesmo. – Quinn deu de ombros.  – E eu confesso que eu também tenho medo dessas coisas. – Rachel sorriu.

- Me sinto um pouco menos envergonhada por isso. – Ela riu. – Enfim, por que você não vai tomar um banho para relaxar? Você ta com essa roupa desde que chegamos e logo a chuva vai piorar e eu vou ficar mais medrosa.

- Obrigada por se importar com a minha segurança Rachel. – Quinn disse ironicamente. – Mas acho que você tem razão... Eu preciso de um banho.

- Ótimo, vá tomar um banho, enquanto eu me preparo psicologicamente para dormir com essa tempestade. – Quinn revirou os olhos e acabou sorrindo. A loira levantou e foi até seu roupeiro e pegou alguma roupa.

- Se quiser desligar a musica, pode desligar. – Rachel assentiu e Quinn entrou no banheiro.

 Rachel suspirou e olhou ao redor. Não havia entrado no quarto de Quinn até então. Podia se dizer que era muito mais maduro que o de Rachel quando ainda morava com seus pais. As paredes do quarto eram pintadas de azul turquesa, menos a parede onde havia a mesa de estudos de Quinn e as prateleiras, que era azul marinho. Na parede, havia um pequeno quadro branco. Havia alguns quadros e posters espalhados pelo quarto. Perto do aparelho de som e da pilha de CDs havia um pequeno mural de fotos. Reconheceu Jesse em varias das fotos, inclusive, havia uma foto de Jesse, Quinn, a garota que estava na doceria e outra garota loira. Rachel deduziu que fosse a tão falada Brittany. Ao lado havia uma foto da família de Quinn e outra só dela e de Jesse em NY. Reconheceu o cartaz de “Rent” atrás deles e acabou sorrindo.  Desligou o aparelho de som, por mais que a musica não estivesse lhe incomodando. Deitou-se e esperou que Quinn saísse do banho para poder dormir. Se arrependeu profundamente por ter desligado a musica, porque ela podia ouvir claramente os ventos chiarem do lado de fora.

 Não demorou muito para Quinn sair do banho.  Rachel percebeu o cabelo bagunçado da loira assim que ela saiu, parecia que ela fazia de propósito, porém sua atenção caiu sobre outras coisas que estavam à mostra. Quinn só vestia uma camiseta grande.  É a única coisa que cobria suas peças intimas... Se estivesse usando. Isso são pensamentos impuros? RACHEL BERRY NÃO SE ATREVA! – Rachel discutia mentalmente consigo mesma, mas não percebeu que estava olhando fixamente para as pernas de Quinn.

- Rachel, eu sei que você não estava olhando para as minhas pernas, mas, por favor, meu rosto é aqui em cima. – Quinn disse.  A morena se sentia desconcertada, porque seus olhos passaram pelos peitos de Quinn e por algum motivo ela se sentia um garoto de cinze anos que viu pela primeira vez uma playboy.

- Desculpe, só estava pensando demais. – Rachel corou.

- Eu vi. – Quinn riu.

  A loira se deitou ao lado de Rachel e apagou a luz. Rachel se remexeu, se sentindo levemente desconfortável, até porque, há pouco tempo atrás estava encarando as pernas de uma garota que ela havia conhecido num ato que ela nem havia pensado direito. Mas não, ela não se arrependia disso. “Disso” no caso, encarar as pernas de Quinn.  E como Rachel havia previsto, a chuva piorou e como ela temia, os raios se fizeram presentes na coisa toda. Ela pode ouvir Quinn abafar o riso quando ela se encolheu.

 Passou alguns minutos e Rachel definitivamente não iria conseguir dormir antes que a chuva parasse.  Quinn bufou quando Rachel se mexeu pela vigésima vez ao seu lado. Ela se sentia cansada e ela precisava dormir, porém, ter alguém se mexe como se estivesse convulsionando do seu lado não lhe ajudava nessa tarefa... Ok, não era tanto, mas, bem vocês entenderam.  

 Quinn respirou fundo quando sentiu Rachel se mexer novamente do seu lado. E tomou atitudes drásticas. Virou-se para Rachel, e passou seu braço na cintura da morena.

- O que está fazendo?

- Te impedindo de se mexer mais uma vez. – Rachel sentiu um arrepio subir de sua coluna até seus os pelos de sua nuca. Ela não havia sentido a proximidade de Quinn. 

 Logo seu corpo relaxou e ela se permitiu se aproximar mais de Quinn, que não mostrou nenhuma resistência, aparentemente, a loira só queria dormir. Rachel acabou sorrindo, quando percebeu que elas tinham uma espécie de encaixe perfeito.   Ou talvez Rachel estivesse se entregando aos pouco ao sono... Mas ela tinha quase certeza que a primeira opção era a mais provável.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Eu não postei nos últimos dias por pura preguiça e cansaço. Eu tava muito cansada e o desanimo bateu quando eu fui escrever, então, me desculpem. E eu preciso agradecer pelos comentários e as favoritadas da fic, eu fico muito feliz mesmo que vocês estejam gostando dessa fic, que é escrita na base de café, no meio da madrugada. Sério, obrigada mesmo. :)
Enfim, me vou agora.