Pesadelo

- Pai, mãe, estão acordados? – A vozinha do menino de sete anos, de cabelos negros e olhos cinza e usando um pijama de ursinhos, cortesia da mamãe, quebrou o silêncio aconchegante do quarto dos pais.

- Agora estamos... – Seu pai respondeu sonolento, permanecendo de costas para a criança, sua posição original.

- Law. – Sua mãe repreendeu e ergueu-se um pouco para poder olhar o filho – Qual o problema, Jean?

- É que... Bem... Eu... – O pequeno balbuciou – Tive um pesadelo.

- Teve o quê? – Nami questionou, pois a voz dele saíra tão baixa que não ouvira a última palavra.

- U... Um pesadelo. – Repetiu constrangido.

- Oh... Law, seu filho teve um pesadelo e você vai continuar dormindo aí?

- Quer que eu durma aonde? – Law devolveu abrindo os olhos – Em cima do Bepo?

- Trafalgar Law, nem comece.

- Você quem manda, capitã. – Bufou, se sentou e chamou o garoto – Venha, o fundo do mar é frio e você vai pegar um resfriado.

- Posso mesmo? – O rosto infantil se iluminou.

- Claro, filho! – Nami sorriu. Jean subiu na cama de casal, deitando-se no meio deles, e sorriu para os pais – Confortável?

- Muito.

- Bem, agora que já estou acordado... – Traffy começou, porém sua esposa interrompeu.

- Não, você ainda está dormindo, meu amor. – A mulher alfinetou e Jean soltou uma risadinha abafada – Eu me casei com um sonâmbulo.

- Muito engraçado, my cat. – Suspirou – Vou direto ao assunto.

- Diga.

- Jean, quer contar seu sonho para o papai?

- Law, isso lá é horas de perguntar uma coisa dessas? Isso pode esperar até amanhã.

- Não, mãe, está tudo bem. Eu quero contar.

- Certeza?

- Absoluta.

- Mesmo?

- Já me decidi, vou contar.

- Viu? Ele é teimoso que nem você, my cat.

- Law, se você abrir a boca de novo, vou ficar viúva mais cedo do que espero.

- Já calei.

- Pode contar, meu menininho.

- Foi horrível. – Ele começou a contar – Tinha uma tempestade e um tornado. E um rinoceronte no céu.

- Rinoceronte? – Nami repetiu.

- É, um bem grandão feito de nuvens e com olhos grandes e vermelhos. E ele veio até a gente, estávamos em cima de uma montanha, fazendo um piquenique, bufando e urrando, e me levou para longe, muito longe. Eu senti como se estivesse afundando, afundando sem parar, senti como se algo me puxasse para um buraco escuro. Aí eu acordei.

-... Nossa... Realmente, esse pesadelo foi horrível. – A ruiva comentou e abraçou o pequeno Trafalgar com força – O que você acha, Law?

- Acho que você não deve se preocupar com isso, pequenino. – Abraçou tanto o filho quanto a esposa – Afinal, nenhum rinoceronte vai chegar perto de você para te levar longe.

- Como você pode saber, papai?

- Por que eu não vou deixar.

- Eu também não. – A mulher apoiou – Então durma, que prometo que vamos protegê-lo.

- Hai! – Alguns minutos de silêncio, tempo suficiente para Law dormir de novo – Mamãe?

- Sim?

- Preciso confessar uma coisa.

- O que é?

- Sabe a minha cama...?

- Não termine a frase. Amanhã seu pai limpa.

- Ele vai ficar bravo?

- Com você ou comigo? – Perguntou matreira e ele riu.

- Boa noite.

- Durma bem.