Titanic escrita por Emily di Angelo


Capítulo 2
Capítulo 2 - A PARTIDA


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo.

VIDEOZINHO: http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=0Dso_pDrmPw&NR=1

—>Só para deixar registrado, no filme não mostra, mas o Titanic não fez uma viagem direta para New York, ele parou em dois outros lugares antes de seguir viagem.

—>O incidente desse capítulo também aconteceu.

Postarei mais em breve. Provavelmente no feriado.




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10/04/1912 – Southampton, Inglaterra.

11:30

POV Athena


Chegamos ao Cais em pequenos grupos, para não chamarmos atenção. Junto comigo vieram Ártemis e Deméter e nossas ninfas de apoio. Não posso negar que fiquei impressionada com a visão que tive. Um formigueiro de gente se movimentava na grande sombra que o navio lançava. Eram 269 metros de comprimento, com uma pintura muito bem feita, o casco era preto, os conveses superiores brancos e a marcação do calado em vermelho. Os carros dos passageiros mais ricos se amontoavam na base construção que dava acesso às pontes de embarque, depois de esvaziados eles eram erguidos por guindastes e colocados nos compartimentos de carga. Era um mar de vestidos elegantes, chapéus maravilhosos e sombrinhas delicadas.


Nós nos dirigimos até a entrada da Primeira Classe, uma senhora muito bem humorada conversava animadamente com um encabulado tripulante, vestido com um uniforme azul-marinho e um cap.

Afrodite chegou, usava um vestido verde, com um decote um pouco excessivo, um chapéu da mesma cor, com um grande laço mais escuro. Suas malas eram carregadas por duas pequenas ninfas, que faziam um grande esforço para carregar as enormes bagagens da deusa. Deméter levantou a aba do chapéu, para ver se estava mesmo enxergando aquela cena:

–Não sabia que já estaríamos nos mudando para Nova York nesta viagem, querida.

–Claro que não! Eu preciso estar bem preparada, afinal são muitos dias de viagem e muitos jantares. Eu, a linda e maravilhosa deusa da beleza, não posso ficar repetindo o vestido, querida Deméter. – respondeu, um pouco aborrecida. As ninfas entraram no navio, sendo logo ajudadas por um tripulante.

Entreguei minha passagem para o rapaz, que continuava encabulado com a senhora, que continuava conversando com ele. A senhora já devia ter uns 45 anos, era um pouco cheinha, mas estava elegantemente vestida com um vestido preto, com bordados claros. Um chapéu claro (da mesma cor dos bordados) era segurado por uma criada atrás dela. Ela parou de conversar com o rapaz, que conferia a lista de cabines, e olhou diretamente para mim.

–Desculpe perguntar, mas lhe conheço de algum lugar? – perguntou.

–Acho que não. – respondi.

–Me chamo Margareth Brown. E você?

–Annabeth – disse, pensando rapidamente – Annabeth Andrews

–Oh! Me enganei. – disse abrindo um sorriso contagiante – Eu não a conheço, peço desculpas.

–Não por isso. – respondi, entrando no RMS Titanic, o tripulante olhou para mim e disse:

–Cabine 52 e 54, senhora.

–Obrigada. Vamos Clio. – disse para minha assistente. Clio era musa da História e meu braço direito no Olimpo, estava vestida de modo mais simples, porém teria um espaço comigo na cabine.

O Hall era suntuoso, champagne era oferecida por garçons de uniforme impecavelmente branco, madames e senhores conversavam alegremente. Os moveis de madeira nobre brilhavam, na verdade tudo brilhava, havia um cheiro de “coisa nova” no ar. Percebi que Poseidon já havia chegado e conversava animadamente com o capitão do navio, que saudava os ilustres passageiros da Primeira Classe.

Logo atrás deles reconheci sir John Jacob Astor IV, um rico homem de negócios, ligado à família Real, era acompanhado de linda e jovem esposa Madeleine, grávida de cinco meses.

–É o mais rico a bordo. – disse uma voz atrás de mim. – Bem-vinda a bordo do Navio dos Sonhos, mãe.

Era Thomas Andrews, meu filho. Os olhos cinzentos iguais aos meus estavam radiantes de felicidade.

–Não acredito que é o grande dia. – disse para mim, excitado.

–Meus parabéns, querido. Você olhou aqueles pontos que levantei quando me pediu para “dar uma olhada por cima” do projeto?

–Os executivos da empresa não viram necessidade...

Eu não acreditei no que estava ouvindo.

–Thomas! – me exaltei – O que executivos sabem sobre engenharia naval? Sobre segurança a bordo?

–É que... Fiquei de mãos atadas.

–Mãos atadas? Agora só falta me dizer que não há botes de emergência para todos...

Ele arregalou os olhos, eu consegui prever a frase que ele me disse.

–Não há. Mas não tem problema, o navio é inafundável.

–Esta madame está preocupada com a questão dos botes? – disse um homem, com o qual logo não simpatizei.

–Senhor Ismay, esta é a senhora...

–Annabeth Andrews. – me apresentei, inventando um nome na hora.

–São parentes? – perguntou Ismay.

–Não. – respondi – foi somente uma agradável coincidência. O senhor é um executivo da empresa?

–Sim, sou o diretor-presidente da White Star Line, e posso lhe garantir senhora, não há nenhum problema com a questão de não ter botes para todos. O Titanic é inafundável, nem Deus afunda esse navio. – desafiou – E caso o impossível aconteça temos coletes salva-vidas para todos os passageiros. Sugiro que deixe essa questão para os homens que entendem do assunto.

Senti o sangue subir para minha cabeça, aquele mortal ignorante estava achando que sabia mais a grande deusa da sabedoria e da razão? Isso não ia ficar assim.

–Os coletes não ajudam em nada, a água do Atlântico Norte tem temperaturas negativas nessa época do ano, só não atingem o congelamento pela alta concentração de sal na água. Com licença, preciso ir checar minha cabine. – e me retirei, antes que transformasse Ismay em pó.

\============/

A cabine refletia todo o luxo do navio. A cama com dossel, feita de madeira nobre, assim como todos os outros moveis da suíte. Separada por uma porta estava uma pequena sala de convivência, com sofás de veludo e abajures Tiffany espalhados em delicadas mesas de mogno.

Minhas bagagens estavam em um canto da sala. Clio já havia aberto um dos baús.

Lady, onde coloco este? – perguntou levantando um dos quadros que trouxe para arrumar a cabine. Tirei alguns livros de uma caixa e comecei a arrumá-los na estante da cabine.

–Senhora, lorde Poseidon na porta. – avisou a musa, já se preparando para os possíveis gritos que normalmente aconteciam em conversas minhas com o deus do mar.

–Nem no meio do Atlântico consegue se separar deles? – disse, apontando para os livros recém-arrumados.

–Não estamos no meio do Atlântico, o navio ainda está atracado e a primeira parada é na França. Então...

–Ah! Cale a boca sua insuportável. Eu só vim avisar que vamos partir em instantes, e seu pai te chama no convés.

–E porque você veio me avisar?

–Porque Hermes está ocupado. Você não sabe o desprazer que é fazer esse favor para meu querido irmão.

Ele saiu antes que eu pudesse continuar a discussão. Não sei explicar, mas eu sinto vontade de discutir com Poseidon, não é nem uma vontade, é mais uma necessidade de discutir com o deus do mar. Sei que não é sensato, que uma discussão acalorada não leva a lugar nenhum, mas sinto uma sensação agradável quando, nos conselhos, nos levantamos com dedo em riste, apontando para cara do outro e gritando xingamentos que até Zeus duvidaria que eu tivesse dito.

Deixei Clio cuidando da arrumação da suíte e fui atrás do meu pai no convés. Ele estava com Hera e com Thomas conversando, enquanto os passageiros acenavam com lenços e chapéus, se despedindo dos que ficavam em terra.

Antes de me juntar ao meu pai, fui até a beirada, olhar a partida. As âncoras já estavam recolhidas e os rebocadores já estavam se posicionando. O RMS Titanic se afastava cada vez mais da borda do cais, quando estávamos a uns 50m um ronco, primeiro discreto, despois um pouco insistente, começou, vindo abaixo de nós. Eram os dois motores, cada um com quatro cilindros e potência de 30.000 cavalos, a água começou a se movimentar quando as três imensas hélices de bronze comeram a girar, movimentando o enorme navio.

Os rebocadores já se afastavam e Titanic finalmente se movimentava por conta própria, foi quando percebi que algo estava errado. Um navio que estava ancorado se movimentava em direção ao Titanic, o SS New York estava sem tripulação e amarrado ao cais. Uma a uma as cordas que fixavam o navio se arrebentaram e ele começou a se aproximar perigosamente da popa. A tensão ficou visível entre todos os passageiros, Thomas se aproximou atrás de mim e gritou para um tripulante:

–O comandante já foi avisado?

–Sim senhor!

Os rebocadores estavam voltando, em sua velocidade máxima, para impedir o choque. Eles não conseguiriam chegar a tempo. Somente dez metros separavam o RMS Titanic do SS New York.

Os rebocadores chegaram e começaram o trabalho e só conseguiram evitar a batida quando pouco mais de um metro separava os navios.

Titanic baixou a âncora e os rebocadores, com cuidado, afastavam o SS New York e o amarrava novamente no cais. Thomas suspirou aliviado, não só ele como o restante dos passageiros.

–Essa foi por pouco. – disse – Que maneira de começar uma viagem inaugural!

O incidente nos atrasou em meia hora. Nesse meio tempo fui falar com meu pai.

–Mandou me chamar?

–Sim, seu filho, o sr. Andrews, gentilmente nos ofereceu um tour pelo navio quando estivermos já no Canal da Mancha, em direção a Cherbourg.

–A sim, seria perfeito. – disse, uma figura me chamou atenção por cima do ombro de Hera – Aquela é Afrodite? – perguntei.

Ela estava junto com cinco outras senhoras, todas sentadas em poltronas segurando taças de champagne e pelo visto tendo uma conversa bem animada. Afrodite ria, e apontava com a taça para uma delas que também começava a rir histericamente. Uma delas reconheci como sendo Margareth Brown, que tinha me abordado na ponte de embarque.


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Depois de pouco mais de meia hora de espera, novamente as âncoras foram recolhidas e os motores roncaram. Titanic começava sua primeira viagem.




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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

bjus até mais



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