Quando todos fizeram uma roda ao meu redor começaram a fazer várias comentários, comentários ruins dizendo que sou uma assassina perigosa, que eu posso matar qualquer um. Eu queria ter matado todos eles por isso. O professor chegou na sala e pediu a todos para sentarem, quando todos tinham se sentando ele foi ate a minha direção.

   - Você sabe do que fez ontem, não é, mocinha? – perguntou retoricamente o professor em frente a minha carteira.

   - Sim, eu sei. – respondi o encarando.

   - Você sabe que é muito nova para matar pessoas, então peço que não faça isto novamente entendeu?

   - Por acaso a pessoa que eu matei era algum parente seu professor?

   - Não, era apenas um conhecido, apenas isto.

   - Tem certeza?

   - Absoluta, agora fique quietinha na sua carteira, pois agora vou dar aula.

 Fiquei pensando das possibilidades do professor querer me matar pelo conhecido que matei e novamente as mãos negras me dizendo para matá-lo, mas nem liguei novamente, pois a vida era minha e não delas. Quando tocou o sinal do intervalo fui ate a lanchonete. como sempre, e me sentei na mesa onde as meninas estavam, até o Lupus aparecer.

   - Kanade, posso falar com você em particular? – perguntou Lupus.

   - Claro. – respondi.

 Fomos para um lugar escuro onde tinha uma mesa e duas cadeiras, fiquei pensando se ele queria me interrogar sobre o assassinato que eu cometi enforcando um desconhecido ontem.

   - Sente-se, Kanade. – disse Lupus se sentando em uma das cadeiras – Quero saber o motivo de você ter matado uma pessoa ontem.

   - Que coisa, por que todos me perguntam isto? – perguntei enquanto me sentava na outra cadeira.

   - Pois isto não é normal para uma criança.

   - E não é normal para uma criança interrogar outras sabendo que não tem idade para ser detetive.

   - Eu sei, mas mesmo assim, só quero saber o motivo de você ter enforcado ele até a morte.

   - Olha aqui, ele deu um soco na cara da minha amiga Carla e ninguém faz isso.

   - Se eu batesse nela você me mataria?

   - B-Bem eu... Acho que sim.

   - Você está gaguejando, está escondendo algo. Me responda, por que você o enforcou até a morte?

   - Eu já disse, ele bateu na cara da Carla e depois enforquei ele, pois ele merecia.

   - Você está escondendo algo e vou descobrir, e quando descobrir eu vou contar para todos e eles vão ficar bem longe de você.

 Depois disso fiquei observando Lupus sair e ficar o mais longe possível de mim, minhas mãos negras estavam certas ele queria me trair e se ele descobrir que eu tenho estas mãos negras, todos irão ficar longe mim, até mesmo as minhas únicas amigas da escola, a Carla e a Vitoria. Preciso tomar muito cuidado com ele e revistar onde eu vou, ele pode me seguir depois da escola. O sinal tocou e fui correndo para a sala de aula e todos estavam olhando para mim, fiquei me sentindo uma retardada. Quando o professor chegou todos voltaram a suas carteiras, inclusive eu, pois não queria levar uma bronca.

 Quando as aulas de quinta-feira tinham se acabado. apenas me despedi das meninas e disse que nos veríamos hoje à noite no cinema novamente, certifiquei-me se Lupus estava em algum lugar me vigiando e não o encontrei, então fui em frente.

   - Mamãe, cheguei. – disse enquanto tirava a mochila em minhas costas e botava no sofá.

   - Vá lavar as mãos, Kanade. O almoço já está pronto. – disse minha mãe que estava na cozinha.

 Fui até meu quarto trocar de roupa quando novamente a mão negra falante apareceu.

   - Mestra, você está em perigo, por favor, mate-o rápido antes que ele te faça mal. – disse a mão.

   - Eu sei, percebi hoje na escola e melhor vocês serem discretas, ele pode ver vocês. – respondi enquanto tirava o uniforme.

   - Não se preocupe, nós sentimos a presença de qualquer ser, então não tem com que se preocupar.

   - Está bem, mas vocês podiam me fazer um favor?

   - Qualquer favor que estiver ao nosso alcance, mestra.

   - Vigiem ele. Descubram a fraqueza dele ou algo que ele goste, qualquer informação já basta para mim, apenas o vigiem e amanhã à noite vocês me trazem respostas, entendeu?

   - Como quiser, mestra.

 A mão desapareceu e eu desci para almoçar, fiquei dando gargalhadas malignas em minha mente e fiquei pensando no que eu estou me tornando, o que eu fiz para merecer isto? Só sei que eu queria muito ver sangue espalhado pelo chão neste exato momento. Fui no banheiro e comecei a me sentir observada, como se as mãos negras estivessem la, revistei se tinha alguém por perto e nada, sem sinal algum das mãos. Então nem pensei em me arriscar em chamá-las, apenas tomei meu banho com água quente e depois vesti as mesmas roupas que usei ontem para ir ao cinema.

 Encontrei as meninas no mesmo lugar, elas foram correndo me abraçar, então seguimos até o cinema e nossas mães novamente começaram o bate papo de roupas e maquiagens. Quando chegamos no cinema elas perceberam e fomos assistir Zumbis Devoradores, foi incrível o jeito que a protagonista sobreviveu até o final, porém,  no fim ela foi mordida. As meninas ficaram falando que a caça zumbi era igual a mim, meiga e fofa, mas uma assassina por dentro. Enquanto caminhávamos até o ponto de ônibus ficamos discutindo sobre o que aconteceu ontem.

   - Vocês souberam? O assassinato de ontem passou na televisão. – disse Carla.

   - Sério? O que eles disseram? – perguntei.

   - Disseram que o homem foi enforcado e que estava muito pálido, suas bolas se racharam ao meio e que não tem pistas de quem é o assassino. – respondeu Carla.

   - Pelo menos não tinha câmeras por perto, pois se não a Kanade seria pega. – disse Vitória.

   - É, mas a senhorita Carla contou a para a turma toda e não pode, né? – disse olhando diretamente para Carla.

   - Me desculpa, mas foi tão maneiro. – disse Carla.

 ‘’Você tem sorte de ser minha amiga, pois senão, já estaria morta neste exato momento, Carla. Só espero que você não conte mais nada sobre mim para todos‘’ pensei.