Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 30
A Corrida Contra o Tempo e um Brinde Vitorioso


Notas iniciais do capítulo

Oiê galerinha linda!
Aqui estou eu com o ÚLTIMO capítulo para vocês... =') Espero infinitamente que tenham gostado de toda essa história que me deliciei tanto em fazer, e espero também que ainda se divirtam e aproveitem este último gostinho de "Sherly" e o Sumiço da Caixa Espanhola! Como já havia dito antes, é muuuito difícil pôr um ponto final, mas enfim este chegou, e já estou sentindo saudades!!!
AGRADEÇO IMENSAMENTE a todas/os que vem acompanhando e se envolvido, deixando seus comentários tão lindos e inspiradores, toda a força e apoio e ainda as recomendações!
OBRIGADAAAA gente, por tudo!!!
Agora, vamos ao capítulo...



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Amanheceu e Sherlock permanecia estranhamente quieto. Rita percebia e tentava descobrir o motivo. Percebeu também que a Sra. Hudson e Sherlock se tratavam com mais paciência e isso não estava normal.

Em contra partida, a espanhola aguardava sinais de Greg ou mesmo Matt sobre o seu plano que não podia dar errado, e consequentemente, Sherlock desconfiava e tentava descobrir algo que lhe fosse esclarecedor. As horas passavam rapidamente para o detetive e isso o deixava ainda mais nervoso e quieto. Teria que descobrir quem eram os dois homens que haviam falado com Rita e o que ela escondia, ao mesmo tempo em que se preocupava em como conseguiria tirá-la a todo e qualquer custo de casa no dia seguinte, tão esperado por ele, para que seu plano fosse executado.

Mas inesperadamente, alguém bateu à porta, sobressaltando não só ao detetive, mas também a espano - cigana e ambos correram até lá se esbarrando e olhando-se curiosamente.

Watson riu de onde estava. Conversava com a senhora Hudson na cozinha.

Sherlock pigarreou, dando a vez à Rita para que ela abrisse a porta, porém não se afastou dela.

— Carta para a Srta. Rita Valdéz. – O mensageiro informou.

— Gracias. – Ela tomou a carta das mãos do homem que logo foi embora. Rita fechou a porta e encarou a carta. Sherlock encarava Rita que comunicou:

— Hum, es de mi hotel, el Alas. – Virou as costas e abriu a carta lendo-a silenciosamente:

 

Cara Rita,

      Primeiramente, certifique-se de que não há ninguém por perto que possa ver o conteúdo da carta.

      Estou lhe escrevendo com o endereço do Hotel, para que o detetive não desconfie ainda mais, mas Greg ouviu ontem à noite, depois que vocês chegaram, que o Holmes sem sombra de dúvidas, lhe esconde algo; falaram alguma coisa relacionada ao dia de amanhã. Esta informação não nos ficou clara, então, tome cuidado com o que está planejando. Pode não valer a pena. Mas é importante que eu lhe informe também, que desconfiamos seriamente de ele estar planejando o mesmo que você!

      Por via das dúvidas, não vamos pôr seu plano por água abaixo então, vi e confirmei que só existe uma data mais próxima para você realizar seu desejo. E é coincidentemente amanhã! No horário da tarde. Comecei imediatamente uma árdua corrida contra o tempo para todo o preparativo em seu próprio hotel. O que isto lhe parece? Estou indo para lá neste exato momento e gostaria de vê-la se assim for possível.

     P.S.: A aconselho a investigar mais, antes de concretizar qualquer coisa.

Seu amigo,

Mett.

 

Rita dobrou a carta e falou em seguida:

— Preciso ir hasta mi hotel. Há algunos funcionarios rebeldes por allá... - Mentiu pegando sua bolsa de mão e saindo porta afora.

Holmes esbugalhou os olhos para o amigo Watson que o incentivou divertido:

— Vai homem! Siga a Rita!

Sherlock pegou seu sobretudo vestindo-o e saiu tão apressado quanto Rita.

Pelas ruas, seguiu discretamente a espanhola que realmente foi para o Hotel Alas. Holmes sentiu-se aliviado ao ver que ela foi para onde havia dito que ia, e suspirou pesadamente. Pensou em voltar. Mas lembrou-se, como em um estalo, dos dois homens e decidiu-se definitivamente por ficar à espreita.

Assim como Greg estava com ele a metros de distância.

Passado não muito tempo, Rita saiu de seu hotel e avistou quase de imediato um Greg escondido por detrás de uma barraca de madeira com alguns utensílios à venda. Agachou-se onde estava o inspetor, surpreendendo-o.

Sherlock não entendeu ao longe o ato repentino da mulher que abaixara por trás da barraca do outro lado da larga rua.

— Pero... Lo que estás haciendo acá Greg?! – Rita sussurrou para o inspetor – No devias estar donde Sherlock está? – A espanhola ralhou.

— Claro! – Sussurrou Greg – O detetive Holmes está aqui!

— Acá?... Por qué?!

— Ele seguiu você até aqui. Está desconfiado do seu plano. Como prevíamos. Mas o problema é: o que ele esconde? Ouvi ontem à noite, pela janela da casa que planejam algo para ser realizado amanhã, mas ainda não consegui descobrir o que é.

— Muy bien. – Rita falou irritando-se – Entonces es verdad que Sherlock me esconde alguna cosa... – Ela franziu o cenho – Continue siguiéndolo. Voy acertar esto con él. Ahora!

Rita levantou-se e caminhou firmemente voltando para a Baker Street e sabendo que Sherlock estava em seu encalço, parou de súbito um pouco antes de chegarem a casa; procurou por ele rapidamente com a vista e assim que o viu, chamou-o. O detetive não obteve tempo para disfarces. Teve que ceder à descoberta da espanhola.

— Rita... – Sherlock pigarreou falando reticente – Rita eu... Não! Espere. O que você tanto me esconde? – O detetive perguntou urgente, invertendo a situação para a mulher que rebateu:

— Cómo yo?! – Ela riu ironicamente – Yo te hablé que contaría, pero no por ahora! Quiero saber lo que tú estás planejando! – Rita ficava gradativamente vermelha.

Sherlock percebeu o que faziam: começavam a discutir, mesmo já perto de casa, ainda na rua, e para evitar escândalos, caminhou alguns poucos passos silenciosos até a porta do seu endereço 221, B, seguido de perto por Rita.

Assim que fecharam a porta, ao chegarem, Rita continuou com suas perguntas, agora mais irritada.

— Dígame! Lo que me escondes Sherlock? – Rita tinha medo em saber a verdade. E se fosse algo sério? E se ele planejasse fugir? Deixá-la?... Mil coisas perpassavam a sua mente.

— Como posso lhe confiar meus planos se você foi a primeira a mostrar que me esconde alguma coisa? Quem são aqueles dois homens? O que queriam com você Rita? Parecia conhecê-los muito bem!... – Sherlock respondeu duramente.

Ela sentiu-se magoada.

— Qué?! Cómo ousas hablar así conmigo Sherlock? Lo que planejas para mañana?

— O que está acontecendo aqui? Sherlock, acalme-se homem! – Watson que ouvia tudo do andar de cima, chegou interferindo.

— O quarteirão inteiro está ouvindo essa discussão desnecessária! – A Sra. Hudson apareceu vindo da cozinha – Por favor, parem já com isso vocês dois!

— O que é agora?! – Sherlock falou destilando ironia abrindo os braços em sinal de dúvida – Agora todos irão meter-se em um assunto nosso?! – Olhou de relance para Rita.

— Sherlock, você no puede hablar así conmigo! Espere el momento cierto y saberás lo que te omito! Ahora, diferente de mí, tú me escondes algo y ni ao menos explícames nada!

Sherlock suspirou e passando as mãos nervosamente nos cabelos, respondeu mais calmo:

— Faço minhas as suas palavras.

Watson e a Sra Hudson reviraram os olhos ao mesmo tempo impacientes e incrédulos com tudo aquilo; Pois, eles sim percebiam o que tudo aquilo significava e como iria acabar. Diferente do casal, que estava tão envolvido no calor da discussão e na aparente falta de confiança do outro, que não enxergavam a simples resposta bem à frente de seus narizes assim como dois mais dois sempre será quatro.

— Ótimo! – Rita exclamou.

— Ótimo. – Rebateu Sherlock Holmes.

 

 

***

 

Depois da discussão completamente desnecessária do casal, como bem falou a Sra. Hudson, e que visivelmente não levou a nada, apenas à maior ineficiência de ambos os planos, eles, Sherlock e Rita, passaram o restante do dia sem se falarem apenas maquinando o que deveriam fazer primeiro: O plano ou descobrir o segredo do outro? Porém, não sabiam eles que seus planos e segredos estavam completamente interligados.

Amanheceu mais um aparentemente tranquilo dia. O dia tão esperado para ambos, Sherlock e Rita.

O detetive acordou e levantou-se primeiro sorrateiramente a fim de descobrir em mínimos detalhes o que tanto o escondia Rita misteriosamente, ainda mais depois de tudo que passaram com o problema imenso que foi o da Caixa Espanhola; e agora, inesperada e inexplicavelmente, ela se dava ao direito de esconder-lhe algo? Ainda mais com dois homens que ele nunca havia visto antes? Uma afronta para ele. Sherlock teria agora, mais do que nunca, que correr contra o tempo das finas areias que caiam insistentemente em sua ampulheta.

Era muito cedo e o sol também ainda adormecia quando o detetive levantou-se cuidadosamente de sua cama e foi ao cômodo do lado acordar seu amigo Watson, para irem aonde fosse preciso. Agora a descoberta deste segredo da espanhola lhe era crucial.

Mandou um rápido telegrama para o rapaz que ele havia incumbido sobre a informação da tal data, a mesma em que a Sra. Hudson lhe informou a duas noites atrás, pedindo-o que suspendesse, mesmo temporariamente, tudo o que havia sido resolvido e, uma hora depois, recebeu a resposta de que a Srta. Rita também havia curiosamente ido ao mesmo local, no dia anterior à tardezinha, onde o próprio Holmes vinha resolvendo todos os preparativos.

A espanhola, quando chegou no determinado lugar, no dia anterior, perguntou sobre o horário confirmando uma data, então, tudo foi repassado à ela com clareza e este mesmo rapaz que lhe dera tais confirmações, pois este era seu dever, não entendia agora, a mudança repentina das decisões de Sherlock em suspender tudo... Afinal, ainda no dia anterior tudo parecia sob controle.

Vale informar-lhes, caros leitores, que a saída da espanhola na tarde do dia anterior, foi na verdade, quando a mesma alegou precisar ir mais uma vez ao Hotel Alas, porém, desta vez mentindo e Sherlock falhou em não a seguir uma segunda vez. Assim, ela foi finalmente falar com este mesmo rapaz, sem saber ela que o mesmo também mantinha contato com o detetive Sherlock Holmes.

Voltando ao tempo e dia atual, nesta manhã em Baker Street, no andar de cima, Rita ainda despertava e seu objetivo era desde já saber o que Sherlock a escondia e que tanto a irritava.

Enquanto isso, Holmes lia a resposta do telegrama para Watson e ambos foram tomados pelas feições mais descrentes possíveis transbordando a surpresa em ter sabido daquilo.

"Rita também fora até lá?..." - Pensavam ambos, Sherlock e Watson. O que esclarecia e explicava absolutamente tudo. Mas, o detetive não se saciou com as informações:

— Watson, vamos lá agora mesmo e ouviremos isso do próprio rapaz, pessoalmente. – Holmes foi rápido nas palavras e seguiu porta afora com Watson em seu encalço.

Greg, que não relaxava até concluir o serviço para o qual foi contratado, viu Sherlock e Watson saírem disparados, e logo começou a segui-los, mas foi parado por Rita que acabara de passar pela porta fechando-a com cuidado para não despertar a atenção da Sra. Hudson.

— Espereme! – Rita sussurrou para Greg segurando-o no braço o que o fez sobressaltar-se – Os vi saliendo! Voy contigo! Sabes donde están indo?

— Não Srta. Não ouvi nada. Temos que segui-los! – Exclamou vendo que ambos se afastavam cada vez mais.

Passaram-se alguns longos minutos nesta perseguição silenciosa até que Rita em um súbito estalo de ideia, passou a reconhecer aquelas ruas e deduziu onde iria dar, não acreditando no que acontecia. Começou a rir inevitavelmente e Greg nada compreendeu apenas seguindo decidido.

Rita agora entendia, mas precisava ver com seus próprios olhos o resultado de todo este complicadíssimo e curioso acontecimento. Como isto podia ter acontecido?! Sentiu-se aliviada, mas pensou sem hesitar que tudo o que estava planejando não daria tão certo como deveria (...).

Greg diminuiu os passos espreitando o detetive e o doutor conversando com o rapaz no local em que vivia e também realizava suas atividades; a única, mesmo simplória, igreja mais próxima da cidade. Aquela mesma igreja em que só havia apenas uma data disponível para um evento como aquele...

Rita esboçou mais um sorriso.

Foi então, quando Greg saltou de súbito para dentro do ambiente com a arma firme apontando para um Sherlock e Watson assustados que também armados, rebateram a ação, mirando suas armas para Greg. Rita permaneceu escondida do lado de fora. Por enquanto.

— Ora seu patife! O que você está fazendo aqui?! – Sherlock esbravejou.

Watson apenas o olhou com o cenho franzido sem entender mais nada. O que aquele homem fazia ali? Não era ele um dos homens que Rita conhecia?

— Eu que pergunto o que o Sr., Sr. Holmes, faz aqui!

— Ora, céus! Mas o que é isso?... Esta é a casa do Senhor! – Um velho padre interferiu, saindo de um aposento no interior da simples igreja, ou capela.

O Dr. Watson olhou o assustado e frágil padre que tinha a mão no peito, e dando-se conta do que faziam agora com as armas à mostra, logo tentou abaixar a arma do amigo ao seu lado, mas de nada adiantou.

— Não está óbvio?! – Sherlock respondeu sarcasticamente sentindo-se um tolo – Mas isto não é do seu interesse! Está vendo, meu caro Watson, aquela mulher mandou este inspetor, não é, - falou mirando o broxe nas roupas de Greg – me seguir! E para quê?!!

Neste momento visivelmente confuso, o simples rapaz, que era na verdade, um jovem e paciente sacristão, encolheu-se completamente trêmulo, por trás do púlpito.

— Para qué? – Uma voz suave e lenta que Sherlock logo reconheceu ecoou em seus ouvidos, repetindo suas últimas palavras e ele, instintivamente, sem pensar, nem perceber, apontou a arma na direção da voz. Rita adentrou a pequena igreja com um sorriso sedutor brincando no canto de seus lábios.

— Rita?! – Ambos, Sherlock e Watson questionaram incrédulos em vê-la ali. Logo Sherlock baixou a arma, desarmando-se.

— Sí, Sherlock. Mandei que te seguissem para que yo tuviese la certeza de que , mi detective particular, no estragaría mi surpresa de casarme contigo...

— Hoje... – Sherlock completou automaticamente em um misto de admiração e espanto.

— Por la tarde. Si! – Rita continuou esboçando agora um largo sorriso – En el único lugar y horário con la data más próxima! – Ela aproximou-se – Acerto mis cuentas contigo y Mett después, sí Greg? – Rita falou amigável - Puedes ir hasta él y decirle que cancele todo? Ficaria muy grata.

Greg apenas consentiu saindo do recinto ainda um pouco confuso, sacudindo a cabeça entre sorrisos e murmúrios.

"Mett irá gostar de saber desta loucura da sua tão estimada Rita". Pensava o inspetor enquanto caminhava agora tranquilo, fazendo o trajeto de volta.

E sem dar mais satisfações, os três voltaram tranquilos para a velha e simpática Baker Street, casa 221, B.

— Quanta confusão vocês tramaram! – Foi a primeira coisa que Watson pronunciou em um suspiro cansado, sentando-se perto da lareira assim que chegaram – Esta foi uma verdadeira corrida contra o tempo! Nunca vi meu amigo tão ansioso, ciumento e duvidoso. Não sei como o suporto, Holmes! – Sorriu Watson ao divertir-se provocando o amigo.

Rita esboçou um sorriso quando enlaçou os braços no pescoço de Sherlock e disse:

— Será que estamos piensando en la misma cosa ahora? – Ela perguntou com um brilho travesso nos olhos.

— Não sei... - Sherlock respondeu simples – O que tenho certeza é de que também planejei um casamento surpresa para você e você não diria "não"... Não é? – Sussurrou com um meio sorriso no ouvido da mulher segurando-a pela cintura, para em seguida sentar-se também com a espanhola ao seu lado – Como torna-se tolo um fato depois de desvendado. – O detetive afirmou ainda com um tom reticente.

— Y nosotros fomos completamente tolos. Até brigamos! – Rita sacudiu a cabeça negativamente ao lembrar-se – Creo que lo mejor es vivirmos así: con la investigación siempre en nuestras vidas sabendo equilibrála con el amor que sentimos un pelo otro.

Sherlock apenas ouvia admirando-a, recostada em seus braços. Rita continuou:

— Bien, mi amor, fué atravéz de la investigación que nos conocimos... - A espanhola deu-lhe um leve beijo - E quase que, por causa de ella, nos separamos, cuando en la verdad, queríamos nos unir ainda más... - Ela franziu levemente o cenho.

— Esta é uma relação muito complicada, a de vocês dois. – Watson colocou-se, pensativo e acrescentou mais para si do que para os amigos:

— Ah! Pobre padre! Quase teve um piripaque, e o jovem?!... O sacristão?! – Watson riu novamente – Assim que viu nossas armas, escondeu-se!

— Acho que já entendi aonde quer chegar. – Sherlock falou para Rita retomando o assunto, e virando-se para Watson em seguida, completou:

— Não vamos mais nos casar.

— Mas como? Por que não?! – Watson inquiriu - A Scotland Yard lhe pagou um bom dinheiro pela "mãozinha" que você deu à eles!

Neste segundo a Sra. Hudson descia as escadas, saindo de algum aposento no andar de cima.

— Eu ouvi bem, Sr. Holmes? Não irão se casar?! – Ela pareceu desapontada – Preparei tudo como o Sr. pediu e o bolo está lindo!

A cozinha, de fato estava muito bonita, com mesas para cada tipo de comida e uma decoração singela muito elegante, assim como parte da casa que eles ainda não haviam notado. A Sra. Hudson continuou:

— Falei com o Sr. Ruewl do melhor restaurante das redondezas para que fechasse apenas para a festa do casamento... Carros viriam pegar minhas comidas especiais... – Sra. Hudson respirou fundo, ainda um pouco desapontada – Mas sorte que ainda não havia convidado seus amigos. – Concluiu com este pensamento.

— Ora, não se preocupe, Sra. Hudson! – Watson tentou animá-la – Afinal, Sherlock e Rita não podiam estar melhores!

— Watson tem razão. – Sherlock começou – E ainda há motivos para comemoração! O caso da Caixa Espanhola foi desvendado e solucionado e nós, - olhou para Rita e o amigo – estamos sãs e salvos depois de tantas aventuras e desventuras!... Ah, como sinto falta... – Sherlock Holmes interferiu-se de repente respirando fundo como se sentisse algum agradável aroma. Não entenderam a que ele se referia – Sra. Hudson! Traga-me o meu cachimbo!

Num balançar impaciente de cabeça, a Sra. Hudson, governanta da casa, foi escadas acima, pegar o estimado fumo do detetive.

Rita e Watson menearam a cabeça negativamente, trocando olhares em um misto de diversão e descrença pela atitude repentina do detetive. Watson, então, retomou o assunto:

— Meu caro, você não me explicou porque decidiram não mais se casar.

— Ah, sim, claro. Já havia me esquecido... Desculpe-me Watson. Devo-lhe esta explicação – Passou uma mão no cabelo ao mesmo tempo em que sua feição tornava-se compenetrada - Esta confusão só nos fez ver que meu trabalho sempre irá interferir em nossas vidas se não soubermos separar bem isto. Não vê Watson? A preocupação em investigar um ao outro se sobressaiu ao verdadeiro objetivo: casar-nos. E isso acabou atrapalhando tudo. – Sherlock explicou os acontecimentos recentes enquanto Rita apoiava-se em seu peito suavemente – O que seria uma surpresa virou mais um caso! Outro caos! Céus! Definitivamente, precisamos de férias ou iremos enlouquecer! – O detetive soltou um leve sorriso ao dizer isso.

Nunca pensou que um dia em sua vida, diria uma coisa dessas. Na verdade "férias" nunca fizera parte de seu vocabulário, mas agora era diferente; e "descanso" não seria sinônimo de "estagnação", como para ele sempre fora por muito tempo, pois agora tinha Rita ao seu lado e com ou sem casamento, seriam ainda mais felizes.

— Você tem razão, meu caro! – Watson concordou compreendendo claramente o que o casal passava e queria dizer – É uma ótima opção dar tempo ao tempo...

— Con más este loco acontecimento, solamente percebi o quanto lo amo. – Rita confessou e Sherlock a beijou longa e apaixonadamente em resposta. Ele sentia-se feliz e pleno ao lado daquela mulher, de princípio, apenas mais uma suspeita e agora, agradecia aos céus, por ter encontrado a mulher de sua vida.

— Aqui está Sr. Holmes, seu cachimbo. – A Sra. Hudson descia apesar da idade, ágil as escadas – E olhe só o que encontrei! – Ela sacudia a mão para cima mostrando-lhes uma garrafa – A garrafa de vinho que dias atrás o Sr. me pediu que guardasse!

Sherlock levou as mãos à cabeça surpreso. A senhora Hudson continuou:

— Seu guarda-roupa estava uma bagunça. Totalmente revirado de ponta cabeça... – Ela seguiu falando e Sherlock sussurrou para Watson e Rita, apenas:

— "E resolvi arrumá-lo. Como o Sr. conseguia achar alguma coisa ali dentro?..." Sempre a mesma coisa!... – Sherlock imitou a mulher já sabendo sua corriqueira fala, o que fez com que rissem e ela ainda dizia em suas explicações:

— Guardei esta garrafa como o Sr. havia me pedido, no canto de seu guarda-roupa, onde imaginei que remexia mais, mas seria impossível achá-la no meio de tantas camisas jogadas... – Por fim, aproximando-se de todos, entregou a garrafa ao detetive.

— Muito obrigado Sra. Hudson. Lembra-se disto Watson? – Sherlock deu um meio sorriso astuto.

— Minha nossa, Holmes! Esta não é a garrafa que encontrei no esconderijo da lareira na mansão de Pablo Valdéz?

— A própria! Do ano de 1849. – Sherlock confirmou abrindo o velho lacre.

— Entonces esta garrafa era de... Ruán? – Rita inquiriu.

— Sim. Pertenceu à ele. Era ela, juntamente com o documento de sua mãe, que eu gostaria de mostrar-lhe no dia em que esperou por mim neste sofá, após ter ido ao hospital quando eu já havia recebido alta... - O detetive falou entre pensamentos, lembrando-se daquele dia que tornou-se tão especial.

— Lembro-me bien daquele día, mi amor...- Rita sussurrou para o detetive que compreendeu o que ela também havia recordado.

— Sabe, - Watson começou pondo a mão no queixo e alisando-o – acabei de me dar conta de que se Holmes não tivesse insistido e seguido sua intuição para procurar a caixa na sala do almoxarifado no porto, estaríamos no primeiro navio para a América, como loucos, como quase sempre estamos, rumo ao Brasil... – Terminou o doutror de forma sugestiva, pegando seu costumeiro bloco de anotações e acrescentando mais algumas coisas.

— Ya ouvi hablar que el Brasil es um bello país tropical... - Rita falou também de maneira sugestiva olhando de relance para o Dr. Watson que lhe retribuiu com um piscar de olho.

— E eu já entendi o que vocês estão querendo dizer. Muito bem! – Holmes aumentou o tom de voz, divertido, abrindo a garrafa do apurado vinho e, pegando algumas taças, serviu-o – Sra. Hudson! Venha brindar conosco!

A mulher aproximou-se entre sorrisos segurando seu cálice e Holmes exclamou:

— Definitivamente, VAMOS AO BRASIL! – O tilintar das taças ecoou pelo ambiente como uma sinfonia de sinos que enchiam novamente aquela casa de harmonia.

Rita sentia-se completa, privilegiada por agora ser verdadeiramente amada não só por aquelas pessoas tão especiais, mas principalmente, amada por Sherlock Holmes. Rita ganhara uma família.

Todos se deixaram guiar, inevitavelmente, pela alegria do detetive e pela ideia de uma viagem à América, Brasil.

Pela ideia de mais uma aventura...

...E sorriam felizes, deliciando-se com o vinho espanhol, após o vitorioso brinde. Sim. Um simples brinde não menos vitorioso e meritório após tudo que passaram arduamente; este simples momento, seria um dos que ficariam para sempre não somente em suas memórias, mas sem dúvida, no inseparável bloco de notas do Dr. Watson, agora com mais uma de suas anotações de sucesso:

 

 

"O Sumiço da Caixa Espanhola: Caso Solucionado."


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim desta jornada e quero agradecer de coração à tod@s vocês que me acompanharam até o final com este enredo que tanto amo. Espero que tenham se divertido, torcido e desvendado, junto com Sherly, os mistérios da família Valdéz ao longo da fic. Muito obrigada por terem escolhido, dentre tantas tramas, esta para seus deleites. ♥❤ Serão sempre bem vind@s quantas vezes desejarem vir novamente, lerem e relerem, comentarem e recomendarem para amig@s que, assim como eu, amam este personagem genial. Um brinde ao Sherlock Holmes, um brinde ao criador do mesmo, minha fonte de inspiração, Sir Arthur Conan Doyle e um brinde à vocês, meus amores e amoras!❤♥