POV’s Henrique

Desde que saímos do dormitório Molly está estranha, parece nervosa e inquieta, o silêncio reinava entre nós, e isso era uma coisa rara de se acontecer, então resolvi perguntar o que houve.

– Molly?

– Hum?

– Está tudo bem?

– Hum? Ah, oi, está sim, só estou distraída. Acho que ficar no mesmo quarto que a Mel me deixou meio avoada. – Ela disse dando um sorrisinho quase invisível. Eu ri, a Mel realmente parece que vive no mundo da Lua, ela sempre está viajando ou tendo ideias loucas, lembro-me de quando ela me arrastou junto com a Anny, Rafa e Endy para fora de casa as 04h50min da manhã só para ver o sol nascer, e ainda fizemos amizade com o Bob, um mendigo que fica rondando as bandas pela madrugada.

– Henrique? Ta ai? – Molly estalava os dedos na minha frente.

– To sim, só lembrando alguns momentos com a Mel, é nostálgico. – Dei um sorriso para ela, mas Molly apenas olhou para o chão e disse:

– Posso perguntar uma coisa? – Eu confirmei com a cabeça. – Você já ficou com... Ai, isso é mais constrangedor do que eu pensava. – Ela disse corada, na verdade, eu não sabia mais o que era seu rosto ou seu cabelo de tão vermelha que ela estava.

– Hey, pode falar, sou seu amigo! – Dei meu melhor sorriso e ela abaixou a cabeça um tanto irritada.

– Não por muito tempo... – Ela disse isso e murmurou alguma coisa que eu não ouvi, mas o que aquilo significava? Ela olhou para cima novamente, ainda corada. – Bem, é que eu sempre tive essa duvida... Bom... Você já... Por acaso, você já ficou com uma menina?

Hã? Que pergunta é essa, e claro que eu já fiquei com uma garota! Vendo minha expressão de descrença ela explicou melhor:

– Não, não é isso, é que... Você já ficou com uma das meninas... Do Quarteto? Principalmente a Anny, vocês vivem colados e...

Agora sim eu entendi... QUE PERGUNTA É ESSA? Não aguentei e comecei a rir, ela me olhou esperando a resposta, assim que me recuperei respondi.

– Claro...

– Como? Já? Com qual? – Ela perguntou muito rápido, eu ri mais ainda.

– Calma ai ruiva, eu não terminei, claro, que não né! Elas são minhas irmãs praticamente, tipo, eu não me imagino ficando com uma delas, eu as amo, mas não desse jeito!

Quando dei por mim já estávamos na entrada da Sala Precisa, deixei Molly me esperando e dei três voltas pensando no que precisava e a porta se materializou em nossa frente.

– Henrique, você gosta de mim? – Ela me perguntou quando voltei para seu lado, olhando-me com os olhos brilhando.

– Claro né Molly, você é uma das minhas melhores amigas, vamos? – Eu perguntei estendendo o meu braço para ela que sorriu minimamente.

– Sim, vamos.

Assim que entramos, fiquei impressionado com a decoração, vi Oliver conversando com Lily e Hugo, também vi os Marotos conversando entre si, Scorpius conversava com Becca que ria, ela estava deslumbrante e discreta ao mesmo tempo usando um vestido tomara que caia salmão da cintura para cima e azul na saia, que era um pouco mais comprida atrás, e também vi... Espera aqueles não são os primos da Mel e da Endy?

– O que foi? – Molly me perguntou quando viu minha expressão.

– Aqueles não são os primos da Melony?

Ela olhou para onde eu estava apontando e viu três crianças conversando animadamente.

– São sim, eles não tem tipo, 12 anos? O que estão fazendo aqui?

– Digamos que devemos essa a eles. – Disse James que apareceu magicamente ao meu lado.

– Mesmo assim, eles são crianças, e a Mel vai matar vocês, sabe como ela é quando mexem com os primos dela, principalmente com o Caio.

– Me chamaram? – Disse uma criatura baixinha de olhos azuis e pele muito clara com o cabelo preto, Caio Stark apareceu, também, magicamente ao meu lado, ele estava com uma veste a rigor preta e com o cabelo penteado para cima e ajeitava a gravata borboleta branca e tinha uma mascara negra, ele estava... Bonito e com estilo, mas e daí, ele tem 12 ANOS.

– Da onde você saiu criatura? – Perguntei.

– Não te interessa babaca, e eu não ligo se a Mel vai matar alguém, estou aqui para me divertir e também, eu já os salvei de serem pegos muitas vezes enquanto espiavam o Quarteto Fantástico e já os livrei de muitas detenções. – Ele disse, desde quando essa peste ficou tão arrogante? E quem ele chamou de Babaca?

– Ta, e os outros dois? – Perguntou Molly também chocada com a resposta do pirralho.

– Vamos dizer que nós Stark’s nunca perdemos uma boa festa. – Disse Bia, com uma taça que segurava perfeitamente, lá tinha algum tipo de coquetel, só espero que para o bem dela, não tenha álcool. – Fique tranquilo Jones, é sem álcool.

– Como você sabia que eu estava pensando isso? – Perguntei espantado, James deu um sorriso debochado e Caio revirou os olhos.

– Corvinais babaca, somos Corvinais, somos inteligentes e quase sempre sabemos o que os outros estão pensando só de olhar a expressão deles ou algum movimento que eles fazem. – Disse Caio com um olhar superior.

– E vocês aprendem isso em qual aula? – Perguntou Molly que olhava desconfiada para James, e esse deu um sorriso arrogante e disse:

– Em nenhuma, priminha, eles aprenderam com os mestres, ou seja, nós, vocês estão olhando para os ajudantes dos Marotos.

– Espera, vocês tem ajudantes de 12 anos?– Perguntou Molly, tão surpresa quanto eu.

– Isso ai, mas faltam alguns. Inclusive outro Stark. – Alvo falou.

– O que faltava acabou de chegar! – Exclamou Jonas Stark, o pior dos Três Mosqueteiros como a Mel e a Endy os chamam.

– Bom, agora se me dão licença, tenho que ir. – James disse, dando um aceno de cabeça para nós e entrando no meio de mais algumas pessoas que estavam ali, assim que ele sumiu na multidão, as pestes também desapareceram.

Molly me puxou pela mão e fomos em direção a Becca e Scorpius.

– Oi gente, vocês viram a Rose? – Molly perguntou, com uma expressão inocente, mas eu sabia que ela estava perguntando isso só por causa de Scorpius.

– Ah, sim, nós a vimos com o Alvo, então ela sumiu, deve ter ido ao banheiro ou sei lá, mas enfim, é por isso que o loirinho aqui está com essa cara de raiva. – Becca respondeu, rindo pelo nariz, e eu segurei o riso, Scorpius olhou para a loira de forma ameaçadora, o que a fez rir mais. – O que? Só estou falando a verdade.

– Ok, até mais. – Molly disse, me puxando para o bar, e assim que vi uma garota loira com um vestido provocantemente preto, reconheci a Anny, eu sabia que ela queria se vingar, e pelo jeito não tinha desistido da ideia de "preciso de um vestido sexy e com algum detalhe transparente, porque isso é sexy".

– Ual. – Foi só o que consegui dizer quando ela se virou e olhou para mim.

– Vou considerar isso como um elogio. – Ela respondeu, sorrindo e me dando um abraço. – Oi Molly. – Ela sorriu para a ruiva ao meu lado, que retribuiu com outro sorriso.

– Oi Anny, Rafa e Mel, espera... Como você chegou aqui antes de nós?

– Segredo. – Melony respondeu, sorrindo de lado. Eu sabia o segredo, elas sabiam vários atalhos que tinham na escola, o que tornava muitas vezes os caminhos mais curtos e rápidos.

– Ok né, mas está faltando uma, cadê a Endy? – Molly fez outra pergunta, o que as fez rir.

– Outro segredo. – Mel respondeu.

– Vocês são cheia de mistérios, não é? – A ruiva sorriu, balançando a cabeça.

– Sempre. – Rafa comentou, rindo.

– Com licença garotas, mas eu vou ao toalete. – Eu falei soltando a mão de Molly quando ela se sentou e Anny revirou os olhos.

– Não precisa falar bonitinho, nós conhecemos você muito bem besta. – Anny disse e eu ri.

Fui até o banheiro e fiz o que eu tinha que fazer, depois lavei as mãos enquanto me olhava no espelho, eu estava me sentido muito elegante com essa roupa, tipo aqueles príncipes de contos de fadas, o que era ridículo, porque eu nunca gostei desses filmes, eram melosos e irreais de mais, e além disso, elas se casam com os caras antes mesmo de conhece-los direito. Mesmo assim, eu ainda me sentia elegante, e ri com meu pensamento, virei-me para a direção da porta e esbarrei sem querer em um garoto que entrava.

– Foi mal. – Eu disse ao mesmo tempo em que ele, e dei dois passos para trás.

– Ah, sem problemas. – Ele disse, sorrindo.

– Logan? Oi. – Eu falei, o reconhecendo, ele era um garoto loiro da Lufa-Lufa e o máximo de palavras que nós trocamos foram por pura educação, como aconteceu agora.

– Henrique não é? Grifinória? – Ele perguntou, e eu assenti.

– Não sabia que você conhecia os Marotos.

– Ah, eu não conheço, estou meio que de penetra aqui. – Ele riu. – Vim porque uma amiga insistiu muito.

– Insistência de amigos é sempre um problema. – Falei, rindo.

– Pois é...

– Tenho que ir, foi um prazer Logan. – O cumprimentei com um aperto de mão.

– Também Henrique. Ah, não me dedure, por favor, não quero ser expulso, seria bem constrangedor. – Ele pediu, rindo.

– Relaxa, não vou falar nada.

– Valeu. – Ele disse.

Sai do banheiro e fui em direção ao Bar, assim que cheguei me sentei ao lado de Molly, que conversava com as garotas.

POV’s Wendy

Eu estava encostada em uma parede tentando permanecer calma, respirei fundo pela, sei lá, vigésima vez, e levantei a cabeça, eu tinha que cumprir esse desafio, e eu faria isso.

Olhei para os Marotos, Alvo não estava entre eles, provavelmente tinha ido com Rose para algum canto fazer ciúmes em Scorpius. Nesse momento, eles assentiram um para o outro e se separaram, e eu aproveitei a oportunidade indo até Lorcan, e eu meio que tropecei na frente dele, não foi de propósito, mas ainda sim funcionou, ele me segurou para eu não cair, e segurando o riso e rezando para ele não me reconhecer, eu olhei para ele.

– Desculpa... – Eu disse me desvencilhando de seus braços, com minha voz ligeiramente diferente, um pouco rouca, eu pensei em literalmente tudo, e não cometeria o erro de ele me reconhecer pela voz, então dei um jeito de muda-la por algumas horas, junto com a cor de algumas mexas do meu cabelo, que agora estavam loiras.

– Não precisa pedir desculpa. – Ele sorriu. – Eu conheço você?

– Ah... Acho que não. – Franzi o cenho.

– Sou Lorcan. – Ele falou, estendendo a mão, e eu o cumprimentei.

– Eu sei quem você é. – Eu revirei os olhos por impulso, eu quis me bater por esse erro, mas ele sorriu.

– Como é o seu nome? – Sim, é lógico que eu tinha inventado um nome diferente caso ele fizesse essa pergunta, mas com um nome falso ele poderia descobrir muito fácil que eu menti, então optei pelo mistério.

– Posso pensar em te falar se você merecer. – Eu tentei dizer de uma forma sensual, mas definitivamente não deu certo, e acabou saindo com um pouquinho de grosseria e confiança.

Ok, eu sou uma péssima atriz, não consigo ignorar o fato de que eu quero pular no pescoço dele e enforca-lo por ter invadido nossa festa, eu não estava mais com raiva, mas ainda queria fazer isso, então me concentrei no fato de que isso também seria como uma vingança.

– Por que o mistério todo? – Ele perguntou sorrindo de lado.

– Eu gosto de mistério. – Segurei um sorriso.

– E eu gosto de desvendá-los.

– Sério? Interessante.

– Posso pelo menos saber quantos anos você tem? Ou qual a sua casa?

– Tenho 16, ou 15. Ah não, acho que era 17, desculpa, mas eu realmente não me lembro. – Disse com ironia, e quando ele riu, eu ri também. – Sobre minha casa, ela continuará em segredo.

– Wow, isso é o que eu chamo de suspense. – Ele disse, e eu ri. –Só uma pergunta, você foi convidada pra essa festa ou está aqui de penetra? Porque fico desconfiado com todos esses segredos...

– E se eu fosse penetra? Você me expulsaria da festa? – Perguntei, franzindo a testa, nesse momento eu percebi que ele desviou o olhar de mim por um segundo e parecia estar procurando alguém, então ele voltou o olhar para mim rapidamente.

– Não, eu te convidaria para a festa, e como você já está aqui, eu saberia que você aceitou o convite. – Ele deu o seu melhor sorriso sedutor, e eu me controlei, eu estava em uma missão, tinha que controlar meus sentimentos.

– É mesmo? – Eu ri – Mas eu não sou penetra, eu fui convidada. Talvez não por vocês, Marotos, mas ainda sim fui convidada.

– Então tecnicamente você é penetra. – Ele disse franzindo a testa e eu sorri. – Enfim, quer ir à pré-festa de Halloween que eu e meus amigos vamos fazer? Vai ser hoje, e é um Baile de Máscaras. – Ele me convidou, e eu ri. Então ele se virou, e quando olhou para mim de novo fez uma cara de surpresa. – Ah, você veio!

Ele também começou a rir, e eu mordi o lábio para controlar o riso, revirando os olhos impulsivamente de novo.

– Isso é muito idiota.

– Eu sei. – Ele deu de ombros sorrindo. – Mas você riu.

– Pois é.

Ficamos num silêncio constrangedor por alguns segundos, novamente ele olhou para as pessoas na festa procurando alguém, então ele falou:

– Está gostando da festa?

– Não está muito animada. – Dei de ombros.

– Ah, só estamos esperando algumas pessoas em especial chegarem.

– Percebi que você está procurando alguém.

– É, mas acho que ela não vai vir. Enfim, então me diga... Qual sua cor favorita? – Não faço a menor ideia do porque ele me fez essa pergunta, e percebendo minha expressão confusa, ele continuou – Bem, já que você não vai me dizer seu nome, e pelo jeito nada que de para te reconhecer, acho que sua cor favorita não vá revelar sua identidade Senhorita Misteriosa.

– Esse é o nome que você deu para mim? – Eu perguntei retoricamente e ri. – Minha cor favorita é verde, e a sua?

– Por incrível que pareça a minha também. – Ele sorriu. – Juro que não é uma cantada.

– Não achei que fosse.

– É que às vezes, só porque eu digo que tenho alguma coisa em comum com determinada garota ela acha que é uma cantada. – Eu franzi o cenho me perguntando qual o problema dessas garotas. E ele riu. – Eu sei que isso não faz o menor sentido, mas é o que acontece.

– Não é uma grande coisa o garoto ter alguma coisa em comum com você, envolve muitas outras coisas. – Eu disse sem pensar, me esquecendo por um minuto que no momento eu não era a Wendy.

– Concordo com você. – E ele olhou novamente a nossa volta, mas tão discretamente que se eu não estivesse bem atenta, eu não teria percebido.

– Não estou te prendendo ok? Pode ir procurar a pessoas que você está esperando.

– Não, eu quero conversar com você, quer dizer, você é linda e legal, não me importaria se estivesse preso a você. – Ele deu outro sorriso sedutor, e eu retribuí com um sorriso sexy, mas falso. Passei a mão pelos meus cabelos, eu estava começando a ficar nervosa, estava mais sendo eu mesma do que uma garota sensual que seduziria ele em alguns minutos. – Ainda não mereço saber o seu nome? – Deixei minha cabeça cair de um lado.

– Está tão curioso assim?

– Você ainda pergunta? Se você não soubesse nada sobe mim, a não ser minha cor favorita, aposto que também estaria.

– Talvez.

– Por que está mantendo esse suspense?

– Já respondi essa pergunta.

– Você tem ideia do quanto isso é sexy?

Eu ri junto com ele, então ele chegou mais perto dando um passo para frente, e eu me segurei para não dar um passo para trás, o que de qualquer forma não adiantaria muita coisa, já que a parede não estava tão longe das minhas costas.

– Por que não recuou?

– Por que eu recuaria? Não tenho medo de você.

– Por que você sabe que se eu chegar mais perto eu vou te beijar. Isso é um sim?

– Talvez. – Eu sussurrei.

– Vai me dizer o seu nome agora? – Lorcan perguntou, sua boca estava a centímetros da minha e eu estava prendendo a respiração.

Eu olhei em seus olhos, eu o deixaria completamente frustrado, minha vingança estaria completa e meu desafio cumprido. Soltei o ar sorrindo e sussurrei:

– Não. – Então eu pensei o mais rápido que eu pude em preciso que assim que eu encostar na parede, ela se abra me levando para onde a Anny, Rafaela e Melony estão, e depois se feche antes que eu possa ser seguida. Dei todos os detalhes necessários para não haver erro, e coloquei muita força no pensamento, dei dois passos para trás, e botei a mão na parede, que se abriu, virei-me, entrando pela porta aberta que levava a um enorme escuro, olhei para trás, podendo registrar nos últimos segundo antes que a porta se fechasse a expressão completamente confusa de Lorcan.

E assim o escuro me engoliu, eu pisquei, e vi uma porta na minha frente, a abri lentamente e vi Anny, Mel e Rafa sentadas no Bar não muito longe da parede que eu estava, sai pela porta, pensando em como eu precisava que ela permanecesse lá, e cheguei até as garotas, assim que elas me viram, deram um sorriso de cúmplices, sorri vitoriosa, dando de ombros e um pequeno pulinho.

– Sei que vocês querem saber o que aconteceu, mas depois eu conto ta? – Eu disse, e olhei para Anny, segurando seu braço. – Vem comigo, eu tenho que sumir.

– O que? – Ela questionou se levantando.

– A pessoa que seduziu o Lorcan tem que sumir, isso é culpa sua, então cala a boca e me ajuda. – Eu falei enquanto a puxava em direção à porta que eu tinha acabado de sair.

– Você vai trocar de roupa?

– Não exatamente. – Eu respondi, enquanto tirava os anéis que estava usando e colocava-os dentro da bolsa, tirando outros lá de dentro junto com um colar e um par de brincos, que eu coloquei rapidamente. Dei minha bolsa para Anny segurar e peguei minha varinha, conjurando os contra feitiços das mechas loiras em meu cabelo e a rouquidão em minha voz.

Com alguns feitiços eu retirei os brilhantes do meu vestido, transformei rosa em preto e cortei o tecido para que terminasse logo abaixo do meu busto, os detalhes em preto que antes iam até minha cintura foram elevados e agora iam até um pouco mais abaixo do meu busto, permanecendo mais compridos dos lados, e a saia que antes era preta agora era azul esverdeado.

Entreguei minha varinha a Anny, que me observava em silêncio, e peguei a bolsa novamente, tirando outros sapatos lá de dentro, ela estava enfeitiçada para caber mais coisas do que aparenta, tirei os que eu estava usando e os joguei dentro da bolsa, botando os outros. Respirei fundo, jogando os cabelos para trás.

– Ainda pareço àquela garota?

– Na verdade, parece, você se esqueceu de trocar a máscara. – Ela disse, rindo.

– Ah, é, obrigada. – Eu falei, tirando a máscara que estava usando e colocando outra que estava dentro da bolsa, essa era toda preta com alguns brilhantes.

– E agora?

– Continua sendo a garota que seduziu o Lorcan. – Anny respondeu, comprimindo os lábios e franzindo a testa.

– Sério?

– Sim, é lógico que você continua sendo ela, mas com certeza não parece mais com ela. – Ela disse e eu ri.

– Não brinque com isso. Ele não pode me reconhecer.

– Relaxa amiga, ele não vai. – Ela sorriu. – Esse vestido também é lindo, agora vamos.

Assenti, murmurando “Obrigada", e fomos em direção à porta, saímos com cuidado para que ninguém nos visse, Rafaela e Melony riram quando me viram, e todas me deram um abraço em grupo.

– Depois que saber tudo, ok? – Rafa falou e eu ri.

– Ok.

Sentei-me junto com elas, pegando uma caneca de Cerveja Amanteigada, então todas nós rimos como idiotas.

POV’s Henrique

Thomas, Gustavo, Oliver e Michael chegaram e assim que nos viram, vieram em nossa direção.

– Alguém me explica por que ninguém me disse que a festa era de pares? – Thomas questionou.

– Perguntem para os idiotas dos Marotos, eles também não nos falaram nada. – Mel disse e Rafaela completou:

– Minha teoria é que eles queriam meio que se vingar e por isso não nos falaram nada.

– Isso faz sentido, por que vocês o deixaram de cabelo branco e tal, mas o que nós temos a ver com isso? – Gustavo perguntou.

– Eles sabiam que vocês acabariam nos contando, ou talvez nos convidando, por sermos amigas de vocês. – Anny respondeu como se fosse óbvio. E a única coisa que eu conseguia pensar era que os Marotos estavam com ciúmes delas.

– Nós não convidaríamos vocês, convidaríamos outras garotas, como por exemplo, as que a gente quer ficar. – Oliver retrucou.

– Eu disse talvez sonso. Nesse talvez inclui as outras garotas não aceitarem ou já estiverem com par.

– Esse talvez também inclui agora, então, como não tem jeito, Anny, quer ser meu par? Não quero ficar sozinho. – Thomas perguntou, fazendo os outros garotos rirem.

– Eu também não, então sim! – A loira aceitou, sorrindo de lado.

– Quer vir comigo Rafa? – Gustavo convidou-a, dando de ombros, ela fez o mesmo gesto e disse:

– Ta bom.

– Certo... Então, Mel! Quer ser meu par? – Oliver perguntou, e ela assentiu.

– E agora eu deveria convidar a Wendy, mas ela não está aqui, e eu já meio que arrumei um par. – Michael falou, e todos nós olhamos para ele, questionando-o. – Tudo bem que foi a garota que me convidou, mas foi por que o par dela ficou doente e não ia mais poder vir, então ela chegou pra mim uma hora antes da festa e me chamou, e eu aceitei, ela disse que me encontraria aqui.

– Ela te convidou? Já desconfio quem seja. – Rafaela falou, revirando os olhos. – Faz o papel de coitadinha só pra poder convidar o garoto que ela quer ir.

– Não tente ser a esperta, duvido que adivinhe quem seja.

– Lívia? – Ela perguntou, e o loiro abaixou os ombros.

– Aff.

Então nós rimos. Um minuto depois uma garota com vestido e sapatos vermelhos apareceu, sua máscara também era vermelha, e tinha uma rosa preta de cetim ao lado, ela usava dois colares, um com a forma de uma rosa preta grande e outro mais encima com uma rosa vermelha, também usava brincos em forma de rosa, seus anéis e pulseiras não tinham flores, mas eram dois de cada, um com algum detalhe vermelho e outro preto. Ela estava obviamente querendo chamar atenção.

– Lívia, você assaltou alguma joalheria ou é impressão minha? – Anny perguntou, e segurei o riso. Percebi que Thomas, Gustavo e Oliver também, somente as garotas riram sem se importar.

– Não posso fazer nada se eu tenho dinheiro e vaidade o suficiente para ter muitas joias, McKinnon. – Ela respondeu com arrogância e Anny riu.

– Ah, claro. Até porque é lindo estar igual a uma árvore de Natal.

Não consegui segurar e soltei uma gargalhada, ninguém segurou dessa vez, somente Michael, que colocou a mão sobre o rosto para disfarçar, Lívia somente levantou a cabeça e disse:

– Não me importo com sua opinião.

– Eu sei, e dai?

Então ela jogou um olhar mortal para a loira, e depois olhou para Michael com uma expressão meiga no rosto e pegou sua mão.

– Vem comigo?

– Ok. – Ele disse indo atrás dela enquanto nós ríamos e colocávamos as banquetas em roda.

– Ai meu Deus, que demora. – Melony murmurou do nada.

– Que demora o que Mel? – Eu perguntei.

– Pra festa começar, olha essa música que está tocando, ela é lenta, isso não é animado. – Ela respondeu, eu sabia que tinha algo mais ali porque ela parecia estar ansiosa e curiosa, mas não perguntei.

– Concordo, será que os garotos estão doentes? Eles sempre são animados e tal. – Molly comentou.

– Ah, eles podiam mesmo estar. – Anny sussurrou, mas eu consegui ouvir porque ela estava do meu lado, e ri com o comentário, junto com Rafaela.

– Garotas, nós não vamos demorar, só vamos ver uma coisa com uns colegas de Durmstrang, depois nós voltamos ok? – Thomas falou, e as meninas assentiram.

Então ficamos em silêncio por um momento enquanto os garotos se afastavam e Molly falou em meu ouvido.

– Quero falar com você, vamos para um lugar mais reservado?

–Nós vamos ali, ok meninas? Nos encontramos mais tarde. – Eu disse para elas, que assentiram novamente. Anny olhava com um olhar preocupado para mim e Molly, não entendi o porquê, então simplesmente decidi perguntar depois e fui andando ao lado de Molly, que continuava estranha, mexendo as mãos freneticamente.

Paramos em um lugar que não estava movimentado e ela encostou-se a uma pilastra, me deixando na frente dela. Eu estava realmente preocupado, e um milhão de coisas começou a passar pela minha cabeça.

– Henri, você gosta de mim? – Ela perguntou, olhando dentro dos meus olhos, mesmo no escuro dava pra perceber que ela estava corada.

– Já disse que...

– Não estou dizendo no sentido de amiga.

– Ah... Não Molly, eu não gosto de você, desculpa, mas... – Não pude terminar, porque ela me beijou, ela simplesmente botou as mãos na minha nuca e me beijou, correspondi ao beijo no primeiro segundo, até que percebi que era a Molly, e eu não queria beijá-la, então me afastei. – Não.

– Tem certeza disso? – Assenti. – Ok... Obrigada por ser sincero comigo. – Ela comprimiu os lábios, dando um sorrisinho quase imperceptível e suspirou. – Acho que podemos voltar para o Bar.

– Vamos.

Chegamos ao bar e vi Wendy entra as garotas, ouve uma movimentação e deu para ouvir a voz de James por cima das conversas do Salão, ele com certeza tinha usado o feitiço Sonorus.

– Atenção aqui, por favor. – Ele disse, estava em um pequeno palco na parede oposta a porta e quase todos olharam para ele. Os outros três também estavam com ele e fizeram um movimento com a varinha perto da garganta.

– Nós queríamos agradecer a presença de todos, mas principalmente de quatro garotas, elas estão... Um pouco bravas com a gente. – Fred falou e automaticamente o Quarteto se levantou, elas olharam para o palco de olhos arregalados, e eles olharam para elas.

– Nós realmente achávamos que elas não viriam, mas elas estão aqui, e nós queríamos pedir desculpas novamente. – Lorcan completou.

– Então nos desculpem Rafaela, Anny, Wendy e Melony. – Alvo falou e elas ficaram completamente paralisadas quando algumas pessoas olharam para elas, alternando os olhares entre os Marotos e nelas.

– Vocês são ótimas. – James parou de falar por alguns segundos e depois continuou. – Realmente ótimas amigas, e nós erramos com vocês.

– Nos desculpem! – Eles disseram todos juntos e com um movimento na varinha, Glad You Came da banda The Wanted começou a tocar. A letra definitivamente envolvia algo mais do que amizade, mas se víssemos com inocência, era uma bela homenagem as meninas.

Elas continuavam paralisadas com expressões assustadas e os Marotos sorriram para elas com esperança.