Beck ainda não acreditava que havia feito Jade entrar em seu carro e aceitar aquela carona, e nem como o perfume dela preenchia toda a atmosfera, e também como sua voz pareceu mais tentadora do que sua música favorita que tocava no rádio. Beck acreditava apenas em que Jade estava muito furiosa com Tori.

– Afinal, que merda é que tem na cabeça de sua irmã? Ela decide decorar um vídeo cheio de florzinhas, coraçõezinhos e purpurina, parece até coisa da Cat! Ela não é assim... Eu aposto que está se exibindo para ficar com você!

– Jade... – Beck continuou olhando para a pista, revirando os olhos. – Tori é minha irmã. Ela não vai ficar comigo!

– Ugh, que se dane. – A garota murmurou nervosa. – Vira a esquerda na Central e desce pela rua daquele Walmart grande ali.

Beck assentiu e seguiu o caminho, deixando Jade voltar a falar. Foi uma sacanagem ter imaginado que a dando carona até a casa dela resultaria naquele romantismo de duas almas apaixonadas e que na despedida se beijariam. Na verdade o pobre Oliver mal conseguiu abrir a boca durante todo o caminho. Mas ele não estava se importando muito, já que estava feliz apenas em ter a companhia dela.

– E Tori passou o dia inteiro falando para mim que seria muito legal editar o vídeo e que poderíamos fazer isto e aquilo e todas essas coisas estúpidas que pareceram toleráveis para mim até certo ponto, Beck. Beck? Tá me ouvindo Beck?

– Uhm, to sim.

– Então ela vem e me mostra uma coisa destas? Eu realmente não espero que ela seja uma preguiçosa Beck. Eu disse para Tori que poderíamos fazer alguma apresentação ao vivo na frente da classe e que ficaria mais fácil, mas ela insistiu neste vídeo e nessas coisas... E vira lá, é bem ali. Na segunda rua e vai descendo até a 140. É a grandona da parede branca... E para depois me mandar fazer tudo? Não é a primeira vez que isto acontece, Beck. Mês passado no trabalho de artes, que a gente tinha que se maquiar apropriadamente e conseguir uns figurinos malucos, ela fez a mesma coisa comigo!

– Ela pode achar que você faz essas coisas melhor do que ela. – Beck tentou, ele não estava nervoso com o fato de Jade estar falando assim de sua irmã.

– Não é mesmo! – Jade gritou, Beck havia parado com o carro na frente da casa dela.

– Jade.

– O que quer? – Ela disse antes de abrir a porta e olhar para ele.

– Você quer ajuda com este trabalho? Eu fiz um curso de designer há um tempo, na oitava série. Eu acho que posso te ajudar se você quiser.

Ela pareceu pensativa. Na verdade, Jade West não tinha a mínima ideia de como se usava um editor de vídeo. – É... Pode ser.

Beck escondeu seu sorriso animado e saiu do carro junto com ela. Jade abriu a porta da frente com uma chave que estava em sua bolsa e disse que provavelmente não havia ninguém em casa.

Em geral, Beck havia pensado que a casa dela seria de paredes pretas e cabeças de animais penduradas em todos os cantos. Mas na verdade era comum como todas as outras casas normais. Esta era bem grande e tinha muitas coisas... Na sala havia alguns brinquedos no chão e Jade disse que era do irmão dela, que no momento poderia estar na aula de futebol ou de teclado... Não sabia.

Jade foi atrás de seu notebook e o deu para Beck, junto com o pen drive.

POV Beck.

– Faça o que quiser com o vídeo Beck. Eu realmente preciso arrumar algumas coisas agora, lá em cima. – Ela enrolou e deixou sua bolsa no balcão da cozinha. – Se sinta em casa e se precisar de algo é só me chamar. Não demoro.

E eu assenti, observando-a subir as escadas apressada. Talvez Jade ficou tão furiosa com Tori pelo fato de estar ocupada demais para aprender a editar um vídeo. Comecei a tirar a bagunça que Tori havia feito e fiz alguns truques que ainda me lembrava. Era fácil e até divertido, em vários momentos fiquei vendo cenas em que Jade parecia mais do que fantasticamente linda. Sorri para isto.

Passaram-se alguns minutos que eu realmente não havia notado, já estava acabando de ver as edições que eu fiz quando ouvi a voz de Jade descendo a escada.

– Eu estava apenas trocando de roupa, tenho que arrumar algumas-

– Certo, eu já terminei aqui. – Olhei para ela e tentei, eu juro que tentei! Não fazer meu queixo encostar-se ao chão.

Jade estava usando um short preto curto, mas ainda era inocente. Acho que eu estava muito vidrado nela e em suas pernas a mostra. Ela usava uma blusa de uma banda de rock cinza e seu cabelo continuava solto. Ela não pareceu tímida ou adepta a me fazer sentir algo usando aquilo, Jade pareceu normal.

– Já terminou? – Ela riu. – Nossa então quero ver agora, Senhor Editor.

Deu uns passos e se sentou ao meu lado no sofá. Nossas pernas se encostaram e eu senti o calor que irradiava dela. Jade pegou o computador do meu colo sem aviso prévio e seu braço pálido encostou-se a mim no caminho todo, ela era tão fria... Como poderia ser ao mesmo tempo tão quente? Jade deu play no vídeo e ficou fitando a tela com expectativas enquanto eu estava morrendo. E eu juro que pelo seu sorriso no final, ela havia ficado satisfeita. Olhou para mim. E seu rosto estava tão perto do meu que eu tive que me controlar.

– Caramba, ficou muito bom. – Fitei seus olhos azuis contentes. – Você tem talento com esta coisa. Estou impressionada e eu raramente fico impressionada. Valeu, Beck. Você realmente me ajudou.

– De nada, Jade. Quando precisar é só pedir.

– Mas agora eu preciso lhe incluir neste trabalho. Você fez muitas coisas por aqui... Eu só espero que a Tori não saiba que eu não fiz nada. – Jade olhou para os pés descalços.

– Ela não vai saber. – Ousei chegar mais perto de Jade. Ela era tão impressionante.

– Eu aposto que você vai contar para ela que foi você que- A interrompi com um beijo. E só quando eu cheguei em casa naquele dia percebi que no momento havia ficado com medo por dois motivos : 1 – estava beijando a cruel Jade West que não era tão cruel assim. 2 – ela não estava correspondendo.

E eu só fiz pior. Inclinei-me para cima dela na tentativa de fazê-la corresponder e finalmente senti sua língua roçando na minha. Passei uma mão por sua cintura e a puxei para perto. Era maravilhosa a sensação de ter toda aquela garota em mãos, de sentir seu gosto de café e menta. De tê-la. E era tão bom que eu não conseguia parar. Aproximei-me tanto que pude sentir seu coração batendo acelerado junto ao meu, me inclinei a ponto de fazê-la se deitar no sofá, coloquei uma mão em seu rosto e toquei aquela pele angelical. Até que...

Ela imediatamente me empurrou para cima com tanta força, que em fez de ficar em pé, perdi o equilíbrio e cai no chão. Ela se sentou assustada e eu vi seus olhos perturbados e a boca vermelha inchada.

– Me desculpe. – Era o que eu tinha que dizer? Eu não queria ter perdido perdão... Ela não disse nada. – Eu realmente fui um idiota, Jade! Não quero estragar a nossa amizade.

– Sai daqui. – Ela disse em um tom de voz baixo, não pareceu a Jade que eu conhecia.

– Jade...

– Saia daqui! Beck, agora! – Ela gritou e eu não pude fazer mais nada. Levantei-me para ir, e ela pareceu tão linda que até doía. Estraguei todas as minhas chances com ela apenas pelo fato de não ter aguentado sua beleza!

Eu só sentia um desejo por ela... Que parecia que nunca iria ser saciado.

Pisei no acelerador do carro e coloquei uma mão em meus lábios. Tentando captar ainda o seus.