Há vários dias o céu andava estranho. Chuvas e trovoadas apareciam sem aviso prévio, o frio e a neblina cortante começavam no final da tarde e assim permaneciam até o começo da manhã.

Os meteorologistas andavam afoitos a descobrir da onde surgia tanta energia que dificultava seus trabalhos. Astrólogos desconfiavam que fosse a regência e a posição de algum planeta a causa das mudanças climáticas. Algumas pessoas mais céticas arriscavam-se a dizer que era uma antecipação do outono em pleno final de primavera. Outros mais religiosos acreditavam que era um sinal de Deus de que seria um aviso para uma mudança.

E se estivessem corretos sobre supor algo relacionado a um aviso da divindade?

Os únicos pontos mais óbvios das suposições comentadas por todos era que algo estranho estava para acontecer. Ou já estava acontecendo.

Era mais uma noite fria e nebulosa da qual já era costumeira nas ultimas três semanas. A vegetação mirrada do local estava úmida e gélida assim como as árvores que acompanhavam o ritmo do vento como uma dança sensual. Com a noite naquela situação, pessoa alguma ousava sair de sua casa tanto pelos perigos costumeiros quanto pelo amedrontamento que toda aquela paisagem sinistra causava.

Apenas uma alma caminhava calmamente pelo cenário. Reto, confiante, cabeça erguida, observando um ponto indefinido no céu. Suas vestes eram as mais básicas e ralas possíveis, porém não sentia absolutamente nada. Nem mesmo o vento que havia ficado forte demais para uma noite daquelas.

Mais alguns passos e a pessoa para. Ao seu redor não era possível ver absolutamente nada tanto pela neblina quanto pela quantidade de pinheiros que completava a vagem. Trovoadas apareceram e eram acompanhadas de várias sequencias de raios que inundaram o céu excepcionalmente naquela noite. A pessoa mal se mexera, apenas abriu os braços e manteve-se sempre de cabeça erguida.

Vários raios caíram ao seu lado seguido por um brilho inimaginável banhando a pessoa por completo. Um ruído ensurdecedor acompanhou o brilho que emanava do céu e se espalhou para todos os lados, durando apenas algumas frações de segundos e desaparecera rapidamente assim como surgira.

A pessoa que ali permanecera em pé majestosamente a todo o momento, agora estava estirada no chão frio. Não se mexera, mal respirava, não tremia com o frio. Apenas estava ali entregue a solidão do momento. Permanecera assim durante alguns minutos antes de levantar-se rapidamente, olhar para os lados e em um fleche, sumira, deixando o lugar assim como era antes, porém após aquela noite, algo mudara o sentido de tudo.