O Escolhido escrita por woozifer


Capítulo 3
♕ 03


Notas iniciais do capítulo

Desculpe se houver erros.



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Por todo o caminho fomos andando de modo formal, como se não tivéssemos conversado como amigos de infância na casa de arvore, assim que chegamos ao gramado do jardim ouvi alguém gritar:

– Alteza?

Ergui um pouquinho o queixo e melhorei minha postura enquanto caminhava ainda descalça e com o vestido meio sujo, em direção a um grupo de tamanho médio que estava ali, duas pessoas se desprenderam do grupo e correram em minha direção, meus pais, os dois me abraçaram e vi que minha mãe estava chorando, meu pai acariciava meus cabelos enquanto abraçava a nós duas, ficamos os três em silêncio abraçados, até que meu pai soltou nós duas e depois minha mãe me soltou.

– Onde você estava, Isabella? – ralhou ela baixo.

– Estou bem mãe, depois te conto tudo – prometi, ela assentiu, senti o braço de meu pai ao redor dos meus ombros me guiando em direção ao grupo.

– A princesa está bem, voltem a seus postos guardas – disse meu pai com voz de autoridade.

– Esperem – falei parando, ele parou também e me olhou confuso.

Um pouco já afastado estava Josh, tentava manter a postura mas dava para ver que todo o tempo caminhando havia feito piorar sua perna.

– O soldado Leger está ferido, levem-no para a enfermaria – eu disse a dois soldados, eles assentiram em silêncio e fizeram uma reverencia para nós três, vi minha mãe olhar para o meu pai de testa franzida mas fiquei quieta e voltei a andar e os dois me acompanharam palácio adentro.

Ficamos em silêncio até chegarmos ao terceiro andar quando os dois me levaram ao meu quarto e dispensaram as minhas criadas que estavam desesperadas já, algumas choravam por mim e quando me viram o alivio foi notável no rosto das cinco que após fazerem reverencias desajeitadas, saíram do quarto.

– O que aconteceu filha? Para onde você foi depois do café da manhã? – perguntou meu pai preocupado.

– Para a floresta – falei fazendo careta.

– A floresta? O que foi fazer lá? – perguntou minha mãe confusa.

– Eu ia para a casa de arvore.

– Ah, a velha casa- meu pai suspirou – era lá que você estava durante o ataque?

– Sim, o soldado Leger havia levado um tiro na perna, eu o levei para lá também e cuidei do seu ferimento – falei sorrindo orgulhosa.

– Leger? – disse minha mãe lentamente.

– Sim, porque?

– Por... Nada, querida – ela sorriu e começou a mexer nos meus cabelos – encontramos sua coroa e seus sapatos a um quilometro daqui, ficamos desesperados.

– Meu presente também havia caído, o general o encontrou – disse meu pai meio chateado – você nem o abriu, não foi?

– Eu ia abri-lo lá, depois que me acalmasse – falei olhando pela janela, já estava anoitecendo.

– Sobre a Seleção, Isabella... Podemos adiá-la se você preferir assim, você pode me ajudar a escolher os príncipes e tudo o mais – falou Maxon, sorri um pouco meio que conformada com a idéia já.

– Claro, pai – falei e ele sorriu tão contente que quase me contagiou, quase.

– Precisamos ir agora, vamos deixar as criadas virem cuidar de você – disse minha mãe beijando minha testa – e nunca mais fuja para a casa de arvore durante um ataque Isabella, quase morri de preocupação.

– Quase morremos, querida – corrigiu meu pai e eu assenti.

Eles foram em direção a porta e quando já estavam na porta minha mãe se virou para mim com expressão cansada.

– E Bella, você vai ter que estar no Jonal Official hoje, sei que não quer isso, mas é rápido, prometo.

– Tudo bem mãe – falei cansada demais para discutir, ela sorriu um pouco e fechou a porta.

Alguns minutos depois fui bombardeada pelas minhas criadas que choravam e me agarravam e diziam que tinham ficado preocupadas e me fizeram prometer que eu nunca mais sumiria durante um ataque rebelde sulista.

Os grupos de rebeldes que nos atacavam geralmente eram dois, os nortistas e os sulistas, os nortistas não eram tão... Agressivos quando os sulistas, eles roubavam coisas do palácio, e não matavam os guardas ou criados, apenas os prendiam, mas quando iam embora deixavam-nos intactos, os sulistas geralmente vinham para matar, pessoas sempre morriam quando eles atacavam, mas eles atacavam poucas vezes ao ano, mais ou menos umas três só, e os nortistas adoravam perturbar, atacavam umas dez vezes por ano, então sempre meio que esperamos os ataques deles.

Eu não sabia muito bem o que os rebeldes queriam ao nos atacar, só sabia que eles faziam isso há anos e que em “épocas de Seleção” o ataque era maior, então estava me preparando psicologicamente para ser atacada muitas vezes ao ano a partir de agora.

– Senhorita Isabella, está tudo bem? – perguntou May enquanto trançava meus cabelos.

– Não – confessei.

Minhas criadas não me chamavam de “alteza” ou “majestade” porque eu pedi que elas não fizessem isso, eu pedia que me chamassem de Isabella, mas como elas preferiam algo meio que formal me chamavam de senhorita.

– O que aconteceu? – perguntou Filipa limpando algo no canto do quarto.

– A Seleção está me enlouquecendo, vocês sabiam que eu vou ter que escolher um entre dez príncipes?

– Ahn... Sim, senhorita – disse May lentamente.

– E não me falaram porque? – falei irritada.

– Pensamos que a senhorita sabia – disse Rose de testa franzida.

– Não, fiquei sabendo disso hoje – bufei.

– E a senhorita não está empolgada? – perguntou Cristine.

– Para casar com um homem que nunca vi na vida, que vai tentar me conquistar em não sei quanto tempo porque quer ser rei? Não, nem um pouco empolgada, obrigada.

Elas reviraram os olhos e senti meus cabelos caírem pesadamente no meu ombro.

– Está pronta, senhorita – disse May.

– Obrigada May, - me levantei e ajeitei o vestido com um suspiro. Eu estava voltando a me estressar com o assunto “Seleção” – com licença meninas.

Saí do quarto no mesmo tempo que meus pais saíam dos deles.

Sorri para eles e eles retribuíram o sorriso, aparentemente estavam recuperados do meu sumiço.

– Vamos então senhoritas? – disse meu pai num tom cortez e me ofereceu o braço. Aceitei seu braço e minha mãe já segurava em seu outro braço, descemos as escadas comentando sobre o que teria na minha festa de aniversário e continuamos com esse assunto até chegarmos onde era gravado o Jornal Official, tomamos nossos assentos e então a jovem figura de Liam Fadaye, filho do finado Gavril Fadaye, apareceu, Liam tinha trinta e poucos anos e era a representação fiel e mais jovem do pai.

– Boa noite, realeza – disse Liam fazendo uma reverencia que nós retribuímos.

– Como está, Liam? – disse meu pai sorrindo para Liam e então nos sentamos numa sincronia não ensaiada.

– Ótimo, Majestade, e o senhor como tem passado?

– Muito bem... – meu pai começou a dizer mas então as luzinhas das câmeras se acenderam e alguém gritou que estaríamos no ar em cinco segundos.

Liam fez uma reverencia rápida e correu para o seu lugar.

Inspirei fundo.

Dois segundos... Estamos no ar.

Sorri imediatamente.

Liam anunciou o que aconteceria naquela noite e então foi para o seu canto, meu pai se levantou e fez o pronunciamento, falou sobre o ataque rebelde e que estávamos bem, e então falou sobre coisas chatas, sempre que ele começava a falar sobre coisas chatas meu cérebro entrava no modo “música de elevador” eu começava a pensar em musiquinhas chatas e que pegam, e só voltava a meu modo comum quando o pronunciamento acabava e ele ia se sentar.

Liam retomou a fala.

– Como já vem sendo anunciado todas as tardes, a princesa Isabella fez dezenove anos hoje e agora precisa se casar, A Seleção foi reiniciada, agora dez príncipes iram conhecer e tentar conquistar o coração da nossa amada princesa. Na ultima Seleção a rainha América foi escolhida pelo rei Maxon para se tornar princesa e conseqüentemente rainha de Illéa, mas agora por ser uma mulher quem escolhe, príncipes, duques e homens entre dezenove e vinte e quatro anos que tem um título real iram competir por Isabella. Eles serão de diferenças províncias e países. Dez já foram selecionados, e aqui estão eles – disse Liam pegando um pequeno monte com fichas e começou a lê-las, vi meu rosto pelas câmeras, eu parecia meio assustada, recompus-me e sorri confiante quando as imagens começaram a passar com o nome, idade, título e de onde eram os concorrentes.

O primeiro que apareceu numa televisão para a Família Real foi um jovem oriental.

– Airuk Chan, vinte anos, príncipe da Nova Ásia. – leu Liam e continuou com aquilo – Otávio Wern, dezenove anos, duque de Clermont – apareceu a foto de um rapas negro e bem bonito. Tudo o que eu sabia fazer era ficar sorrindo para as câmeras, mesmo que não gostasse de quem aparecia-. Louis Russeu, vinte e dois anos, príncipe da França... – um menino de cabelos castanhos ajeitados, e olhos azuis brincalhões apareceu, sorri um pouco mais, ele tinha cara de ser legal.

Liam continuou anunciando os concorrentes um a um, mas eu parei de prestar atenção logo, sou meio qye distraída com tudo, qualquer coisa chama minha atenção fácil.

Quando Liam disse que havia terminado eu diminuí um pouco o sorriso e então depois de mais alguns minutos de Liam falando incessantemente e fazendo piadas idiotas, o Jornal foi encerrado.

– Estamos fora do ar? – disse minha mãe para garantir e alguém da produção confirmou.

– Legal, tchau pra vocês – falei me levantando do meu lugar e indo de volta para a parte agitada do palácio.

Andei rapidamente pelos corredores em direção a escada, mas então parei depois de subir os primeiro degraus, porque me lembrei de alguém.

Será que o soldado Leger está bem? Será que ele morreu? Será que eu só piorei o estado dele tentando dar uma de médica?

A curiosidade e a consciência pesada me venceram e eu dei a volta no palácio indo para a ala hospitalar, quando cheguei lá vi que ela estava apinhada de soldados feridos.

Mordi a língua para não fazer uma careta ou soltar um comentário num mau momento e entrei hesitante.

– Princesa – disse o médico quando me viu e fez uma reverencia, os soldados prestaram atenção em mim e se endireitaram em suas macas – está tudo bem?

– Sim... – vim ver um soldado em especial, que ainda bem que não está tão mau quanto esses outros aqui, eu acho, mas...- Vim ver se o senhor precisa de ajuda.

– De vossa Alteza? – disse ele de testa franzida, eu assenti e senti a coroa deslizar pela minha cabeça, bufei e a ajeitei- Desculpe, mas a senhorita sabe algo de medicina? Majestade?

– Um pouco – confessei hesitante.

– Acho que a senhorita poderia me ajudar aqui então, por aqui, por favor – pediu ele indicando uma bancada afastada.

Fui com ele até lá e o médico começou a escrever algo num papel, enquanto eu perguntava meio que com medo da resposta:

– Doutor... Quantos foram mortos?

O médico hesitou um pouco antes de se endireitar e me estender o papel e uma caixa de primeiros socorros.

– Hum... Sete criadas e vinte soldados, alteza – disse ele baixo, mordi o lábio e assenti- Mas então... – ele foi até um soldado e tirou um curativo de sua barriga, pegou algo na caixa, passou num algodão e limpou o lugar, depois fez um curativo limpo e colocou ali- a senhorita terá que trocar os curativos dos soldados e criados que anotei no papelzinho, o número das macas está marcado numa plaqueta ao pé da cama.

Assenti e sorri, ele sorriu de volta e eu fui em direção ao primeiro dos paciente, o três.

Era um soldado que estava com muitos cortes pelo corpo, limpei seus machucados como o médico me mostrara e troquei os curativos dele enquanto conversava com ele, o soldado parecia empolgado por conversar comigo, mas ainda era todo formal e travado.

Quando terminei com ele foi para o próximo da minha lista com sete números.

Eu conversava com meus “pacientes” enquanto trocava seus curativos, e procurava com os olhos Josh, mas não o encontrei, comecei a me sentir mal, mas ainda assim troquei os curativos de três criadas e de três soldados antes de ir finalmente para meu ultimo paciente, o número dezesseis.

Fui até o fundo mais afastado da ala hospitalar e lá estava a maca dezesseis um homem de farda maltrapilha, faltando a perna da parte debaixo da cala, estava lá, deitado de lado e de costas para mim.

Quando me aproximei suspirei aliviada por ver seu rosto, era Josh, ele estava vivo, porque ainda respirava.

– Hey – chamei baixo e ele se virou deitado de barriga para cima, sua perna com um curativo muito melhor que o meu.

Quando Josh me identificou seus olhos pareceram se iluminar por um segundo, mas deve ter sido coisa da minha cabeça, porque quando desviei o olhar e voltei a olhá-lo o brilho não estava lá.

– Alteza – disse ele se sentando e fazendo uma reverencia ainda sentado, sorri.

– Você está vivo, então, soldado – falei brincando e ele sorriu.

– É, não me pegaram ainda – disse ele sorridente – perdão, mas veio me ver, majestade?

– Não exatamente, vim ajudar o médico, sempre faço isso – menti dando de ombros. Josh não devia se sentir especial assim, eu não lhe daria esse gostinho.

– Ah, claro – disse ele e o sorriso sumiu de seu rosto.

– Vamos lá – falei sozinha e fixei o olhar no curativo enquanto o tirava com cuidado para que não doesse demais para ele, Josh se manteve firme quando tirei o curativo de sua perna e os pontos no local que havia sido perfurada a carne apareceram, mesmo sem saber se precisava fazer aquilo comecei a limpar o local quieta.

Ele está vivo pelo menos.

– Vossa Alteza estudou medicina? – perguntou o Leger.

– Não, porque? – perguntei com os olhos fixos em sua perna.

– Como sabia o que fazer lá na arvore então? Já tinha feito antes? – ele estava hesitante, ri baixinho.

– Eu não sabia, fiz o que pensei que daria certo - falei e o olhei, ele arregalava os olhos e eu ria.

– Eu poderia ter perdido a perna se você fizesse coisa errada!... Alteza – a ultima palavra ele disse entredentes.

Fechei o sorriso e voltei a me concentrar em seu curativo, confesso que eu estava demorando mais do que era necessário para limpar um pequeno local, bem mais do que precisava na verdade.

– Eu sei – admiti e tapei o machucado com o curativo.

– E ainda assim o fez – disse ele e eu continuei sem erguer os olhos para ele.

– Se você perdesse muito sangue poderia morrer, você que escolhesse então, ficar sem uma perna ou perder a vida – falei baixo, mas sei que ele escutou.

Ele suspirou frustrado, ergui os olhos para Josh, ele passava a mão nos cabelos castanhos e tinha relaxado um pouco a postura.

– Obrigado, majestade – disse ele por fim e eu assenti.

– Você precisa de mais alguma coisa? – perguntei guardando tudo na caixa.

– Não Alteza, obrigado – repetiu e eu comprimi os lábios.

– Boa noite, soldado Leger.

– Boa noite, princesa Isabella – disse ele me olhando nos olhos.


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Notas finais do capítulo

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