- Senhoritas, estão atrasadas – disse Rose.

- Hum, eu vivo atrasada Rose – resmunguei mais para mim mesma do que para ela, Amanda riu.

Eu e Amanda tínhamos feito uma espécie de mini festa no meu quarto, as criadas levaram comidas para lá, nós comemos na minha cama enquanto falávamos sobre as coisas que mais gostávamos e coisas do tipo, nossa noite foi resumida em risos e mais risos.

Eu nunca tinha visto-a antes, mas parece que nossa amizade foi imediata, e mesmo apenas nos conhecendo a poucas horas parecia que tínhamos crescido juntas.

E naquele momento estávamos ambas atrasadas para o café da manhã, mas eu vivo atrasada, então está tudo certo.

- Legal, vamos – disse ela terminando de ajeitar a coroa nos cabelos castanhos e sorriu para mim, sorri de volta e saímos do meu quarto.

Fomos o caminho todo que levava do terceiro andar até a Sala de Jantar conversando sobre coisas aleatórias. Quando entramos todos – sem excessão- os olhares foram voltados a nós.

Vi que a mesa real – que era um pouco afastada da mesa onde ficavam os convidados – e no caso, os Selecionados também- estava com mais lugares do que o normal, e que todos esses lugares estavam ocupados pelos adultos do local.

As norueguesas estavam sentadas na mesa com os selecionados, ambas estavam conversando com William.

Eu e Amanda nos entreolhamos confusas, então vi Louis sorrir de canto pra mim e me indicar o lugar ao seu lado com a cabeça.

Assenti imperceptivelmente e fui cumprimentar os mais velhos dali, minha amiga me seguiu e quando acabamos com aquilo tudo fomos nos sentar nos últimos lugares vagos da mesa de convidados, um deles – o ao lado de Louis – estava marcado para mim, e o outro –ao meu lado- estava marcado para Amanda.

- Estou com dó de você. Se sentar ao lado delas – sussurrei para Amanda, que estava sentada ao lado das princesas Norueguesas.

- Estou com dó de mim também – sussurrou ela de volta e eu ri, então me voltei a Louis – Bom dia, Russeu.

- Bom dia, Schreave – respondeu ele risonho, sorri e o apresentei a Amanda.

Tive que apresentar as princesas a todos os Selecionados, e só então a comida chegou.

- É esquisito isso – disse Louis após engolir uma porção da sua comida.

Engoli a minha e perguntei:

- Isso o quê?

- Sentar ao seu lado, sei lá, estou acostumada a te ver distante, e sentada com os seus pais. Não estou acostumado a te ver comendo.

Eu ri e balancei a cabeça.

- Você me dá milkshake – o lembrei, ele sorriu.

- É diferente.

- Hey, Bella – disse Harry que se sentava ao lado de Louis. O Inglês se debruçou por sobre o amigo para me dar um beijo no rosto.

E os bons modos principescos são deixados de lado, uhul.

Olhei hesitante para Louis, ele tinha um sorriso forçado no rosto e não olhou para nenhum de nós.

Mandei um olhar de repreensão a Harry, ele suspirou e se afastou após beijar-me o rosto.

- Desculpa – murmurou ele.

Não respondi, apenas fingi que estava ocupada demais com minha comida e com Amanda o resto do café da manhã. Era esquisito manter um diálogo com Louis quando tínhamos que ser formais, eu estava completamente acostumada a lhe chamar pelo apelido e a estar sempre em contato com ele, até ficar ao seu lado sem tocá-lo era esquisito pra mim.

Quando os “mais jovens” terminaram o café, fomos dispensados e então saímos todos em grupo para o jardim.

- Acho que isso seria mais legal se fossemos só você e eu – Otávio sussurrou pra mim e piscou sedutoramente quando eu andava pensativa e longe do resto do pessoal.

- Gosto de companhia – falei forçando um sorriso e ele entendeu a frase de um jeito errado.

- Eu gosto da sua companhia.

- E eu gosto de grupos grandes.

Ele suspirou e então foi falar com os Selecionados enquanto eu me dirigia em direção as meninas que estavam num canto, todas pareciam irritadíssimas e estavam discutindo.

- O que foi? – perguntei de testa franzida quando me aproximei delas.

- William, eu o quero – disse a Norueguesa mais velha me encarando de cima.

- Como é que é? – falei segurando o riso.

Isso é sério produção?

- Estou apaixonada pelo William, quero ele pra mim – disse ela me encarando séria – eu vou levá-lo comigo quando for embora.

- Não vai não, eles são propriedade de Illéa enquanto eu não os dispensar – falei risonha.

Nada como uma boa piada, ou uma norueguesa mimada que quer roubar um dos meus Selecionados para começar o dia de bom humor.

- Como assim?

- Quando vieram pra cá eles viraram propriedade do país, e enquanto permanecerem aqui vão continuar sendo. Então se você os levar pra fora daqui sem meu consentimento estará roubando uma propriedade de Illéa, e sou uma pessoa com pouca tolerância para crimes.

- Então você vai dispensá-lo – disse ela me fuzilando com o olhar.

Amanda e a norueguesa mais nova sussurravam uma discussão que se parecia com a minha e da norueguesa mais velha.

- Não está nos meus planos fazer isso, querida – falei docilmente.

Ela me fuzilou com o olhar e saiu marchando.

- Ok, o que foi aí também? – falei irritada com a discussão da loira e da morena.

- Você vai ter que dispensar o Louis, Isabella – disse a outra loira me fuzilando com o olhar.

O Louis? Como é que é meu bem? Está pedindo pra morrer né? Gente já foi chicoteada por menos que isso meu amor, não mexa com o Louis.

- Ah vou? – falei começando a ficar irritada.

- Vai, eu vou casar com ele – disse a loira.

- Vai é? Desculpa querida, quem vai casar com ele sou eu – falei e sorri meiga para ela que me mandou um olhar destrutivo e raivoso.

Ok, pode ser que essa não seja a total verdade, mas sabe como é, não vou ceder o francês pra uma mimada metida a besta.

- Não, eu vou casar com ele, nem que pra isso eu tenha que arrancar todos esses fios protítipo de loiros da sua cabeça – disse ela ameaçadoramente.

Eu soltei uma gargalhada e então dei um sorriso enorme de escárnio a ela.

- Tenta – provoquei.

Ela se preparou para me atacar mas senti alguém me puxar para trás bem na hora.

- Me solta! – gritou a estrangeira. Vi que Amanda estava segurando-a com certo esforço – Eu vou matar essa vadia!

Dei a maior e mais alta gargalhada que pude.

- Faz-me rir, meu bem – falei sarcástica e então senti a pessoa que tinha me puxando continuar a me puxar para trás. Vi Otávio se enfiar entre mim e a norueguesa e Amanda a soltou cansada.

- Chega, Isabella, isso não está certo – ralhou Louis e me arrastou para trás por mais alguns metros antes de finalmente me soltar e me olhar incrédulo – O que aconteceu?

Inspirei fundo e cruzei os braços emburrada.

- A vadia estrangeira começou – resmunguei e olhei pro chão.

- O que ela fez? – perguntou ele se inclinando para entrar no meu campo de visão.

- Ela queria roubar você... S, vocês de mim – me corrigi emburrada.

 - Oi? – disse ele risonho.

- Ela queria que eu liberasse um dos meninos para ir lá pro inferno virando a esquerda, onde ela mora.

- Que menino? – perguntou ele segurando o riso.

- Um aí – retruquei irritada.

Atá que eu vou te falar que é você que ela queria levar embora, e que por isso eu quase bati nela, até parece né querido Lou? Até parece.

- Bells – disse ele me olhando de sobrancelha erguida.

Olhei pra cima emburrada.

- Não vou te contar, Lou. Não vou – falei brava.

Ele riu e suspirou.

- Ok, e porque você discutiu com a irmã dela?

- Porque a vadia grande é igual a vadia pequena. Ela também queria levar um dos meus Selecionados.

- Imagino que seja um Selecionado que você gosta muito... – disse ele pensativo, dei de ombros e descruzei meus braços – Mas você não quase bateu na mais velha, só na mais nova. Porque?

Inspirei fundo e o olhei nos olhos, ele parecia curioso.

- Digamos apenas, Russeu, que talvez eu goste mais de uns Selecionados do que de outros.

Ele pareceu magoado.

Qual é Louis? Quase bati na vadia miniatura por sua causa e você fica chateado? Vai lá com ela então. Vai lá pra puta que pariu virando a direita onde ela mora, vai, casa com ela, tenham vinte e sete filhos e sejam felizes para sempre. Vadio.

Pigarreei e olhei em volta.

Amanda estava conversando com Harry num canto e ele olhava de testa franzida pro braço dela, Otávio ainda estava tranqüilizando a vadia miniatura, Wil e a vadia mais velha tinham sumido.

Que lindo isso, ela fugiu com o William. Maravilha, facilita minha vida desse jeito, eu nem queria ele mesmo. Va-ca já foi tarde.

- Não vai mesmo me falar quem elas queriam não é? – perguntou Louis.

- Não – garanti.

Não vou te dar esse gostinho francês, mas não mesmo.

- Legal, vou entrar então – disse ele irritado e saiu.

Opa, me arranjaram um príncipe bipolar, quero reembolso.

- Vai então! – gritei enfurecida e fui marchando até Amanda e Harry.

- O que foi? – perguntaram os dois quando me aproximei.

- Nada – resmunguei brava e então reparei que o braço de Amanda estava sangrando – Meu Deus, o que é isso?

- Emma me arranhou – disse ela fazendo careta.

- Agora eu mato aquela puta – falei e comecei a marchar na direção dela, mas Harry me segurou pelo punho e me fez dar um volta e voltar em direção a Amanda – Deposi eu mato ela, vamos pra enfermaria agora.

- Não precisa – disse Amanda revirando os olhos.

- Somos damas delicada, Mands, qualquer dor de cabeça precisamos arranjar um desculpa pra visitar a enfermaria – falei empinando o nariz e ela e Harry riram.

- Dama? – disse ele apontando pra mim e rindo.

- Cala a boca – retruquei e saí de lá puxando Amanda comigo, ela ria e acompanhava meu ritmo enquanto eu a guiava pelos corredores do palácio, até chegarmos a ala hospitalar e... Leger estava lá.

Esse aí tem fetiche com ala hospitalar, só pode.

- Princesas – disse o doutor a nos ver e fez a reverencia que nós retribuímos – o que as traz aqui?

- Me machuquei – disse Amanda mostrando seu braço ao médico.

- Ah, eu cuido disso – disse ele e foi para a saleta com minha amiga.

Aproximei-me da maca de Josh.

Ele parecia bem, pelo menos do lado de fora e tal.

- O que você aprontou dessa vez? – sussurrei para ele.

Josh riu baixinho.

- Nada, estava sem voz, então meu chefe me mandou pra cá – disse ele rouco e deu de ombros.

- Rouquidão te pegou há quantos dias, Leger?

- Um – disse ele.

- Hum, você vai ficar bem então.

- Eu sei que vou, Isa – sussurrou ele e nós dois sorrimos – O que aconteceu com a princesa bonitinha?

Fiquei emburrada.

- Se arranhou – respondi de mal gosto e ele voltou a rir.

- Você está com ciume? – perguntou ele.

- Não – retruquei fria e ele riu ainda mais.

- Está sim. Você fica linda com ciúme. Ok, na verdade você é linda, mas... – ele foi interrompido pelo barulho da porta da saleta se abrindo.

- Melhoras então, soldado Leger – desejei em alto e bom tom.

- Obrigado, princesa – disse ele com a voz mais alta que pôde produzir por estar rouco.

- Pronta? – perguntei a Amanda, ela assentiu.

Nós duas demos sorrisos aos dois homens ali e saímos da ala hospitalar.

O caminho que seguimos em direção as escadas foi muito maior do que realmente era, Amanda queria conversar, mas meus pensamentos haviam ficados grudados em Josh.

Ciume dele? Puf, iludido. Não fiquei com ciúme, não sou uma pessoa ciumenta, só... Ah, a quem estou querendo enganar? É claro que fiquei com ciúme .

- Isabella, está prestando atenção? – perguntou Amanda estalando os dedos em frente aos meus olhos, pisquei assustada.

- Hã?

- Estou vendo que não – disse ela rindo.

- O que foi?

- Te perguntei quem você vai escolher dos Selecionados e tal.

- Ah...

Menina, eu me confundo as vezes na cor do vestido que eu vou usar e você quer que eu escolha com quem eu vou casar, assim? De uma hora pra outra? Não rola né Amanda?

- Ainda não sei – falei confusa e me obriguei a focar minha atenção em minha conversa com ela, Amanda era legal, merecia minha atenção.

- Você deve ter algum menino que se destaca mais que os outros... – disse ela sorrindo sugestiva.

Suspirei cansada.

- Talvez – admiti pensando em Josh, mas meus pensamentos foram para Louis e por ultimo um resquício de minha conversa com Harry me voltou a mente.

- Me fala quem é – suplicou ela.

Eu ri.

- Nem que minha vida dependesse disso, Amanda, você só saberá quem será o escolhido quando todo o país – e eu também, porque né- souber.

- Sua má – resmungou ela irritada, eu ri e revirei os olhos.