– Meus deuses, Nathalie Adele Kennedy! - minha mãe me puxou para um abraço demorado. - Nunca mais faça isso, senão eu juro... Eu...

– Eu entendi mãe. - a interrompi, pois sua voz estava vacilante.

Ela ter ficado daquele jeito tinha sido minha culpa. Se eu não tivesse ficado cega de ódio, se eu pelo menos tivesse retornado as ligações... Os olhos azuis de minha mãe estavam transbordando felicidade. Ela abaixou o olhar em direção a corrente que me dera no verão anterior, antes de eu ter ido para o acampamento e a girou entre os dedos.

– Vejo que já sabe da verdade.

Assenti com um sorriso. Minha mãe era a melhor, nunca me forçava a fazer o que eu não queria, a não ser os deveres de casa que estavam atrasados a cinco meses, e vê-la feliz novamente era um prêmio. Ela ergueu seu olhar novamente, dessa vez direcionado a Fernando que parecia prestes a desmaiar a qualquer instante.

– Quem é o rapaz de olhos bonitos? - ela perguntou.

Aquilo foi extremamente desconcertante para Fer, mas ele se esforçou para exibir um pequeno sorriso.

– Sou Fernando Milligan. Prazer em conhecer sra. Kennedy.

– Mãe, Fer é meu namorado. - falei sem rodeios. Ia adiantar de alguma coisa?

Minha mãe me olhou com aquele olhar que só eu entendia, era tipo "sua danadinha" só que bem mais encantador do que eu conseguiria se tentasse.

– Por favor, somente Anna. E o prazer é todo meu. - ela deu uma piscadela para Fer.

Minha mãe nos guiou para o interior da casa, que parecia ter sido reformado recentemente. Claro, os quadros e as decorações eram as mesmas, mas a mobilia e a pintura tinha sido trocada. Percebi também que minha mãe trajava uma roupa social ao invés da costumeira camisa flanela manchada de tinta que ela usava quando estava pintando.

– Eu ia pra uma festa de trabalho filha. Mas posso ficar...

– Não mãe. - a interrompi. - É seu trabalho, pode ir. Pode dar toda a atenção pra gente amanhã.

Ela sorriu e veio em minha direção, beijando meu rosto. Pegou a bolsa na mesa de centro, as chaves do carro e por fim se direcionou até a porta.

– Ah, o quarto de hóspedes está passando por uma pequena reforma. Fer pode dormir com você. E tem cookies no forno. - ela piscou novamente para Fer antes de sair.

Caminhei até a cozinha, tirando os cookies do forno. Levei um até minha boca e os deixei sobre a mesa para que Fer pegasse.

– Sabe, se não fosse minha mãe eu poderia jurar que ela queria seu corpo nu.

Fer fez um gesto com a mão do tipo "é sério?" antes de responder.

– Eu sou uma delicinha tá?

– Eu sei. - falei com um sorriso. - Vamos.

Começamos a subir as escadas para meu quarto. Já fazia muito tempo desde a última vez que eu vim ali, mas tudo estava em ordem. Deixei minha mochila em um gancho perto do guarda-roupa e tirei o casaco. Fer me olhou em dúvida, pois só tinha uma cama no quarto.

– O que foi?

– Então eu tenho que dormir no chão? - Fer perguntou.

– Hum... Acho que sim... - Andei em sua direção com um sorriso.

– Assim não vale.

Nós meio que começamos a brincar até que tropeçamos e caí na cama por cima dele. Nossos rostos estavam apenas a centímetros de distância um do outro. Uma de suas mãos deslizou suavemente pelo meu rosto até minha nuca e me puxou para um beijo, no início calmo, mas depois ganhou um pouco mais de urgência enquanto nossas línguas travaram uma batalha e eu me entregava cada vez mais.

Fer desceu as mãos pela minha cintura e começou a tirar minha blusa delicadamente. Isso fez com que eu me arrepiasse e olhasse profundamente em seus olhos verdes. Já disse que amo aqueles olhos verdes? Sem eu me dar conta, ele tirou minha calça. Corei um pouco quando percebi estar somente de roupas íntimas. Ele sorriu e trocou as posições, ficando por cima de mim. Voltamos a nos beijar e seus toques por meu corpo me deixavam de uma maneira que eu nunca tinha ficado. Ele cortou um pouco e me olhou tímido.

– Nath, hum... Se acontecer alguma coisa, não insinuando que aconteça, nem pensei nisso... Mentira... Ahn... Essa é minha primeira vez fazendo coisas desse tipo e...

O cortei com um beijo. Ele estava tão fofo tentando disfarçar seu nervosismo que eu nem me importei com o meu próprio. Se minha primeira vez tem que ser com alguém especial, esse alguém é Fernando Milligan. Ele continuou me beijando enquanto suas mãos subiam até meu sutiã, mas ele se complicava em tentar abrir o fecho, o que o fez ficar com as bochechas vermelhas. Dei um risinho bobo e o ajudei. Bem... O que seguiu depois disso já é óbvio. E sabe do que mais? Foi o melhor dia da minha vida. Nunca me senti tão apaixonada, tão... eu. Foi tudo muito nosso, Fer era carinhoso e me transmitia calma e confiança. Não era "doloroso" como diziam. Era prazeroso, novo, intenso. Foi até mesmo divertido, com nossos momentos de embaraço que arrancaram algumas risadas. Estávamos deitados abraçados, dormindo em minha cama, quando eu acordei num pulo, assustando-o.

– Minha mãe! - exclamei.

Ele levantou da cama procurando as roupas jogadas pelo chão. Me levantei também e peguei um pijama no armário, vestindo-o em seguida. Ajudei Fernando a forrar os lençóis no chão, onde ele ia dormir. Regras são regras...