Uma semana havia se passado desde a ida de Santana e sua tia Catarina ao Teatro Real de Londres.

Todos os dias Santana esperava anciosa a carta de admissão da escola de dança, do qual sua mãe fora, sozinha, fazer a matrícula. Joanne havia se convencido ao perceber o quanto Santana apreciava e desejava a dança, George havia adorado a ideia, e que apreciaria a escolha de sua filha, Rachel ficara maravilhada com a ideia de poder ver sua irmã dançar e escutar as doces melodias, Elizabeth havia ficado feliz por sua irmã, mas estava mais interessada em seu livro e Catarina, que já começara à dar aulas para Santana, estava extremamente feliz por sua sobrinha.

-Chegou! Nem consigo abrir! – disse Santana, entrando na sala-de-estar, exasperada.- Nem consigo acreditar!

-Ora, você queria a matrícula e disse que tinha feito. Você merece, minha querida! – disse Joanne sorrindo.

-Abra, Santana e leia em voz clara.- disse Catarina sorrindo.

Santana se sentou no lado direito do sofá de três lugares e abriu o envelope da carta, que era branca e as palavras eram pretos numa caligrafia fina e longa. Santana soltou um suspiro e fechou seus olhos. Puxou a carta para fora do envelope e começou a ler:

“Lady’s Academy of Dance

   Cara, Santana.

A Academia de Dança para Mulheres tem o prazer imenso de aceitá-la em nossa academia. Os horários serão destribuidos nos seis cursos, do qual a aluna deverá participar.

A academia alerta que essa é uma carta de reconhecimento e aceitação da academia para a aluna Santana Lopez, da qual fora matriculada e aceita.

A lista com os cursos do qual a aluna fará parte segue abaixo, junto com a lista de utensílios que seram primordiais nas aulas. A academia alerta que todas as roupas e sapatos seram usados nos mesmos cursos.

Os cursos são;

-Sapateado.

-Dança de representação.

-Canto.

-Comédia Musical.

-Mímica

-Ballet Clássico.

Os utensílios e trajes;

-Dois coletes de lã na cor creme.

-Dois macacões de algodão em azul royal.

-Dois collants em saia de tarlatana brancos.

-Duas calçolas com franjas brancas.

-Dois aventais de cetim preto.

-Um par de sapatos de sapatiados pretos.

-Um par de sapatilhas nas cores rosas ou brancas.

Lady’s Academy of Dance agradece sua escolha, que afirmamos ser a melhor. Para o exclarecimento de dúvidas entre em contato com o nosso corpo docente.

Atensiosamente, Eleonor Palender.

Diretora da Lady’s Academy of Dance;

Lady’s Academy of Dance”

-Achei que Santana só faria Ballet.- exclamou Rachel.

-Eu iria matricular ela apenas no Ballet, mas a senhora Palender afirmou que era melhor colocá-la em todas as aulas, e assim, quem sabe, você goste de outras aulas.- disse Joanne diretamente à Santana.

- Então eu começo amanhã? – perguntou Santana que ainda segurava a carta com uma força desnecessária.

-Não, você começa na quarta. Amanhã, eu e você iremos comprar seus trajes. A senhora Palender me indicou uma ótima loja de tecidos, que fica no centro de Londres.- disse Joanne esboçando em seus lábios, um sorriso que demonstrava anciedade e animação.- E depois iremos até a costureira.

No dia seguinte, uma segunda-feira, Joanne e Santana estavam saindo de casa e indo em direção do centro de Londres. O dia das duas fora dedicado totalmente às compras, diferente do de Rachel e Elizabeth que foram para a St. Carmelite, do de Elizabeth, que preferiu ficar em casa relendo alguns livros e do de George que fora trabalhar no banco.

A primeira parada fora na loja de tecidos, onde se divertiram procurando os mais maleáveis e sustentáveis que a loja vendia. A segunda parada fora na costureira, que tirara a medida de Santana e afirmara que deixaria as roupas prontas na casa da família Kutterin no dia seguinte. A terceira parada fora no restaurante de comida inglesa,(onde George e Joanne preferiam levar a família toda, devido ao pouco movimento) e onde Joanne e Santana almoçaram. A quarta parada fora na sapataria, onde Joanne adorava comprar os seus sapatos e os de suas filhas, (Joanne achava os sapatos masculinos muito feios e enormes), encontraram apenas o sapato de sapateado. Foram numa loja mais afastada do centro e lá encontraram as sapatilhas rosas. A sétima e última parada fora numa loja de bolsas, na qual Joanne pediu que Santana ficasse no carro e ela iria dar uma olhada nas bolsas, quando voltou trouxe consigo uma maleta de couro.

-Nossa mamãe, que maleta linda!- disse Santana quando Joanne entrou no carro.

-Gostaste? Pois bem, é sua!- disse Joanne sorrindo.

-Minha? Nossa mamãe...Obrigada, ela é linda.- disse Santana que deu um abraço em sua mãe.

As duas voltaram para casa e o céu já estava virando azul turqueza, todos já estavam em casa e anciavam a volta das duas e pelo maravilhoso jantar de Felícia. Após muita conversa e risadas, Felícia exclamou que o jantar estava pronto e já estava servido. Apenas depois do jantar, quando Santana tentava dormir, Rachel e Elizabeth entraram na penumbra e começaram a lhe perguntar mais detalhes sobre as roupas que Santana e Joanne haviam mandado fazer. Santana ficou, então, até quase dez horas da noite contando sobre como estava o centro de Londres, sobre as lojas e sobre o velho restaurante que a família tinha tanto carinho.

No dia seguinte, este era uma terça-feira, ocorrera normalmente. George ficara em casa lendo o jornal, entregue de manhã bem cedo, e com seu bloco de notas ao lado ouvia ao rádio. Joanne, que se juntara ao marido na sala-de-estar, estava terminando de remendar alguma saia velha. Elizabeth e Rachel foram até a St. Carmelite, acompanhadas de Felícia.

 Santana e Catarina estavam no terceiro patamar da casa, sentadas nas poltronas da biblioteca, revisando alguns contextos de gramática para poderem estudar a literatura, que virara uma matéria divertida para Santana, já que ela e a tia representavam os personagens das histórias, no dia, Catarina optara por “Um sonho de uma noite de verão” de William Shakespeare. Não eram interrompidas, o ensinamento era levado muito à sério, mas naquele dia, no meio da fala de Titânia, Joanne avisara que a costureira precisava verificar os trajes do Ballet. Catarina a liberou sem problemas, dizendo que continuariam mais tarde.

Os trajes ficaram inpecáveis e nenhum precisou de ajuste. Santana voltou à biblioteca com o rosto brilhando e não parava de sorrir. Mais tarde, quando suas irmãs chegaram, Santana fora liberada. E Elizabeth e Rachel foram atrás dela para olharem seus novos trajes. Na hora de dormir, Santana estava arrumando sua maleta pela terceira vez. Fora se deitar, mas a maleta, recém organizada, deixava seus olhos bem abertos. Preferiu ficar na cama e esperar o sono, do que se levantar e arrumar a mala pela quarta vez. Não tardou muito até dormir, e com certeza teria pequenas amostras que não conseguira dormir tão cedo, mas também seriam amostras de excitação e animação pelo dia seguinte.