At The Ballet escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 31
Promessa de que seriam...


Notas iniciais do capítulo

OLÁ!!!
Estou chorando, não me culpem! Sou chorona mesmo! Quero apenas agradecer a todos que comentaram nessa história. 101 comentários e eu sinto que venci a mega sena. Quero que vocês saibam o quanto foi bom. E eu já estou chorando... Leiam lá em baixo depois, não quero dizer nada agora!



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Santana estava sentada em seu quarto olhando para o horizonte, a cidade. O quarto que sua avó havia lhe dado era muito maior do que tinha na mansão dos Grant, mas ela ainda não havia se acostumado. Ela sentia saudade de Beth, de Rach, de seu pai e de Felícia e Anna. Não podia dizer que sentia saudades de sua mãe, porque a confusão que haviam criado não respondia a esse sentimento.
–Raio de Sol, o que você está fazendo? -perguntou Emily entrando no quarto com um balde cheio de água.
–Estou olhando para a cidade. -disse Santana com um pequeno sorriso nos lábios.
–Sente falta de morar lá?
–Talvez. Um pouco. -admitiu Santana. Virou seu rosto para a janela. -Eu gosto do jeito que o Sol nasce entre as ruas. Mas aqui ele nasce completo.
–Você parece melhor. -comentou Emily sorrindo. Ela arrumou os grampos no cabelo e colocou as mãos na cintura. -Escuta, o que você quer para o café? Panquecas? Alguma coisa com chocolate? Bolo? Brioche?
–Eu vou comer qualquer coisa que você preparar, Emily. Literalmente, qualquer coisa.
–Ah! Quase ia me esquecendo, Catarina deixou algo para você ontem. Parecia pesado. Ela estava com pressa, não quis dizer para onde iria, mas disse que passaria aqui o mais cedo possível.
Santana desceu as escadas com os pés descalços. Em cima da mesa de jantar, estava um pacote do tamanho de médio. Ela rasgou o papel pardo e dentro estava o livro Mágico de Oz. Santana conhecia aquela edição, porque Brittany a tinha pegado quando foram na biblioteca pela primeira vez. Santana cheirou os livros e podia sentir o cheiro do quarto de Brittany. Talvez estivesse apenas alucinando com o cheiro, mas jurou que podia senti-lo.
–Acho que é a gata da Santana... -ouviu Diane dizer enquanto descia a escada.
Lalita segurava Dorothy nos braços como um bebê. Santana olhou para elas e sorriu minimamente. Alguma positiva aconteceu em toda essa transição.
–Catarina a deixou aqui ontem. -comentou Diane beijando a testa de Santana. -Mas não queríamos acorda-la. Você dormiu por umas dezesseis horas.
–Eu me sinto bem relaxada. -comentou Santana.
–Devia estar muito cansada. -disse Lalita acariciando Dorothy. -A cabeça precisa descansar mais do que o corpo.
As três seguiram para a cozinha, onde na mesa menor, estava servido o café.
–Eu vou fazer um chá com leite para você, Santana. -disse Diane se levantando. -Não acho que deva tomar café muito cedo.
O barulho do portão de ferro se abrindo chamou a atenção das três. Diane afastou a cortina e tentou olhar o carro que entrava no jardim. Santana se levantou porque sentiu que era Catarina. E não podia estar... tão errada.
–É o carro do seu pai. -comentou Diane e olhou para Santana. Com o motor desligado, John saiu do carro e andou até a porta traseira.
–Mas não é o meu pai. -Joanne saiu do carro com ajuda de John e olhou a casa de cima à baixo.
Diane se caminhou até a porta e antes que Joanne apertasse a campainha, ela já abria a porta.
–Olá, Joanne. -disse Diane com um face cansada, os olhos um pouco escuros indicam um pouco de irritação.
–Oi, mamãe. Eu posso vê-la? -perguntou Joanne. Tirou os óculos do rosto e tentou sorrir, mas estava deplorável. Os olhos e o nariz avermelhados, os olhos não conseguiam mentir.
–Bem, não sou eu quem pode decidir isso. -disse Diane. Joanne revirou os olhos.
–Pode perguntar para ela...
–Escuta, Joanne. Ela também não pode decidir. Quem vai decidir será você. Você acha que está pronta para ver a sua filha como ela é de verdade? E não quero dizer apenas ver e menosprezar, quero dizer ver e ama-la exatamente como ela é.
Joanne sussurrou. -O que você sabe sobre amar suas filhas? Você me menosprezou por TRINTA ANOS.
–Não coloque a culpa em mim. Eu tentei perdoar. Tentei pedir desculpas. E eu fiz isso, quem deve aceita-las deve ser você. Não posso fazer mais do que já fiz, Joanne. Se quer tanto colocar a culpa em mim, por que está fazendo exatamente o que eu fiz? Por TRINTA ANOS!
–Sabe, meu maior medo era ser como você. -contou Joanne. Diane abriu a boca e fechou. O silêncio se estabeleceu durante um tempo.
–E sabe de um coisa, eu não negaria você do jeito que você é. Mas eu prefiro não discutir isso com você. Me desculpe, mas eu não quero mais estar envolvida nisso. Eu ainda vou ajudar a Santana e ela somente, porque em tudo isso, ela é a única vítima.
–Me deixe conversar com ela. -pediu Joanne.
–Não a magoe mais, Joanne.
Santana estava sentada na sala. Ouvindo a conversa com a cabeça girando ao redor de todas aquelas confissões. Joanne caminhou até ela, salvando qualquer passo que usasse para chegar perto dela. Santana a olhou. Ela havia emagrecido e parecia não dormir por algum tempo.
–Oi, Santana. -disse Joanne, sorriu para ela. Santana continuou a olhar, sem esboçar reação. -Você está bem?
–Como você descobriu que eu estava aqui? -perguntou Santana.
–Bem, seu pai achou melhor que eu viesse ver como você estava. -Santana suspirou. -M-mas eu vim por vontade própria. Eu queria muito falar com você. Pedir desculpas por não ter achado nenhuma resposta antes.
–Você saiu de casa! -disse Santana, lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela as afastava com raiva. -Todos ficamos preocupados com você!
–Eu tive que sair antes que eu fizesse algo pior. Mas agora eu achei uma solução! Você voltaria para casa comigo?
Santana não respondeu. -Por que você foi embora?
–Eu fiz uma pequena viagem. Para pensar melhor sobre você. E eu conheci uma mulher que me apresentou a solução que eu estava esperando.
–E é agora. -sussurrou Diane. Joanne a olhou.
–Nós podemos melhorar você, Santana. Existe esse internato de meninas religiosas que cuidam de casos como o seu. Elas podem te fazer melhorar! Viu, eu te aceitei como você é! Mas quero que você seja melhor do que você é.
–Você não entende. -disse Santana com a voz embargada de magoa. -O problema não sou mais eu. Você deveria procurar ajuda. Eu não vou voltar com você. Eu posso ir visitar as pessoas que me amam naquela casa. Eu não sei se conseguiria visitar você. Estou cansada. Cansada de tentar. Eu juro que tentei, mas não é quem eu sou.
–Eu aceitei essa mudança, por que você não muda também?
–Porque você nunca vai me aceitar como eu sou. Nunca.
Santana subiu as escadas correndo. Fechou a porta e deitou na cama. Lágrimas escorriam, e ela já estava esgotada para tentar para-las. Sua vida não deveria ser do jeito que estava. Sua vida que beirava a felicidade verdadeira, agora estava se enchendo de medo e frustração. Ninguém veio incomoda-la, até algumas horas depois. Uma sequência de batidas na porta a fizeram acordar de seus pensamentos. Lalita entrou no quarto e se sentou na cama. Santana apoiou sua cabeça no colo dela.
–Mães geralmente são difíceis de entender. -comentou Lalita enquanto acariciava os cabelos de Santana.
–Como você se relacionava com a sua mãe?
–Bem, para começar, ela me mandou para viver com a minha tia em Londres. Eu nunca a conheci. Quando eu voltei para a Índia, ela havia morrido. E sabe o que é mais impressionante?
–Que você nunca a procurou de verdade?
–Quase. Eu achei que precisava procura-la, mas quando descobri que ela já tinha ido, eu não chorei. Não senti falta nenhuma. Não havia de quem eu pudesse sentir falta. Descobri que minha tia era minha verdadeira mãe.
–Você não veio dizer que eu estou errada por tratar a minha mãe daquele jeito, ou veio?
–Querida, eu não posso te dizer nada sobre isso. Dentro das minhas convicções, sua mãe está errada. Mas dentro das suas, ela está? Quero dizer, existe um código para mães. Não importa o que fazem, sempre estarão perdoadas.
–Você perdoou sua mãe? -perguntou Santana olhando para Lalita.
–Eu a agradeci, na verdade. Eu entendi o sacrifício que ela havia feito. Tentar me dar uma vida melhor. Sua mãe e o que ela está fazendo é mais do que o esperado, concordo. Mas ela não compreende que ser quem você nasceu para ser é uma coisa boa. Porque ela nasceu e não fez o que deveria, o que queria ter feito. -disse Lalita. Santana fechou os olhos. -Você vai ficar com a gente. E você vai esquecer dela um pouco. Agora, deixa eu te contar uma coisa.
–Alguma notícia da Britt? -perguntou Santana se levantando e ficando de frente para Lalita. Lalita fez um não com a cabeça, lentamente, como se não quisesse ter dado aquela esperança. Santana se deitou novamente em seu colo.
–Você se lembra que eu ia comentar de você para um amigo meu, um diretor de cinema? -comentou Lalita com um sorriso no rosto. -Você conseguiu um papel num filme!
Santana abriu a boca e a fechou várias vezes. Piscou os olhos e deu um salto da cama. Ela gritou no quarto e ia descer a escada quando se lembrou que Brittany não estaria sentada no sofá com Dorothy em seu colo. Ela abraçou Lalita com esse pensamento quase a desmontando-a. Eram diversos sentimentos em um pequeno espaço de tempo.
–Céus! Sério? É de verdade? Céus! Lalita, muito obrigada! Muito obrigada! -Santana a esmagava nos braços.
–Não é nada de mais, mas é um começo! Você irá aparecer em todas as telas da América! O quão legal é isso? -comentou Lalita rindo. -Senti que você precisava se distrair um pouco. Você precisava disso.
–E o que eu vou ter que fazer? -perguntou Santana com entusiasmo parcial.
–Bem, você vai ser uma das meninas que acompanha uma grande pianista. E tem essa graça de você piscar para a câmera. Milton diz que pode até marcar a sua carreira.
–Muito obrigada, eu aprecio o que você esteja fazendo por mim. -disse Santana sorrindo minimamente. -De verdade.
–É claro, querida. Qualquer coisa que precise.
–Na verdade, eu preciso de sua ajuda. -pediu Santana meio corada. -Mas acho que você vai adorar a ideia.
–Vamos ver. -comentou Lalita rindo.

–Me desculpem, mas você ainda não preencheu a ficha de liberdade dela.
–Ela recebeu alta da doutora Melissa. -completou Catarina. Fazia algumas horas que haviam ficado naquela sala de espera até que o senhor Arnold fosse resolver a burocracia. Ele e Catarina haviam discutido sobre o mal entendido durante algumas horas. -Eu já assinei o papel de liberdade, deve estar no meio do prontuário, senhor.
–Me desculpem, você terá que preencher outro. -pediu o homem.
Catarina segurou sua caneta e olhou para Brittany. Ela estava quieta sentada numa das cadeiras acolchoadas com as mãos entrelaçadas sobre as coxas e a visão em algum lugar insignificante da sala.
–Tudo bem, mas aprece, por favor.
–Claro, senhora Carm... Grant. -disse o homem que atendia-a. -Seu advogado já leu os papeis?
Senhor Arnold ficou irritado com o homem por o ignorar de tal forma. -Sim. Estão com argumentos fracos, mas minha cliente apenas aceitou que a senhorita Grant seja livre sobre condutas específicas.
–Compreendo e concordo plenamente. -disse o homem. -Preciso que repito todos os dados novamente. Você terá que preencher essa folha também. Você não é a mãe biológica de Brittany Grant?
–Não, não sou. -disse Catarina baixinho. Ela não queria que Brittany ficasse mal.
–Mas apenas pais biológicos, parentes próximos ou alta do tratamento podem liberar um paciente.
–Você ouviu algo do que eu disse nessas horas, senhor? -exclamou Catarina. Ela levou a mão à barriga e tentou se acalmar. -Acabei de dizer que a senhora Melissa a liberou por diversos motivos e o principal, claro, Brittany não precisava desse tratamento. Segundo. -E abaixou a voz. -Eu me casei com Howard Grant pelo exército inglês. É civil e legal. Eu sou parente de Brittany perante a lei.
–Tudo bem, senhora Grant. -disse o homem. Recolheu todos os papeis que lerem, revisaram e assinaram. -Assim sendo, a paciente está liberada. Espero que perdoe nos erros. Confiamos na pessoa errada. Obrigada por ter sido tão paciente.
–Eu que agradeço, senhor... -disse Catarina. Ela caminhou até Brittany e esperou que Arnold resolvesse qualquer coisa que ainda precisasse. Brittany ficou quieta até quando as duas entraram num táxi, ela abriu a boca e parecia a menina inocente que havia conhecido à anos. Catarina estremeceu com a pergunta, mas a voz parecia animada.
–Você e meu pai casaram. -comentou Brittany.
–Você deve estar cansada, podemos conversar sobre isso depois...
–Por favor, não. -pediu Brittany. -Eu preciso ouvir histórias. Preciso saber das coisas. Eu estou feliz por vocês, de verdade. Um pouco chateada por não ter ido no casamento.
–Não foi nada romântico. -comentou Catarina rindo. -Nosso bolo foi uma torta de maçã que nossa vizinha fazia. E ninguém foi, apenas nós dois e um oficial.
–Por que fizeram isso? -perguntou Brittany com um sorriso. As janelas do táxi estavam abertas e o vento batia em seu rosto. Deixava sua bochechas coradas.
–Quando estávamos no centro de Paris, eu olhei para o Arco do Triunfo e esse nome borbulhou na minha cabeça. Você sabe que eu nunca planejei nada na minha vida, muito menos pedir seu pai em casamento.
–Foi você quem pediu? -perguntou Brittany.
–Foi. -respondeu Catarina. -Eu me ajoelhei em frente ao arco do triunfo e pedi ele em casamento. Casamos pelo exército por causa da burocracia, mas íamos fazer uma festa quando voltássemos. Mas um imprevisto aconteceu e eu achei melhor voltar mais cedo.
–Você está grávida. -exclamou Brittany rindo. -Já dá para notar.
Catarina corou. Levou a mão na barriga e sorriu. Brittany levantou a mão no ar, não sabia se deveria.
–Você vai ter um irmãozinho. -sussurrou Catarina sorrindo. Brittany sorriu também. Ela sentia o corpo amolecer e a se adequar à aquele ambiente. Não, não fora do sanatório. Mas o ambiente de amor. Um lar. -Ou uma irmãzinha.
Brittany levou a orelha até a barriga de Catarina e podia jurar sentir um coração bater. Ela não parava de sorrir. Ela deixou a mão ali e velantou a cabeça. Notou que estavam saindo do centro da cidade e indo para a parte mais afastada.
–Não, não. Eu não posso ver a Santana. -disse Brittany assustada. -Por favor, não.
–Pare o carro! -pediu Catarina. O motorista parou e esperou as ordens. -O que foi, você não quer vê-la? Aconteceu alguma coisa naquele lugar?
–Apenas não posso vê-la, não sei se consigo. -disse Brittany, o medo realmente ocupava sua voz. -Eu preciso de um favor seu. Acho que pode me ajudar.
–Volte para o centro, por favor. -disse Catarina olhando para Brittany. -Perto do parque principal, na rua da direita. Agora, do que você precisa?
Brittany sorriu, e esperou entrarem nas ruas principais para contar o que queria, o que precisava. Catarina respirou aliviada quando ouviu o plano de Brittany e gentilmente concordou em ajudar, com o maior prazer.

Quando chegaram em casa, um oficial da polícia estava em pé, numa postura impecável, estava esperando-as. Brittany pensou que fosse algo relacionado ao seu pai e prestou atenção em seus gestos e roupas.
–Com licença, vocês residem aqui? -perguntou o policial.
–Sim. -confirmou Brittany que parecia mais falante. Quase como se tivesse aprendido a falar novamente.
–Eu vim lhes buscar. Preciso que vocês venham reconhecer um corpo. -Catarina ficou gelada, empalideceu em segundos e teve que se apoiar para conseguir continuar em pé. Brittany sentiu sua garganta fechar e o estômago revirar.
–Quem? -sussurrou Catarina.
–É uma mulher. Foi encontrada um pouco depois do rio regional. Um adulto que pescava a encontrou. Ela tinha um endereço no bolso. Era o endereço de um apartamento. Ele estava no nome de Julieta Grant. O fiador era Howard Grant, dono dessa casa.
–E-ele não está. -disse Catarina.
–Eu preciso que apenas reconheçam o corpo. Eu sei que pode parecer chocante, mas a morte foi instantânea. Ela se jogou na ponte principal e seguiu pelo rio.
–Ela está morta? -perguntou Brittany.
–Infelizmente, sim. -afirmou o policial.
Brittany caiu de joelhos no chão e começou a rir e a chorar. Era revoltante o que ela havia feito, mas sabia que sua tia não lhe queria o mal, de verdade. E mais do que isso, era revoltante o poder que ela ainda tinha sobre ela. Brittany começou a chorar achando que tivesse de fato enlouquecido. Que nada, nada fosse ficar normal na sua vida. Ela estava errada, é claro. Mas são em situações como essa que te fazem pensar sobre o que de fato vale.
Um policial também havia sido enviado aos pais de Julieta. Como vidro, eles havia quebrado. Despedaçados. Choraram durante horas até que fossem para Londres. Não falavam nada, a dor que compartilhavam fazia do silêncio a única situação confortável. O corpo de Julieta foi reconhecido, mas não por Brittany ou Belle, acharam que não conseguiriam. Catarina fez isso. Quando a viu imóvel e pacífica, teve quase um desmaio. E Belle havia perdido forças para aguentar. Ele havia sido enterrado, mas ninguém além dos quatro compareceu. Brittany, Belle, Oliver e Howard. Catarina havia ficado em casa, poque achou Julieta não ia querer que ela estivesse lá. Howard conseguiu uma licença quando soube. Ele havia tentado ficar forte, mas quando chegou em casa e sozinho no quarto se desatou a chorar. Ele ficou sabendo sobre o internato de Brittany. Ninguém sabia como lidar com a maluquice de Julieta, mas preferiam deixar como estava. Era o que ela não merecia, mas a família que tinha era amorosa. Preferiram esquecer de tudo que havia feito, por que é isso que fazem, não é? Embelezam uma alma para que ela seja lembrada apenas pelas coisas boas.

Uma semana depois.

–Vocês não vão mesmo me contar para onde estamos indo? -perguntou Santana. Diane havia vendado seus olhos. Santana estava deslumbrante num vestido branco. Lalita fungava com frequência e Diane ria. Ela estava chorando.
–Não, não podemos.
–Olha, eu não vou me importar se vocês quiserem se beijar, não precisam me vendar.
Lalita e Diane riram. E Santana não fazia ideia. O carro havia parado e ela sentiu seu corpo sendo deslizado para fora. Subiu vários degraus e o vento da rua fazia seu vestido branco flutuar. Ela parecia um anjo enquanto subia pelas escadas de pedra com Diane a levando. A rua havia sido substituída por um lugar fechado e ela conseguia sentir. Era um lugar grande porque quando Diane falava as instruções sua voz nascia em eco. Ela passou por uma cortina de veludo e poderia dizer onde estava. Sentiu seu corpo de esquentar com o holofote. Santana sorriu involuntariamente.
–Você tirar a venda em três... dois... -a voz de Diane ia se afastando. -Um!
Santana largou a venda no chão. Era certo de que ela estava no teatro. O holofote de luz branca a esquentava como sempre fazia. O teatro estava vazio. Ela quase caiu quando viu um cena rodar pelo um projetor de cinema. Talvez aquele fosse um dos teatros que dividiam salas com cinema. Uma cena de O Mágico de Oz, de 1939 começou a rodar. A cena final em que Glinda mandava Dorothy bater os calcanhares três vezes. Santana não havia entendido nada. Principalmente o motivo de estar ali.
–Não há lugar como nosso lar. -dizia Dorothy no filme. -Não há lugar como nosso lar.
–Ela tem razão, não há lugar como o nosso lar. -disse uma voz atrás de Santana. Fazendo ela se virar rapidamente. -Eu senti saudades.
Santana correu com lágrimas no olhos para onde a voz a chamava. Brittany estava com os braços abertos e um sorriso no rosto. As duas se abraçaram e Santana sentiu a carne com a sua. Beijou seus lábios urgentemente.
–Eu achei que iria morrer se não te visse mais. -disse Santana chorando.
–Eu nunca mais vou sair do seu lado. -disse Brittany sorrindo. Santana fez com que Brittany voltasse a ser quem ela era de verdade.
Santana notou que Brittany estava com um vestido amarelo e aos seus lados estavam duas malas de couro.
–Foi uma promessa, lembra? -perguntou Brittany.
–Eu te amo. -disse Santana abraçando Brittany.
–E eu te amo. -Santana lhe deu outro beijo. Suas respirações foram se tornando uma. Seus corações batiam como um tambor. Elas não tinham menção de parar.
Santana segurou a mão de Brittany e as das saíram do teatro. As portas duplas se abriram e o sol entrou e as focalizou. Brittany beijou Santana novamente. Nos cabelos, os prendedores. Nas mãos, as mãos da amada. No peito, todo o amor que poderia carregar.
Elas deixaram o teatro com essa pequena promessa de que sempre seriam feliz para sempre.
E elas foram.

[N/A] Olá, queria primeiramente agradecer à vocês. Afinal, uma história vive porque alguém deseja ouvi-la. Eu sei que essa está chegando ao fim, mas ela foi especial para mim num sentido fenomenal. Eu andava na rua e pensava que aquilo ou isso iriam ficar ótimo no ATB, mas eu senti de verdade que as meninas precisavam ser felizes e que o final fosse simples. Ainda tenho um epílogo para postar, se vocês quiserem.
Digo com uma dor no peito, que eu amei escrever essa história e ela é parte de mim. Vocês foram extremamente pacientes porque ela demorou quase três anos para ser escrita, mas vocês amaram e eu agradeço.
E em breve eu vou postar uma nova história, talvez mais atual.
Acho que é o primeiro episódio em que eu apenas choro. Tudo bem; (pausa para respirar) Obrigada de verdade. Vocês são os melhores leitores que eu poderia pedir.
E eu amo vocês.


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Notas finais do capítulo

Então... Ainda vou publicar o epílogo, então... Comentem sobre quem vocês querem saber da vida, me diga o que acharam. Eu vou começar outra história em breve, mas primeiro quero libertar meu coração dessa que é tão viva comigo.
Beijos
E até a próxima! Amo vocês!