7. Turbulência emocional

KID P.D.V

–Vamos então? – Sorri docemente a Maka enquanto abria a porta da limusine para ela entrar.

–Obrigada, Kid, você é muito gentil. – Ela sorriu tímida em resposta.

Entrei no carro logo em seguida e o interior do veículo ficou silencioso a partir deste momento e permaneceu assim durante todo o percurso. Eu estava nervoso, era meu primeiro encontro com a menina que amava, não sabia agir em uma situação daquelas. Ainda estava pensando em uma maneira de contar a ela como me sentia, mas nenhuma forma interessante e menos constrangedora de começar o assunto me vinha a cabeça.

–Tudo bem, Kid? – Ela indagou, demonstrando preocupação.

Fingi normalidade e assenti, com um sorriso tímido no rosto. Uma leve vermelhidão ocupou meu rosto, todavia ela, por minha sorte, não havia notado. Supliquei em pensamento que chegássemos logo no nosso destino, afim de ser possível respirar um ar menos... sufocante.

–Aqui estamos – Disse, agora mais tranquilizado. Saí do carro, estiquei as juntas e respirei fundo. Com a coragem estabelecida, me aproximei de minha bela dama, ofereci meu braço, cavalheiro, e a levei para a mesa reservada, no restaurante que havia escolhido. Maka pareceu surpreendida por tamanha exuberância do local.

–É lindo Kid... Está tudo bem mesmo pra você me trazer em um lugar tão... caro? – Ela falou em baixo tom de voz, parecendo encabulada.

–Não se preocupa Maka, eu faço questão. – Ressaltei em doce tom e puxei a cadeira para ela. Sentei logo em seguida. Ela sorriu e pareceu aceitar bem a situação. Pedimos nossa refeição e enquanto aguardávamos pela chegada dos pratos um silêncio incômodo novamente tomou conta do ambiente. Como poderia mudar a atmosfera? Refleti por um minuto, olhei em volta e reparei nas flores que estavam decorando nossa mesa. Eram rosas vermelhas... Sorri para mim mesmo.

–Por que está sorrindo sozinho, Kid? – Ela indagou inocente, soltando um risinho descontraído.

–Nada não.. – Corei de leve e sorri - São só essas rosas. Gosto muito delas, sabe? São flores tão belas, graciosas e...

–...Misteriosas? – Ela completou, tentando adivinhar o que eu diria. E acertou em cheio.

–É. – Olhei-a com admiração e levemente surpreso. Sorrimos um para o outro e os olhares se encontraram. O clima tornou-se finalmente ameno. E atmosferava exalava certo romantismo... Seria aquela a hora certa de me confessar? Bem, eu não poderia segurar por muito mais tempo... Acho que deveria ao menos fazer uma tentativa...

–Maka, sabe... Eu andei pensando e eu queria te dizer... – Me interrompi, encabulado. Maka me olhou com ânsia, aguardando o que eu havia para dizer a ela.

–Bem, é que... Eu... Eu acho que... Gosto de você! – Exaltei em tom desnecessariamente alto. Fechei os olhos afim de evitar ver logo de cara a reação dela. Quando os abri, apesar de ansiar uma resposta positiva, percebia pela expressão dela que não seria bem isso que aconteceria em seguida...

–Bem, Kid... Como posso dizer... – Ela falou em baixo tom, expressando chateação. – É que.. eu já gosto de outra pessoa, sabe...

–Co...mo? Quer dizer... É claro... – Respodi extremamente agoniado, porém levemente aliviado por ter finalmente confessado o que sentia.

–E... Acho que você sabe quem é... Mas, de qualquer forma, podemos continuar amigos? – Ela murmurou, tentando parecer educada.

–É claro que sim. – Disse, fingindo um sorriso, porém estava com meu interior despedaçado. Então é isso que é ser rejeitado? Maldito Soul... Roubando a única garota que já amei em toda a minha vida. Isso dói. Dói demais.

–Desculpe Kid, vou ter que ir agora, o clima já ficou chato...

–Maka, por favor... Não vai.. Não me deixa, por favor! – Exaltei agonizando, com uma sensação de profundo vazio e solidão me consumindo... Estava tudo acabado... Ou pelo menos parecia, até que eu abri os olhos... Por amor de Shinigami-sama, toda que aconteceu agora há pouco não passou de um pesadelo. O pior de minha vida, aliás. O suor escorria em meu rosto e eu estava trêmulo. Senti um aperto no peito. Levantei da cama, lavei o rosto e quando voltei para o quarto me apoiei no parapeito da janela para tomar um ar. Já era manhã. Os pássaros cantarolavam e a brisa estava amena. Logo, escutei uma batida leve na minha porta.

–Kid, desculpe incomodá-lo, mas a Liz pediu para eu te acordar. – Uma voz que inconfundivelmente era de Maka murmurou do outro lado da porta, tentando educadamente me acordar.

–Já estou indo, obrigada, Maka. – Respondi, já mais calmo.

Troquei minhas roupas e fui em direção a cozinha. Agora, o meu dia começaria de verdade.